terça-feira, 16 de janeiro de 2018

708. PORTUGAL: Um maior número de indivíduos reporta necessidades não satisfeitas em relação aos cuidados de saúde oral

Um maior número de indivíduos reporta necessidades não satisfeitas em relação aos cuidados de saúde oral. Assim, já Portugal apresenta uma percentagem total de 15,7% (face aos 5,5% da UE), com o grupo com menor rendimento a apresentar uma percentagem de 28,8% (UE 10,4%).
As barreiras no acesso aos cuidados de saúde permanecem relevantes em Portugal, e sobretudo marcadas do ponto de vista socioeconómico. Foi observado um gradiente social, ligado ao rendimento, para os tratamentos médicos em geral, mas sobretudo um grau elevado de necessidades não satisfeitas, com um gradiente socioeconómico muito marcado, na saúde oral, na saúde mental e nos medicamentos. Em comparação com o resto da Europa, Portugal não sofre de maiores barreiras de acesso, mas estas barreiras estão mais marcadas do ponto de vista socioeconómico, em particular no que diz respeito às restrições financeiras.
Neste quadro, devem ser salientadas três situações notáveis, e esperadas: a iniquidade na utilização e no acesso à saúde oral, à saúde mental, e aos medicamentos. Nestes três campos, não existem apenas limitações fortes no acesso, como também estas limitações afectam de forma desproporcional os mais pobres. No caso da saúde oral e da saúde mental, esta iniquidade explica-se pela falta de oferta destes serviços no Serviço Nacional de Saúde, estando a necessidade a ser em grande parte satisfeita através do sector privado, ou seja, apenas acessível para quem tem seguro ou capacidade de pagar.
No caso da saúde oral, houve tentativas para atenuar esta situação através dos cheques-dentista, para poder recorrer ao sector privado, mas possivelmente esta iniciativa não conseguiu reduzir a iniquidade.
Assim, não se conseguirá melhorar o acesso a determinados cuidados, nem reduzir as despesas catastróficas em saúde sem uma acção determinada no SNS no campo da saúde oral e da saúde mental, e na melhoria do acesso aos medicamentos para os cidadãos mais carenciados.