quinta-feira, 21 de setembro de 2006

44) REVELA ESTUDO: 42 % das crianças até aos 7 anos apresentavam cáries

«Três em cada cinco portugueses com dores de dentes não vão ao dentista e mais de metade das crianças entre os oito e os 16 anos já têm cáries na dentição permanente, revela um estudo onten apresentado.
Este estudo da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi hoje divulgado em conjunto com a apresentação do 7º Mês da Saúde Oral, iniciativa que a SPEMD desenvolve em Outubro, promovendo rastreios dentário s gratuitos em todo o país.
Segundo a SPEMD, com base no rastreio de 11 mil pessoas durante a iniciativa Mês de Saúde Oral de 2005, 36 por cento dos adultos portugueses têm sintomas de dor ou abcesso, mas apenas 40 por cento deles procuraram tratamento para os problemas dentários. A SPEMD revela ainda que apenas 46 por cento dos participantes adultos não apresentavam problemas nas gengivas.
O estudo realça ainda que 42 por cento das crianças até aos sete anos apresentavam cáries e 55 por cento das crianças entre os oito e os 16 anos apresentavam cáries dentárias na dentição permanent~e. "É um número altíssimo e mostra que o padrão continua e vale a pena preocuparmo-nos com os dentes de leite", salientou José Pedro Figueiredo, presidente da SPEMD, lembrando que a ideia enraizada de que não há que ter preocupação com os dentes de leite "é errada".
O rastreio da SPEMD realça ainda que apenas 37 por cento das crianças até aos sete anos tem uma dentição saudável."Isto é, apenas uma em cada três crianças desta faixa etária tem uma saúde oral razoável", realçou o presidente da SPEMD. Durante o rastreio, 15 por cento das crianças indicaram que nos três meses anteriores tinham tido sintomas de infecções, dor ou sensibilidade e só 40 por cento das crianças com dores ou infecções dentárias procuraram ajuda profissional.
"Isto quer dizer que 60 por cento destas crianças em sofrimento não procuraram tratamento", concluiu José Pedro Figueiredo, acentuando que "o sofrimento com a saúde oral está implicitamente aceite pela sociedade, embora a esmagador a maioria das doenças da cavidade oral sejam de prevenção fácil". "Eu penso que o ideal era recorrer a parcerias com entidades privadas para proporcionar tratamentos dentários", defendeu o presidente da SPEMD, admitindo que "a realidade mostra que grande parte da população portuguesa não tem capacidade económica para recorrer ao dentista".
Em 2005 foram observadas por dentistas voluntários durante o Mês de Saúde Oral, uma iniciativa que a SPEMD promove em conjunto com a Colgate, cerca de 11.000 pessoas de todo o país, quase 50 por cento das quais com idades entre os oito e os 30 anos. Paralelamente, a Colgate realizou em Maio deste ano um estudo sobre a saúde oral das crianças portuguesas, concluindo que uma em cada quatro crianças vai ao dentista pela primeira vez aos seis anos e apenas 19 por cento das escolas promovem actividades de higiene oral junto dos alunos. O estudo abrangeu 5.500 crianças dos cinco aos 12 anos de cerca de uma centena de jardins-de-infância e escolas do ensino básico de todo o país.
Segundo o estudo, 24 por cento das crianças nunca visitou um dentista e destas 81 por cento não o fez porque considera que não houve necessidade. Quarenta e cinco por cento das crianças só faz a primeira visita a um profissional dentário entre os cinco e os seis anos, altura em que já está com a dentição de transição, e 36 por cento das crianças procurou um profissional dentário por problemas de cárie e dor ou abcesso. Trinta e nove por cento das crianças vão ao dentista menos de uma vez por ano, 56 por cento não o fazem porque não é considerado necessário e 28 por cento porque é caro.
O estudo concluiu ainda que 27 por cento das crianças começa a escovar os dentes aos dois anos, 47 por cento dos dois aos três e 13 por cento só depois dos três, quando a idade recomendada é por volta dos seis meses, quando começa a aparecer a dentição de leite. Quase metade das crianças (48 por cento) utilizam a escova mais tempo do que os três meses recomendados, 79 por cento não utiliza nem elixir nem fio dentário, e 57 por cento escova os dentes duas vezes ao dia, mas uma em cada três lava os dentes sem a supervisão de um adulto.
O Mês da Saúde Oral, que a SPEMD realiza desde há sete anos em Outubro, conta este ano com a participação de cerca de dois mil consultórios dentários de todo o país, que farão de forma voluntária rastreios dentários gratuitos à população, sem incluir tratamentos ou radiografias. Segundo os organizadores, além de tornar os rastreios dentários acessíveis a pessoas de recursos económicos mais limitados, a iniciativa pretende "sensibilizar as pessoas para os hábitos correctos de Higiene Oral e traçar um quadro geral da Saúde Oral em Portugal, a partir dos resultados dos rastreios efectuados".
Para inscrição e informações sobre o check-up gratuito, está a funcionar a 'linha azul' 808 205 206, entre as 09:00 e as 23:00.
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Espero que este artigo seja lido pelos responsáveis de saúde escolar do país ou, em último caso, pela própria Senhora Ministra da Educação. Com tantas reformas no ensino, não há maneira de sair, de uma vez por todas, de uma medida para acabar de vez com o problema do acesso de todas as crianças e jovens a tratamentos de saúde oral. SERÁ PRECISO EFECTUAR MAIS ESTUDOS PARA FAZER-SE O LEVANTAMENTO DESTA SITUAÇÃO ?
Gerofil

3 comentários:

Anónimo disse...

Devo dar os parabéns ao criador deste blog! Sou estudante do 5ºano de medicina dentária e estou a fazer uma pesquisa sobre a saúde oral em portugal!! É triste ver como o nosso país está tão atrasado em relação aos outros países europeus!!
E saber que muitas patologias do foro gástrico se devem à má higiene oral!! E saber que há muita falta de informação...! E saber que há muita falta de apoio!!
Estamos num país em que se vive o futebol, o que se passou na casa de um zé ninguém...e a saúde oral...essa não interessa!! Enfim...
Parabéns pelo blog!!

R.L. - Estudante de Med. Dent.

Anónimo disse...

Caro amigo, faço minhas as suas palavras e agradeço os elogios.
Eu vou mais longe que as suas palavras: pergunto a quem interessa que se mantenha o actual panorama da saúde oral no nosso país? Por isso mesmo meti mãos à obra e eis o trabalho já feito; que o Blog seja apenas o início de uma batalha, que presumo longa, no sentido de alterar radicalmente o panorama actual da prestação de cuidados de saúde oral em Portugal. Enquanto a esmagadora maioria da população continuar a ser banida no acesso digno a cuidados primários de saúde oral, podem as classes privilegiadas e os responsáveis por esta situação (governo central, Direcção-Geral de Saúde, Administrações Regionais de Saúde e por aí fora) ter certo que tudo farei para denunciar esta situação. Jamais consentirei que um bem de saúde primário em países menos devolvidos que Portugal, seja aqui considerado um bem de luxo para apenas alguns sectores da população de grandes rendimentos.
Posso muito bem passar sem TGV ou OTA mas jamais posso deixar passar alguém a quem lhe seja negado a assistência médica pura e simplesmente por descriminação de rendimentos.
Tenho dito; conto consigo para a divulgação do Blog.
Gerofil

Anónimo disse...

É certo que existe ainda muito para ser feito em Portugal na área da saúde oral, porém parece-me grave fazer de conta que não existe uma programa de promoção de saúde oral emanado pela DGS, nem técnicos a trabalhar com o mesmo. É igualmente verdade que apesar da existência do referido programa, não existe qualquer protocolo entre o ministério da saúde e da educação que o torne obrigatório, o que nos dificulta muitas vezes a entrada nas escolas e o trabalho realizado. O programa de encaminhamento para consultas dentárias gratuitas fica, sem dúvida alguma, muito aquém do desejado e necessário, mas por incrível que possa parecer, as pessoas faltam. Há realmente muito a ser feito, muito trabalho pela frente, e uma luta diária, como a minha, para mudar mentalidades.
O que me choca e indigna, é que só agora os dentistas se mostrem interessados na temática e omitam propositadamente o que é feito.

H.O. Karina Alves