sábado, 25 de fevereiro de 2012

566. Saúde oral em Portugal: marcha inversa ao contrário do resto do mundo

Portugal, em pleno século XXI e 26 anos depois de ser país membro da União Europeia, permanece sem qualquer política concreta de saúde oral, deixando a esmagadora maioria da população portuguesa sem nenhuma cobertura pública, efectiva e real, na área dos cuidados de saúde oral. Simultaneamente, os grupos económicos privados interessados na medicina oral vão acumulando chorudos negócios associados à especulação dos preços das consultas, onde uma ordem profissional pretendeu implementar preços mínimos relativamente aos preços a aplicar em consultas de medicina dentária.
A política de saúde oral em Portugal encontra-se completamente descredibilizada, uma vez que não garante publicamente quaisquer direitos de assistência médica à população impossibilitada de recorrer financeiramente ao sector privado.
Todas as propostas já apresentadas ao actual governo para começar a alterar profundamente o sector da saúde oral em Portugal (por favor leia aqui e aqui) ainda não obtiveram nenhuma resposta.
Por outro lado continua a sangria de recursos públicos, supostamente destinados à saúde oral, que vão directamente para outras instituições (por favor leia aqui, aqui e aqui) sem que haja algum benefício da população mais necessitada e carente de assistência médica. Por exemplo, centenas de milhares de euros ou talvez alguns milhões de euros serviram para sanear as contas das estações de televisão em vez de possibilitarem o tratamento de saúde oral a largos milhares de crianças e jovens.
Proliferam pelo país complôs que permitem a diversas instituições fazerem uso de recursos públicos, sem que se veja um efectivo e real contributo para a melhoria da saúde oral em Portugal. Afinal, muitas dessas instituições talvez sobrevivem à custa do orçamento de estado, composto pelos impostos de quem trabalha.
Enfim, gasta-se demasiadamente recursos públicos que sistematicamente pouca eficácia acarreta para a sociedade em geral.
No estrangeiro fazem-se tremendos esforços e canalizam-se recursos para travar verdadeiras batalhas na luta contra as doenças orais, desenvolvendo-se programas que visam eliminar a cárie dentária. Em Portugal, pelo contrário, o governo central, as instituições políticas que deveriam estar ao serviço da sociedade, as instituições públicas de saúde e mesmo grande parte do sector da própria saúde oral constituem os principais obstáculos para a promoção e renovação do actual panorama desolador da decadente saúde oral da maior parte da população portuguesa.
Senhor Presidente da República, Professor Cavaco Silva, Senhor Primeiro - Ministro, Doutor Pedro Passos Coelho, Senhor Director - Geral da Saúde, Doutor Francisco George, Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Doutor Orlando Monteiro da Silva: qual o critério segundo o qual uma criança ou jovem pode receber todos os tratamentos de saúde oral que necessite para que venha a usufruir de uma vida saudável e sem quaisquer sequelas associadas à saúde oral e uma outra criança ou jovem jamais tenha direito a um tratamento que a possa livrar de sofrer de sequelas irreversíveis e permanentes, tanto físicas como psicológicas, para o resto da sua vida?
Que tipo de regime político existe em Portugal? Será que quem não seja capaz de estar à altura do desempenho das funções públicas se demite e coloca o seu cargo à disposição de quem saiba fazer mais e melhor pela causa pública?