segunda-feira, 29 de abril de 2013

615. 40 % das crianças portuguesas com cáries dentárias aos 6 anos de idade

São cada vez menos as crianças entre os seis e os 12 anos que apresentam cáries dentárias. Pelo menos é o que indicam os dados preliminares do III Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais, apresentado no âmbito do Dia Mundial da Saúde.
Segundo o estudo, 60% das crianças com seis anos não tem cáries, um número que subiu 9% em relação a 2006 e 27% em relação a 2000. Apesar disso ainda persistem algumas desigualdades entre as várias zonas do país, com a zona centro a ser a que apresenta mais crianças com cáries: 53%. Segue-se o norte com 46%, Lisboa e Vale do Tejo com 40%, Algarve com 34% e Alentejo com 29%.
Em relação às crianças com 12 anos, Cristina Cádima, do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, da Direção-Geral da Saúde, referiu que 56% não tinham cáries, sendo igualmente a zona centro que apresenta piores resultados, com 51% das crianças desta idade sem cáries, seguido do norte com 53%, Algarve e Lisboa e Vale do Tejo com 58% e Alentejo com 53%.
O estudo avaliou ainda o índice CPOD (média do número de dentes com cáries, perdidos ou obturados que as crianças apresentam) e também aqui se registaram melhorias. Como o programa começa aos seis anos, o índice focou-se nas crianças com 12 anos e percebeu-se que cada uma tinha, em média, 0,77 dentes cariados, perdidos ou obturados, quando em 2006 este número ficava nos 1,48. Relativamente a este índice, a meta definida pela Organização Mundial de Saúde, a atingir até 2020, corresponde a 1,50, pelo que Portugal já ultrapassou a meta.
No encerramento da conferência, o ministro da Saúde Paulo Macedo destacou as escolas como “autênticas instituições promotoras da saúde oral” e anunciou que o projeto SOBE, que intervém nas bibliotecas escolares, venceu os World Dental Hygienist Awards.
Saúde Oral
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Este estudo diz que em Portugal há 40 crianças em cada 100 com cáries dentárias, ou seja, quase metade das crianças portuguesas apresentam cáries dentárias aos seis anos de idade.
O desprezo quase absoluto para combater o flagelo desta doença infecto-contagiosa nos primeiros anos de vida nota-se na quase ausência de uma verdadeira política de saúde de cuidados primários para a primeira infância no país.
É extremamente dramático assistir que um país da União Europeia tenha quase metade das suas crianças com cáries dentárias, antes de ingressarem no primeiro ciclo do ensino básico.
Confrangedor comparar os dados recentes com anos em que o número de crianças era largamente superior; o efeito dramático da redução da taxa de natalidade é o resultado directo da destruição de direitos sociais e que vai criar gravíssimos problemas de sustentabilidade inter-geracional.
As palmas de hoje serão substituídas por lamentos muito brevemente.

domingo, 21 de abril de 2013

614. Facturação dos dentistas diminuiu cerca de 40 por cento em 2012

A facturação dos consultórios de medicina dentária diminuiu cerca de 40 por cento, em 2012, em resultado da crise que leva as pessoas a não gastar na prevenção, revelou o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, avança a agência Lusa. “A crise afecta, e de que maneira, os consultórios de medicina dentária”, disse Orlando Monteiro da Silva à Lusa, à margem das cerimónias do Dia Mundial da Saúde Oral, que se assinalou esta quarta-feira.
O bastonário disse que a facturação dos 5.000 a 6.000 consultórios de medicina dentária diminuiu entre 30 a 40 por cento, no ano passado, em relação a 2011. Esta diminuição, adiantou, deve-se à crise e ao facto de as pessoas “adiarem, sempre que podem, a ida ao dentista, a menos que seja para tratar a dor e o desconforto evidentes”. Para Orlando Monteiro da Silva, as consequências deste afastamento dos consultórios pode traduzir-se numa inversão dos resultados optimistas em termos de saúde oral, que se têm registado em Portugal.
“Em tempos de austeridade, a crise afecta a saúde e, nomeadamente, a saúde oral”, lamentou.
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A equidade entre a prestação de serviços de medicina dentária entre o público e o privado, a criação do Boletim Individual de Saúde Oral, a reformulação completa dos programas de prevenção, a fixação de tabelas de preços máximos pelos tratamentos dentários e a mobilidade geográfica dos médicos dentistas são propostas já feitas há vários anos que podem inverter a situação calamitosa da medicina oral em Portugal.
Os problemas de saúde oral em Portugal não têm nada a haver com a crise económica; todos os problemas existentes na medicina dentária devem-se à mentalidade conservadora e interesses instalados no sector, que impedem a adopção de novas estratégias que coloquem a saúde oral ao alcance de todos, mantendo-se restrita aos interesses cooperativistas e monopolistas, visando apenas o lucro.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

613. Cheques-dentista vão ser alargados a jovens de 15 anos

O programa dos cheques-dentista vai ser estendido aos jovens com 15 anos, abrangendo cerca de 50 mil utilizadores, um alargamento sem encargos adicionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo a Ordem dos Médicos Dentistas. Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, explicou que já houve acordo com o Ministério da Saúde sobre este alargamento do programa de saúde oral nos jovens. Até agora, o programa abrangia crianças em idade escolar até aos 13 anos, que só no ano passado beneficiaram de 300 mil cheques-dentist
Além das crianças, em 2012, o programa permitiu dar cheques a cerca de 100 mil grávidas, idosos com complemento solidário e doentes com VIH/Sida. O orçamento do programa em 2013 é de 16 milhões de euros, o mesmo do que no ano anterior. Após o acordo com o Ministério da Saúde, a Ordem dos Médicos Dentista diz que neste momento está a ser feito «trabalho técnico para operacionalizar» o alargamento aos jovens de 15 anos, não adiantando quando é que podem começar a ser emitidos cheques para este novo público-alvo. O bastonário justificou a possibilidade de extensão do programa sem custos adicionais para o SNS com a melhoria dos índices de saúde oral das crianças já abrangidas no programa: «Melhoraram os índices de saúde oral e diminuiu o risco que está implícito a um alargamento do programa. É totalmente diferente apanhar uma criança aos 15 anos que nunca foi vista ou ter uma criança ou jovem que já foi seguido».
Além disso, Orlando Monteiro da Silva afirma que a Ordem dos Dentistas «não se coloca de fora do esforço de contenção de custos que se pede transversalmente à área da saúde». No início deste mês, o ministro da Saúde anunciou também no parlamento que o acordo com a Ordem resultou nos primeiros passos para a realização de rastreios ao cancro oral. Orlando Monteiro da Silva explicou agora à Lusa que a «operacionalização técnica» está praticamente concluída e que já há linhas de orientação sobre números de rastreios, de biópsias e grupos populacionais a atingir.
Entre a população com maior risco de cancro oral estão os fumadores e consumidores excessivos de álcool e a população mais velha, com o risco a aumentar sobretudo a partir dos 50 anos. Segundo o bastonário, os tumores na boca em fase inicial podem ser curados e representam menos custos financeiros e pessoais. «Se tudo estiver aprovado para este ano, estamos disponíveis para acolher esta vertente de rastreio e tratamento de lesões malignas. É uma questão de definir quando vamos começar», afirmou Monteiro da Silva em declarações recolhidas pela Lusa.
TVI 24
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No caminho da direcção certa. Mas falta implementar o cartão de saúde oral para todas as crianças e jovens; o programa de cheque-dentista apenas abrange uma reduzida percentagem das necessidades reais de saúde oral das crianças e jovens, deixando de fora a esmagadora maioria de quem precisa, como por exemplo quem frequenta o ensino secundário ou universitário (aqueles que mais precisam de apoio).
Não se entende a atribuição de cheque-dentistas a quem por assumida negligencia social contraiu o HIV/SIDA (o dinheiro dos impostos pagos por quem trabalha jamais deveria ser canalizado para esse tipo de pessoas). Também não se entende a falta de implementação de uma rede de cuidados de saúde de medicina oral pública, em igual circunstâncias que o sector privado; uma autêntica vergonha de política de saúde pública que ninguém ousa denunciar.