A delegação da
Madeira da Ordem dos Médicos Dentistas defendeu hoje, no Funchal, que o Governo
Regional deve retomar o programa de informação e promoção da saúde oral, face
ao aumento do número de crianças com cáries dentárias.
"Temos, de
algum modo, de investir na área da informação e da promoção da saúde oral, não
só nas escolas, mas também na informação aos pais. Não podemos perder aquilo
que durante 15 anos fizemos nas escolas da região", disse o presidente da
delegação da Ordem dos Médicos Dentistas, Gil Alves, após um encontro com o
secretário regional da Saúde, João Faria Nunes.
O programa de
promoção da saúde oral na Região Autónoma da Madeira encontra-se suspenso e a
Ordem dos Dentistas reconhece que, no caso de ser retomado, deverá aplicar-se
uma nova metodologia, não por falta de recursos humanos, mas sim financeiros.
Gil Alves
sublinhou que há registo de um aumento no índice das enfermidades, sobretudo
cáries e doenças gengivares, e lamentou que a comissão, criada pelo anterior
Governo Regional, no âmbito da intervenção precoce no diagnóstico do cancro
oral, não tenha continuidade.
"Vemos cada
vez mais, na nossa prática clínica, crianças de 3 e 4 anos com lesões da doença
cárie dentária", alertou Gil Alves, realçando: "constrange-nos
estarmos só a fazer o tratamento da doença e não a evitar que ela possa
surgir".
O presidente da
delegação da Madeira da Ordem dos Médicos Dentistas disse, ainda, que o
secretário regional se mostrou recetivo às preocupações, tendo inclusive comunicado
que vai nomear um profissional da área da medicina dentária para o coadjuvar na
implantação das medidas ao nível saúde oral na Região.
* * *
Os programas de
saúde oral devem ser feitos tendo em conta os recursos disponíveis. O Serviço
Nacional de Saúde deverá contemplar meios físicos, humanos e financeiros que
permitam integrar a saúde oral nos centros de saúde e nas unidades de saúde
familiares. O sector privado, ao longo de mais de trinta anos, ainda não
contribuiu para solucionar o problema do desigual acesso dos portugueses a
cuidados de saúde oral e tem usado, em larga escala, recursos públicos de forma
muito duvidosa nos resultados finais obtidos.
Compete às
autoridades públicas o dever de integrar a saúde oral no Serviço Nacional de Saúde
e garantir a igualdade de acesso de todos os portugueses aos cuidados de saúde
oral.Por exemplo, não se pode
continuar a permitir que uma pessoa possa assumir comportamento de riscos e
contrair determinadas doenças e dessa maneira tenha um acesso privilegiado aos
cuidados de saúde oral; é preciso colocar um ponto final nessa discriminação tão
negativa para tantos milhões de portugueses.
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