segunda-feira, 28 de junho de 2010

463. Jornal i entrevista Orlando Monteiro da Silva (Parte 2: Análise da entrevista/1)

A entrevista prestada pelo bastonário da OMD ao Jornal i assume peculiar importância, constituindo uma mais – valia valiosa e premente para a necessidade urgente que o país atravessa, relativamente de se discutir a sustentabilidade do SNS e, enquadrando nele, o rumo a dar à saúde oral no nosso país. Neste contexto, a entrevista refere vários problemas que hoje condicionam a saúde oral em Portugal e aponta vários cenários para o futuro; por outro lado, levanta questões que merecem carácter urgente de resolução por parte do poder político.
Entenda-se esta reflexão à entrevista como mais um contributo necessário para alargar a discussão, no sentido de procurar consensos e assegurar, para o futuro, o acesso a cuidados de saúde oral a todos os portugueses. O contributo é mínimo; outras contribuições para a discussão serão sempre bem – vindas.
Afirma o presidente da OMD que a Constituição da República não deveria aludir a um SNS tendencialmente gratuito, chamando a atenção para a necessidade de um determinado grau de participação económica na utilização dos serviços de saúde; é necessário e urgente ir muito mais longe nessa questão – os partidos representados na Assembleia da República e o Governo têm o absoluto dever moral de implementarem medidas tendentes à criação de seguros de carácter obrigatório, na área da saúde, destinados aos cidadãos, e que lhes assegurem um complemento às despesas que eventualmente cada cidadão venha a ter ao longo da sua vida.
A política fiscal pode e deve ser utilizada para incentivar a poupança; acontece que o actual Governo, ao limitar os benefícios fiscais relativamente aos gastos em saúde, está directamente a contribuir para os portugueses desinvestirem parte das poupanças na promoção da sua própria saúde e, indirectamente, constitui mais um grave factor de redução drástica da sustentabilidade do SNS.
Não é depois com taxas moderadoras que se vai buscar o financiamento que se perde por políticas erróneas de política fiscal; as taxas moderadoras representavam um dos mais graves atentados de discriminação entre as pessoas no acesso a cuidados médicos, porque ninguém escolhe estar doente.
O bastonário da OMD tem toda a razão quando afirma que o SNS é centralizado e as decisões são tomadas por um pequeno grupo de pessoas; esse constitui realmente um defeito marcante das políticas de saúde em Portugal – meia dúzia de pessoas enfiadas em gabinetes e muitas vezes afastadas das dificuldades do dia a dia que os nossos profissionais do SNS enfrentam no terreno, são capazes de tomar, por vezes, opções absurdas e afundam os cofres públicos do país sem que daí prestem quaisquer contas ou sejam responsabilizados.
Por exemplo, só na área da saúde oral e em postagem anterior, está demonstrado para onde foram parar milhões de euros dos programas de saúde oral que deveriam ter sido gastos em actos médicos.
É urgente implementar a responsabilização a todas as nomeações para cargos intermédios e superiores do SNS: resultados positivos carecem de louvor e promoção; resultados negativos carecem de responsabilização e consequente despromoção ou destituição de funções.
Afirma o bastonário da OMD que é preciso reorientar o SNS para a prevenção; de facto, talvez largas dezenas de milhares de milhões de euros podem anualmente ser poupados com a implementação de um SNS mais preventivo. Também a aplicação de uma verdadeira politica publica de prevenção de saúde oral poderá contribuir para a redução, a médio e longo prazo, do peso do orçamento das famílias em gastos com o tratamento dentário. Haja coragem e assumam que isso é possível; não se peça responsabilização aos cidadãos quando não há educação para esse objectivo.
Afinal, cabe ao Governo e ao SNS a responsabilidade pelo estado de saúde da população em geral; compete-lhes ajudar as pessoas a tomarem as melhores decisões pela sua saúde.
(Continua)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

462. Uma clínica familiar que trata de sorrisos há 30 anos

“Porque sorrir revela sempre uma emoção” é a frase que se encontra na sala de espera do Laboratório de Prótese e Clínica de Medicina Dentária Luís Jesus Neves, aberto há mais de trinta anos na rua Gualdim Pais n.º 9, 2.º esquerdo, junto à Biblioteca Municipal de Tomar.
Acumulando a experiência e saber de Luís Neves e sua esposa Hortense, técnicos de prótese dentária, este foi um dos primeiros cinco consultórios a abrir na cidade de Tomar, mantendo uma carteira de clientes que já atravessa gerações. Uma empresa de natureza familiar que agora vê este aspecto reforçado uma vez que a filha mais nova do casal, Diana Neves, de 25 anos, acabou por se formar em Medicina Dentária.
“Os meus pais abriram a empresa como laboratório de prótese dentária mas os pacientes foram evoluindo e decidiu-se, há 15 anos, expandir a clínica com a parte de medicina dentária”, explicou a O MIRANTE, Diana Neves que trabalha há cerca de ano e meio na clínica, onde muitos pacientes a conhecem desde criança. Ser dentista era, de resto, um sonho de Diana Neves, que se especializou em Implantologia e Estética Dentária. “O mais gratificante é ver o sorriso das pessoas no final do tratamento e vermos a sua auto-estima aumentar”, considera a jovem médica.
Actualmente trabalham no Laboratório de Prótese e Clínica de Medicina Dentária Luís Jesus Neves três médicos dentistas, que oferecem todos os tratamentos na área da medicina dentária, e dois técnicos de prótese dentária. Não há protocolos estabelecidos com instituições mas a clínica aderiu ao cheque-dentista, disponibilizado pelo Ministério da Saúde a mulheres grávidas seguidas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), utentes do SNS que beneficiem do Complemento Solidário para Idosos e crianças ou jovens com idade inferior a 16 anos.
“Estamos sempre atentos a novas técnicas, apostamos na inovação de equipamentos e materiais e na formação contínua, participando em workshops nacionais e internacionais”, disse Diana Neves salientando ainda a relação muito estreita e até de amizade que estabeleceu com os pacientes. Futuramente, a clínica vai mudar para umas instalações que estão, neste momento, a ser construídas de raíz na Estrada da Serra, podendo aumentar o número de especialidades oferecidas.
O Laboratório de Prótese e Clínica de Medicina Dentária “Luís Jesus Neves está aberto de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 13h00 e das 14h30 às 19h00. Apesar deste horário, existe um serviço de urgência 24 horas, estando o telefones da clínica, com o número 249 321 110, redireccionado de modo a atender qualquer situação de emergência, independentemente da hora a que ocorra.

terça-feira, 22 de junho de 2010

461. Jornal i entrevista Orlando Monteiro da Silva (Parte 1: A entrevista)

Hoje com 47 anos, Orlando Monteiro da Silva foi o bastonário mais novo de sempre no país. Está desde 2001 à frente da Ordem dos Médicos Dentistas, área que entrou tarde no comboio na saúde, mas - diz - de forma inteligente. Vai propor num encontro das Ordens de saúde esta quarta-feira em Lisboa que se altere a Constituição: o Serviço Nacional de Saúde não pode ser tendencialmente gratuito, como está escrito, e a auto-responsabilização dos doentes é essencial. Reduzir os numerus clausus das faculdades de Medicina Dentária é outro objectivo. Mas também há seguros e convenções como a ADSE a estrangular a classe.
Jornal i - Como vê as medidas para reduzir a despesa do SNS?
Orlando Monteiro da Silva - Tenho chamado ao SNS uma espécie de comboio, onde a medicina dentária não entrou senão muito recentemente, que se aproxima de um precipício se nada for feito, nomeadamente em termos de financiamento. São medidas simbólicas, num contexto político em que há uma pressão grande para que se faça alguma coisa, mas não vão mudar nada de substancial.
Jornal i - Tem alguma proposta?
Orlando Monteiro da Silva - É preciso rever a Constituição no que respeita ao SNS. O artigo 64º, que fala sobre ele, deve ser o mais resumido possível, sem a alusão a um SNS tendencialmente gratuito. É fundamental que haja um grau de participação económica na utilização dos serviços de saúde.
Jornal i - Mas essa participação existe...
Orlando Monteiro da Silva - Existiu. Foram dados sinais contraditórios, de certa forma até eleitoralistas. Tínhamos taxas moderadoras simbólicas, foram aumentadas e depois foram abolidas. Convém ter em linha de conta que cerca de 50% dos utentes já estavam isentos. A Constituição deve ter um princípio geral sobre o SNS, mas o seu modus operandi não pode estar limitado. Diz por exemplo que o SNS tem gestão descentralizada e participada, quando é tudo menos isto. É centralizado e as decisões são tomadas por um pequeno grupo de pessoas.
Jornal i - Vê outras lacunas?
Orlando Monteiro da Silva - A área da saúde não vive isolada. É preciso uma melhor articulação para reorientar o SNS para a prevenção. Outra noção antipática, provavelmente, é a de auto-responsabilização.
Jornal i - Antipática porquê?
Orlando Monteiro da Silva - É uma noção estranha à maioria da população. O primeiro e último responsável pela saúde é o próprio. É o principal responsável e o principal interessado.
Jornal i - Isso não tem acontecido?
Orlando Monteiro da Silva - Não. Todos os dias vemos uma projecção para os serviços de saúde da resolução de problemas provocados por atitudes ou a falta delas, por decisões que se foram tomando ao longo da vida. É preciso ajudar as pessoas a tomarem as melhores decisões pela sua saúde.
Jornal i - Disse em tempos que o Ministério tratava os portugueses como se não tivessem boca. Mantém esta opinião?
Orlando Monteiro da Silva - Foram dados passos positivos. Nós não apanhámos o comboio do SNS, mas a nossa forma de entrar foi mais inteligente e sobrecarrega menos a sociedade. Com o programa do cheque-dentista foram contratados alguns serviços básicos, para alguns grupos da população, o que é uma lógica de outsourcing muito seguida no SNS inglês. O Estado não tem de prestar cuidados de saúde mas zelar que estes são prestados, regulados e financiados.
Jornal i - Os tratamentos são iguais para quem chega com o cheque-dentista?
Orlando Monteiro da Silva - É essa a nossa ética. O investimento em tratar bem uma criança é uma oportunidade de fidelizar doentes/clientes.
Jornal i - Mas há queixas de que essa diferença existe com os seguros de saúde...
Orlando Monteiro da Silva - A Ordem está proibida de ter tabelas de valores mínimos ou máximos em termos honorários. A intervenção no cheque-dentista foi diferente, por ser um programa social que pressupõe o envolvimento social dos médicos. Lembro-me da conversa com o professor Correia de Campos sobre o montante dos cheques: sugeri 80 euros, ele, 35 euros e o valor final foi de 40 euros. No que diz respeito às seguradoras, os contratos/convenções são uma decisão individual, cada médico aceita ou não trabalhar mediante as condições colocadas.
Jornal i - Houve alguma sensibilização?
Orlando Monteiro da Silva - Já o fizemos. Só há uma coisa que sensibiliza as seguradoras - o dinheiro -, o que não deixa de ser legítimo. Isto obedece a uma lógica de mercado: as seguradoras aproveitam-se do número de médicos-dentistas para unilateralmente imporem as suas tarifas. Dão-se ao luxo até de baixar as tabelas dos valores que propõem. Chega a haver tratamentos ou intervenções propostos a custo zero. Aqui temos uma denúncia de dumping há cerca de um ano e estamos à espera. Mas isto são situações do foro privado, entre o médico dentista e a convenção ou a seguradora. Situação bem diferente é ADSE, que não actualiza os valores nas suas tabelas há 19 anos.
Jornal i - São muito baixos?
Orlando Monteiro da Silva - O valor de uma extracção dentária ronda os 10 euros, o que não paga sequer os materiais envolvidos. É completamente inaceitável e uma situação de concorrência desleal. Mas há mais: uma seguradora tem direito de fazer contratos, enquanto a ADSE deve funcionar com concursos. Um médico dentista que queira fazer contrato com a ADSE não pode, pois há mais de dez anos que a convenção está fechada. Mas se um grande grupo económico abrir uma clínica aparece logo com todas essas convenções. Não há uma regulação eficaz em Portugal.
Jornal i - O que pensa da corrida às clínicas das faculdades?
Orlando Monteiro da Silva - A função das faculdades não é competir com o mercado de saúde, mas é importante que esses serviços existam para formação dos alunos.
Jornal i - Mas também há médicos a dar consultas nas faculdades.
Orlando Monteiro da Silva - Só se estiverem inseridos em pós--graduações.
Jornal i - É isso que acontece na prática? Só em Lisboa e no Porto as faculdades dão mais de 70 mil consultas por ano.
Orlando Monteiro da Silva - Não tenho dados sobre a matéria, mas acho que há uma tentação crescente para isso, por via do estrangulamento do financiamento. Querer fazer das faculdades hipermercados de tratamentos de medicina dentária é um erro profundo. Mas o meu repto principal para as faculdades é que estão a ser uma de fábrica de médicos dentistas.
Jornal i - Vão intervir?
Orlando Monteiro da Silva - Temos uma petição aprovada e em Junho vamos começar a recolher assinaturas para levá-la a discussão em sede de comissão e plenário no início do próximo ano. O objectivo é mudar alguns aspectos da lei para adequar as entradas nas faculdades às necessidades do país. Temos cerca de 500 alunos formados por ano, número que tem aumentado com o processo de Bolonha. Os médicos dentistas têm uma média de idade de 37 anos e sabemos que não haverá gente a reformar-se nos próximos 4/5 anos. Calculo que este número tenha de ser diminuído gradualmente 10%/ano, até chegar a metade.
Jornal i - Vão propor a extinção de algum curso?
Orlando Monteiro da Silva - Não, embora sete faculdades seja excessivo. O Reino Unido, com mais de 50 milhões, de habitantes têm 9 faculdades.
Jornal i - Quais são as perspectivas destes jovens médicos dentistas?
Orlando Monteiro da Silva - Grande parte é forçada a sair do país. A sociedade portuguesa não precisa de mais médicos dentistas, e estamos a assistir a uma fuga de cérebros depois de uma formação cara. Muitos deles nunca voltam e isso constitui um prejuízo enorme se pensarmos que esta formação rondava, há uns anos, os 100 mil euros.
Jornal i - O número de médicos a saírem do país está a aumentar?
Orlando Monteiro da Silva - No Reino Unido são perto de 440. Para os outros países da Europa não temos números.
Jornal i - Pensando no Reino Unido, o que é que têm cá e o que vão ter lá?
Orlando Monteiro da Silva - Cá têm um futuro incerto, uma dificuldade enorme de inserção no mercado, uma rede de mais de 5000 clínicas e consultórios em que abrir mais um é praticamente um suicídio. Sobretudo o número de doentes que atendem é muito baixo. Há colegas nossos que estão no consultório o dia todo à espera de um doente, que pode aparecer ou não. A diferença é que eles chegam a Inglaterra a ganhar sete ou oito mil libras por mês.
Jornal i - Recém-licenciados?
Orlando Monteiro da Silva - Sim. E isso em Portugal nem um sénior. Mas não é solução propor aos jovens que saiam do país.
Jornal i - Mas como se compete com um salário de 8000 libras?
Orlando Monteiro da Silva - Sair do país é um direito, mas há alguma coisa a dizer sobre a política de formação de recursos humanos. Se não houver um acesso crescente da população à medicina dentária, se não houver um crescimento económico do país, se não houver produtos/seguros com qualidade, grande parte destas pessoas não vão ter futuro na medicina dentária.
Jornal i - Há exercício clandestino?
Orlando Monteiro da Silva - Há muito exercício ilegal em Portugal, com redes clandestinas de recrutamento. Com o Brasil é muito frequente. Há colegas que conhecem outros, vêm para cá três/quatro meses fazer umas consultas, depois voltam para lá.
Jornal i - Como passam receitas?
Orlando Monteiro da Silva - No nome de colegas legais que os encobrem. Daí a importância da nova lei do licenciamento: até ao próximo ano todos os consultórios vão ter de pedir licença. E haverá inspecções periódicas.
Jornal i - Qual é a dimensão do problema?
Orlando Monteiro da Silva - Temos ideia das queixas, mas não há ideia do que representa pois só com uma fiscalização eficaz é que seria possível.
Jornal i - É o primeiro português eleito presidente na Federação Dentária Internacional. Sente-se a representar Portugal?
Orlando Monteiro da Silva - Sinto que é bom para o país. A minha voz na Ordem fica mais ampliada pelo facto de ser presidente eleito da FDI, mas nas minhas funções do dia-a-dia embora tente focar a realidade portuguesa, não é isso que se espera. Não fui eleito por ser português, nem por ser bastonário.
Jornal i - Mas se desse um bom exemplo português, qual seria?
Orlando Monteiro da Silva - A qualidade dos médicos dentistas, a prática privada e o programa cheque-dentista. A experiência do cheque-dentista, embora limitada, tem sido acompanhada com bastante interesse em termos internacionais. Não se julgue que só em Portugal é que a saúde oral é negligenciada. Neste momento seria muito penalizante se alguém quisesse acabar com o programa.
Jornal i - Já ouviu falar nisso?
Orlando Monteiro da Silva - Já ouvi dizer que o corte no SNS podia incluir o cheque-dentista.
Jornal i - A quem?
Orlando Monteiro da Silva - Sobretudo comentadores, outsiders. Primeiro porque o que se gasta com o programa - 30 milhões de euros - face ao benefício que dá a milhares de pessoas, é irrelevante. Depois porque não há mais nada, e há muito por onde cortar. O grande problema do cheque-dentista é a expectativa que está a criar na população não abrangida. Isto é que, imagino, se pode tornar difícil de gerir...
Jornal i - Não há inveja nos médicos das outras especialidades?
Orlando Monteiro da Silva - Estou convencido que este programa vai ser alargado a outras áreas. Oftalmologia, otorrinolaringologia... É importante ver que este programa nasce por vontade política mas também por consciência de que por fim é uma área valorizada. Mais de metade da população não tem nenhum dente na boca. Lembro-me de há uns anos faltarem-lhe dois dentes a uma miss de Portugal, o que é impensável.
(Continua)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

460. Projecto Paranho Sorridente: Apresentação dos resultados

CONVITE
* * *
O Director da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e o Presidente da Junta de Freguesia de Paranhos têm a honra de convidar V. Exa. a participar na apresentação dos resultados relativos ao Projecto ParanhoSorridente, que se realiza no Auditório da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto no dia 30 de Junho de 2010, às 18:00 horas.
Afonso Pinhão Ferreira, Director da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto;
Alberto Machado, Presidente da Junta de Freguesia de Paranhos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

459. Dentistas 'adoptam' crianças e garantem tratamentos gratuitos

São dentistas e comprometem-se a "adoptar" crianças e a garantir- -lhes tratamentos gratuitos aos dentes até aos 18 anos. Para pôr em prática este projecto de solidariedade pioneiro no País, os dentistas estão no terreno, nas zonas mais carenciadas, e já identificaram 489 crianças. Destas, 109 foram já seleccionadas por apresentarem problemas dentários muito graves.
"Há muito por fazer na saúde oral em Portugal e as crianças não escapam. A nossa ideia é levar estes cuidados aos que mais precisam, mas tendo em conta que, além do tratamento, queremos ajudá-los a formarem-se como pessoas", conta Virgínia Milagre, coordenadora do projecto Dentista do Bem, que hoje é apresentado em Lisboa e conta com o apoio da Fundação EDP.
Em Portugal, desde o início do ano, o projecto já conta algumas dezenas de médicos-dentistas voluntários, que prometem "transformar a vida das crianças e jovens mais carenciados", através de tratamentos dentários gratuitos até aos 18 anos.
"Até podemos ser poucos, mas este nosso trabalho contribuirá para mudar a vida de alguém e só isso já é importante", diz Virgínia Milagre, que também receberá crianças gratuitamente no seu consultório.
O Dentista do Bem promovido pela organização não governamental Turma do Bem arrancou em 2002 no Brasil.
Nesta primeira fase, os profissionais, em articulação com as escolas, visitam os estabelecimentos para um primeiro rastreio, durante o qual são identificados os alunos com carências.
Segue-se depois a segunda fase, em que cada jovem, entre os 12 e os 18 anos, é colocado à "responsabilidade" de um médico-dentista, que o "adopta" profissionalmente.
"Em tempos de crise estamos atentos à nossa realidade e dispostos a ajudar. Mas também sei que, porventura, prestar estes tratamentos de forma gratuita não deve agradar a todos os colegas", desabafa a coordenadora.
No terreno há dois meses, o Dentista do Bem já tem voluntários nas escolas, sobretudo na zona da Grande Lisboa, a identificarem jovens a quem possam proporcionar "um novo sorriso".
Orlando Silva será um dos médicos que vai "adoptar" estas crianças. "Tenho dois consultórios e por isso vou poder tratar quatro crianças e jovens. Mais para a frente logo se vê, quem sabe se não serão mais", conta.
Aderiu ao projecto por contacto com outros colegas e aguarda agora pela atribuição dos menores. "É uma forma de prestar um serviço à comunidade. São crianças que provavelmente não teriam outra hipótese de receber apoio e por isso cá estou", acrescenta ainda.
Todas as crianças do projecto são seleccionadas através de uma triagem feita em escolas da rede pública nacional de acordo com um método próprio, o IHC - Índice de Hierarquia de Complexidade. São três os critérios de escolha fundamentais: problemas de saúde oral graves, poucas possibilidades económicas e idade até aos 18 anos.
O projecto conta com o apoio da Direcção-Geral de Saúde e acaba por servir de complemento ao cheque-dentista. "Este programa é para crianças até aos 12 anos. O nosso projecto é a partir dos 12 anos, para as crianças com maiores dificuldades", justifica Virgínia Milagre. Por isso, de alguma forma, complementam-se.
Será através de Portugal que o Dentista do Bem se "estreará" na Europa. Mas esta organização não governamental já tem provas dadas em poucos anos de existência: já ajudou mais de 12 mil crianças e jovens na América Latina, envolvendo uma rede de mais de 7000 dentistas voluntários.
Diário de Notícias

sexta-feira, 11 de junho de 2010

458. Dentistas aplaudem novas regras de licenciamento de clínicas

A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) veio, esta quarta-feira, a público, elogiar as novas regras de licenciamento das clínicas dentárias, que considera serem uma ferramenta importante para «combater o exercício ilegal da profissão».
«A OMD congratula-se com a publicação desta legislação que tornará possível ao público a identificação dos locais devidamente licenciados, garantindo-se, desta forma, a qualidade e a segurança dos serviços de saúde prestados», refere a instituição, em comunicado citado pela edição online do i. «Esta legislação será igualmente importante no combate ao exercício ilegal da profissão, uma vez que estas situações serão mais facilmente identificáveis, fazendo justiça à maioria esmagadora dos médicos dentistas que cumprem todos os requisitos necessários para uma prestação segura dos actos de medicina dentária».
Em causa está a portaria 268/2010 relativa ao Decreto-Lei nº 279/2209, de 6 de Outubro, que, entre outros requisitos, obriga a que esteja colocado «em local bem visível do público o horário de funcionamento, o nome do director clínico, os procedimentos a adoptar em situações de emergência e os direitos e deveres dos utentes, devendo ainda estar disponível para consulta a tabela de preço».
* * *
Óptimo; a saúde oral precisa e necessita de evoluir no nosso país. Esperemos agora também por legislação que regularize a actividade de todos os profissionais de saúde oral existentes em Portugal, avaliando periodicamente os respectivos exercícios profissionais e as necessidades de aquisição de novos conhecimentos e de aperfeiçoamentos profissionais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

457. Jovem de Abrantes pede ajuda para voltar a sorrir sem dores

Luís Lourenço gostava de colocar um aparelho nos dentes mas primeiro tem que ser operado para alinhar os maxilares, intervenção que custa cerca de 15 mil euros e que não é comparticipada pelo Sistema Nacional de Saúde.
Depois de ver todas as portas fecharem-se, Luís Lourenço, 21 anos, morador em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, decidiu expor publicamente o seu problema para tentar encontrar alguém que se solidarize com o problema de dentição que o atormenta. “Tenho muitas dificuldades para comer porque os dentes da frente (inferiores e superiores) não se juntam e acabo por fazer feridas no céu-da-boca com os incisivos da mandíbula inferior”, relata, acompanhado pela irmã, Ana.
Luís, que sempre teve muitos problemas dentários e complexos pela sua situação, gostava de colocar um aparelho de ortodontia mas foi informado pela dentista que o acompanha que tinha o maxilar inferior muito reduzido. De acordo com o atestado passado pela médica, e que faz questão de mostrar, tal só seria possível se fizesse uma cirurgia correctiva de forma a expandir as bases ósseas.
“Fui encaminhado para um cirurgião plástico que me confirmou que tinha um “deficit bimaxilar acentuado” e que só assim conseguiria esticar a mandíbula e obter uma harmonia esquelético-dentária para colocar o aparelho”, relatou. Todo o processo que permitia a Luís voltar a sorrir sem dores está avaliado em 15 mil euros.
O problema é que Sistema Nacional de Saúde (SNS) não comparticipa a medicina dentária. Em Setembro de 2007, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, frisava que cerca de metade da população portuguesa não tinha capacidade para pagar uma consulta de medicina dentária. “Enquanto não houver médicos dentistas nos centros de saúde ou sistemas de concessão, as pessoas estarão excluídas da saúde oral”, afirmou em entrevista à agência Lusa.
“Apesar de ter bastantes dores, sei que poderei vir a ter problemas respiratórios graves caso não corrija este problema”, atesta, triste por ter visto recusado financiamento junto de várias instituições bancárias. Também as companhias de seguros recusaram fazer a apólice uma vez que o problema já existe. “O meu pai é reformado, a minha mãe é doméstica e a mim não me dão o empréstimo porque trabalho numa empresa de trabalho temporário”, explica o jovem que diz que o seu problema é mais de saúde do que estético, mostrando-se revoltado por não ser operado através de uma unidade hospitalar estatal, mesmo fazendo os seus descontos e contribuições para a Segurança Social.
“Não temos 15 mil euros nem quem nos empreste este valor. Não temos outra solução e preocupa-me o meu irmão estar a sofrer. Esta não é uma questão estética mas sim de saúde. O meu irmão, neste momento, está a tomar todos os dias medicação para as dores.”, atesta Ana Lourenço, 27 anos, agastada com o problema que se arrasta e sem ter nada para hipotecar que possa ajudar. Por ter esperança e acreditar aceitou expor a situação.
Em Portugal, apenas as regiões autónomas têm sistemas de saúde oral a servir os utentes do SNS. Dados estatísticos da altura, indicavam que nos Açores há 19 médicos dentistas no sistema público regional de saúde e a Ordem prevê que, em alguns anos, os Açores tenham os melhores indicadores de saúde oral. Já na Madeira, há uma convenção entre o serviço regional de saúde e os privados, em que o sistema público reembolsa em parte o custo dos utentes que recorrem a dentistas privados.
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Talvez o Senhor Director – Geral de Saúde e a Senhora Ministra da Saúde tivessem mais tacto e juízo se resolvessem de imediato esta situação, em vez de estarem a financiar os canais de televisão portugueses em centenas de milhares de euros (dezenas de milhares de contos), sem que daí saia um único acto médico.
Como alternativa, coloquem de imediato os seus lugares à disposição de quem saiba gerir melhor os bens públicos do país.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

456. "Lançamento Turma do Bem Portugal", Segunda-feira, 14 de Junho às 19:30

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NOTA PESSOAL:
Pensei várias vezes se deveria publicar a postagem. Infelizmente, para mim, a EDP representa o nicho de empresas puramente capitalistas e sem uma verdadeira vocação social, o que leva-me a questionar o real interesse da TURMA DO BEM em fazer projectos com esta entidade (dá-me a entender que deve entrar aqui o mecenato, numa tentativa desesperada do Grupo EDP de fugir aos impostos; se assim for, então estamos em presença do pior mecenato praticável em Portugal).
Não coloco em causa a boa vontade da TURMA DO BEM em levar a saúde oral aonde o estado português falha por completo e as ordens profissionais do sector tapam os olhos, na tentativa de deixarem tudo como está e assim tudo continuar exactamente na mesma.
Lamentando o facto de o governo tirar dos nossos impostos para pagar a formação de dentistas que jamais estarão à disposição daqueles que mais precisam (a ética, neste caso, não conta para muitos profissionais de saúde oral, não conta para a Direcção - Geral de Saúde, nem tão pouco para o Ministério da Saúde, caso contrário os dentistas formados teriam de trabalhar no Serviço Nacional de Saúde num período mínimo de 2/3 anos para compensar a sua formação à custa dos nossos impostos), assusta-me agora ver aparecer este tipo de projecto associado a empresas multinacionais, aliadas ao grande capital e à exploração de mão-de-obra barata, ao mesmo tempo que nos fornece a energia eléctrica mais cara da Europa (toda a gente se lembra do escândalo do ano passado, quando a EDP pretendia aumentar escandalosamente o preço da energia eléctrica).
Se não bastasse, refiro também que, eu próprio também já fui uma vítima escandalosa por parte da EDP, pois tendo-se realizado concurso externo para admissão de recursos humanos e tendo eu ficado em primeiro lugar, em concurso nacional, aguardo à 20 anos que seja integrado na empresa (infelizmente não tive um padrinho dentro da EDP).