sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

647. Dentista vai ao domicílio tratar idosos

A iniciativa partiu da ideia de que quem está acamado, com pouca mobilidade física ou dependente de outros, necessita de uma boa higiene oral para conseguir ter mais saúde. Foi exactamente este o pensamento de Sónia Santos, médica dentista que trabalha nas zonas do Peso da Régua e de Vila Real, Trás-os-Montes. O projecto é único no País e, para já, a dentista faz consultas ao domicílio só nestas áreas e àquele tipo de utentes.
Durante anos, as consultas eram gratuitas. Há cerca de três anos, Sónia passou a cobrar o mesmo que uma consulta nas clínicas onde trabalha: 80 euros. Mas as deslocações ao domicílio continuam a não ser cobradas. Um pequeno gabinete que cabe numa espécie de mala de avião é levado a casa dos utentes. "A estas pessoas que estão acamadas, é mais fácil ter alguém que cuide delas para os cuidados básicos do que da higiene oral, porque é sempre uma área mais pessoal. Estas pessoas começam a ter placa bacteriana, tártaro, cáries. Estão em sofrimento. Deixam de comer. Para haver uma saúde física total, temos de tratar da saúde oral", explica Sónia Santos.
A consulta ao domicílio é praticamente igual à que é feita na clínica. "Há três anos que fazemos todo o tipo de serviço ao domicílio: restauros, limpezas, extracções. Só colocar implantes e cirurgia avançada é que é impossível fazer em casa", adianta.
Foram dois os casos que mais marcaram esta médica dentista. "A primeira paciente que atendi sofria de obesidade mórbida e estava acamada. Não consegui fazer nada quando lá cheguei. Foi medicada e só passados oito dias é que reuni tudo aquilo que era possível e fui até casa dela. Chocou-me porque há pessoas que morrem com uma infecção errada e ela estava nessa situação", recorda Sónia Santos. O outro caso era de um menino, de nove anos, paraplégico, a quem fez uma extracção dentária. "Correu tudo bem", conta.
Segundo a médica, são os próprios utentes e os familiares destes que apelam a que seja feito o tratamento no domicílio. Não o encaram como um luxo, mas sim como uma ajuda, uma vez que muitos não têm possibilidade de os levar ao gabinete de medicina dentária mais próximo.
Ana Sofia Coelho