Pesquisa mostra que grande parte dos responsáveis não realiza higiene bucal em seus filhos após o uso de fármacos e não consegue estabelecer claramente a relação de causa e efeito existente em tal associação. Muitos medicamentos líquidos pediátricos apresentam açúcares em sua composição a fim de mascarar o gosto desagradável de alguns ingredientes ativos. O gosto agradável, no entanto, acaba escondendo os danos que esses medicamentos podem causar à saúde bucal das crianças, uma vez que sua ingestão freqüente pode provocar cáries.
Levando em consideração que os pais atuam como responsáveis pela administração e cuidados relacionados ao uso de medicamentos infantis, Beatriz Neves e equipe da Universidade Federal do Rio de Janeiro resolveram avaliar as percepções e atitudes de responsáveis quanto aos potenciais cariogênico e erosivo de medicamentos líquidos pediátricos. Foram realizadas entrevistas sobre a associação do uso de medicamentos infantis com cárie e erosão dentária, bem como os cuidados com a higiene bucal após sua ingestão. De acordo com artigo publicado na edição de setembro/outubro de 2007 da revista Ciência & Saúde Coletiva, “em geral, os responsáveis desconhecem os açúcares adicionados a muitos alimentos ou bebidas, incluindo medicamentos líquidos infantis, e, quando reconhecem a existência do açúcar, não identificam o tipo utilizado para adoçar as formulações pediátricas, e nem mesmo a sua concentração, fatos que podem induzir comportamentos que contribuem para o desenvolvimento da doença cárie”.
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Segundo os pesquisadores, “apesar dos responsáveis considerarem os medicamentos doces e relacionarem seu uso à presença de cárie e defeitos na estrutura dental, grande parte destes não realiza higiene bucal em seus filhos após o uso desses fármacos e não consegue estabelecer claramente a relação de causa e efeito existente em tal associação”. Dessa forma, os especialistas alertam para a importância de os profissionais de saúde orientarem os responsáveis em relação à presença de açúcar e ao baixo pH destas formulações infantis, levando-se em consideração a necessidade de administrá-las preferencialmente durante as refeições e antes da criança adormecer, e devendo ser seguida pela devida higienização da cavidade bucal.
“Considerando que a doença cárie é passível de prevenção, os médicos pediatras se encontram em condições ideais para alertar e transmitir aos pais e responsáveis informações e orientações sobre os riscos inerentes ao uso contínuo de medicamentos açucarados e o desenvolvimento de cárie dental, quando não existe adequada higiene bucal posterior”, destacam no artigo.
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