sexta-feira, 12 de abril de 2013

613. Cheques-dentista vão ser alargados a jovens de 15 anos

O programa dos cheques-dentista vai ser estendido aos jovens com 15 anos, abrangendo cerca de 50 mil utilizadores, um alargamento sem encargos adicionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), segundo a Ordem dos Médicos Dentistas. Em declarações à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, explicou que já houve acordo com o Ministério da Saúde sobre este alargamento do programa de saúde oral nos jovens. Até agora, o programa abrangia crianças em idade escolar até aos 13 anos, que só no ano passado beneficiaram de 300 mil cheques-dentist
Além das crianças, em 2012, o programa permitiu dar cheques a cerca de 100 mil grávidas, idosos com complemento solidário e doentes com VIH/Sida. O orçamento do programa em 2013 é de 16 milhões de euros, o mesmo do que no ano anterior. Após o acordo com o Ministério da Saúde, a Ordem dos Médicos Dentista diz que neste momento está a ser feito «trabalho técnico para operacionalizar» o alargamento aos jovens de 15 anos, não adiantando quando é que podem começar a ser emitidos cheques para este novo público-alvo. O bastonário justificou a possibilidade de extensão do programa sem custos adicionais para o SNS com a melhoria dos índices de saúde oral das crianças já abrangidas no programa: «Melhoraram os índices de saúde oral e diminuiu o risco que está implícito a um alargamento do programa. É totalmente diferente apanhar uma criança aos 15 anos que nunca foi vista ou ter uma criança ou jovem que já foi seguido».
Além disso, Orlando Monteiro da Silva afirma que a Ordem dos Dentistas «não se coloca de fora do esforço de contenção de custos que se pede transversalmente à área da saúde». No início deste mês, o ministro da Saúde anunciou também no parlamento que o acordo com a Ordem resultou nos primeiros passos para a realização de rastreios ao cancro oral. Orlando Monteiro da Silva explicou agora à Lusa que a «operacionalização técnica» está praticamente concluída e que já há linhas de orientação sobre números de rastreios, de biópsias e grupos populacionais a atingir.
Entre a população com maior risco de cancro oral estão os fumadores e consumidores excessivos de álcool e a população mais velha, com o risco a aumentar sobretudo a partir dos 50 anos. Segundo o bastonário, os tumores na boca em fase inicial podem ser curados e representam menos custos financeiros e pessoais. «Se tudo estiver aprovado para este ano, estamos disponíveis para acolher esta vertente de rastreio e tratamento de lesões malignas. É uma questão de definir quando vamos começar», afirmou Monteiro da Silva em declarações recolhidas pela Lusa.
TVI 24
* * *
No caminho da direcção certa. Mas falta implementar o cartão de saúde oral para todas as crianças e jovens; o programa de cheque-dentista apenas abrange uma reduzida percentagem das necessidades reais de saúde oral das crianças e jovens, deixando de fora a esmagadora maioria de quem precisa, como por exemplo quem frequenta o ensino secundário ou universitário (aqueles que mais precisam de apoio).
Não se entende a atribuição de cheque-dentistas a quem por assumida negligencia social contraiu o HIV/SIDA (o dinheiro dos impostos pagos por quem trabalha jamais deveria ser canalizado para esse tipo de pessoas). Também não se entende a falta de implementação de uma rede de cuidados de saúde de medicina oral pública, em igual circunstâncias que o sector privado; uma autêntica vergonha de política de saúde pública que ninguém ousa denunciar.


Sem comentários: