quinta-feira, 28 de setembro de 2017

703. Apenas metade dos cheques dentista emitidos pela ARS (Alentejo) foram utilizados

Foi apresentado recentemente um estudo sobre saúde oral que indica que 45 por cento das crianças portuguesas com seis anos apresentam cáries dentárias. Um número elevado numa época em que o cheque dentista e a existência de higienistas em meio hospitalar são já dados adquiridos. O “Diário do Alentejo” quis saber como vão as bocas das nossas crianças e ficou a saber que, apesar de ainda existirem problemas, o número de crianças com problemas de saúde oral tem vindo a diminuir.
No Alentejo, e apesar de ainda não estarmos a atingir as metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde para 2020 (80 por cento das crianças aos 6 anos livres de cáries), entre o ano 2000 e 2014, a evolução é notória (passou dos 30,3 por cento, para os 67,4 por cento).
No III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais, que tinha como objetivo avaliar a prevalência e as necessidades de tratamentos dentários nas crianças e nos adolescentes portugueses, com o intuito de se delinearem programas estratégicos promotores da saúde oral em todo o País, concluiu-se que, apesar dos problemas serem menores do que em anos anteriores, existe ainda um grande grupo de crianças, com 12 anos, no nosso País, com problemas (47 por cento têm cáries dentárias). Este número aumenta na faixa etária dos 18 anos, com 67,6 por cento de jovens com cáries.
Delmira Regra, higienista oral, gestora de saúde oral do Centro de Saúde de Beja, em entrevista ao “Diário do Alentejo”, relata que o serviço de saúde oral da Ulsba (Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo), que conta com quatro higienistas orais para 13 concelhos, tem vindo a seguir alguns programas, de âmbito nacional, para promover e educar crianças e jovens das escolas públicas nesta área da saúde. “Neste momento continuamos a trabalhar com todas as diretrizes da Direção Geral da Saúde e do Programa Nacional de Promoção da saúde oral (PNPSO). Desde 2014 que aplicamos vernizes de fluor segundo a orientação nº 013/2013, da Direção-Geral da Saúde (2013), que define para a aplicação semestral de verniz de flúor em crianças com idade inferior a sete anos e que frequentem o jardim-de-infância”.
O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral e o Sistema de Informação para a Saúde Oral são dois destes programas. No primeiro caso, estão incluídos os já famosos cheques dentista. Nesta matéria, desde 2009 a esta parte que o governo emite este tipo de cheques, destinados a crianças em idade escolar. O primeiro cheque é atribuído aos sete anos, o segundo aos 10 e o terceiro e último aos 13 anos. Cada criança pode ser contemplada com mais do que um cheque por ano letivo, caso a sua situação assim o exiga.
De acordo com os dados fornecidos pela higienista, citando a Direção Geral de Saúde, na Administração Regional de Saúde do Alentejo, foram emitidos quase 3 000 (2 977) cheques a crianças com sete anos. Acontece que apenas 1 552 foram utilizados. No caso do segundo cheque, atribuídos aos 10 anos, foram emitidos 4 144 cheques e utilizados 1 785, e o terceiro cheque (13 anos) foram entregues 3 655 cheques e usados apenas 1 648.
O mesmo se tem passado com a referenciação para recurso a um higienista oral. Isto é, na classe etária dos sete anos, foram referenciados 1 036 crianças para este tipo de acompanhamento mas apenas 742 se apresentaram na consulta. Na faixa etária seguinte, 10 anos, foram selecionadas 267 crianças, mas apenas 162 usufruíram da consulta e dos tratamentos. As crianças com 13 anos, escolhidas para um acompanhamento por parte de um higienista oral, foram 683, mas apenas 379 beneficiaram da consulta.
Para Delmira Regra: “como podemos constatar, a taxa de utilização dos documentos que permitem o tratamento e a prevenção fica aquém do expectável, no entanto há sempre espaço para a melhoria, e daremos o nosso melhor para alcançar a meta dos 100 por cento”.
Ainda de acordo com dados facultados por esta profissional de saúde, o número de crianças, até aos seis anos, sem cáries dentárias tem vindo a aumentar de ano para ano. Em 2000 eram apenas 30,3 por cento as crianças alentejanas livres de cáries. Em 2002/2006 este número subiu para 59,5 por cento e em 2013/2014 a percentagem ronda os 67,4 por cento. Neste último caso, trata-se de um valor superior à média nacional, que é de 54,4 por cento.
Outro dado animador tem a ver com o número de casos de crianças que aos 12 anos já mostravam problemas de saúde oral. No ano 2000, no Alentejo, 5,49 por cento tinha problemas, ao passo que a média nacional era de 2,95 por cento. Em 2005/2006 o número diminuiu para 1,77 por cento, e em 2013/2014 ronda o 0,75 por cento, abaixo da média do país que é de 1,18 por cento e já muito abaixo das metas fixadas pela Organização Mundial de Saúde para 2020, que é de 1,5 por cento.
O Serviço de Saúde Oral da ULSBA existe desde outubro de 1994 e, para esta higienista oral, “em saúde pública, os resultados não são imediatos. Há que saber esperar e trabalhar a promoção e prevenção de forma inovadora. Foi o que aqui fizemos, sempre com a concordância e apoio das diversas coordenações de saúde que passaram pelo nosso distrito”.
No início, o trabalho prendia-se com “a dinamização e aumento do interesse da nossa população alvo com espaços lúdico educativos, tais como a Feira do Dente, em 1999 e 2001, onde as crianças eram convidadas através da escola, a participar com pósteres sobre esta temática. Durante a semana da atividade participavam em jogos, assistiam a pequenas peças de teatro. Como recompensa havia fruta exposta e eram convidados a levar o que mais gostassem”.
Já em 2002 com o suporte financeiro da Fundação Calouste Gulbenkian, foi iniciado o Projeto Leão, em Aljustrel. “O objetivo deste projeto foi determinar se a escovagem, quando realizada na escola com pasta fluoretada, e supervisionada pelos professores, duas vezes por dia, seria ou não eficaz” na diminuição da incidência de cárie dentária.
Seguiu-se o projeto Lancheira Sorriso em Movimento, vencedor do prémio Missão Sorriso que tinha como objetivo implementar boas práticas de saúde oral junto das crianças.
Neste momento “estamos a elaborar uma peça de teatro, que tem como protagonistas o Lidador, figura emblemática de Beja, a Lenda de Beja com a sua cobra monstro e o touro e a saúde oral, que será apresentada no próximo ano às crianças do 1.º ciclo do ensino básico”. Por outro lado, “esperamos realizar também, no próximo ano, as Jornadas de Saúde Oral e a importância dos pares”, que terá como público-alvo pais, professores, enfermeiros, médicos e profissionais de saúde oral.
Texto Natacha Lemos
* * *
Lamentavelmente os organismos públicos ligados à saúde oral no Alentejo funcionam extremamente mal. Em pleno século XXI não se aproveita metade dos cheque – dentistas disponíveis. Algumas questões se colocam à ARS do Alentejo: porque é que só metade dos cheque – dentistas são utilizados? Para onde vai o dinheiro dos cheque – dentistas que não é utilizado? Porque não se fazem campanhas que permitam a utilização de 100 % dos cheque – dentistas?
Não se justifica nem se deve contemplar esta situação. Os problemas de incompetência são muito fáceis de resolver; basta colocar as pessoas certas nos lugares certos e isto não se passaria em Portugal. Alguém tem de ser responsabilizado pelo que se está a passar.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

702. Saúde oral infantil na Extremadura (Espanha)



Cerca de 45.000 niños menores de seis años podrán beneficiarse a partir del próximo ejercicio de asistencia dental gratuita en la región. Se sumarán a los alrededor de 100.000 que ya disponen de este servicio, que se ofrece hasta que se cumplen los 15 años.
El Servicio Extremeño de Salud prevé ampliar a partir del 1 de enero el Plan de Asistencia Dental Infantil de Extremadura (Padiex) para incidir en las labores de prevención.
El Padiex ofrece asistencia dental a menores con edades comprendidas entre 6 y 15 años que tengan derecho a atención sanitaria con cargo al SES. Nació en el año 2005 y su implantación fue gradual, empezando con niños de 6 y 7 años hasta que en 2013 se llegó a su aplicación a todas las edades contempladas en el plan.
La financiación es pública y la provisión de servicios es mixta, compartida entre los 32 dentistas del sistema público y los cerca de 300 del ámbito privado que cuentan con la correspondiente habilitación del SES. En este caso, los odontólogos reciben un pago por cada paciente que atienden en sus consultas.
El Padiex incluye dos tipos de tratamientos. Básicos, en los que se encuadran las revisiones (a criterio del profesional pero al menos una al año), la asistencia en urgencias dentales (por traumatismos fundamentalmente), las extracciones, la educación en salud bucodental (técnicas de cepillado y limpieza) y los tratamientos preventivos (fluoración y colocación de selladores, entre otras técnicas). Pero también abarca actuaciones especiales, como atención a dientes incisivos y caninos en caso de traumatismo y las endodoncias (destrucción del nervio), así como las reconstrucciones que estas últimas conlleven.
Únicamente quedan fuera del programa las ortodoncias, las prótesis y los tratamientos de las piezas temporales o de leche (excepto las extracciones y las atenciones de urgencia). Según los últimos datos del Instituto Nacional de Estadística, a 1 de enero de este año había en la región 105.000 menores de entre 5 y 14 años, y que formarían parte del grupo objetivo del plan en 2017, ya que la atención se inicia en el ejercicio en que se cumplen 6. Por debajo de esa edad había 45.000, que serán los que se sumen al programa en 2018.
El SES señala que la ampliación del servicio se asumirá desde la red pública. Es decir, los 45.000 menores serían atendidos por los 32 dentistas, aunque en la práctica se espera llegar principalmente a los niños de 5 y 4 años. No se espera un gran aumento de costes. El presupuesto destinado al programa es de 1.980.000 euros.
La ampliación del Padiex persigue incidir en la prevención, para lo que se prestará una atención añadida a la educación en cuestiones como hábitos saludables, salud oral y revisiones periódicas, especialmente indicadas para los más pequeños. «Tenemos que conseguir que los tratamientos que se realicen en las consultas sean más preventivos que curativos», indica el SES.
Entre otras cuestiones, se intentará paliar el problema de las caries de la primera infancia, ya que se estima que el 31% de los niños a los cinco años presenta caries en la dentición temporal.
Como indica María Dolores Zapata, directora de Programas de salud bucodental del SES, «lo que se pretende es educar para que luego no aparezcan caries ». Por ejemplo, señala que muchos padres no promueven el cepillado entre sus hijos hasta que se caen los dientes de leche. También señala que la alimentación actual, con multitud de productos azucarados, no ayuda. «Intentaremos cambiar el chip». Zapata señala que se intentará llegar al mayor número de niños posible, para lo que se pedirá a los pediatras que durante las revisiones se encarguen de la derivación a los dentistas.
La propuesta permitirá invertir en tratamientos preventivos a edades tempranas, con lo que a la larga supondrá un ahorro en intervenciones más caras. «Como resultado de nuestra buena labor preventiva los niños de nuestra comunidad deben precisar cada vez menos tratamientos curativos», explica el SES.
Para los profesionales la medida supone un acierto. José Álvarez, odontólogo de la Clínica Ortodental de Almendralejo, afirma que el Padiex es muy beneficioso para la salud bucodental de los menores de 15 años, ya que permite acceder a tratamientos a personas que carecen de recursos. Se evitan patologías más graves en la etapa adulta, que además para ser corregidas requieren tratamientos más costosos.
Como muestra, Álvarez señala que unos molares con unos surcos muy pronunciados pueden ser corregidos a temprana edad con selladores. De lo contrario, serán más proclives a acumular suciedad, lo que llevará a la formación de placa y después a una caries. Si no se tratan, será necesario hacer una endodoncia y, a la larga, se puede perder el diente y requerir un implante. Un pequeño gasto al principio hubiese evitado un gran desembolso al final.
En cuanto a la ampliación del plan a los menores de 6 años, José Álvarez señala que «todo lo que sea potenciar o inculcar prevención es positivo». A edades tempranas se pueden enseñar con más facilidad técnicas de cepillado tanto a los niños como a los padres, que en ocasiones no dan importancia a los primeros problemas que se producen porque se trata de dientes de leche.