A facturação dos consultórios de medicina dentária diminuiu cerca de 40 por cento,
em 2012, em resultado da crise que leva as pessoas a não gastar na prevenção,
revelou o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, avança a agência Lusa. “A
crise afecta, e de que maneira, os consultórios de medicina dentária”, disse
Orlando Monteiro da Silva à Lusa, à margem das cerimónias do Dia Mundial da
Saúde Oral, que se assinalou esta quarta-feira.
O bastonário disse que a
facturação dos 5.000 a 6.000 consultórios de medicina dentária diminuiu entre 30
a 40 por cento, no ano passado, em relação a 2011. Esta diminuição, adiantou,
deve-se à crise e ao facto de as pessoas “adiarem, sempre que podem, a ida ao
dentista, a menos que seja para tratar a dor e o desconforto evidentes”. Para
Orlando Monteiro da Silva, as consequências deste afastamento dos consultórios
pode traduzir-se numa inversão dos resultados optimistas em termos de saúde
oral, que se têm registado em Portugal.
“Em tempos de austeridade, a
crise afecta a saúde e, nomeadamente, a saúde oral”, lamentou.
* * *
A equidade entre a prestação de serviços de medicina
dentária entre o público e o privado, a criação do Boletim Individual de Saúde
Oral, a reformulação completa dos programas de prevenção, a fixação de tabelas
de preços máximos pelos tratamentos dentários e a mobilidade geográfica dos
médicos dentistas são propostas já feitas há vários anos que podem inverter a situação calamitosa da medicina oral em
Portugal.
Os
problemas de saúde oral em Portugal não têm nada a haver com a crise
económica; todos os problemas existentes na medicina dentária
devem-se à mentalidade conservadora e interesses instalados no sector, que
impedem a adopção de novas estratégias que coloquem a saúde oral ao alcance de
todos, mantendo-se restrita aos interesses cooperativistas e monopolistas,
visando apenas o lucro.
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