domingo, 16 de dezembro de 2007

212) Pais desconhecem prejuízos dentais que medicamentos podem causar

Pesquisa mostra que grande parte dos responsáveis não realiza higiene bucal em seus filhos após o uso de fármacos e não consegue estabelecer claramente a relação de causa e efeito existente em tal associação. Muitos medicamentos líquidos pediátricos apresentam açúcares em sua composição a fim de mascarar o gosto desagradável de alguns ingredientes ativos. O gosto agradável, no entanto, acaba escondendo os danos que esses medicamentos podem causar à saúde bucal das crianças, uma vez que sua ingestão freqüente pode provocar cáries.
Levando em consideração que os pais atuam como responsáveis pela administração e cuidados relacionados ao uso de medicamentos infantis, Beatriz Neves e equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro resolveram avaliar as percepções e atitudes de responsáveis quanto aos potenciais cariogênico e erosivo de medicamentos líquidos pediátricos. Foram realizadas entrevistas sobre a associação do uso de medicamentos infantis com cárie e erosão dentária, bem como os cuidados com a higiene bucal após sua ingestão. De acordo com artigo publicado na edição de setembro/outubro de 2007 da revista Ciência & Saúde Coletiva, “em geral, os responsáveis desconhecem os açúcares adicionados a muitos alimentos ou bebidas, incluindo medicamentos líquidos infantis, e, quando reconhecem a existência do açúcar, não identificam o tipo utilizado para adoçar as formulações pediátricas, e nem mesmo a sua concentração, fatos que podem induzir comportamentos que contribuem para o desenvolvimento da doença cárie”.
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Segundo os pesquisadores, “apesar dos responsáveis considerarem os medicamentos doces e relacionarem seu uso à presença de cárie e defeitos na estrutura dental, grande parte destes não realiza higiene bucal em seus filhos após o uso desses fármacos e não consegue estabelecer claramente a relação de causa e efeito existente em tal associação”. Dessa forma, os especialistas alertam para a importância de os profissionais de saúde orientarem os responsáveis em relação à presença de açúcar e ao baixo pH destas formulações infantis, levando-se em consideração a necessidade de administrá-las preferencialmente durante as refeições e antes da criança adormecer, e devendo ser seguida pela devida higienização da cavidade bucal.
“Considerando que a doença cárie é passível de prevenção, os médicos pediatras se encontram em condições ideais para alertar e transmitir aos pais e responsáveis informações e orientações sobre os riscos inerentes ao uso contínuo de medicamentos açucarados e o desenvolvimento de cárie dental, quando não existe adequada higiene bucal posterior”, destacam no artigo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

211) O papel da LBV (Legião da Boa Vontade) na saúde comunitária (III)


Educar para mudar

É uma questão que talvez poucos coloquem a si próprios. A Assistência Médica Internacional (AMI), por exemplo, só tem registo de um médico estomatologista que tenha participado em campanhas de voluntariado dentro daquele organismo e a associação "Médicos do Mundo" nem sequer tem nomes dentro deste espectro profissional.
Ainda assim, existem diversas actividades às quais dezenas de médicos dentistas acabam por aderir. Só que esta é uma realidade que não se verifica com frequência. «O Sistema Nacional de Saúde (SNS) ao não abarcar esta classe, obriga a que o médico dentista seja forçado a operar no sector privado e, por isso, ou ele está no consultório ou então não consegue rendimentos para vive», explica Jacinto Durães. O gestor do "Ambulatório da Saúde Oral", da Universidade Fernando Pessoa, reconhece que, «no geral, a cultura voluntária é fraca, comparada com o que acontece no estrangeiro». E até a solidariedade entre pares parece não existir. «Muitos pensavam que seríamos concorrentes», segreda, em relação a críticas que recebeu depois de lançar o projecto que coordena.
Cassiano Scapini explica que esta atitude dentro da própria classe é criada logo na Faculdade. «O ensino em Portugal está assente numa filosofia que não se baseia na prevenção. Cientificamente, sabe-se que o atendimento curativo não se traduz numa melhoria das necessidades. Só a prevenção. E, sendo esta uma questão de saúde pública, deve-se mudar a formação académica. Talvez, depois, tenhamos mais profissionais a participar em projectos de cariz social», opina o brasileiro, radicado em Portugal há 18 anos. «A Universidade tem que se abrir à comunidade», resume.
Apesar de reconhecer a importância do voluntariado, Cassiano Scapini considera que «a discussão é muito mais profunda. Temos que chamar, para dentro da comunidade, estas questões que têm a ver com a forma como as faculdades ensinam. Enquanto isso não acontecer, continuaremos a ter, somente, iniciativas pioneiras».

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

210) Saúde oral no Orçamento 2008 mas longe das necessidades

A saúde oral entrou pela primeira vez como prioridade assumida pelo Governo no relatório do Orçamento de Estado para 2008 (OE2008), mas ainda fica aquém das propostas elaboradas pelo grupo de trabalho nomeado por Correia de Campos para elaborar os caminhos de uma política para o sector.
Num país sem oferta pública de medicina dentária e onde cerca de metade da população não tem acesso a ela por manifesta falta de poder de compra, a inserção do tema no orçamento é recebida como positiva pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). O relatório do OE2008 limita-se a adiantar a saúde oral como "domínio prioritário, especialmente focalizado na prevenção da doença de modo a que alguns segmentos da população, em particular crianças, grávidas e idosos com baixos rendimentos, possam ter dentes saudáveis".
Certo é que esta pequena declaração de intenções não acata todas as recomendações do grupo de trabalho, que Correia de Campos já tem na sua secretária desde Junho. Os peritos sugerem a oferta de cuidados a mais grupos, nomeadamente diabéticos.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

209) A importância do flúor

A idade ideal para iniciar as aplicações tópicas de flúor é por volta dos dois anos e meio a três anos de idade, no momento em que a criança está completando a dentição decídua. Essa aplicação deve ser realizada pelo odontopediatra.
Os pais das crianças sabem que uma dentição bonita é fundamental para o convívio em sociedade. O flúor é um dos agentes importantes na redução da cárie dentária que é uma doença infecto-contagiosa, associados a outros métodos de prevenção, tais como: a dieta equilibrada, a escovação, o fio dental, aplicação de selante, e muito importante à água fluoretada.
O fluoreto tem efeito preventivo de cárie não só em crianças, mas também nos adultos. As lesões cariosas podem ser paralisadas pela aplicação local de flúor, além de aumentar a tendência de remineralização de cáries iniciais. Os fluoretos fortalecem o esmalte e dentina, reduzindo a solubilidade dos mesmos em meio ácido; diminuem a capacidade de adesão aos dentes pelos microrganismos; e têm efeito antimicrobiano, reduzindo a capacidade da placa bacteriana para produzir ácido.