domingo, 16 de novembro de 2008

312) Finalmente ?

Parece finalmente que alguém se preocupa seriamente com o problema típico de país do terceiro mundo e que nós ainda temos por cá; falo sobre saúde oral e como tem sido sistematicamente negligenciada por todos os ministros que passaram pela pasta da saúde desde o 25 de Abril de 1974 até ao ex-ministro da Saúde Correia de Campos.
Surge agora a boa notícia por parte da actual Ministra da Saúde, Doutora Ana Jorge, que, finalmente, tem a sensatez e a humildade de encarar o problema e enfrentá-lo de vez, propondo desde já um investimento de mais de 25 milhões de euros em cheques – dentistas, a serem distribuídos às crianças e jovens de quatro, cinco, sete, dez e treze anos em 2009.
Ao contrário de Correia de Campos (que aconselhava os pais a ensinarem os meninos a escovarem os dentes diariamente), Ana Jorge sabe que a cárie dentária é uma doença infecto – contagiosa e que carece de acto médico para ser devidamente tratada. Esperemos, pois, que o Ministério da Saúde crie finalmente todas as condições para inverter o panorama desolador deixado pelos seus antecessores no cargo e que crie condições para tornar a saúde oral um direito de todos os cidadãos deste país, e não apenas destinada a uma burguesia endinheirada com acesso a tudo e mais alguma coisa, fruto das desigualdades sociais criadas e sustentadas por todos os governos nos últimos trinta anos.
Recomendo que a Senhora Ministra Ana Jorge revitalize uma nova postura à frente do seu Ministério e que saiba fazer frente a lóbis instalados, não se deixando vergar a interesses de grupos mais ou menos oportunistas e que apenas têm olhos para os seus próprios umbigos; que tudo faça para que, passados 34 anos após o 25 de Abril de 1974, finalmente todas as crianças e jovens portugueses tenham o mesmo direito de acesso a tratamentos no âmbito da saúde oral no nosso país, independentemente de serem filhos da classe trabalhadora ou das burguesias instaladas e a viver à custa do poder.
Mais, espera-se que esses 25 milhões de euros anualmente canalizados para a saúde oral juvenil sejam efectivamente e integralmente gastos apenas e só em actos médicos; que não permita, Senhora Ministra, um único desvio desse fundo para outros fins, quaisquer que eles sejam, nem para sustentar empregos parasitas de incompetentes instalados em gabinetes de secretarias de estado ou de administrações regionais de saúde que, ao longo dos últimos trinta anos, nada ou quase nada fizeram, em prol da saúde oral e que deixaram chegar a uma negligência a pontos de quase sem retrocesso, sem se preocuparem minimamente com isso.
E uma boa aposta é exactamente dar continuidade ao grupo de trabalho que realizou o Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais 2008; trata-se de rentabilizar sinergias e apostar na criação de verdadeiros programas de saúde oral, completamente fora da alçada de quem foram os grandes responsáveis pela mais completa desorganização pela saúde oral em Portugal com que vivemos até aos nossos dias.
Para mim, infelizmente, estes programas chegam com trinta anos de atraso e já não podem remediar a negligencia e o fechar de todas as portas a que bati para ter tratamentos em devido tempo, depois de ter sido tratado selvaticamente por quem, ao serviço de uma determinada Administração Regional de Saúde, arruinou-me definitivamente a minha vida para sempre; mas isso é outra história que será tratada noutro sido e muito brevemente.
Mas estarei por cá e vou continuar a acompanhar, dia a dia, sobre como vai evoluindo a política de saúde oral em Portugal.
Gerofil

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