quarta-feira, 23 de setembro de 2015

660. Cancro oral: taxa de utilização de cheques de diagnóstico é reduzida

Segundo dados revelados pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) na véspera do Dia Europeu da Saúde Oral, dos 4.341 cheques emitidos entre março de 2014 e 30 de junho deste ano foram utilizados menos de um terço, ou seja, 1.315 cheques para diagnóstico do cancro oral. “Numa fase inicial do programa houve alguns problemas com o sistema informático que faz a emissão dos cheques”, explicou à agência Lusa Pedro Trancoso, da direção da Ordem, admitindo que a quantidade de cheques realmente usados pelos utentes vá começando a aumentar.
O objetivo do Projeto de Intervenção Precoce do Cancro Oral seria atingir cerca de cinco mil biópsias anuais e, para isso, é necessário que aumentem os cheques emitidos pelos médicos de família e, sobretudo, que os doentes usem na rede de dentistas aderente os cheques que lhe são passados. Apesar de uma reduzida taxa de efetiva utilização dos cheques para diagnóstico do cancro da boca, Pedro Trancoso sublinha que a taxa de execução dos cheques para biópsia é “muito elevada”, na ordem dos 90%, o que “significa que os casos suspeitos estão a ser devidamente encaminhados e acompanhados”.
Do total de cheques diagnóstico usados quase metade avançou para biópsia. As 585 realizadas no âmbito deste programa permitiram detetar 24 cancros e mais 17 lesões com potencial de transformação maligna. Pedro Trancoso lembra que os 24 casos de cancro detetados se referem apenas ao projeto de intervenção precoce, havendo em Portugal muitos mais casos, vários diagnosticados de forma tardia, o que contribui para que a taxa de mortalidade seja inferior a 50% a cinco anos. Se o diagnóstico for efetuado de forma precoce, as taxas de sobrevivência podem ser superiores a 80%”, refere o dirigente da Ordem dos Médicos Dentistas.
Defendendo que é essencial incrementar a utilização dos cheques emitidos pelos médicos de família, a Ordem entende que é necessário conhecer os sinais de alerta para o cancro oral: feridas que não cicatrizam em duas semanas, alterações de cor da mucosa oral, aumentos de volume inexplicados, perdas de sensibilidade ou de mobilidade da língua.