segunda-feira, 29 de setembro de 2008

298) É-DENTE

Pelo presente sugiro a iniciativa É-DENTE, ideia retirada do desenvolvimento dos programas e-oportunidades desenvolvidos no sector da educação e formação.
Assim, É-DENTE poderia auto-financiar-se através da canalização das diversas contribuições feitas para o estado pelos profissionais de saúde oral, bem como pelo encaminhamento da verba actual disponibilizada pelo orçamento de estado para a valência de saúde oral, de modo a garantir uma consulta especializada mensal de valor simbólico (20 euros) a cada criança ou jovem matriculado numa escola oficial.
Fica a proposta, que necessariamente precisa de ser trabalhada e alinhavada; acho-a extremamente positiva e capaz de ser o caminho a seguir em Portugal para contornar o gravíssimo problema actual de saúde pública que afecta uma larga maioria da população infantil e juvenil do país.
Deixe o seu comentário a esta sugestão; poderá ser ponto de partida para que todos se sentem à volta da mesma mesa e compreendam finalmente do que está em jogo a saúde e a vida de larguíssima margem da população; está agora na mão dos políticos e dos profissionais de saúde oral o quererem ou não resolver este problema e darem o direito a um sorriso natural a todas as crianças e jovens.
Por mim e com o arranque desta iniciativa, dentro de 10 anos já não existiriam crianças ou adolescentes com problemas de saúde oral em Portugal.
Gerofil

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

296) Eles sabem, não resolvem é nada. Porquê ?

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda tomou a iniciativa de apresentar à Assembleia da República um projecto de lei n.º 154/IX sobre a «Integração da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde». Essa apresentação foi efectuada nos termos do artigo 167.° da Constituição da República Portuguesa e do artigo 131.º do Regimento, reunindo ainda os requisitos formais previstos no artigo 138.º do Regimento. A iniciativa baixou à 8.ª Comissão para emissão do competente relatório e parecer que agora se apresenta. O projecto de lei vertente encontra-se agendado para discussão na generalidade para a sessão plenária de 6 de Fevereiro de 2003.
O projecto de lei n.º 154/IX, que prevê a «Integração da Medicina Dentária no Serviço Nacional de Saúde» centrando o seu âmbito na definição dos médicos dentistas como técnicos superiores de saúde. Ao considerar urgente:
-Alargar qualitativa e quantitativamente o Programa de Saúde Oral para Crianças e Adolescentes;
-Garantir tratamentos bucodentais para pessoas carenciadas, sobretudo idosos, toxicodependentes, deficientes, reclusos emigrantes e nómadas;
-Dar especial atenção à saúde oral de portadores de doenças gerais como doentes infecciosos, cardíacos, hemofílicos, hemodializados, acidentados da zona maxilo-facial ou outros com risco acrescido;
-Estabelecer um programa estratégico de promoção da saúde oral que integre actividades de prevenção, diagnóstico precoce, tratamento incluindo as situações de urgência e a reabilitação do conjunto das peças dentárias;
-Prever a continuidade do programa através de parcerias de colaboração nomeadamente com as autarquias e da contratualização de médicos dentistas;
Conclui que é dever do Estado:
-Garantir, de forma gratuita e no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, os cuidados básicos de saúde oral;
-Dar prioridade ao acompanhamento a grupos especialmente vulneráveis e com risco acrescido derivado de patologia dentária não tratada;
-Assegurar os recursos humanos e técnicos necessários nos centros de saúde, hospitais e serviços prisionais.
Prevendo a classificação dos médicos dentistas como técnicos superiores de saúde, cria critérios para a sua colocação como profissionais nos serviços e estabelecimentos dependentes do Ministério da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e do Ministério da Justiça, para o que propõe alteração ao Decreto-Lei 414/91, de 22 de Outubro, nos seus artigos 2.º e 9.º. Propõe nas suas disposições transitórias a sua aplicação faseada, sendo que a partir do terceiro ano da sua vigência se aplique a todos as unidades de saúde.
A saúde oral em geral e a cárie dentária em particular sempre foi entendida em Portugal como um factor importante para o desenvolvimento de intervenção global para a saúde da população.
O conhecimento dos elevados níveis de doença oral mas também da sua grande vulnerabilidade a medidas de prevenção simples, acessíveis e de comprovada eficácia têm conduzido a programas de intervenção comunitária desenvolvidos no âmbito da Saúde Escolar, Saúde Infantil e dos Adolescentes e no acompanhamento de mulheres grávidas. Os professores, os técnicos das autarquias e de instituições de solidariedade social desde há muito que colaboram com profissionais de saúde nomeadamente de Cuidados Primários de Saúde para se atingirem metas fixadas para controlo deste problema de saúde dos mais frequentes em todos os grupos etários da população portuguesa.
As determinantes de risco causais para este problema de saúde são múltiplas pelo que se torna necessário que o seu combate tenha sempre um perfil multiprofissional e desejavelmente multisectorial. Apesar de toda a estratégia preventiva, existe ainda patologia remanescente para a qual urge dar resposta nomeadamente através de tratamentos dentários.
Apesar de existirem recursos humanos em número suficiente, (médico dentista ou estomatologista para cerca de 2000 habitantes, quando a OMS recomenda 1/1800 ou 1/2000), a acessibilidade a cuidados de tratamento e reabilitação é ainda reduzida. Estima-se que apenas 40% da população portuguesa tem facilidade de acesso a cuidados curativos privados em saúde oral.
Concretamente diremos que «nos grupos socialmente excluídos e nas crianças com deficiência, não só a cárie tem uma prevalência maior, como a acessibilidade a serviços de prevenção e tratamento é mais reduzida» (Ganhos de Saúde em Portugal, DGS, Março de 2002). Ao problema de acessibilidade junta-se, assim, um outro de equidade se tivermos em conta que provavelmente os que mais necessitam são os que têm maior impedimento económico, cultural ou geográfico para utilização destes serviços que se desenvolvem quase na totalidade no sector privado da prestação de cuidados. Os tratamentos estão praticamente restringidos a quem pode pagar directamente ou tem seguros de saúde na área bucodental.
Adicionalmente, sabemos que das sete Faculdades de Medicina Dentária existentes no país, se formam anualmente cerca de 350 novos profissionais, cujo destino de trabalho é o sector privado da prestação de cuidados. Durante o ano de 1999, na sequência de um estudo nacional de prevalência da cárie dentária, desenhou-se uma estratégia de prevenção global assente em três sub-programas:
-O Programa Básico de Saúde Oral, no âmbito das actividades de Saúde Escolar;
-O Programa especifico de Aplicação de Selantes, integrando nos quadros dos Centros de Saúde de mais Higienistas Orais (62 profissionais em Março de 2002);
-O Programa de Intervenção Médico-Dentária, designado Programa de Promoção da Saúde Oral nas Crianças e Adolescentes, com a contratualização de cuidados curativos com profissionais de saúde oral (médicos dentistas e estomatologistas) e cujo pagamento é feito segundo um sistema de capitação.
Este programa envolvia 40 000 crianças dos 6-7 anos, 177 centros de saúde e 400 profissionais privados em regime de contratualização. Em avaliação publicada em 2002, os ganhos em saúde obtidos com a aplicação do Programa de Saúde Oral permitem-nos estar entre os países de moderada prevalência de doença com indicadores, aos 12 anos de idade (índice de CPO igual a 2.95) compatíveis com os aconselhados pela OMS para a Região Europa (índice de CPO igual a 3.00).
Observamos que o número de profissionais é manifestamente insuficiente e que haverá um grande número de equipamentos certamente não rentáveis. Desconhecemos o seu estado de manutenção.
Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, parece que apenas 30% deles possuem serviço de Estomatologia, segundo levantamento informativo realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas em Junho de 2001. Os cuidados são prestados em consulta externa ou em serviço de urgência por médicos com a especialidade de Estomatologia e inscritos na Ordem dos Médicos.
Concluímos que, apesar da boa evolução dos indicadores e dos ganhos em saúde oral, parece-nos que será necessário:
-Reforçar o programa básico e a colaboração com as escolas e autarquias;
-Aumentar o número de higienistas orais nos Centros de Saúde;
-Alargar progressivamente a contratualização de cuidados em saúde oral, abarcando outras populações que não apenas os escolarizados;
-Promover a avaliação epidemiológica sistemática;
-Tomar decisões perante os equipamentos existentes reduzindo ao mínimo o seu desperdício de utilização.
Grupo Parlamentar do Partido Socialista

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

295) Dentistas querem criação do «dentista de família»

Dentistas portugueses propuseram ao ministro da Saúde a criação da figura do «dentista de família», a ser atribuído às crianças à semelhança do médico assistente, uma proposta que por enquanto não foi acolhida, informa a Lusa.
A proposta foi feita por dois representantes da Ordem dos Médicos Dentistas integrados no grupo de análise do programa de saúde oral, disse Paulo Rompante, um dos médicos responsáveis. A ideia consiste em atribuir a uma criança, quando nasce, um dentista que funcione como uma espécie de médico de família para a saúde oral, mas sem integrar os profissionais nos centros de saúde. «Não estamos a propor médicos dentistas para os centros de saúde. A proposta passa por um sistema de convenção», explicou Paulo Rompante.
Quanto ao programa de promoção de saúde oral nas escolas, o médico aponta algumas falhas e defende uma reorganização deste projecto, críticas que são acompanhadas por outros clínicos e pelo próprio bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. A etapa básica e essencial deste programa passa por promover a escovagem diária na escola, o que não está a ser realizado em grande parte das instituições.
«Como o programa foi concebido, só tinham direito a aceder às outras etapas do programa as escolas que promovessem a escovagem diária. Nenhum programa funciona se esta escovagem não for promovida», comentou o especialista. O argumento invocado por algumas escolas de que não têm condições para promover a saúde oral não colhe entre os dentistas.
* * *
Para que os portugueses saibam como vai o programa de saúde oral dentro das escolas portuguesas. Simplesmente não existe na maior parte das escolas. Perguntem porquê ao Primeiro-Ministro e à Ministra da Educação.
Gerofil

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

294) Estudo alerta para a necessidade de cuidados de saúde oral junto da população infantil

O programa Rinamaia (link RINAMAIA) - uma operação conjunta entre o ISAVE e a Câmara Municipal da Maia, conclui que onde há higienistas orais se obtêm melhores resultados na redução da cárie dentária.
O Instituto Superior de Saúde do Vale do Ave está a elaborar um estudo que pretende tirar conclusões quanto à saúde oral das crianças em idade escolar. Os resultados baseiam-se num rastreio feito a 1.400 crianças em idade escolar e pré-escolar.
O estudo, elaborado em parceria com a Câmara Municipal da Maia, chegou à conclusão de que a presença de higienistas orais nos Centros de Saúde, nas escolas e infantários poderá permitir que se consiguam melhores resultados ao nível da saúde oral. Os responsáveis pelo estudo defendem que só existirá uma boa saúde oral quando as necessidades básicas começam a estar solidificadas.
Estela Castro refere que existem nichos com incidências elevadas em infantários, onde podem existir 40% de crianças com cárie.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

293) Cuidados dentários para 53 mil crianças e jovens: SNS gastou cinco milhões de euros em 2007

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) garantiu o acesso de cerca de 53 mil crianças e jovens a consultas de medicina dentária em 2007, num total de 5 milhões de euros.
Os dados oficiais da Direcção-Geral da Saúde referem que a contratualização de médicos privados para dar resposta ao Programa Nacional de Saúde Oral permitiu que, no ano passado, fosse atingido o número máximo de 53 mil crianças e jovens entre os 3 e os 16 anos abrangidos pelas consultas desta especialidade, o que representa um acréscimo de quatro mil pessoas face ao ano anterior. Ao todo, durante o ano de 2007, o SNS gastou 5 milhões de euros no programa de saúde oral, com verbas distribuídas por todas as administrações regionais de saúde, sendo que a adesão dos centros de saúde manteve-se na ordem dos 90%, à excepção dos localizados nas regiões de saúde do Alentejo e do Algarve que aderiram em massa ao programa.
No período em análise, foram contratados 1 191 estomatologistas e médicos dentistas que efectuaram mais de 112 mil consultas a crianças e jovens entre a faixa etária dos 3 aos 16 anos. A Direcção-Geral de Saúde mostra-se satisfeita com os resultados, ressalvando que «foram tratados 68% dos dentes temporários e 91% dos dentes permanentes que apresentavam lesões de cárie dentária», refere a Lusa.
Recorde-se que o Programa de Saúde Oral está dividido em duas fases distintas, sendo que a primeira contempla uma etapa de educação de higiene oral a efectuar nas escolas e, numa segunda fase, serão encaminhadas para tratamento as crianças que apresentem cáries dentárias.
* * *
Foi você que ouviu falar no Programa Nacional de Saúde Oral na escola do seu filho? Já fez dois anos que pedi ao Ministério de Educação para a divulgação deste programa em todas as escolas do país, fazendo chegar o nome dos estomatologistas e médicos dentistas contratados e indicação dos respectivos consultórios junto de todas as crianças e jovens que precisam de ser tratados urgentemente.
Ainda aguardo resposta; simplesmente vergonhoso o comportamento das entidades oficiais na tentativa indirecta de esconder este programa às crianças e jovens necessitados.
Gerofil

domingo, 14 de setembro de 2008

292) Médico brasileiro faz negócio com turismo dentário

Vicente Belchior, odontologista (médico dentista) brasileiro com consultório apenas em Fortaleza (Brasil), está a promover os seus serviços com anúncios publicitários na imprensa portuguesa. O objectivo? Levar os lusos a sobrevoarem o oceano Atlântico e rumarem ao estado brasileiro do Ceará num misto de férias e tratamento médico.
Fortaleza é um dos destinos preferidos dos portugueses que optam por fazer férias no Nordeste brasileiro. E foi a pensar nisso que Vicente Belchior se lembrou de promover os seus serviços em solo lusitano. "Há vários anos que os portugueses nos procuram para receber algum tipo de tratamento odontológico. Os pacientes fazem o tratamento até sete dias úteis e na hora da folga conhecem praias e belezas turísticas do Ceará, com um motorista colocado à disposição pela nossa clínica", contou o dentista, em entrevista ao DN, por e-mail.
Belchior explica que a oferta aos utentes portugueses funciona através de "uma parceria com a agência de viagens portuguesa Entremares, que oferece pacotes turísticos de 14 dias num dos melhores hotéis de Fortaleza". Mas aqui começam as dúvidas, pois Belchior esquivou-se aos contactos telefónicos e apenas respondeu num depoimento por e-mail que ignorou algumas das questões que tinham sido colocadas. E Paulo Santos, director comercial da Entremares, garantiu ao DN que "não tem qualquer parceria com esse senhor". Até porque a Entremares funciona como operadora turística e só vende serviços directamente a agências de viagens.
Ainda assim, o que levaria um português a escolher fazer tratamento dentário do outro lado do Atlântico? O preço, responde Vicente Belchior: "O valor do tratamento e do pacote turístico é pelo menos a metade do preço cobrado em qualquer país da Europa. E isto sem comprometer a qualidade dos tratamentos, pois temos as últimas técnicas na reabilitação dentária."
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) portugueses, Orlando Moreira da Silva, tem dúvidas sobre a fórmula proposta pelo brasileiro. "É verdade que o turismo dentário está em crescendo na Europa. Mas, neste caso, não me parece que possam oferecer tratamentos muito mais baratos do que em Portugal, até por causa dos custos inerentes, que não variam assim tanto", apontou ao DN. "Em tempo de crise, não sei como é que os portugueses iriam para o Brasil tratar dos dentes", lembrou, dizendo que se tratou de "uma ideia aventureira" de Vicente Belchior.
Desconhecendo casos de portugueses que já tenham recorrido a serviços do género no estrangeiro, o bastonário da OMD deixa o alerta: "Se estiverem a pensar fazê-lo, informem-se primeiro com a Ordem dos Médicos Dentistas". Nestes casos "é sempre preciso ter em atenção as condições e qualidade do tratamento, a eventual responsabilização dos médicos em causa, as possibilidades de reembolso. Os doentes não podem esquecer isso", frisa.
O anúncio publicado nos jornais portugueses levanta outra questão: em Portugal é proibido prometer resultados em anúncios médicos. "Não se pode prometer resultados. Fazê-lo é enganar o doente", lembra Orlando Moreira da Silva. Mas Vicente Belchior fá-lo, ao garantir "a sua prótese fixa num só dia".
O caso será analisado pelo Conselho Deontológico da OMD - apesar de o brasileiro estar fora da sua alçada disciplinar.

sábado, 13 de setembro de 2008

291) APOSTE NA CRIAÇÃO DE HÁBITOS CORRECTOS DE HIGIENE ORAL PARA GARANTIR UM EFEITO VITALÍCIO E DURADOURO (Conclusão)

Técnicas correctas de combate à placa bacteriana - A escovagem dos dentes inicia-se após a erupção do primeiro dente, devendo ser realizada a seguir às principais refeições, sendo imprescindível escová-los antes de dormir. A escova de dentes é um objecto pessoal que não deve ser partilhado com outras pessoas; é constituída por pêlos de nylon e tem uma duração média de 3 meses.
A escovagem dos dentes deve permitir remover o máximo de placa bacteriana sem causar traumatismo gengival ou dentário; a duração da escovagem não deve ser inferior a dois minutos. Coloca-se a escova com uma inclinação de 45º para que os pêlos penetrem entre o dente e a gengiva; escova-se um maxilar de cada vez (superfície externa e interna), iniciando a escovagem nos molares (atrás), avançando até aos molares opostos. Fazem-se 10 movimentos pequenos de vai e vem em cada área abrangida pela escova; em seguida, as superfícies mastigadoras de ambos os maxilares e no fim deve-se escovar a língua no sentido horizontal, de trás para diante. Bochechar vigorosamente e cuspir; lavar a escova e colocá-la no copo com os pêlos virados para cima. Escova os dentes com uma pasta com flúor
Escovagem intermédia - É a remoção da placa bacteriana dos espaços entre os dentes, aonde a escova não consegue chegar e pode ser feita com o fio/fita dentária ou com o escovilhão interdentário.
Uso do fio/fita dentária - Enrole cerca de 45 centímetros de fita em cada um dos dedos médios. Segure a fita entre os dedos polegar e indicador, deixando um espaço de cerca de 5cm entre ambos. Use os polegares para orientar a fita nos dentes superiores e os indicadores para os dentes inferiores.
Faça deslizar a fita na vertical, contra a superfície do dente e sob a linha da gengiva, com movimentos suaves para trás e para a frente e nunca de uma só vez, sempre com secções limpas de fita para cada dente.
Para a maioria dos jovens com doenças reumáticas a utilização do fio/fita dentária pode ser de difícil execução e em vários casos ser mesmo impossível de usar pelo método acima explicado. Estão disponíveis no mercado vários adaptadores de fio/fita dentária que facilitam o seu uso. Sempre que possível (quando houver espaço suficiente entre dentes) deve-se recorrer ao uso do escovilhão interdentário pois é muito mais fácil de utilizar, bastando empurrá-lo para trás e para a frente.
O papel do flúor na prevenção - O Flúor é uma substância que protege os dentes contra a cárie dentária. Pode ser encontrado em gotas ou comprimidos, sob a forma de elixir para a execução de bochechos em casa, nas pastas dentífricas e ainda sob a forma de gel. Consoante a criança, o médico deverá aconselhar qual destas formas, combinadas ou não será a mais adequada.
Os mecanismos de acção do flúor residem no aumento da resistência do esmalte dentário, remineraliza o esmalte dentário (“restaura” as lesões iniciais de cárie) e tem efeitos anti-bacterianos (reduz o metabolismo dos açucares pelas bactérias, levando a uma menor produção de ácidos e menor desenvolvimento da placa bacteriana).
Reduza a ingestão de açúcares - Sempre que consumir alimentos açucarados a escovagem dos dentes deve ser imediata; a frequência de ingestão de açúcares é mais grave do que a quantidade consumida. Nunca consuma doces no intervalo das refeições, nem antes de dormir.
Selantes de fissura - São resinas (uma espécie de verniz) que tapam os sulcos e fissuras existentes nas faces mastigadoras dos dentes posteriores, formando uma barreira à entrada da placa bacteriana. Quando os dentes são escovados, os pêlos da escova não chegam ao fundo das fissuras ficando aí retida a placa bacteriana. É por isso o local aonde a cárie dentária aparece com mais frequência (dentes molares).
Os Selantes de Fissura devem ser aplicados pouco tempo depois da erupção dos dentes, desde que estes estejam sãos ou tenham pequenas cáries (que só envolvem o esmalte dentário).
Não se esqueça que deve visitar regularmente o dentista ou higienista oral, para verificar se houve alguma alteração na saúde dos seus dentes; a detecção de um problema ainda no seu início torna o seu tratamento menos traumatizante e menos dispendioso.
Tenha em atenção que muitas vezes, mesmo sabendo todas as técnicas correctas para uma boa higiene oral, durante as crises derivadas das doenças reumáticas é impossível haver um controlo efectivo da placa bacteriana, sendo muito importante o controlo profissional de pelo menos duas vezes por ano.
Joana Figueiredo Freire (Higienista Oral)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

290) Dentição infantil: as lesões dentárias sofridas durante a infância e a juventude têm efeitos para o resto da vida

Os índices de cárie dentária, no nosso país, são assustadores. A meta apontada pela Organização Mundial de Saúde para o ano 2000 era a de que Portugal atingisse um índice de cariados, perdidos e obturados (CPO) de dois em cada criança. Isto significa que, se tivessem sido toma-das medidas adequadas de saúde oral, já devíamos estar abaixo dos dois, em vez dos actuais três a quatro dentes estragados.
A situação ainda é mais grave quando se sobe no escalão etário. "Aí, o índice é tão elevado que nem vale a pena citá-lo. O número de dentes em mau estado já ultrapassa a barreira do que é comportado em termos de prevenção", afirma o Professor Acácio Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Saúde Oral (APSO). "Os dentes lesionados não se curam. É possível substituir a textura dentária por materiais de obturação, mas a sua solidez e durabilidade são muito limitadas. Esta é a razão pela qual as lesões dentárias sofridas durante a infância e a juventude têm efeitos para o resto da vida. Quanto menos problemas com os dentes tiver um adolescente ao terminar a escolaridade obrigatória e quanto menos dentes tratados, menores serão os custos ligados à manutenção do bom estado da sua dentição durante o resto da sua existência", salienta aquele especialista em Medicina Dentária Preventiva.
O problema parece estar no facto de se praticar, em Portugal, "uma saúde oral de péssimo nível". Isto é, continua a combater-se a doença, em vez de se apostar na prevenção. "Países como a Noruega, a Dinamarca, a Suíça, o Canadá ou o Japão levam-nos 40 anos de avanço", acrescenta Acácio Jorge.
Os problemas de saúde oral são, de um modo geral, perfeitamente evitáveis. As crianças não são capazes de avaliar as consequências de um comportamento inadequado, tanto no que diz respeito à alimentação como à higiene oral. A atitude dos mais pequenos depende da boa vontade dos adultos, que devem assumir a responsabilidade que ainda falta às crianças. É sabido que os pais e educadores desempenham um papel importante na sensibilização das crianças para os cuidados dentários, mas isso não é suficiente para alterar o cenário "catastrófico" que se vive no nosso país.
Os profissionais do sector defendem a criação de programas de saúde oral autárquica. "É conhecido, em muitas cidades da Europa e não só, o elevado sucesso dos programas de saúde oral de responsabilidade municipal. Comparando com os órgãos do poder central - o Ministério da Saúde ou a Direcção-Geral de Saúde -, a autarquia, estando mais próxima do indivíduo, consegue uma resposta mais adequada e eficaz às suas necessidades."
Uma das formas de actuação municipal podia ser a criação de equipas de saúde oral que procedessem ao rastreio da cárie dentária e das doenças da boca da população abrangida, de forma sistemática e regular, e encaminhar devidamente as necessidades de tratamento. Uma tarefa que pode ser feita pelos médicos dentistas a nível autárquico, nos centros de saúde, nos hospitais e nos consultórios privados. "Tais acções não devem ser confundidas com campanhas de marketing frequentemente desenvolvidas por fabricantes de dentífricos ou de outros produtos da área da medicina dentária", sublinha Acácio Jorge.
De acordo com o presidente da APSO, o Ministério da Saúde tem, ao longo dos anos, "preterido e esquecido" este sector da saúde. "Não há mais justificação para que assim continue, uma vez que há 4300 médicos dentistas em Portugal e as faculdades continuam a formar mais." A Ordem dos Médicos Dentistas criou um grupo de trabalho para estudar e desenvolver um programa de saúde oral autárquica. Uma das propostas avançadas implica a inscrição voluntária das crianças em idade escolar no Programa de Saúde Oral. Ao inscrever-se, a criança fica automaticamente abrangida por todas as medidas preventivas, incluindo eventuais tratamentos dentários de que necessite, mas deverá cumprir um certo número de regras, tais como a visita regular ao médico dentista e a aplicação de determinados tratamentos preventivos indicados.
Estas visitas e estes tratamentos serão registados num boletim dentário (que poderá estar contido no Cartão de Saúde), cuja actualização será obrigatória para que cada criança possa manter-se inscrita no programa. Cada sessão de rastreio, controlo ou tratamento será paga no acto pelos encarregados de educação, que serão reembolsados de imediato nas tesourarias da respectiva Câmara Municipal. Estes programas começarão pelas crianças, mas irão abrangendo progressivamente todos os restantes grupos da população. Para cada grupo, o Programa de Saúde Oral terá a estratégia e a metodologia adequada.
Uns dentes saudáveis são meio caminho andado para um sorriso bonito e agradável. A primeira regra é simples e tem a ver com a higiene. Os dentes devem ser escovados a seguir às refeições, suavemente, sobre todas as superfícies internas e externas, com movimentos circulares e de vaivém ao longo da gengiva. A escova deve ser substituída de três em três meses. Recomenda-se também o uso regular do fio dental, que permite remover o que a escova não alcança. Um hábito saudável, que poderá praticar antes de deitar.
A alimentação é outro factor importante para a saúde dentária. Evite os excessos de açúcar (todos sabemos como são prejudiciais para os dentes) e reforce a sua dose diária de legumes, peixe e produtos lácteos.
E como no prevenir é que está o ganho, há que dar especial atenção aos mais novos. Se o bebé gostar de chucha, não a passe em açúcar, mel ou doces, pois potenciam as cáries. Use apenas chuchas ortodônticas e adequadas à idade. Evite também pendurar cordões ou fraldas de pano na chucha, pois o peso deforma a arcada dentária. Lave e ferva a chucha com frequência, uma vez que a boca é a maior porta de entrada de infecções no corpo humano. Finalmente, ao escolher uma chucha, tenha em conta que o aro deve acompanhar a curvatura da face do bebé, para um fechamento labial mais adequado, e deve ter orifícios para ventilação lateral. É ainda sabido que o uso prolongado da chucha pode influenciar o desenvolvimento da arcada dentária. Há o risco de os dentes nascerem tortos e projectados para a frente ou de os dentes superiores e inferiores não encaixarem. Por isso, os médicos estabeleceram os dois anos de idade como limite para o uso da chucha, defendendo que ela seja retirada, no máximo, até essa idade.
Maria do Rosário Lopes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

289) Análise ao Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 (3ª Parte)

NOTA PRÉVIA (do documento de trabalho)

Citando o Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008, o actual estudo “abrangeu as crianças e os jovens que frequentavam os estabelecimentos de educação do ensino público”. Tratando-se de um estudo de âmbito nacional, os autores referem que “todos os estudos realizados com alunos que frequentam estas instituições (instituições privadas) evidenciam uma prevalência e gravidade das doenças orais, mais baixa ou muito mais baixa quando comparada como a dos que frequentam os estabelecimentos públicos". Então os autores deveriam ter deixado claro que o panorama nacional, no cômputo geral, será ainda melhor relativamente às conclusões que retiram das análises efectuadas ao universo dos estabelecimentos públicos.
Seria óptimo que se fizesse uma abordagem mais aprofundada no sentido de detectar a conclusão apontada - a gravidade das doenças orais afecta em menor grau os alunos dos estabelecimentos de ensino privado. Que factores poderão explicar as diferenças, em termos de saúde oral, entre crianças que frequentam o ensino público e as crianças que frequentam o ensino privado? Estaremos bem em considerar que tal se deve à origem social das crianças ou as diferenças encontradas terão mais relacionadas com as responsabilidades que (não) são assumidas pelas diversas instituições de ensino públicas e privadas? Quais os aspectos positivos / vantagens que a frequência de estabelecimentos de ensino privado que podem e devem ser utilizadas pelos estabelecimentos de ensino público (e vice-versa)?
O estudo nacional permitiu recolher “uma colheita de saliva e placa bacteriana aos jovens de 12 anos, que servirá para o estudo epidemiológico do Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus, conduzido pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Abel Salazar, e que visa servir de suporte à produção de uma vacina contra a cárie dentária”. Sem dúvida, uma excelente iniciativa que deverá ter todo o apoio das entidades oficiais, nomeadamente as ligadas à saúde e à investigação.

domingo, 7 de setembro de 2008

288) APOSTE NA CRIAÇÃO DE HÁBITOS CORRECTOS DE HIGIENE ORAL PARA GARANTIR UM EFEITO VITALÍCIO E DURADOURO (1ª parte)

A saúde oral está intimamente ligada com o bem-estar geral de cada um de nós, sendo um factor que contribui para manter ou restabelecer as condições físicas, emocionais e sociais necessárias ao aumento das nossas capacidades individuais, melhorando a nossa qualidade de vida. Infelizmente podemos dizer que quase 100% da nossa população em geral sofre das principais doenças orais, a Cárie dentária e a Doença periodontal (doença das gengivas). É assim urgente que a educação e promoção da saúde oral se torne uma realidade no nosso país.
Uma criança com doença reumática tem frequentemente dificuldades acrescidas na prática da sua higiene oral diária:
1. Dificuldades motoras nos membros superiores podem complicar o acesso à cavidade oral (não consegue chegar com a escova de dentes à boca);
2. Distúrbios na Articulação Temporo-Mandibular que podem limitar a abertura da boca (não consegue alcançar bem os dentes de trás);
3. Deformações na mandíbula podem originar uma má oclusão dentária (maior retenção de alimentos);
4. Por vezes (embora raramente na criança a própria doença reumática pode originar secura na boca “Xerostomia” (aumenta a probabilidade de cárie dentária e maior propensão à inflamação gengival).
Todos estes factores dificultam as técnicas de higiene oral e contribuem para aumentar a prevalência das doenças na cavidade oral.
Para combater esta tendência a prevenção é a abordagem básica - Apostando na iniciativa individual, com a aprendizagem de técnicas especializadas e adequadas às necessidades de cada um, é sem dúvida nenhuma o melhor meio de alcançar um bom nível de saúde oral.
Vamos agora conhecer um pouco sobre os nossos dentes, suas principais doenças e origem, as suas consequências e por fim a melhor maneira de mantermos sãos os nossos dentes, ao longo de toda a nossa vida.
Qual a origem das principais doenças orais?
O inimigo nº1 dos nossos dentes é a placa bacteriana. A placa bacteriana é uma massa esbranquiçada, que se forma diariamente, colonizada por bactérias, fortemente aderente à superfície dos dentes e gengivas. A placa acumula-se em maior quantidade no sulco gengival (espaço entre o dente e a gengiva) e nos espaços inter-dentários.
São as bactérias da placa bacteriana que provocam a cárie dentária e doenças periodentais (doenças da gengiva), mas felizmente a placa bacteriana pode e deve ser removida diariamente, utilizando as técnicas correctas de higiene oral que mais adiante serão explicadas.
O que é a cárie dentária?
É uma doença infecciosa que se manifesta após a erupção do dente e que origina o amolecimento progressivo das estruturas dentárias levando à formação de cavidade. Para que se inicie uma cárie, as bactérias da placa bacteriana produzem ácidos que vão destruir o esmalte dentário. Estes ácidos são o resultado da fermentação dos alimentos ricos em açucares, também chamados hidratos de carbono (por exemplo os doces).
O que são doenças periodontais (doenças das gengivas) ? A gengivite e a periodontite são doenças que afectam os tecidos que envolvem e suportam os dentes e podem mesmo chegar a envolver todo o periodonto (o que rodeia o dente, a gengiva, o osso e outros tecidos que são responsáveis por manter os dentes firmes nos maxilares). Mais uma vez são as bactérias da placa bacteriana que dão início à infecção.
A gengivite surge quando deixamos acumular a placa bacteriana no sulco gengival (espaço entre o dente e a gengiva). A gengiva fica inflamada, vermelha e sangra com facilidade. Para voltar ao seu estado normal, basta remover a placa bacteriana do sulco gengival (escovar os dentes com a técnica correcta).
Se a gengivite não for tratada, pode evoluir para uma periodontite, ou seja o ligamento e o osso de suporte do dente vão se perdendo e os dentes ficam com mobilidade. Nestes casos há também uma predisposição do indivíduo para esta doença.
Há ainda a salientar a existência do tártaro (pedra nos dentes), que não é removida, mineraliza, torna-se dura e contribui fortemente para as infecções das gengivas.
(Continua)
Joana Figueiredo Freire (Higienista)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

287) A saúde oral no Canadá

O Canadá é uma federação de dez províncias e três territórios de aproximadamente 32 milhões de habitantes. O acesso e a disponibilidade de serviços de saúde e a regulamentação dos profissionais da área de saúde são de responsabilidade dos governos provinciais e territoriais. É estimado que os gastos governamentais e privados com serviços de saúde foram de 130,3 mil milhões em 2004, 5, 9% mais do o ano anterior. O gasto governamental é responsável por sete de cada dez dólares gastos com saúde.
O objetivo do programa de seguro-saúde financiado pelo poder público é assegurar que todos os residentes canadenses tenham um acesso justo a serviços médicos e hospitalares sem custos diretos ao paciente. Serviços dentais cirúrgicos proporcionados em hospitais também estão cobertos.
Aproximadamente 18.300 dentistas, 14.800 higienistas , 2.200 auxiliares de prótese dental, 2.000 técnicos de prótese dental e 27.000 assistentes de Odontologia estão envolvidos com o fornecimento de serviços odontológicos no Canadá, a maioria no setor privado. Existem 57 dentistas e 46 higienistas para cada 100.000 canadenses. O número de dentistas subiu 6% entre 1988 e 1997, enquanto o número de higienistas subiu 64% no mesmo período. Existem nove especialidades dentais reconhecidas no Canadá e os especialistas compõem 10% da população de dentistas.
Dos 9,28 mil milhões gastos com saúde oral no Canadá em 2004, cerca de 95% foram originados de pagamentos fornecidos por seguros privados ou pagamentos diretos dos pacientes. Aproximadamente 63% dos canadenses têm cobertura de seguros dentais particulares, que são um benefício empregatício não sujeito a cobrança de imposto de renda. Esse tratamento favorável de isenção de imposto também está disponível para planos odontológicos adquiridos por profissionais autônomos sem vínculos empregatícios.
As pessoas que possuem seguro odontológicos privado utilizam o serviço odontológico consideravelmente mais do que aqueles que não o possuem. De acordo com uma pesquisa de 2003, 74% dos canadenses que possuem o seguro e 48% dos que não possuem, visitaram o dentista no ano anterior. De acordo com os números da agência governamental de estatísticas do Canadá, aproximadamente 76% dos canadenses que têm as maiores rendas visitaram o dentista em 2003, enquanto apenas 35% dos canadenses com menores ganhos visitaram o dentista.
Em uma pesquisa de 2006, conduzida pela Associação da Indústria Odontológica do Canadá , 60% dos dentistas canadenses (1.011 pesquisados) realizam atividades odontológicas em áreas urbanas, 22% em subúrbios, enquanto 18% descrevem o local da prática dentária em áreas rurais. A maioria dos pesquisados (79%) são donos de seus próprios negócios, sendo que menos da metade de todos os pesquisados (47%) indicaram que atuam sem a companhia de outros profissionais.
Apenas metade das clínicas odontológicas pesquisados apresentam quatro ou mais consultórios. Um quarto dos pesquisados não emprega higienistas dentais e outro quarto emprega um higienista, enquanto quase metade emprega dois higienistas ou mais. A porcentagem de consultórios que empregam dois higienistas ou mais aumentou 14% desde 1997.
Consultórios dentais canadenses estão se tornando cada vez mais high-tech. Desde 2001, a porcentagem de consultórios com terminais computadorizados na área de atendimento (ao contrário de apenas na recepção) aumentou de 20% para 36% em 2006. Metade dos dentistas sem computadores nas áreas de atendimento, atualmente, afirmam que irão adquirir tais aparelhos dentro de dois anos. Atualmente, 57% dos dentistas possuem conexão à Internet tanto em casa como no escritório. Esse número mais do que dobrou de 24% em 2000.
A radiografia digital também tem sido adotada por um crescente número de profissionais. Atualmente 21% possuem tal sistema, frente a 3% em 2000. Aproximadamente 8% dos profissionais contam com instrumentos computa­dorizados no auxílio do atendimento; porcentagem parecida possui lasers para o tratamento de tecidos mole e duro). Em 2000 menos de 2% dos profissionais utilizaram tais equipamentos. Restaurações de resina e serviços de higiene dental representam as duas maiores fontes de receita para a maioria dos profissionais.
O Ministério Federal de Saúde paga serviços dentais para pacientes de comunidades organizadas de aborígines por meio de taxas de serviço em consultórios dentários particulares. O governo federal também organiza programas odontológicos para refugiados e seus dependentes, prisioneiros em penitenciárias, membros da Real Polícia Montada do Canadá, Forças Armadas do Canadá e antigos membros das Forças Armadas.
Os programas públicos de serviços odontológicos oferecidos na maioria das províncias e territórios são parecidos em termos de grupos populacionais elegíveis de alto risco e os tipos de serviços cobertos. Muitos desses programas não pagam seguros completos. A água potável na maioria das áreas urbanas, com a exceção de Montreal e Vancouver, possui flúor.
Como a saúde é administrada pelas províncias e as pesquisas epidemiológicas dentais são conduzidas diferentemente nas várias jurisdições, existem muitas lacunas em nosso conhecimento sobre a situação da saúde bucal dos canadenses. Pesquisa nacional com esse enfoque, a primeira em 30 anos, está atualmente no estágio de planejamento. A coleta de dados se iniciará no início de 2007.
A recém-criada Secretaria de Coordenação de Saúde Bucal tem a missão de coletar dados epidemiológicos da situação da saúde oral dos canadenses e promover a saúde oral. A partir das informações atualmente disponíveis, é seguro dizer que a situação da saúde oral da maioria dos canadenses e a qualidade dos serviços dentais disponíveis no Canadá estão entre os melhores do mundo.
A profissão de dentista é auto-regulada no Canadá; as autoridades reguladoras provinciais são responsáveis pelo processo de concessão de licença de dentistas e pelo controle que garanta uma alta qualidade dos serviços prestados aos canadenses. As autoridades reguladoras criaram uma organização, a Canadian Dental Regulatory Authorities Federation (CDRAF), uma instituição sem poderes reguladores cujo objetivo é antecipar e solucionar desafios de regulamentação nos níveis global, nacional e interprovinciais.
Os dentistas recebem treinamento em 10 escolas dentais (oito de língua inglesa e duas de língua francesa) no Canadá, com uma estimativa de 520 graduados por ano. Enquanto apenas 25% dos dentistas canadenses são mulheres, aproximadamente 50% dos estudantes de saúde bucal são do sexo feminino. Os programas de educação oferecidos por essas escolas recebem credenciamento da Comissão de Credenciamento Dental do Canadá (CDAC).
Em razão de um acordo de credenciamento entre o CDAC e a Comissão de Credenciamento Dental da Associação Dental Americana , os graduados de escolas odontológicas dos EUA e do Canadá são elegíveis para a realização do Exame de Certificação fornecido pelo Canada's National Dental Examining Board (NDEB). De todos os profissionais é exigida a obtenção de um certificado NDEB para prática odontológica no Canadá.
Para graduados em programas não-credenciados (atualmente, apenas a América do Norte é credenciada), existe um caminho especial para se submeter ao exame NDEB. Esses graduados devem completar um programa de qualificação de duração de dois anos oferecido pela escola odontológica canadense. O primeiro passo nesse sentido é o Exame de Qualificação administrado pela Associação das Faculdades Canadenses de Odontologia (ACFD).
Esses exames do Royal College of Dentists of Canada são utilizados por muitas autoridades odontológicas das províncias como parte das exigências para a concessão de licença de especialista e são conhecidas como o Exame Nacional de Especialidade Dental (NDSE). Aqueles que buscam a licença de especialista devem buscar informação da autoridade odontológica na província que pretender realizar a prática.
Em quatro províncias, o órgão regulatório funciona também como uma associação que cuida dos interesses dos dentistas, enquanto em outras províncias, os papéis de associação e órgão regulatório são realizados por instituições separadas. A Associação Odontológica Canadense (CDA) é a associação nacional que atua como porta-voz de todos os profissionais canadenses de odontologia. Ela mantém ligação com as associações provinciais, as escolas odontológicas, outras organizações de saúde, a indústria de seguro odontológico, assim como com o governo federal para o avanço da saúde oral dos canadenses.
A CDA é membro regular da Federação Dentária Internacional (FDI) e participa ativamente das discussões desta entidade global. Em 2007, pela primeira vez, um canadense, dr. Burton Conrod, será o presidente da FDI. O diretor executivo da CDA, George Weber, é o presidente do Comitê de Desenvolvimento Dental Mundial e Promoção de Saúde da FDI, que administra o Comitê de Desenvolvimento Dental Mundial e coordena projetos em países em desenvolvimento. O coordenador de Saúde Bucal do Canadá, dr. Peter Cooney, é o presidente da Seção de Saúde Pública da FDI.
John P. O'Keefe, Cirurgião dentista, E-mail: mailto:jokeefe@cda-adc.ca