Para quase todas as pessoas existem essencialmente três épocas no ano em que se pensa no passado e se perspectiva o futuro, delineando, a partir desse momento, novos objectivos e metas a atingir. Uma das épocas é na mudança de ano, outra é no nosso aniversário (podendo esta ser simultânea com uma das outras) e a última acontece na altura de férias.
Estamos, portanto, na altura de tentar corrigir erros passados e procurar melhorar vários pontos que consideramos fundamentais para o nosso bem-estar e das pessoas que nos rodeiam. Por exemplo, esta pode ser a altura ideal para decidir deixar de fumar. Cada vez mais pessoas têm conseguido abandonar um hábito que, comprovadamente, causa graves problemas de saúde, pelo que todas as alturas são óptimas para tomar essa decisão.
Outra questão que tem grandes repercussões na saúde geral, tanto do ponto de vista psíquico como físico é o aumento de peso. Ora, não há melhor altura para tentar perder uns quilitos do que esta. Até porque é a época da praia e gostamos de estar com bom aspecto. O aumento de peso e a obesidade são questões cada vez mais actuais.
Nos últimos anos temos observado um aumento substancial de pessoas gordas ou obesas, situação resultante do nosso desenvolvimento, com o consequente aumento do poder de compra e acesso a bens e comodidades que predispõem a que tal ocorra. Isto é, por um lado temos acesso a todos os alimentos e iguarias que gostamos, por outro, praticamente não temos que realizar qualquer esforço que “queime” algumas das calorias que ingerimos, pois a grande maioria da população possui viatura própria, comando de televisão, elevador, etc..
Na questão da obesidade, não é só o aspecto da pessoa que está em causa, mas é também, principalmente, a sua saúde. Todos sabemos os riscos e as repercussões várias que o excesso de peso acarreta para a saúde geral das pessoas, questão que nos obriga a pensar seriamente nos cuidados que deveremos ter com a alimentação. É importante saber o que se deve comer, e como se deve comer. Portanto, esta será a época ideal para repensar os seus hábitos alimentares. Para tal terá que tentar adequar a sua a alimentação ao exercício que diariamente realiza. Muitas das vezes isso só será possível com o auxílio de pessoal técnico especializado (médico, nutricionista) e, principalmente, com muita vontade própria e bom senso. Mas é mesmo essencial a força de vontade, pois as solicitações e tentações são permanentes. Desde as festas, às compras e à publicidade todas são suficientes para desmotivar. Aliás continuo a ter a opinião que a sociedade actual terá de defender-se dos desequilíbrios que vai criando.
No caso da alimentação, sabendo a influência negativa que a “fast-food” tem vindo a ter na saúde das populações, já começa a ser tempo de legislar sobre o assunto, dificultando a sua publicitação e obrigando ao pagamento de taxas suplementares para quem vende estes produtos. Um pouco à semelhança do que acontece com o álcool e o tabaco. Os custos para a saúde da ingestão deste tipo de alimentos começa a ser extremamente elevado e alguém vai ter que colocar um travão neste problema.
Há toda uma tarefa educacional a desenvolver no sentido de esclarecer as populações (pais, filhos, tios e avós) acerca da alimentação mais adequada a ter. Por exemplo, cada vez observo mais pais (avós, tios), logo de manhã no café, a comprarem um pacote de batatas fritas e um sumo para crianças de tenra idade. Como sabem, não é só o problema da obesidade, mas também do maior risco para aparecerem outros problemas como a cárie dentária. Maior disparate não se poderia fazer.
Muitas vezes pensa-se que a alimentação correcta não comporta as coisas que nos sabem melhor, o que não é verdade. Desde que se tenha conhecimento suficiente, é possível conjugar as iguarias com uma alimentação equilibrada. É mais ou menos o que eu tenho afirmado acerca da forma como se devem ingerir os doces para diminuir o risco de vir a desenvolver cárie dentária. Neste caso, sabe-se que a ingestão dum doce no fim da refeição é muito menos nocivo que entre as refeições.
Portanto, não é assim tão difícil traçar objectivos e tentar cumprir, é só procurar informar-se da melhor forma de o conseguir.
PAULO MELO, Médico Dentista, Professor da Faculdade de Medicina Dentária da U.P., Membro da Direcção da Ordem dos Médicos Dentistas
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