quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

318) Educação para a Saúde

O presidente dos populares açorianos anunciou que o seu partido “vai propor e vai bater-se, na próxima Legislatura, para que seja criada no curriculum regional no ensino básico uma cadeira de Educação para a Saúde, de maneira a que as crianças e jovens possam, desde de muito cedo, aprender as noções básicas de saúde e alguns conceitos elementares sobre nutrição, para prevenir a diabetes e a obesidade que são problemas muito graves e sérios nos Açores”.
Segundo Artur Lima, “esta disciplina tem que ser leccionada por um profissional competente e este profissional deve e pode ser, no entender do CDS-PP, o Enfermeiro de Família”, que os populares garantem vão também propor na próxima Legislatura.
“Este é um profissional que, para além de andar nas freguesias dando apoios às famílias e aos idosos, também dará apoio nos jardins de infâncias e nas escolas transmitindo às crianças conhecimentos básicos sobre a alimentação e sobre a prevenção das doenças”, salientou. O candidato a deputado pela Ilha Terceira destacou ainda que “esta disciplina vai ter a vantagem de estimular a prevenção”.
Artur Lima explica que com a disciplina de Educação para a Saúde “as crianças vão aprender a comer, vão aprender o que é a diabetes, o que é a obesidade. Vão tomar conhecimentos, desde muito cedo, daqueles que são os problemas de saúde que podem vir a ter no futuro. Isto é, começam a conhecer as regras para prevenir”. Isto porque, finalizou Artur Lima, a prevenção é fundamental: “Prevenir é infinitamente mais barato do que tratar”.
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A maior lacuna no ensino básico e secundário em Portugal consiste na ausência de qualquer estratégia de educação voltada para a área da saúde; tudo o que se faz ocorre por pura carolice e completamente desenquadrada da realidade das crianças e jovens.
Infelizmente, a falta de vontade política em investir na prevenção e saúde escolar arrasta-se em Portugal desde 1974 e nenhum governo demonstrou qualquer interesse em modificar a situação. No âmbito da saúde oral, então a situação tem sido completamente pantanosa; uma vergonha que os políticos portugueses não devem esconder do resto dos seus parceiros europeus.
Gerofil

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

315) Em Portugal (Século XXI) cobram-se impostos aos pobres para dar assistência médica prioritária primeiro aos ricos

Discriminação no acesso ao privado através do SNS
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A Inspecção-geral das Actividades da Saúde está a investigar várias reclamações de utentes que demoraram mais tempo a obter um exame médico em serviços privados quando vão através do Serviço Nacional de Saúde, conforme denunciou a DECO. Fonte do gabinete da ministra da Saúde, em declarações à Lusa, disse que deram entrada naquela inspecção "algumas, poucas," queixas de utentes a denunciar situações de discriminação, mas não soube precisar quantas. "São poucos, mas não sabemos quantos, e estão a ser investigados. Esperamos as conclusões", adiantou aquela fonte.
Também a Entidade Reguladora da Saúde disse hoje à Lusa ter recebido algumas queixas de utentes que dizem que os exames médicos em entidades privadas são marcados mais rapidamente quando propõem esquecer a credencial do médico de família e pagar tudo do seu bolso. Esta discriminação, proibida por lei, foi hoje alvo de mais uma denúncia da associação de defesa dos consumidores DECO, que afirma que em 11 por cento dos estabelecimentos privados que visitou verificou que foi diminuído o tempo de espera quando se abdicou da credencial do médico de família.
Os colaboradores da DECO realizaram 180 marcações de exames de colonoscopia (um exame ao intestino), ecografia obstétrica e transrectal e em 15 dos sítios visitados conseguiram antecipar a data de marcação do exame quando propuseram esquecer a credencial do médico e suportar o custo.
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O título condiz exactamente com o texto. Todos pagamos impostos para a longa formação de médicos e técnicos de saúde; na hora da assistência médica, quem tem maiores posses económicas é atendido primeiro.
Proponho que o senhor presidente da República, o Senhor Primeiro-ministro, a Senhora Ministra da Saúde, o Senhor Provedor de Justiça, o Senhor Procurador-Geral da Republica e todos os deputados da Assembleia da Republica ponham cobro hoje mesmo a esta situação. Portugal não pode continuar a ter políticas de saúde que violem os direitos humanos.
Gerofil

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

314) Programa da Saúde Oral ao longo do ciclo de vida

Programa da Saúde Oral ao longo do ciclo de vida
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Na gravidez

  • A grávida, ao cuidar da sua saúde oral, está a promover a saúde do seu filho.
  • Uma gravidez programada deverá contemplar os tratamentos dentários da futura mãe

Até aos 3 anos

  • A higiene oral inicia-se com a erupção do primeiro dente
  • A higiene oral é feita com uma gaze, dedeira ou escova macia
  • Os pais devem utilizar uma pequena quantidade de dentífrico fluoretado de 1000-1500ppm

Dos 3 aos 6 anos

  • A criança deve fazer a escovagem dos dentes, com supervisão, pelo menos duas vezes por dia sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar
  • A escova deve ser macia e ter m tamanho adequaado à boca da criança
  • O dentífrico fluoretado deve ter entre 1000-1500 ppm, e a quantidade é idêntica ao tamanho da unha do 5º dedo (mindinho) da criança

Mais de 6 anos

  • A escovagem dos dentes deve ser efectuada pelo menos duas vezes por dia, sendo uma delas obrigatoriamente antes de deitar
  • A escova deve ser macia ou média, de tamanho adequado à boca da criança
  • O dentífrico fluoretado deve ter entre 1000-1500 ppm, e a quantidade é de aproximadamente 1 cm.

Na adolescência

  • A higiene oral faz parte da construção e do reforço positivo da auto-imagem. As expectativas dos jovens acerca dos lábios, da boca e dos dentes, nos planos estético e relacional, são de valorizar

Promoção da Súde Oral em ambiente escolar

No jardim-de-infância

  • Integrar a educação para a saúde e a higiene oral no Projecto Educativo do estabelecimento de educação
  • Efectuar uma escovagem dos dentes no Jardim-de-infância

Na escola do 1º, 2º, 3º ciclo

  • Fazer coincidir as mensagens de promoção da saúde com as práticas da escola
  • Efectuar um bochecho quinzenal com uma solução de fluoreto de sódio a 0,2%
  • Efectuar uma escovagem dos dentes na escola e monitorizar a sua execução e efectividade

Prevenção das Doenças Orais

Em Crianças e jovens de alto risco à carie

  • Selantes de fissura
  • Suplemento de fluoreto de sódio (depois dos 3 anos de idade)
  • Verniz de flúor ou de clorohexidina
  • A avaliação do risco individual deve ser feita por higienista oral, médico estomatologista ou médico dentista.

Diagnóstico precoce e tratamento dentário

Para crianças e jovens em programa

  • No Centro de Saúde
  • Nos serviços de estomatologia dos Hospitais
  • Nos consultórios privados, através de contratualização

Fonte: SPP - Sociedade Portuguesa de Pediatria

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

313) Saúde oral nas escolas

As doenças orais constituem, pela sua elevada prevalência, um dos principais problemas de saúde da população infantil e juvenil. Contudo, a cárie e as doenças periodontais, se adequadamente prevenidas e precocemente tratadas, são de uma elevada vulnerabilidade, com custos reduzidos e ganhos em saúde relevantes.
Em Portugal, o número de dentes cariados, perdidos e obturados por criança (CPOD) aos 12 anos de idade é de 2.95, e a percentagem de crianças livres de cárie dentária aos 6 anos é de 33%. A Organização Mundial da Saúde aponta para que no ano 2020, pelo menos 80% das crianças com 6 anos estejam livres de cárie e, aos 12 anos, o CPOD não ultrapasse o valor de 1.5. Atingir estas metas só é possível através do reforço das acções de promoção da saúde e prevenção das doenças orais, as quais exigem um maior envolvimento dos profissionais de saúde e da educação.
Assim, a higiene oral deve ser abordada no contexto da aquisição de comportamentos de higiene pessoal e as aprendizagens deverão relacionar os saberes com as vivências, dentro e fora da escola.
As orientações curriculares para a educação pré-escolar preconizam uma intervenção educativa, em que a educação para a saúde e a higiene fazem parte do dia a dia do Jardim-de-Infância.Da mesma forma, durante a escolaridade obrigatória, as referências à descoberta do corpo, à saúde, à educação alimentar, à higiene em geral e à higiene oral estão integradas no currículo e nos programas escolares do 1º ao 9º ano do ensino básico.
Neste contexto preconiza-se que todas as crianças que frequentam os JI e as escolas do 1º CB façam a escovagem dos dentes no estabelecimento de ensino, conduzindo desta forma à responsabilização progressiva da criança pelo autocuidado da higiene oral.
A execução da escovagem deve ser orientada pelos professores, a quem deverá ser dada formação para esta actividade, e regularmente, pelo menos uma vez por trimestre, supervisionado pela equipa de saúde escolar.
Esta medida preventiva deve no 1º CB, ser complementada pelo bochecho quinzenal com uma solução de fluoreto de sódio a 0,2%. Esta actividade quando feita de forma contínua e quinzenalmente contribui para a redução da cárie dentária em cerca de 26%.
A educação alimentar é também uma das vertentes centrais de um programa de promoção da saúde oral, pelo que é necessário sensibilizar para os aspectos da vida escolar que afectam a saúde oral das crianças, como a qualidade das ementas escolares e dos alimentos disponibilizados no bar ou máquinas de venda automática, a maior parte deles ricos em açúcar e como tal fortemente cariogénicos.
A adopção pelos estabelecimentos de ensino, da escovagem dos dentes dos alunos pelo menos 1 vez por dia, como factor central de um programa de promoção da saúde oral, vai possivelmente encontrar algumas resistências por parte dos educadores de infância e professores que importa ir resolvendo de forma progressiva e de acordo com as dificuldades reais encontradas, que se prendem normalmente com a deficiência das instalações e a dificuldade em vigiar todos os alunos durante a escovagem.
Assim importa que as actividades de promoção da saúde sejam integradasno projecto educativo da escola, dinamizada pelos professores, mas que inclua desde a fase de planeamento, outros parceiros essenciais para a resolução de obstáculos e para a sustentabilidade do projecto, nomeadamente a Autarquia cuja acção é fundamental na solução de problemas relacionados com a estrutura do edifício escolar.De igual forma, os pais devem ser parceiros activos na programação das actividades de modo a participarem na resolução de problemas, assim como são essenciais para que haja em casa um reforço da prática da escovagem.A experiência diz-nos que projectos que foram iniciados sem o envolvimento da comunidade, frequentemente falham na sustentabilidade e continuidade, com o decorrer do tempo.Contudo, nos projectos em que a participação da comunidade é forte, a probabilidade de estes projectos caírem é menor e a eficácia será tanto maior quanto mais continuadas forem as actividades, dando suporte à mudança comportamental e ao reforço da sua manutenção.
Ângela Meneses Alves

domingo, 16 de novembro de 2008

312) Finalmente ?

Parece finalmente que alguém se preocupa seriamente com o problema típico de país do terceiro mundo e que nós ainda temos por cá; falo sobre saúde oral e como tem sido sistematicamente negligenciada por todos os ministros que passaram pela pasta da saúde desde o 25 de Abril de 1974 até ao ex-ministro da Saúde Correia de Campos.
Surge agora a boa notícia por parte da actual Ministra da Saúde, Doutora Ana Jorge, que, finalmente, tem a sensatez e a humildade de encarar o problema e enfrentá-lo de vez, propondo desde já um investimento de mais de 25 milhões de euros em cheques – dentistas, a serem distribuídos às crianças e jovens de quatro, cinco, sete, dez e treze anos em 2009.
Ao contrário de Correia de Campos (que aconselhava os pais a ensinarem os meninos a escovarem os dentes diariamente), Ana Jorge sabe que a cárie dentária é uma doença infecto – contagiosa e que carece de acto médico para ser devidamente tratada. Esperemos, pois, que o Ministério da Saúde crie finalmente todas as condições para inverter o panorama desolador deixado pelos seus antecessores no cargo e que crie condições para tornar a saúde oral um direito de todos os cidadãos deste país, e não apenas destinada a uma burguesia endinheirada com acesso a tudo e mais alguma coisa, fruto das desigualdades sociais criadas e sustentadas por todos os governos nos últimos trinta anos.
Recomendo que a Senhora Ministra Ana Jorge revitalize uma nova postura à frente do seu Ministério e que saiba fazer frente a lóbis instalados, não se deixando vergar a interesses de grupos mais ou menos oportunistas e que apenas têm olhos para os seus próprios umbigos; que tudo faça para que, passados 34 anos após o 25 de Abril de 1974, finalmente todas as crianças e jovens portugueses tenham o mesmo direito de acesso a tratamentos no âmbito da saúde oral no nosso país, independentemente de serem filhos da classe trabalhadora ou das burguesias instaladas e a viver à custa do poder.
Mais, espera-se que esses 25 milhões de euros anualmente canalizados para a saúde oral juvenil sejam efectivamente e integralmente gastos apenas e só em actos médicos; que não permita, Senhora Ministra, um único desvio desse fundo para outros fins, quaisquer que eles sejam, nem para sustentar empregos parasitas de incompetentes instalados em gabinetes de secretarias de estado ou de administrações regionais de saúde que, ao longo dos últimos trinta anos, nada ou quase nada fizeram, em prol da saúde oral e que deixaram chegar a uma negligência a pontos de quase sem retrocesso, sem se preocuparem minimamente com isso.
E uma boa aposta é exactamente dar continuidade ao grupo de trabalho que realizou o Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008; trata-se de rentabilizar sinergias e apostar na criação de verdadeiros programas de saúde oral, completamente fora da alçada de quem foram os grandes responsáveis pela mais completa desorganização pela saúde oral em Portugal com que vivemos até aos nossos dias.
Para mim, infelizmente, estes programas chegam com trinta anos de atraso e já não podem remediar a negligencia e o fechar de todas as portas a que bati para ter tratamentos em devido tempo, depois de ter sido tratado selvaticamente por quem, ao serviço de uma determinada Administração Regional de Saúde, arruinou-me definitivamente a minha vida para sempre; mas isso é outra história que será tratada noutro sido e muito brevemente.
Mas estarei por cá e vou continuar a acompanhar, dia a dia, sobre como vai evoluindo a política de saúde oral em Portugal.
Gerofil

terça-feira, 11 de novembro de 2008

311) Cheques-dentista chegam a crianças e jovens

O cheque-dentista vai passar a ser distribuído às crianças e jovens de quatro, cinco, sete, dez e treze anos em 2009, num investimento de mais de 25 milhões de euros, anunciou hoje a ministra da Saúde. Actualmente, os cheques são distribuídos a grávidas seguidas nos centros de saúde e a idosos que recebem o complemento solidário.
Falando na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, Ana Jorge lembrou que o número de cáries dentárias tem "vindo a diminuir substancialmente" graças ao trabalho que tem sido feito ao nível da prevenção. "Agora, vamos apostar também no tratamento das cáries. Todas as crianças que frequentam a escola pública terão acesso a cuidados de saúde oral e, quando necessário, a cheques-dentista", anunciou.
Segundo as contas da governante, serão abrangidas 190 mil crianças dos sete, dez e treze anos, somando-se ainda mais 20 mil cheques-dentista a crianças de quatro e cinco anos.
RTP

domingo, 9 de novembro de 2008

310) Análise ao Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 (5ª Parte)

Caracterização sócio - demográfica da população estudada
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O Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 foi efectuado durante o ano lectivo de 2005/06 e abrangeu uma amostra de 2612 crianças e jovens do ensino público, divididas por três classes etárias: 890 crianças com 6 anos de idade, 837 crianças com 12 anos de idade e 885 jovens com 15 anos de idade, repartidas por sexos e pelas diferentes regiões de saúde do país, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Atendendo ao nível de escolaridade dos pais das crianças e jovens de 12 e 15 anos de idade, constatou-se que a sua maioria tinha a escolaridade obrigatória; os pais com o 12º ano de escolaridade (ou equivalente) e estudos superiores representavam até 28 % do número total de pais.
A análise dos resultados apresentados pelo estudo permite concluir que os pais das crianças com 12 anos de idade têm tendência para apresentar maiores níveis de escolaridade, comparativamente aos pais dos jovens com 15 anos de idade; esta tendência é mais notada na mãe do que no pai.
Um pormenor a referir é o facto de esta conclusão não ter sido mais aprofundada posteriormente na análise dos resultados finais apurados, uma vez que poderia permitir estabelecer uma relação entre a saúde oral das crianças e jovens e o respectivo nível de escolarização dos pais; isto tornaria possível elaborar programas de saúde oral específicos para determinados níveis de escolarização da população portuguesa.
O mesmo se poderá dizer relativamente à profissão dos pais, em que o relatório apenas destaca o facto de que a maioria dos pais exercer profissões de nível intermédio, destacando-se que um quarto das mães das crianças e jovens de 12 e 15 anos de idade serem domésticas.
É evidente que a aplicação de qualquer programa de saúde oral terá de ter em linha de conta o tipo população a que se destina; o universo da população de níveis intermédios de escolarização e/ou precariedade laboral carece de uma intervenção distinta, em termos de programas de saúde oral, da população com elevados níveis de escolarização e/ou profissionalmente estáveis.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

309) Programa «Dente Limpo, Dente Lindo»

Faz agora um ano que, a autarquia Mangualdense deu início ao Programa «Dente Limpo, Dente Lindo», que tinha como objectivo a total erradicação neste concelho das «situações pavorosas de cárie dentária que em pleno Século XXI ainda se observam em grande número nas bocas dos portugueses».
De acordo com a Associação Portuguesa de Saúde Oral (APSO), citada pelo Diário de Viseu, este programa conseguiria o controlo total da Saúde Oral das crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico em apenas 4 anos, com um custo anual per capita inferior ao custo médio cobrado por uma consulta num consultório privado de Medicina Dentária de Mangualde. Estavam envolvidos neste projecto, além da APSO e da Câmara Municipal de Mangualde, o Departamento de Medicina Dentária Preventiva do Curso de Medicina Dentária da Universidade Católica Portuguesa e todos os médicos dentistas com consultório privado no concelho de Mangualde.
Na verdade, este projecto nunca passou disso. As crianças do 1º ciclo do Ensino Básico de Mangualde nunca tiveram tratamento algum. “Apenas viram o meu filho uma vez e foi lá na escola” relatou um pai ao terreiro. Confrontados com esta situação, fomos informados que o projecto nunca tinha sido posto em prática.
Nenhum aluno, mesmo os que foram primeiramente rastreados pelos alunos do Curso de Medicina Dentária de Viseu, nunca beneficiaram de tratamentos em nenhum consultório privado em Mangualde. António Manuel, pai de uma criança que frequenta o 1º ano do 1º ciclo do ensino básico de uma das escolas de um agrupamento de ensino de Mangualde, pediu para o informarem dos procedimentos a efectuar, no âmbito do projecto “Dente limpo, dente lindo”, para levar a sua educanda a um dos dentista do referido programa de saúde oral.
“Tive a honra, como a carta referenciava, de ser informado que o mesmo estava em reformulação. O projecto que tinha arrancado no transacto ano, Março de 2005 e com duração de 4 anos, passado 12 meses, está em acertos e sem resolução à vista”, comentou.
31 de Março de 2006
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Recebeu o “Terreiro” este esclarecimento por parte do Presidente da Associação Portuguesa de saúde Oral, Dr. António Larcher, Médico Dentista. Muito nos honra a atitude e elevação demonstrada pela APSO. Muito nos apraz registar o agradecimento feito por esta Associação ao “Terreiro”.
Nós é que ficamos agradecidos pela explicação, gostaríamos de ter recebido igualmente, das entidades verdadeiramente responsáveis, tais esclarecimentos e com humildade reconhecerem, que, por vezes os compromissos não se podem cumprir por variadíssimas razões. Mangualde e as nossas crianças só ganhariam com estas atitudes.
"Caro Terreiro Como deve saber, sou Presidente da APSO. Antes de comentar as afirmações que escreve e que atingem a honra da Associação a que presido, agradeço-lhe como cidadão a atenção e exigência de cumprimento das promessas das forças políticas. Se os Portugueses tivessem comportamento semelhante, certamente seríamos melhor servidos.
Esclarecimento sobre o Programa "Dente Limpo, Dente Lindo" Em 2004/2005, como a APSO informou os encarregados de educação dos alunos do 1º Ciclo das Escolas de Mangualde, apenas se iria proceder ao levantamento do estado de Saúde Oral das crianças (determinação do CPOD) para conhecimento efectivo das necessidades reais e custos da implementação da fase seguinte do Programa. Isto foi completamente concretizado com a colaboração do Dep. Saude Oral Comunitária da UCP.
A colaboração da CMM nesta fase foi apenas logística, assegurando transporte dos alunos da UCP às Escolas do Concelho e levando as crianças do Concelho à Clínica Universitária da UCP no âmbito das acções de promoção de Saúde Oral que decorreram naquelas instalações. Não foi possível até agora, por dificuldades de financiamento, que ultrapassam a APSO dar inicio às consultas previstas no Programa. Continuo na esperança de ainda este ano lectivo poder iniciá-las.
Quanto à espécie de projecto da DGS que tanto elogia, devo esclarecer o seguinte. 1º Não é novo! Em Mangualde está em funcionamento há mais de 5 anos. 2º Não é tão abrangente como afirma! Em Mangualde serão vistas cerca de 120 crianças dos 4 aos 16 anos. Só nas escolas do 1º ciclo estão matriculados cerca de 900 alunos. 3º Já deu provas de não funcionar!
Após estes anos todos de PSOCA (Programa Saúde Oral de Crianças e Adolescentes) da DGS, Mangualde apresenta um CPOD total de 3,86, atingindo um valor de 4,35 aos 10 anos. CPOD é o número de dentes definitivos atingidos por cárie numa boca. O valor que dou é a média da desgraça das bocas.
Aos 10 anos, apenas existem 12 dentes definitivos e em média estão mais de 4 com cárie. Estas crianças foram todas beneficiadas pelo programa que tantos elogios tem da sua parte. Eu não sei quem é o Terreiro, mas penso que o Terreiro me conhece. Assim sendo, sabe que politicamente sou suficientemente apartidário para assumir o meu estatuto de "NÃO ELEITOR".
Este esclarecimento final não é portanto qualquer tentativa de desculpar ou culpabilizar qualquer politico ou autarca. Em 2002 foi proposto este programa ao Dr. Fernando Ruas (Viseu - PSD) na sequência do Congresso Internacional de Saúde Oral realizado naquela Cidade. Como conheço pessoalmente o Dr. José Correia, na altura Presidente da CM Nelas (PS), apresentei-lhe o programa, na esperança que este fosse iniciado na minha Terra de origem. A resposta foi igual e portanto penso que se trata de atitudes suprapartidárias: "As Câmaras já têm muito que fazer e a responsabilidade da saúde é do Estado!"
Mangualde sempre foi mais longe: 1º Mostrou interesse! 2º Logo que se arranje dinheiro, poderemos trabalhar. Como certamente concordará o maior entrave à evolução é sempre a modificação de mentalidades. Penso que a abertura tida no nosso Concelho demonstra que pelo menos esta dificuldade estará ultrapassada."
Terreiro (2 de Abril de 2006)
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Política … a sério?
Ainda gostaria de conhecer, pelo menos um jovem, que participou neste projecto! Dizem que é projecto único no panorama nacional … sim deve ser, se a nível nacional não existir gente que tenha imaginação tão fértil, então acredito que seja mesmo único.
Vejamos:
Daremos continuidade ao programa de generalização da Saúde Oral a todos os alunos do 1º Ciclo, através do programa "Dente Limpo – Dente Lindo", em parceria com a Associação Portuguesa de Saúde Oral e a Universidade Católica Portuguesa (programa único no panorama nacional)
Autárquicas 2005 Programa do PSD
Porque tenho uma filha no 1º Ciclo do Ensino Básico, pedi um dia que me informassem sobre este projecto, tive a honra, como a carta referenciava, de ser informado que o mesmo estava em reformulação. O projecto que tinha iniciado em Março de 2005 e com duração de 4 anos, passado 12 meses, estava em acertos e sem resolução à vista porque até hoje nada aconteceu … ou seja; nunca aconteceu nada.
Politica … a sério? Ou políticos de brincar?
Terreiro (3 de Janeiro de 2008)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

308) Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto:

A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto é uma escola pública de ensino superior universitário que promove a ciência, a investigação científica e a prestação de serviços à comunidade na área da Medicina Dentária e goza de autonomia científica, pedagógica, administrativa e financeira, assume as responsabilidades inerentes à gestão e organização interna e promove a realização e desenvolvimento de protocolos com entidades públicas e privadas nacionais e estrangeiras.
Teve o seu inicio como Escola Superior de Medicina Dentária, criada pelo Decreto-Lei nº 368, de 15 de Agosto de 1976 e entrou em funcionamento em Novembro do mesmo ano, tendo constituído, em Portugal, a primeira instituição de ensino médico-dentário de nível universitário.
A Escola Superior de Medicina Dentária funcionou em instalações provisórias, desde 1976, num pré-fabricado anexo ao Hospital de S. João, até à construção de um edifício próprio, situado na Rua Dr. Manuel Pereira da Silva - Paranhos.
Foi integrada na Universidade do Porto, em 6 de Janeiro de 1989, através da Lei nº 10, de 6 de Janeiro de 1989, que cria a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. A mudança de Instalações para o actual edifício ocorreu em 15 de Julho de 1997. A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto é hoje uma instituição de prestigio a nível nacional e internacional.
O Corpo docente integra presentemente 37 doutorados, sendo 8 Professores Catedráticos, 10 Professores Associados com Agregação, 6 Professores Associados, 10 Professores Auxiliares, 2 Professores Auxiliares Convidados, 2 Professores Auxiliares Convidados a 40%, 5 Assistentes, 2 Assistentes Convidados, 7 Assistentes Convidados a 60%, 6 Assistentes Convidados a 40%, 2 Assistentes Convidados a 30%, 4 Assistentes Convidados a 20%, 6 Monitor e 3 docentes contratados.
A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto prossegue entre outros fins, os seguintes:
a) Ministrar o curso e conferir a Licenciatura em Medicina Dentária, bem como outros que por lei lhe venham a ser atribuídos;
b) Organizar e ministrar cursos de mestrado, de pós-graduação, de especialização e de actualização nos domínios da sua especialidade, bem como promover a formação académica conducente à concessão do grau de doutor;
c) Organizar e ministrar cursos de aperfeiçoamento de ensino continuado em várias áreas das disciplinas da Medicina Dentária e disciplinas afins e ainda organizar cursos livres de extensão, de reciclagem, de aprofundamento e outros que considere necessários ou úteis;
d) Manter, promover e desenvolver a investigação científica;
e) Colaborar com outras unidades orgânicas, instituições ou entidades que requeiram o seu apoio técnico, científico e pedagógico ou delas receber colaboração, segundo protocolo a estabelecer;
f) Propor e assumir a direcção técnico-científica de cursos para-médicos e técnicos de higienistas orais, assistentes dentários, técnicos de prótese dentária e técnicos de equipamento dentário;
g) Organizar e manter em funcionamento uma consulta externa de medicina dentária, subordinada aos interesses científicos e pedagógicos da Faculdade;
h) Estabelecer formas de intercâmbio, cultural, científico, técnico, pedagógico, colaboração em actividades de interesse comum com entidades públicas ou privadas, nacionais e estrangeiras;
i) Contribuir, no seu âmbito de actividade, para a cooperação internacional, designadamente em relação aos países de língua portuguesa e aos países europeus.
FMUP

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

307) 9ª edição do Mês da Saúde Oral

No âmbito da 9ª edição do Mês da Saúde Oral da Colgate e da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD), que decorre até final de Outubro, a cidade de Coimbra conta com rastreios dentários gratuitos. Desta forma, até final do mês, o distrito de Coimbra tem 60 consultórios a realizar os rastreios gratuitos, sem radiografias nem tratamentos.
No mesmo período, em todo o país são mais de 1 700 profissionais de Saúde Oral a participarem, de forma voluntária, na campanha, que tem como objectivo sensibilizar a população para os bons hábitos de higiene oral. A campanha pretende alertar ainda toda a população para a realização de acções correctas com a saúde oral de forma a prevenir eventuais doenças dentárias.
A campanha Mês da Saúde Oral da Colgate e SPEMD, lançada em 2000, já realizou cerca de 85 mil rastreios dentários gratuitos, assim como corrigiu alguns hábitos que estão a afectar a higiene dentária da população portuguesa. A população que estiver interessada em participar na campanha só necessita de se informar junto dos consultórios aderentes mais próximos do local de residência, ou através da «linha azul» (808 205 206), disponível das 9h00 às 23h00, todos os dias.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

305) Ministro recusa rede nacional de cuidados dentários

O ministro da Saúde rejeitou a possibilidade de criar uma rede nacional de cuidados dentários, que representaria «custos muito altos de financiamento e manutenção», e defendeu as vantagens dos "cheques-dentista", que deverão beneficiar milhares de grávidas e idosos. Em conferência de imprensa após o primeiro debate do Orçamento de Estado para 2008, na Assembleia da República, o ministro anunciou a criação de "cheques-dentista" no programa de saúde oral para grávidas e idosos, mas não revelou o seu valor por não estar ainda negociado com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) e eventualmente com a Ordem dos Médicos, no âmbito da actividade dos médicos estomatologistas.
Em entrevista à rádio TSF, o governante explicou que a OMD não recomendou a criação de uma rede nacional, e ao iniciar-se um novo processo, pretende-se que este seja o mais desburocratizado possível. «Estas medidas são financeiramente sustentadas e controláveis», defendeu.
No caso das grávidas, o médico de família do centro de saúde ao identificar a gravidez emite, através de um computador, um cheque para que a mulher faça um rastreio dentário e mais dois para eventuais tratamentos ao longo da gravidez. A estimativa do Ministério da Saúde é que este programa abranja anualmente 65 mil grávidas que são seguidas nos centros de saúde e que se supõe serem as mais desfavorecidas em termos sociais «e para as quais se orientam as prioridades». No sector privado deverão estar a ser seguidas 35 mil grávidas, que não terão acesso aos cheques-dentista.
Os idosos que recebem o complemento solidário, que contam já com uma comparticipação de 75% renovável a cada três anos na compra de próteses, vão agora receber dois "cheques-dentista". No total, e de acordo com os cálculos do ministro Correia de Campos para o próximo ano, o executivo prevê aumentar as verbas do programa de saúde oral de seis milhões para 21 milhões de euros, podendo os "cheques-dentista" ser utilizados em clínicas privadas.
O Ministério prevê também uma aposta no alargamento do programa de saúde oral às crianças entre os seis e os 12 anos, passando dos actuais 66 mil para 80 mil abrangidos. «É muito importante reduzir a cárie que atinge 50% das crianças, o que ainda é um número excessivo, mas já tivemos apenas nove por cento das crianças sem cárie», recordou.
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Para que saiba a verdade e para que ninguém se iluda, é bom recordar as palavras do anterior Ministro da Saúde. Haja coragem para assumir que o actual governo apenas está disponível para oferece bombons em fez de atacar o problema da saúde oral que graça no país.
Até que ponto estão ou não alinhados os interesses privados na área com esta demagógica e atroz política de negação aos mais elementares direitos humanos por parte da população, praticada pelo governo do Partido Socialista?
Gerofil

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

304) Santa Maria da Feira: Programa de Saúde Escolar

O programa de saúde escolar, através da promoção da saúde oral e rastreios visuais é fundamental para prevenir graves doenças, nomeadamente junto das crianças em risco. As parcerias encetadas com os organismos públicos de saúde são exemplo a nível nacional.
O Programa de Saúde Oral é organizado pelo Centro de Saúde de Santa Maria da Feira e o de Rastreios Oftalmológicos pelo Hospital de São Sebastião, contando ambos com o apoio da Câmara Municipal.
No ano de 2008 prevê-se o estabelecimento de uma parceria com a Universidade Fernando Pessoa para a promoção da saúde oral, para que todos os jardins-de-infância e escolas do 1.º ciclo possam ser contemplados com este projecto.
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Por este meio socilita-se o envio para este blogue (tempogero@gmail.com) do ponto da situação relativamente a este programa de saúde oral organizado pelo Centro de Saúde de Santa Maria da Feira: qual foi o público-alvo, que tipo de intervenção foi feito e quais os resultados já obtidos.
Gerofil

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

301) Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa (FMDL)

Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa
Morada: Cidade Universitária 1649-003 LISBOA - PORTUGAL
Telefone:+351 217 922 600
Fax: +351 217 957 905
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A FMD tem como atribuições:
-Ministrar o ensino respeitante à licenciatura em Medicina Dentária ou outras licenciaturas relacionadas com as ciências da saúde oral;
-Ministrar o ensino respeitante aos bacharelatos em Higiene Oral e em Prótese Dentária;
-Ministrar o ensino respeitante à obtenção dos graus de mestre e doutor em Medicina Dentária;
-Ministrar o ensino pós-graduado e realizar cursos de actualização, de aperfeiçoamento, de extensão universitária ou outros julgados necessários nos domínios da medicina dentária ou das ciências da saúde oral;
-Incentivar e realizar a investigação científica no âmbito da sua especialidade;
-Contribuir para a defesa da saúde pública e o bem-estar da população na área da saúde oral;
-Colaborar com instituições, organismos e serviços públicos ou privados e outras individualidades, no âmbito da sua competência.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

300) Metade dos portugueses não pode pagar dentista

Em declarações à Agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas estima que 50% da população não tenha capacidade para pagar uma consulta de medicina dentária privada. Orlando Monteiro da Silva citou um estudo realizado pela Universidade de Liverpool, com Portugal a apresentar «o cenário mais negro na Europa» nos cuidados de saúde oral. A ordem dos Médicos Dentistas escreveu também uma carta ao Ministro da Saúde defendendo a isenção de IVA das pastas dentífricas com flúor, de acordo com uma recomendação da Organização Mundial de Saúde.
«Se a população portuguesa passasse a ter toda acesso aos cuidados de saúde oral, os médicos dentistas provavelmente não chegariam», declarou à Lusa Orlando Monteiro da Silva, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. E é em grande parte o facto de não existir oferta por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ao nível da medicina dentária que também está a criar um excesso destes profissionais no país. A Ordem lamenta a «ausência de planeamento de recursos humanos».
Segundo as contas da Ordem, metade dos portugueses não têm acesso à saúde oral. «Estimamos que cerca de 50 por cento da população portuguesa não tenha capacidade para pagar sequer uma consulta na medicina dentária privada. Enquanto não houver médicos dentistas nos centros de saúde ou sistemas de concessão, as pessoas estarão excluídas da saúde oral»
Em Portugal, apenas as regiões autónomas têm sistemas de saúde oral a servir os utentes do SNS, com 19 médicos dentistas no sistema público de saúde nos Açores e uma convenção entre o serviço regional de saúde da Madeira e os privados, em que o sistema público reembolsa em parte o custo dos utentes que recorrem a dentistas privados. A Ordem dos Médicos Dentistas também escreveu ao ministro da Saúde a pedir a isenção ou a redução para cinco por cento do IVA das pastas de dentes com flúor, que considera um bem essencial para a promoção da saúde oral. A Ordem baseia-se também numa recomendação da Organização Mundial de Saúde.
Uma pasta de dentes com flúor comprada num supermercado custa actualmente cerca de dois euros e, estando isenta de IVA, poderia ficar em 1,60 euros.
Para não haver o risco de que as multinacionais que fabricam os dentífricos subam os preços para compensar a perda de IVA, Orlando Monteiro da Silva diz que será necessário assumir compromissos públicos com os principais fabricantes, bem como uma monitorização da autoridade da concorrência.
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Infelizmente o estudo não refere se os familiares dos actuais e antigos ministros, deputados, dirigentes políticos, juízes, empresários e afins estão incluídos na percentagem dos portugueses que não têm possibilidade de ter acesso a consultas de medicina oral privada.
No fundo, tudo é político; no dia que entenderem, todos os portugueses poderão ter iguais direitos. Até lá, seremos um país com duas sociedades diferentes, conforme a classe social a que se pertença.
Gerofil

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

299) Análise ao Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 (4ª Parte)

A introdução do Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008
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Na introdução ao Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 faz-se referência à “diminuição significativa da cárie dentária em Portugal, especialmente na população infantil e juvenil.” Este facto estará directamente relacionado com a evolução socioeconómica da sociedade portuguesa, nomeadamente com a alteração das estruturas etárias, o alargamento do poder de compra da classe social média, o aumento da população escolarizada e à expansão dos cuidados médicos pelo território nacional.
No entanto, o estudo reconhece que actualmente “a cárie dentária tem uma elevada prevalência e constitui, ainda, um problema de saúde pública, com uma clara distribuição assimétrica” frisando que “as mudanças de comportamento requerem acções integradas de promoção da saúde e prevenção das doenças crónicas, entre as quais se incluem as doenças orais.” Não deixa de ser curiosa esta última análise, onde se alerta para a necessidade de acções integradas no país, algo que infelizmente muito pouco foi feito no nosso país nos últimos trinta anos.
Descreve a introdução do documento de que desde 1986 surgiram programas de promoção das doenças orais destinadas a crianças e jovens, especialmente em jardins de infância e escolas; infelizmente a realidade dos últimos vinte anos mostrou que esses programas foram quase sempre localizados e abrangeram uma ínfima parte do universo infantil e juvenil, descurando a esmagadora maioria dos mais necessitados. Ainda hoje pode-se esperar três anos pela primeira consulta em algumas unidades de saúde publica que oferecem a valência de estomatologia. Portanto, o contributo desses programas sob orientação da Direcção-Geral da Saúde pouco ou raro impacto traduziram na dura realidade vivida no terreno.
Pena é que as boas vontades das campanhas desenvolvidas nestes últimos vinte anos pelos serviços da Administração Central se tenham pautado essencialmente por orientações e práticas meramente teóricas que muitas vezes nunca chegaram ao público-alvo.
Ao ler a introdução do estudo, muitas questões se levantam. Qual a percentagens de crianças e jovens que foram, a nível nacional e entre 1987 e 2005, acompanhadas na toma de fluoretos e na realização de bochechos com uma solução de fluoreto de sódio, efectuado quinzenalmente na escola? 5 %? 25 %? 90%?
Qual foi o número de crianças que, aos 7 aos 13 anos, tiveram a aplicação de selantes de fissura em dentes molares permanentes, no período compreendido entre 1987 e 2005? Qual a evolução do número de higienistas orais que foram integrados no serviço Nacional de Saúde e o número de crianças que lhe foram atribuídas para aplicação de selantes de fissuras nos dentes permanentes?
É muito fácil que os Ministérios da Educação e da Saúde publiquem os números; depois basta dividir pelo universo da população daquelas idades e fica-se a conhecer o verdadeiro impacto dos programas que foram desenvolvidos sob supervisão da Direcção-Geral de Saúde.
A partir de 1999 foi seguida uma estratégia de contratualização de médicos dentistas e estomatologistas do sector privado para “o tratamento de lesões de cárie dentária que a prevenção não conseguiu evitar e a aplicação de selantes de fissura nos mesmos grupos etários, quando os Centros de Saúde não dispunham de higienistas orais” , em crianças dos 6 aos 16 anos. Quais os profissionais que aderiram a esse tipo de programa, onde prestam esse serviço e como é que uma criança ou um jovem pode ser atendido? Já passaram 9 anos desde o início desta estratégia e torna-se premente levar essa informação a todas as escolas do país e passar a informação a quem dela realmente precisa.
Só colocando os programas à disposição dos necessitados é que realmente conseguirmos ganhar a batalha da promoção da saúde oral no nosso país; travar ou esconder informação atira por terra qualquer boa intenção que se pretenda. Utilize-se a televisão pública para dar essas informações todas que, quase sempre, nunca chegam aos nossos estudantes; a boa vontade está nas mãos da Direcção-Geral da saúde e do Ministério da Educação. Ou será que teremos de continuar a partir pedra mais durante vinte anos?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

298) É-DENTE

Pelo presente sugiro a iniciativa É-DENTE, ideia retirada do desenvolvimento dos programas e-oportunidades desenvolvidos no sector da educação e formação.
Assim, É-DENTE poderia auto-financiar-se através da canalização das diversas contribuições feitas para o estado pelos profissionais de saúde oral, bem como pelo encaminhamento da verba actual disponibilizada pelo orçamento de estado para a valência de saúde oral, de modo a garantir uma consulta especializada mensal de valor simbólico (20 euros) a cada criança ou jovem matriculado numa escola oficial.
Fica a proposta, que necessariamente precisa de ser trabalhada e alinhavada; acho-a extremamente positiva e capaz de ser o caminho a seguir em Portugal para contornar o gravíssimo problema actual de saúde pública que afecta uma larga maioria da população infantil e juvenil do país.
Deixe o seu comentário a esta sugestão; poderá ser ponto de partida para que todos se sentem à volta da mesma mesa e compreendam finalmente do que está em jogo a saúde e a vida de larguíssima margem da população; está agora na mão dos políticos e dos profissionais de saúde oral o quererem ou não resolver este problema e darem o direito a um sorriso natural a todas as crianças e jovens.
Por mim e com o arranque desta iniciativa, dentro de 10 anos já não existiriam crianças ou adolescentes com problemas de saúde oral em Portugal.
Gerofil

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

296) Eles sabem, não resolvem é nada. Porquê ?

O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda tomou a iniciativa de apresentar à Assembleia da República um projecto de lei n.º 154/IX sobre a «Integração da medicina dentária no Serviço Nacional de Saúde». Essa apresentação foi efectuada nos termos do artigo 167.° da Constituição da República Portuguesa e do artigo 131.º do Regimento, reunindo ainda os requisitos formais previstos no artigo 138.º do Regimento. A iniciativa baixou à 8.ª Comissão para emissão do competente relatório e parecer que agora se apresenta. O projecto de lei vertente encontra-se agendado para discussão na generalidade para a sessão plenária de 6 de Fevereiro de 2003.
O projecto de lei n.º 154/IX, que prevê a «Integração da Medicina Dentária no Serviço Nacional de Saúde» centrando o seu âmbito na definição dos médicos dentistas como técnicos superiores de saúde. Ao considerar urgente:
-Alargar qualitativa e quantitativamente o Programa de Saúde Oral para Crianças e Adolescentes;
-Garantir tratamentos bucodentais para pessoas carenciadas, sobretudo idosos, toxicodependentes, deficientes, reclusos emigrantes e nómadas;
-Dar especial atenção à saúde oral de portadores de doenças gerais como doentes infecciosos, cardíacos, hemofílicos, hemodializados, acidentados da zona maxilo-facial ou outros com risco acrescido;
-Estabelecer um programa estratégico de promoção da saúde oral que integre actividades de prevenção, diagnóstico precoce, tratamento incluindo as situações de urgência e a reabilitação do conjunto das peças dentárias;
-Prever a continuidade do programa através de parcerias de colaboração nomeadamente com as autarquias e da contratualização de médicos dentistas;
Conclui que é dever do Estado:
-Garantir, de forma gratuita e no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, os cuidados básicos de saúde oral;
-Dar prioridade ao acompanhamento a grupos especialmente vulneráveis e com risco acrescido derivado de patologia dentária não tratada;
-Assegurar os recursos humanos e técnicos necessários nos centros de saúde, hospitais e serviços prisionais.
Prevendo a classificação dos médicos dentistas como técnicos superiores de saúde, cria critérios para a sua colocação como profissionais nos serviços e estabelecimentos dependentes do Ministério da Saúde, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e do Ministério da Justiça, para o que propõe alteração ao Decreto-Lei 414/91, de 22 de Outubro, nos seus artigos 2.º e 9.º. Propõe nas suas disposições transitórias a sua aplicação faseada, sendo que a partir do terceiro ano da sua vigência se aplique a todos as unidades de saúde.
A saúde oral em geral e a cárie dentária em particular sempre foi entendida em Portugal como um factor importante para o desenvolvimento de intervenção global para a saúde da população.
O conhecimento dos elevados níveis de doença oral mas também da sua grande vulnerabilidade a medidas de prevenção simples, acessíveis e de comprovada eficácia têm conduzido a programas de intervenção comunitária desenvolvidos no âmbito da Saúde Escolar, Saúde Infantil e dos Adolescentes e no acompanhamento de mulheres grávidas. Os professores, os técnicos das autarquias e de instituições de solidariedade social desde há muito que colaboram com profissionais de saúde nomeadamente de Cuidados Primários de Saúde para se atingirem metas fixadas para controlo deste problema de saúde dos mais frequentes em todos os grupos etários da população portuguesa.
As determinantes de risco causais para este problema de saúde são múltiplas pelo que se torna necessário que o seu combate tenha sempre um perfil multiprofissional e desejavelmente multisectorial. Apesar de toda a estratégia preventiva, existe ainda patologia remanescente para a qual urge dar resposta nomeadamente através de tratamentos dentários.
Apesar de existirem recursos humanos em número suficiente, (médico dentista ou estomatologista para cerca de 2000 habitantes, quando a OMS recomenda 1/1800 ou 1/2000), a acessibilidade a cuidados de tratamento e reabilitação é ainda reduzida. Estima-se que apenas 40% da população portuguesa tem facilidade de acesso a cuidados curativos privados em saúde oral.
Concretamente diremos que «nos grupos socialmente excluídos e nas crianças com deficiência, não só a cárie tem uma prevalência maior, como a acessibilidade a serviços de prevenção e tratamento é mais reduzida» (Ganhos de Saúde em Portugal, DGS, Março de 2002). Ao problema de acessibilidade junta-se, assim, um outro de equidade se tivermos em conta que provavelmente os que mais necessitam são os que têm maior impedimento económico, cultural ou geográfico para utilização destes serviços que se desenvolvem quase na totalidade no sector privado da prestação de cuidados. Os tratamentos estão praticamente restringidos a quem pode pagar directamente ou tem seguros de saúde na área bucodental.
Adicionalmente, sabemos que das sete Faculdades de Medicina Dentária existentes no país, se formam anualmente cerca de 350 novos profissionais, cujo destino de trabalho é o sector privado da prestação de cuidados. Durante o ano de 1999, na sequência de um estudo nacional de prevalência da cárie dentária, desenhou-se uma estratégia de prevenção global assente em três sub-programas:
-O Programa Básico de Saúde Oral, no âmbito das actividades de Saúde Escolar;
-O Programa especifico de Aplicação de Selantes, integrando nos quadros dos Centros de Saúde de mais Higienistas Orais (62 profissionais em Março de 2002);
-O Programa de Intervenção Médico-Dentária, designado Programa de Promoção da Saúde Oral nas Crianças e Adolescentes, com a contratualização de cuidados curativos com profissionais de saúde oral (médicos dentistas e estomatologistas) e cujo pagamento é feito segundo um sistema de capitação.
Este programa envolvia 40 000 crianças dos 6-7 anos, 177 centros de saúde e 400 profissionais privados em regime de contratualização. Em avaliação publicada em 2002, os ganhos em saúde obtidos com a aplicação do Programa de Saúde Oral permitem-nos estar entre os países de moderada prevalência de doença com indicadores, aos 12 anos de idade (índice de CPO igual a 2.95) compatíveis com os aconselhados pela OMS para a Região Europa (índice de CPO igual a 3.00).
Observamos que o número de profissionais é manifestamente insuficiente e que haverá um grande número de equipamentos certamente não rentáveis. Desconhecemos o seu estado de manutenção.
Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, parece que apenas 30% deles possuem serviço de Estomatologia, segundo levantamento informativo realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas em Junho de 2001. Os cuidados são prestados em consulta externa ou em serviço de urgência por médicos com a especialidade de Estomatologia e inscritos na Ordem dos Médicos.
Concluímos que, apesar da boa evolução dos indicadores e dos ganhos em saúde oral, parece-nos que será necessário:
-Reforçar o programa básico e a colaboração com as escolas e autarquias;
-Aumentar o número de higienistas orais nos Centros de Saúde;
-Alargar progressivamente a contratualização de cuidados em saúde oral, abarcando outras populações que não apenas os escolarizados;
-Promover a avaliação epidemiológica sistemática;
-Tomar decisões perante os equipamentos existentes reduzindo ao mínimo o seu desperdício de utilização.
Grupo Parlamentar do Partido Socialista

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

295) Dentistas querem criação do «dentista de família»

Dentistas portugueses propuseram ao ministro da Saúde a criação da figura do «dentista de família», a ser atribuído às crianças à semelhança do médico assistente, uma proposta que por enquanto não foi acolhida, informa a Lusa.
A proposta foi feita por dois representantes da Ordem dos Médicos Dentistas integrados no grupo de análise do programa de saúde oral, disse Paulo Rompante, um dos médicos responsáveis. A ideia consiste em atribuir a uma criança, quando nasce, um dentista que funcione como uma espécie de médico de família para a saúde oral, mas sem integrar os profissionais nos centros de saúde. «Não estamos a propor médicos dentistas para os centros de saúde. A proposta passa por um sistema de convenção», explicou Paulo Rompante.
Quanto ao programa de promoção de saúde oral nas escolas, o médico aponta algumas falhas e defende uma reorganização deste projecto, críticas que são acompanhadas por outros clínicos e pelo próprio bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. A etapa básica e essencial deste programa passa por promover a escovagem diária na escola, o que não está a ser realizado em grande parte das instituições.
«Como o programa foi concebido, só tinham direito a aceder às outras etapas do programa as escolas que promovessem a escovagem diária. Nenhum programa funciona se esta escovagem não for promovida», comentou o especialista. O argumento invocado por algumas escolas de que não têm condições para promover a saúde oral não colhe entre os dentistas.
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Para que os portugueses saibam como vai o programa de saúde oral dentro das escolas portuguesas. Simplesmente não existe na maior parte das escolas. Perguntem porquê ao Primeiro-Ministro e à Ministra da Educação.
Gerofil

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

294) Estudo alerta para a necessidade de cuidados de saúde oral junto da população infantil

O programa Rinamaia (link RINAMAIA) - uma operação conjunta entre o ISAVE e a Câmara Municipal da Maia, conclui que onde há higienistas orais se obtêm melhores resultados na redução da cárie dentária.
O Instituto Superior de Saúde do Vale do Ave está a elaborar um estudo que pretende tirar conclusões quanto à saúde oral das crianças em idade escolar. Os resultados baseiam-se num rastreio feito a 1.400 crianças em idade escolar e pré-escolar.
O estudo, elaborado em parceria com a Câmara Municipal da Maia, chegou à conclusão de que a presença de higienistas orais nos Centros de Saúde, nas escolas e infantários poderá permitir que se consiguam melhores resultados ao nível da saúde oral. Os responsáveis pelo estudo defendem que só existirá uma boa saúde oral quando as necessidades básicas começam a estar solidificadas.
Estela Castro refere que existem nichos com incidências elevadas em infantários, onde podem existir 40% de crianças com cárie.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

293) Cuidados dentários para 53 mil crianças e jovens: SNS gastou cinco milhões de euros em 2007

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) garantiu o acesso de cerca de 53 mil crianças e jovens a consultas de medicina dentária em 2007, num total de 5 milhões de euros.
Os dados oficiais da Direcção-Geral da Saúde referem que a contratualização de médicos privados para dar resposta ao Programa Nacional de Saúde Oral permitiu que, no ano passado, fosse atingido o número máximo de 53 mil crianças e jovens entre os 3 e os 16 anos abrangidos pelas consultas desta especialidade, o que representa um acréscimo de quatro mil pessoas face ao ano anterior. Ao todo, durante o ano de 2007, o SNS gastou 5 milhões de euros no programa de saúde oral, com verbas distribuídas por todas as administrações regionais de saúde, sendo que a adesão dos centros de saúde manteve-se na ordem dos 90%, à excepção dos localizados nas regiões de saúde do Alentejo e do Algarve que aderiram em massa ao programa.
No período em análise, foram contratados 1 191 estomatologistas e médicos dentistas que efectuaram mais de 112 mil consultas a crianças e jovens entre a faixa etária dos 3 aos 16 anos. A Direcção-Geral de Saúde mostra-se satisfeita com os resultados, ressalvando que «foram tratados 68% dos dentes temporários e 91% dos dentes permanentes que apresentavam lesões de cárie dentária», refere a Lusa.
Recorde-se que o Programa de Saúde Oral está dividido em duas fases distintas, sendo que a primeira contempla uma etapa de educação de higiene oral a efectuar nas escolas e, numa segunda fase, serão encaminhadas para tratamento as crianças que apresentem cáries dentárias.
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Foi você que ouviu falar no Programa Nacional de Saúde Oral na escola do seu filho? Já fez dois anos que pedi ao Ministério de Educação para a divulgação deste programa em todas as escolas do país, fazendo chegar o nome dos estomatologistas e médicos dentistas contratados e indicação dos respectivos consultórios junto de todas as crianças e jovens que precisam de ser tratados urgentemente.
Ainda aguardo resposta; simplesmente vergonhoso o comportamento das entidades oficiais na tentativa indirecta de esconder este programa às crianças e jovens necessitados.
Gerofil

domingo, 14 de setembro de 2008

292) Médico brasileiro faz negócio com turismo dentário

Vicente Belchior, odontologista (médico dentista) brasileiro com consultório apenas em Fortaleza (Brasil), está a promover os seus serviços com anúncios publicitários na imprensa portuguesa. O objectivo? Levar os lusos a sobrevoarem o oceano Atlântico e rumarem ao estado brasileiro do Ceará num misto de férias e tratamento médico.
Fortaleza é um dos destinos preferidos dos portugueses que optam por fazer férias no Nordeste brasileiro. E foi a pensar nisso que Vicente Belchior se lembrou de promover os seus serviços em solo lusitano. "Há vários anos que os portugueses nos procuram para receber algum tipo de tratamento odontológico. Os pacientes fazem o tratamento até sete dias úteis e na hora da folga conhecem praias e belezas turísticas do Ceará, com um motorista colocado à disposição pela nossa clínica", contou o dentista, em entrevista ao DN, por e-mail.
Belchior explica que a oferta aos utentes portugueses funciona através de "uma parceria com a agência de viagens portuguesa Entremares, que oferece pacotes turísticos de 14 dias num dos melhores hotéis de Fortaleza". Mas aqui começam as dúvidas, pois Belchior esquivou-se aos contactos telefónicos e apenas respondeu num depoimento por e-mail que ignorou algumas das questões que tinham sido colocadas. E Paulo Santos, director comercial da Entremares, garantiu ao DN que "não tem qualquer parceria com esse senhor". Até porque a Entremares funciona como operadora turística e só vende serviços directamente a agências de viagens.
Ainda assim, o que levaria um português a escolher fazer tratamento dentário do outro lado do Atlântico? O preço, responde Vicente Belchior: "O valor do tratamento e do pacote turístico é pelo menos a metade do preço cobrado em qualquer país da Europa. E isto sem comprometer a qualidade dos tratamentos, pois temos as últimas técnicas na reabilitação dentária."
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) portugueses, Orlando Moreira da Silva, tem dúvidas sobre a fórmula proposta pelo brasileiro. "É verdade que o turismo dentário está em crescendo na Europa. Mas, neste caso, não me parece que possam oferecer tratamentos muito mais baratos do que em Portugal, até por causa dos custos inerentes, que não variam assim tanto", apontou ao DN. "Em tempo de crise, não sei como é que os portugueses iriam para o Brasil tratar dos dentes", lembrou, dizendo que se tratou de "uma ideia aventureira" de Vicente Belchior.
Desconhecendo casos de portugueses que já tenham recorrido a serviços do género no estrangeiro, o bastonário da OMD deixa o alerta: "Se estiverem a pensar fazê-lo, informem-se primeiro com a Ordem dos Médicos Dentistas". Nestes casos "é sempre preciso ter em atenção as condições e qualidade do tratamento, a eventual responsabilização dos médicos em causa, as possibilidades de reembolso. Os doentes não podem esquecer isso", frisa.
O anúncio publicado nos jornais portugueses levanta outra questão: em Portugal é proibido prometer resultados em anúncios médicos. "Não se pode prometer resultados. Fazê-lo é enganar o doente", lembra Orlando Moreira da Silva. Mas Vicente Belchior fá-lo, ao garantir "a sua prótese fixa num só dia".
O caso será analisado pelo Conselho Deontológico da OMD - apesar de o brasileiro estar fora da sua alçada disciplinar.

sábado, 13 de setembro de 2008

291) APOSTE NA CRIAÇÃO DE HÁBITOS CORRECTOS DE HIGIENE ORAL PARA GARANTIR UM EFEITO VITALÍCIO E DURADOURO (Conclusão)

Técnicas correctas de combate à placa bacteriana - A escovagem dos dentes inicia-se após a erupção do primeiro dente, devendo ser realizada a seguir às principais refeições, sendo imprescindível escová-los antes de dormir. A escova de dentes é um objecto pessoal que não deve ser partilhado com outras pessoas; é constituída por pêlos de nylon e tem uma duração média de 3 meses.
A escovagem dos dentes deve permitir remover o máximo de placa bacteriana sem causar traumatismo gengival ou dentário; a duração da escovagem não deve ser inferior a dois minutos. Coloca-se a escova com uma inclinação de 45º para que os pêlos penetrem entre o dente e a gengiva; escova-se um maxilar de cada vez (superfície externa e interna), iniciando a escovagem nos molares (atrás), avançando até aos molares opostos. Fazem-se 10 movimentos pequenos de vai e vem em cada área abrangida pela escova; em seguida, as superfícies mastigadoras de ambos os maxilares e no fim deve-se escovar a língua no sentido horizontal, de trás para diante. Bochechar vigorosamente e cuspir; lavar a escova e colocá-la no copo com os pêlos virados para cima. Escova os dentes com uma pasta com flúor
Escovagem intermédia - É a remoção da placa bacteriana dos espaços entre os dentes, aonde a escova não consegue chegar e pode ser feita com o fio/fita dentária ou com o escovilhão interdentário.
Uso do fio/fita dentária - Enrole cerca de 45 centímetros de fita em cada um dos dedos médios. Segure a fita entre os dedos polegar e indicador, deixando um espaço de cerca de 5cm entre ambos. Use os polegares para orientar a fita nos dentes superiores e os indicadores para os dentes inferiores.
Faça deslizar a fita na vertical, contra a superfície do dente e sob a linha da gengiva, com movimentos suaves para trás e para a frente e nunca de uma só vez, sempre com secções limpas de fita para cada dente.
Para a maioria dos jovens com doenças reumáticas a utilização do fio/fita dentária pode ser de difícil execução e em vários casos ser mesmo impossível de usar pelo método acima explicado. Estão disponíveis no mercado vários adaptadores de fio/fita dentária que facilitam o seu uso. Sempre que possível (quando houver espaço suficiente entre dentes) deve-se recorrer ao uso do escovilhão interdentário pois é muito mais fácil de utilizar, bastando empurrá-lo para trás e para a frente.
O papel do flúor na prevenção - O Flúor é uma substância que protege os dentes contra a cárie dentária. Pode ser encontrado em gotas ou comprimidos, sob a forma de elixir para a execução de bochechos em casa, nas pastas dentífricas e ainda sob a forma de gel. Consoante a criança, o médico deverá aconselhar qual destas formas, combinadas ou não será a mais adequada.
Os mecanismos de acção do flúor residem no aumento da resistência do esmalte dentário, remineraliza o esmalte dentário (“restaura” as lesões iniciais de cárie) e tem efeitos anti-bacterianos (reduz o metabolismo dos açucares pelas bactérias, levando a uma menor produção de ácidos e menor desenvolvimento da placa bacteriana).
Reduza a ingestão de açúcares - Sempre que consumir alimentos açucarados a escovagem dos dentes deve ser imediata; a frequência de ingestão de açúcares é mais grave do que a quantidade consumida. Nunca consuma doces no intervalo das refeições, nem antes de dormir.
Selantes de fissura - São resinas (uma espécie de verniz) que tapam os sulcos e fissuras existentes nas faces mastigadoras dos dentes posteriores, formando uma barreira à entrada da placa bacteriana. Quando os dentes são escovados, os pêlos da escova não chegam ao fundo das fissuras ficando aí retida a placa bacteriana. É por isso o local aonde a cárie dentária aparece com mais frequência (dentes molares).
Os Selantes de Fissura devem ser aplicados pouco tempo depois da erupção dos dentes, desde que estes estejam sãos ou tenham pequenas cáries (que só envolvem o esmalte dentário).
Não se esqueça que deve visitar regularmente o dentista ou higienista oral, para verificar se houve alguma alteração na saúde dos seus dentes; a detecção de um problema ainda no seu início torna o seu tratamento menos traumatizante e menos dispendioso.
Tenha em atenção que muitas vezes, mesmo sabendo todas as técnicas correctas para uma boa higiene oral, durante as crises derivadas das doenças reumáticas é impossível haver um controlo efectivo da placa bacteriana, sendo muito importante o controlo profissional de pelo menos duas vezes por ano.
Joana Figueiredo Freire (Higienista Oral)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

290) Dentição infantil: as lesões dentárias sofridas durante a infância e a juventude têm efeitos para o resto da vida

Os índices de cárie dentária, no nosso país, são assustadores. A meta apontada pela Organização Mundial de Saúde para o ano 2000 era a de que Portugal atingisse um índice de cariados, perdidos e obturados (CPO) de dois em cada criança. Isto significa que, se tivessem sido toma-das medidas adequadas de saúde oral, já devíamos estar abaixo dos dois, em vez dos actuais três a quatro dentes estragados.
A situação ainda é mais grave quando se sobe no escalão etário. "Aí, o índice é tão elevado que nem vale a pena citá-lo. O número de dentes em mau estado já ultrapassa a barreira do que é comportado em termos de prevenção", afirma o Professor Acácio Jorge, presidente da Associação Portuguesa de Saúde Oral (APSO). "Os dentes lesionados não se curam. É possível substituir a textura dentária por materiais de obturação, mas a sua solidez e durabilidade são muito limitadas. Esta é a razão pela qual as lesões dentárias sofridas durante a infância e a juventude têm efeitos para o resto da vida. Quanto menos problemas com os dentes tiver um adolescente ao terminar a escolaridade obrigatória e quanto menos dentes tratados, menores serão os custos ligados à manutenção do bom estado da sua dentição durante o resto da sua existência", salienta aquele especialista em Medicina Dentária Preventiva.
O problema parece estar no facto de se praticar, em Portugal, "uma saúde oral de péssimo nível". Isto é, continua a combater-se a doença, em vez de se apostar na prevenção. "Países como a Noruega, a Dinamarca, a Suíça, o Canadá ou o Japão levam-nos 40 anos de avanço", acrescenta Acácio Jorge.
Os problemas de saúde oral são, de um modo geral, perfeitamente evitáveis. As crianças não são capazes de avaliar as consequências de um comportamento inadequado, tanto no que diz respeito à alimentação como à higiene oral. A atitude dos mais pequenos depende da boa vontade dos adultos, que devem assumir a responsabilidade que ainda falta às crianças. É sabido que os pais e educadores desempenham um papel importante na sensibilização das crianças para os cuidados dentários, mas isso não é suficiente para alterar o cenário "catastrófico" que se vive no nosso país.
Os profissionais do sector defendem a criação de programas de saúde oral autárquica. "É conhecido, em muitas cidades da Europa e não só, o elevado sucesso dos programas de saúde oral de responsabilidade municipal. Comparando com os órgãos do poder central - o Ministério da Saúde ou a Direcção-Geral de Saúde -, a autarquia, estando mais próxima do indivíduo, consegue uma resposta mais adequada e eficaz às suas necessidades."
Uma das formas de actuação municipal podia ser a criação de equipas de saúde oral que procedessem ao rastreio da cárie dentária e das doenças da boca da população abrangida, de forma sistemática e regular, e encaminhar devidamente as necessidades de tratamento. Uma tarefa que pode ser feita pelos médicos dentistas a nível autárquico, nos centros de saúde, nos hospitais e nos consultórios privados. "Tais acções não devem ser confundidas com campanhas de marketing frequentemente desenvolvidas por fabricantes de dentífricos ou de outros produtos da área da medicina dentária", sublinha Acácio Jorge.
De acordo com o presidente da APSO, o Ministério da Saúde tem, ao longo dos anos, "preterido e esquecido" este sector da saúde. "Não há mais justificação para que assim continue, uma vez que há 4300 médicos dentistas em Portugal e as faculdades continuam a formar mais." A Ordem dos Médicos Dentistas criou um grupo de trabalho para estudar e desenvolver um programa de saúde oral autárquica. Uma das propostas avançadas implica a inscrição voluntária das crianças em idade escolar no Programa de Saúde Oral. Ao inscrever-se, a criança fica automaticamente abrangida por todas as medidas preventivas, incluindo eventuais tratamentos dentários de que necessite, mas deverá cumprir um certo número de regras, tais como a visita regular ao médico dentista e a aplicação de determinados tratamentos preventivos indicados.
Estas visitas e estes tratamentos serão registados num boletim dentário (que poderá estar contido no Cartão de Saúde), cuja actualização será obrigatória para que cada criança possa manter-se inscrita no programa. Cada sessão de rastreio, controlo ou tratamento será paga no acto pelos encarregados de educação, que serão reembolsados de imediato nas tesourarias da respectiva Câmara Municipal. Estes programas começarão pelas crianças, mas irão abrangendo progressivamente todos os restantes grupos da população. Para cada grupo, o Programa de Saúde Oral terá a estratégia e a metodologia adequada.
Uns dentes saudáveis são meio caminho andado para um sorriso bonito e agradável. A primeira regra é simples e tem a ver com a higiene. Os dentes devem ser escovados a seguir às refeições, suavemente, sobre todas as superfícies internas e externas, com movimentos circulares e de vaivém ao longo da gengiva. A escova deve ser substituída de três em três meses. Recomenda-se também o uso regular do fio dental, que permite remover o que a escova não alcança. Um hábito saudável, que poderá praticar antes de deitar.
A alimentação é outro factor importante para a saúde dentária. Evite os excessos de açúcar (todos sabemos como são prejudiciais para os dentes) e reforce a sua dose diária de legumes, peixe e produtos lácteos.
E como no prevenir é que está o ganho, há que dar especial atenção aos mais novos. Se o bebé gostar de chucha, não a passe em açúcar, mel ou doces, pois potenciam as cáries. Use apenas chuchas ortodônticas e adequadas à idade. Evite também pendurar cordões ou fraldas de pano na chucha, pois o peso deforma a arcada dentária. Lave e ferva a chucha com frequência, uma vez que a boca é a maior porta de entrada de infecções no corpo humano. Finalmente, ao escolher uma chucha, tenha em conta que o aro deve acompanhar a curvatura da face do bebé, para um fechamento labial mais adequado, e deve ter orifícios para ventilação lateral. É ainda sabido que o uso prolongado da chucha pode influenciar o desenvolvimento da arcada dentária. Há o risco de os dentes nascerem tortos e projectados para a frente ou de os dentes superiores e inferiores não encaixarem. Por isso, os médicos estabeleceram os dois anos de idade como limite para o uso da chucha, defendendo que ela seja retirada, no máximo, até essa idade.
Maria do Rosário Lopes

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

289) Análise ao Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008 (3ª Parte)

NOTA PRÉVIA (do documento de trabalho)

Citando o Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008, o actual estudo “abrangeu as crianças e os jovens que frequentavam os estabelecimentos de educação do ensino público”. Tratando-se de um estudo de âmbito nacional, os autores referem que “todos os estudos realizados com alunos que frequentam estas instituições (instituições privadas) evidenciam uma prevalência e gravidade das doenças orais, mais baixa ou muito mais baixa quando comparada como a dos que frequentam os estabelecimentos públicos". Então os autores deveriam ter deixado claro que o panorama nacional, no cômputo geral, será ainda melhor relativamente às conclusões que retiram das análises efectuadas ao universo dos estabelecimentos públicos.
Seria óptimo que se fizesse uma abordagem mais aprofundada no sentido de detectar a conclusão apontada - a gravidade das doenças orais afecta em menor grau os alunos dos estabelecimentos de ensino privado. Que factores poderão explicar as diferenças, em termos de saúde oral, entre crianças que frequentam o ensino público e as crianças que frequentam o ensino privado? Estaremos bem em considerar que tal se deve à origem social das crianças ou as diferenças encontradas terão mais relacionadas com as responsabilidades que (não) são assumidas pelas diversas instituições de ensino públicas e privadas? Quais os aspectos positivos / vantagens que a frequência de estabelecimentos de ensino privado que podem e devem ser utilizadas pelos estabelecimentos de ensino público (e vice-versa)?
O estudo nacional permitiu recolher “uma colheita de saliva e placa bacteriana aos jovens de 12 anos, que servirá para o estudo epidemiológico do Streptococcus mutans e Streptococcus sobrinus, conduzido pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Abel Salazar, e que visa servir de suporte à produção de uma vacina contra a cárie dentária”. Sem dúvida, uma excelente iniciativa que deverá ter todo o apoio das entidades oficiais, nomeadamente as ligadas à saúde e à investigação.

domingo, 7 de setembro de 2008

288) APOSTE NA CRIAÇÃO DE HÁBITOS CORRECTOS DE HIGIENE ORAL PARA GARANTIR UM EFEITO VITALÍCIO E DURADOURO (1ª parte)

A saúde oral está intimamente ligada com o bem-estar geral de cada um de nós, sendo um factor que contribui para manter ou restabelecer as condições físicas, emocionais e sociais necessárias ao aumento das nossas capacidades individuais, melhorando a nossa qualidade de vida. Infelizmente podemos dizer que quase 100% da nossa população em geral sofre das principais doenças orais, a Cárie dentária e a Doença periodontal (doença das gengivas). É assim urgente que a educação e promoção da saúde oral se torne uma realidade no nosso país.
Uma criança com doença reumática tem frequentemente dificuldades acrescidas na prática da sua higiene oral diária:
1. Dificuldades motoras nos membros superiores podem complicar o acesso à cavidade oral (não consegue chegar com a escova de dentes à boca);
2. Distúrbios na Articulação Temporo-Mandibular que podem limitar a abertura da boca (não consegue alcançar bem os dentes de trás);
3. Deformações na mandíbula podem originar uma má oclusão dentária (maior retenção de alimentos);
4. Por vezes (embora raramente na criança a própria doença reumática pode originar secura na boca “Xerostomia” (aumenta a probabilidade de cárie dentária e maior propensão à inflamação gengival).
Todos estes factores dificultam as técnicas de higiene oral e contribuem para aumentar a prevalência das doenças na cavidade oral.
Para combater esta tendência a prevenção é a abordagem básica - Apostando na iniciativa individual, com a aprendizagem de técnicas especializadas e adequadas às necessidades de cada um, é sem dúvida nenhuma o melhor meio de alcançar um bom nível de saúde oral.
Vamos agora conhecer um pouco sobre os nossos dentes, suas principais doenças e origem, as suas consequências e por fim a melhor maneira de mantermos sãos os nossos dentes, ao longo de toda a nossa vida.
Qual a origem das principais doenças orais?
O inimigo nº1 dos nossos dentes é a placa bacteriana. A placa bacteriana é uma massa esbranquiçada, que se forma diariamente, colonizada por bactérias, fortemente aderente à superfície dos dentes e gengivas. A placa acumula-se em maior quantidade no sulco gengival (espaço entre o dente e a gengiva) e nos espaços inter-dentários.
São as bactérias da placa bacteriana que provocam a cárie dentária e doenças periodentais (doenças da gengiva), mas felizmente a placa bacteriana pode e deve ser removida diariamente, utilizando as técnicas correctas de higiene oral que mais adiante serão explicadas.
O que é a cárie dentária?
É uma doença infecciosa que se manifesta após a erupção do dente e que origina o amolecimento progressivo das estruturas dentárias levando à formação de cavidade. Para que se inicie uma cárie, as bactérias da placa bacteriana produzem ácidos que vão destruir o esmalte dentário. Estes ácidos são o resultado da fermentação dos alimentos ricos em açucares, também chamados hidratos de carbono (por exemplo os doces).
O que são doenças periodontais (doenças das gengivas) ? A gengivite e a periodontite são doenças que afectam os tecidos que envolvem e suportam os dentes e podem mesmo chegar a envolver todo o periodonto (o que rodeia o dente, a gengiva, o osso e outros tecidos que são responsáveis por manter os dentes firmes nos maxilares). Mais uma vez são as bactérias da placa bacteriana que dão início à infecção.
A gengivite surge quando deixamos acumular a placa bacteriana no sulco gengival (espaço entre o dente e a gengiva). A gengiva fica inflamada, vermelha e sangra com facilidade. Para voltar ao seu estado normal, basta remover a placa bacteriana do sulco gengival (escovar os dentes com a técnica correcta).
Se a gengivite não for tratada, pode evoluir para uma periodontite, ou seja o ligamento e o osso de suporte do dente vão se perdendo e os dentes ficam com mobilidade. Nestes casos há também uma predisposição do indivíduo para esta doença.
Há ainda a salientar a existência do tártaro (pedra nos dentes), que não é removida, mineraliza, torna-se dura e contribui fortemente para as infecções das gengivas.
(Continua)
Joana Figueiredo Freire (Higienista)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

287) A saúde oral no Canadá

O Canadá é uma federação de dez províncias e três territórios de aproximadamente 32 milhões de habitantes. O acesso e a disponibilidade de serviços de saúde e a regulamentação dos profissionais da área de saúde são de responsabilidade dos governos provinciais e territoriais. É estimado que os gastos governamentais e privados com serviços de saúde foram de 130,3 mil milhões em 2004, 5, 9% mais do o ano anterior. O gasto governamental é responsável por sete de cada dez dólares gastos com saúde.
O objetivo do programa de seguro-saúde financiado pelo poder público é assegurar que todos os residentes canadenses tenham um acesso justo a serviços médicos e hospitalares sem custos diretos ao paciente. Serviços dentais cirúrgicos proporcionados em hospitais também estão cobertos.
Aproximadamente 18.300 dentistas, 14.800 higienistas , 2.200 auxiliares de prótese dental, 2.000 técnicos de prótese dental e 27.000 assistentes de Odontologia estão envolvidos com o fornecimento de serviços odontológicos no Canadá, a maioria no setor privado. Existem 57 dentistas e 46 higienistas para cada 100.000 canadenses. O número de dentistas subiu 6% entre 1988 e 1997, enquanto o número de higienistas subiu 64% no mesmo período. Existem nove especialidades dentais reconhecidas no Canadá e os especialistas compõem 10% da população de dentistas.
Dos 9,28 mil milhões gastos com saúde oral no Canadá em 2004, cerca de 95% foram originados de pagamentos fornecidos por seguros privados ou pagamentos diretos dos pacientes. Aproximadamente 63% dos canadenses têm cobertura de seguros dentais particulares, que são um benefício empregatício não sujeito a cobrança de imposto de renda. Esse tratamento favorável de isenção de imposto também está disponível para planos odontológicos adquiridos por profissionais autônomos sem vínculos empregatícios.
As pessoas que possuem seguro odontológicos privado utilizam o serviço odontológico consideravelmente mais do que aqueles que não o possuem. De acordo com uma pesquisa de 2003, 74% dos canadenses que possuem o seguro e 48% dos que não possuem, visitaram o dentista no ano anterior. De acordo com os números da agência governamental de estatísticas do Canadá, aproximadamente 76% dos canadenses que têm as maiores rendas visitaram o dentista em 2003, enquanto apenas 35% dos canadenses com menores ganhos visitaram o dentista.
Em uma pesquisa de 2006, conduzida pela Associação da Indústria Odontológica do Canadá , 60% dos dentistas canadenses (1.011 pesquisados) realizam atividades odontológicas em áreas urbanas, 22% em subúrbios, enquanto 18% descrevem o local da prática dentária em áreas rurais. A maioria dos pesquisados (79%) são donos de seus próprios negócios, sendo que menos da metade de todos os pesquisados (47%) indicaram que atuam sem a companhia de outros profissionais.
Apenas metade das clínicas odontológicas pesquisados apresentam quatro ou mais consultórios. Um quarto dos pesquisados não emprega higienistas dentais e outro quarto emprega um higienista, enquanto quase metade emprega dois higienistas ou mais. A porcentagem de consultórios que empregam dois higienistas ou mais aumentou 14% desde 1997.
Consultórios dentais canadenses estão se tornando cada vez mais high-tech. Desde 2001, a porcentagem de consultórios com terminais computadorizados na área de atendimento (ao contrário de apenas na recepção) aumentou de 20% para 36% em 2006. Metade dos dentistas sem computadores nas áreas de atendimento, atualmente, afirmam que irão adquirir tais aparelhos dentro de dois anos. Atualmente, 57% dos dentistas possuem conexão à Internet tanto em casa como no escritório. Esse número mais do que dobrou de 24% em 2000.
A radiografia digital também tem sido adotada por um crescente número de profissionais. Atualmente 21% possuem tal sistema, frente a 3% em 2000. Aproximadamente 8% dos profissionais contam com instrumentos computa­dorizados no auxílio do atendimento; porcentagem parecida possui lasers para o tratamento de tecidos mole e duro). Em 2000 menos de 2% dos profissionais utilizaram tais equipamentos. Restaurações de resina e serviços de higiene dental representam as duas maiores fontes de receita para a maioria dos profissionais.
O Ministério Federal de Saúde paga serviços dentais para pacientes de comunidades organizadas de aborígines por meio de taxas de serviço em consultórios dentários particulares. O governo federal também organiza programas odontológicos para refugiados e seus dependentes, prisioneiros em penitenciárias, membros da Real Polícia Montada do Canadá, Forças Armadas do Canadá e antigos membros das Forças Armadas.
Os programas públicos de serviços odontológicos oferecidos na maioria das províncias e territórios são parecidos em termos de grupos populacionais elegíveis de alto risco e os tipos de serviços cobertos. Muitos desses programas não pagam seguros completos. A água potável na maioria das áreas urbanas, com a exceção de Montreal e Vancouver, possui flúor.
Como a saúde é administrada pelas províncias e as pesquisas epidemiológicas dentais são conduzidas diferentemente nas várias jurisdições, existem muitas lacunas em nosso conhecimento sobre a situação da saúde bucal dos canadenses. Pesquisa nacional com esse enfoque, a primeira em 30 anos, está atualmente no estágio de planejamento. A coleta de dados se iniciará no início de 2007.
A recém-criada Secretaria de Coordenação de Saúde Bucal tem a missão de coletar dados epidemiológicos da situação da saúde oral dos canadenses e promover a saúde oral. A partir das informações atualmente disponíveis, é seguro dizer que a situação da saúde oral da maioria dos canadenses e a qualidade dos serviços dentais disponíveis no Canadá estão entre os melhores do mundo.
A profissão de dentista é auto-regulada no Canadá; as autoridades reguladoras provinciais são responsáveis pelo processo de concessão de licença de dentistas e pelo controle que garanta uma alta qualidade dos serviços prestados aos canadenses. As autoridades reguladoras criaram uma organização, a Canadian Dental Regulatory Authorities Federation (CDRAF), uma instituição sem poderes reguladores cujo objetivo é antecipar e solucionar desafios de regulamentação nos níveis global, nacional e interprovinciais.
Os dentistas recebem treinamento em 10 escolas dentais (oito de língua inglesa e duas de língua francesa) no Canadá, com uma estimativa de 520 graduados por ano. Enquanto apenas 25% dos dentistas canadenses são mulheres, aproximadamente 50% dos estudantes de saúde bucal são do sexo feminino. Os programas de educação oferecidos por essas escolas recebem credenciamento da Comissão de Credenciamento Dental do Canadá (CDAC).
Em razão de um acordo de credenciamento entre o CDAC e a Comissão de Credenciamento Dental da Associação Dental Americana , os graduados de escolas odontológicas dos EUA e do Canadá são elegíveis para a realização do Exame de Certificação fornecido pelo Canada's National Dental Examining Board (NDEB). De todos os profissionais é exigida a obtenção de um certificado NDEB para prática odontológica no Canadá.
Para graduados em programas não-credenciados (atualmente, apenas a América do Norte é credenciada), existe um caminho especial para se submeter ao exame NDEB. Esses graduados devem completar um programa de qualificação de duração de dois anos oferecido pela escola odontológica canadense. O primeiro passo nesse sentido é o Exame de Qualificação administrado pela Associação das Faculdades Canadenses de Odontologia (ACFD).
Esses exames do Royal College of Dentists of Canada são utilizados por muitas autoridades odontológicas das províncias como parte das exigências para a concessão de licença de especialista e são conhecidas como o Exame Nacional de Especialidade Dental (NDSE). Aqueles que buscam a licença de especialista devem buscar informação da autoridade odontológica na província que pretender realizar a prática.
Em quatro províncias, o órgão regulatório funciona também como uma associação que cuida dos interesses dos dentistas, enquanto em outras províncias, os papéis de associação e órgão regulatório são realizados por instituições separadas. A Associação Odontológica Canadense (CDA) é a associação nacional que atua como porta-voz de todos os profissionais canadenses de odontologia. Ela mantém ligação com as associações provinciais, as escolas odontológicas, outras organizações de saúde, a indústria de seguro odontológico, assim como com o governo federal para o avanço da saúde oral dos canadenses.
A CDA é membro regular da Federação Dentária Internacional (FDI) e participa ativamente das discussões desta entidade global. Em 2007, pela primeira vez, um canadense, dr. Burton Conrod, será o presidente da FDI. O diretor executivo da CDA, George Weber, é o presidente do Comitê de Desenvolvimento Dental Mundial e Promoção de Saúde da FDI, que administra o Comitê de Desenvolvimento Dental Mundial e coordena projetos em países em desenvolvimento. O coordenador de Saúde Bucal do Canadá, dr. Peter Cooney, é o presidente da Seção de Saúde Pública da FDI.
John P. O'Keefe, Cirurgião dentista, E-mail: mailto:jokeefe@cda-adc.ca