segunda-feira, 18 de abril de 2016

673. Em Portugal, 50% população idosa não tem um único dente

Os dados são da Organização Não Governamental (ONG) “Mundo a Sorrir”, no âmbito do Projeto Sorrisos Porta em Porta que, durante cerca de quatro anos, promoveu a melhoria dos índices de saúde oral. Este projeto ajudou à diminuição do risco de infeções periodontais e patologias orais, bem como a prevenção de infeções ou patologias associadas a próteses dentárias na terceira idade. O projeto foi inovador em Portugal e na Europa, nasceu no Porto, em 2012 e associa-se ao novo consórcio Porto4Ageing, criado no âmbito da recente candidatura da região do Porto à classificação de Sítio de Referência Europeu na Área do Envelhecimento Ativo e Saudável.
De acordo com o médico dentista, fundador da ONG Mundo a Sorrir, Miguel Pavão, “a grande maioria da população crê que a perda de dentes é uma consequência natural e inevitável da idade, ideia errada que deriva dos exemplos que temos de familiares e amigos idosos. As principais causas para este fenómeno são o culminar de pouco investimento em saúde e saúde oral, associada a uma reduzida rotina de cuidados de higiene oral”. Miguel Pavão afirma ainda que “A saúde oral na terceira idade é um problema negligenciado que influencia negativamente a qualidade de vida dos idosos e que tem repercussões negativas na saúde geral. É manifesto que uma débil saúde oral tem consequências no relacionamento interpessoal. Pessoas com uma boca saudável são pessoas com uma maior auto estima. É por isso que projetos como o Sorrisos Porta em Porta são tão necessários e é preciso continuar a apostar neste população alvo, pois os mais de 15 mil beneficiários e 300 instituições abrangidos pelo projeto demonstram que não podemos parar e, neste sentido, estamos a preparar uma nova candidatura para este fim”.
Através de uma abordagem preventiva e de caráter formativo, o Projeto visou a sensibilização e consciencialização para o facto de que envelhecer não significa uma diminuição do bem-estar. Miguel Pavão explica que “a saúde oral na terceira idade consiste na manutenção dos dentes e estruturas adjacentes saudáveis, mantendo-se saúde, função e estética na sua plenitude e que  proporciona bem-estar e qualidade de vida ao indivíduo”. Estes objetivos foram conseguidos através de ações de promoção de saúde, rastreios orais aos idosos, formação aos profissionais, encaminhamento para realização de intervenções, monitorização de lesões e o ajuste de próteses, entre outros.
Em 2012, o Projeto Sorrisos Porta em Porta recebeu o 1.º Lugar no prémio CIS-Porto, após a sua implementação no Porto. Um ano depois, em 2013, a Mundo a Sorrir ampliou o projeto a Portugal Continental, tendo sido distinguida com o 1.º Lugar no prémio BPI Séniores. Em 2014, passou a receber o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e da empresa VOCO GmbH.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, até 2025, a faixa etária que compreende os indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos seja aquela com maior crescimento. A OMS deixa também o alerta para o facto de milhões de idosos espalhados pelo mundo não estarem a receber os cuidados orais necessários devido à falta de conscientização dos Governos para este problema.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

672. Médicos dentistas defendem novo programa de saúde oral na Madeira

A delegação da Madeira da Ordem dos Médicos Dentistas defendeu hoje, no Funchal, que o Governo Regional deve retomar o programa de informação e promoção da saúde oral, face ao aumento do número de crianças com cáries dentárias.
"Temos, de algum modo, de investir na área da informação e da promoção da saúde oral, não só nas escolas, mas também na informação aos pais. Não podemos perder aquilo que durante 15 anos fizemos nas escolas da região", disse o presidente da delegação da Ordem dos Médicos Dentistas, Gil Alves, após um encontro com o secretário regional da Saúde, João Faria Nunes.
O programa de promoção da saúde oral na Região Autónoma da Madeira encontra-se suspenso e a Ordem dos Dentistas reconhece que, no caso de ser retomado, deverá aplicar-se uma nova metodologia, não por falta de recursos humanos, mas sim financeiros.
Gil Alves sublinhou que há registo de um aumento no índice das enfermidades, sobretudo cáries e doenças gengivares, e lamentou que a comissão, criada pelo anterior Governo Regional, no âmbito da intervenção precoce no diagnóstico do cancro oral, não tenha continuidade.
"Vemos cada vez mais, na nossa prática clínica, crianças de 3 e 4 anos com lesões da doença cárie dentária", alertou Gil Alves, realçando: "constrange-nos estarmos só a fazer o tratamento da doença e não a evitar que ela possa surgir".
O presidente da delegação da Madeira da Ordem dos Médicos Dentistas disse, ainda, que o secretário regional se mostrou recetivo às preocupações, tendo inclusive comunicado que vai nomear um profissional da área da medicina dentária para o coadjuvar na implantação das medidas ao nível saúde oral na Região.
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Os programas de saúde oral devem ser feitos tendo em conta os recursos disponíveis. O Serviço Nacional de Saúde deverá contemplar meios físicos, humanos e financeiros que permitam integrar a saúde oral nos centros de saúde e nas unidades de saúde familiares. O sector privado, ao longo de mais de trinta anos, ainda não contribuiu para solucionar o problema do desigual acesso dos portugueses a cuidados de saúde oral e tem usado, em larga escala, recursos públicos de forma muito duvidosa nos resultados finais obtidos.
Compete às autoridades públicas o dever de integrar a saúde oral no Serviço Nacional de Saúde e garantir a igualdade de acesso de todos os portugueses aos cuidados de saúde oral.Por exemplo, não se pode continuar a permitir que uma pessoa possa assumir comportamento de riscos e contrair determinadas doenças e dessa maneira tenha um acesso privilegiado aos cuidados de saúde oral; é preciso colocar um ponto final nessa discriminação tão negativa para tantos milhões de portugueses.