quinta-feira, 7 de setembro de 2006

22) Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo

Esclarecimento dos Médicos Estomatologistas à população
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Devidamente autorizados pelo Conselho de Administração do Hospital de Angra e com conhecimento dos restantes estomatologistas da RAA vêm os abaixo assinados prestar o seguinte esclarecimento à população na sequência duma entrevista concedida pelo Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) a um jornal diário de Angra do Heroísmo e às diversas notícias que a sua visita e audiências oficiais proporcionaram então.
São aí feitas acusações graves e falsas ao Serviço de Estomatologia (SE) do Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo. Só para citar algumas, diz-se ser limitado, leia-se restringido, o atendimento a certos grupos, nomeadamente aos idosos; não ser a urgência da especialidade devidamente cumprida; auferirmos ordenados milionários, etc., etc. Veiculam-se também informações incorrectas.
Tencionamos, o mais sucintamente possível, esclarecer umas e outras e formular algumas esperanças.É falso:
1. Que haja “ limitação do atendimento no Hospital de Angra…” na verdade o SE do hospital de Angra para além de não limitar o acesso à sua consulta está ainda a suprir a falta de dentistas dos Centros de Saúde (CS) da Praia e de Angra, executando na Consulta externa para além do trabalho próprio, algum do que deveria ser feito naqueles CS acrescido de toda a urgência dentária e de patologia médica e cirúrgica da área oro-maxilo-facial.
2. “O montante de 432000 Euros para pagamento anual de serviço de prevenção aos médicos estomatologistas(ME) da RAA “ na verdade está muito além, talvez propositadamente, do valor real. Compreende-se o” desconforto” das autoridades ao serem confrontadas com tal imprecisão.
3. Que se verifique “…a incerteza de atendimento no Serviço de Urgência (SU) do HSEAH…”na verdade qualquer cidadão que se dirija ao SU do hospital é observado pelo médico de serviço que ao entender contactar e solicitar ou não a presença do especialista, que está de chamada e em regime de prevenção, o faz seguindo critérios estritos de urgência.
Duvida-se:
1. Que os dentistas possam:”…fazer quatro vezes mais com os mesmos recursos…” com efeito nem às tarefas que lhes estão actualmente conferidas (com atendimento prioritário às crianças até aos quinze anos dos dois concelhos da ilha) conseguem na íntegra atender…que fará a urgência dentária e a traumatologia maxilo-facial para a qual não têm competência…
2. Que tenham sido: “ pioneiros da medicina dentária nos Açores…”com efeito ainda antes do seu grupo profissional existir já havia estomatologistas no arquipélago a fazer a odontologia, arte dentária ou medicina dentária, como agora se chama, para além da restante patologia médica e cirúrgica do aparelho estomatognático. Foi o Serviço de Estomatologia de Angra o primeiro a abrir-se a internatos complementares parciais na região. Será que querem ser “ pioneiros” a nível nacional da sua entrada triunfal nos hospitais através do epicentro da Terceira fazendo nos Açores os prévios ensaios?
3. “… Que um médico-dentista (MD) seja um médico como outro qualquer…” na verdade fazem uma licenciatura em que os três primeiros anos básicos têm cadeiras comuns com o curso de medicina mas depois derivam para a área dentária não fazendo as cadeiras fundamentais da medicina que vão das propedêuticas, às patologias e respectivas terapêuticas. Não fazem também estágios hospitalares gerais nem tão pouco de especialidade. São licenciados não em Medicina mas na chamada Medicina-Dentária, que, por exemplo em Espanha, tem o seu equivalente na Odontologia e na América dá o título de Dentista. Os Estomatologistas fazem a licenciatura de seis anos em medicina, seguindo-se estágio hospitalar, muitas vezes clínica geral, internato da especialidade, provas públicas de ascensão na carreira, etc., estando naturalmente inscritos na Ordem dos Médicos como os Dermatologistas ou os Cardiologistas. Os Dentistas, à semelhança de outros profissionais de saúde como Farmacêuticos, Enfermeiros, etc. têm a sua Ordem profissional própria.
Estranha-se:
1. A seguinte frase proferida pelo Sr. Bastonário da OMD –“que cada estomatologista que saia e se reforme, seja substituído por um dentista.” O que tencionam propor à tutela é contraditório com todo o discurso que perpassa pela entrevista em questão e por todas as outras que nos tempos recentes têm sido proporcionadas ao representante da OMD nos Açores. A média de idades dos estomatologistas da região andará pelos quarenta e cinco anos. Segundo a lei vigente é de esperar que fiquem ao serviço entre dez e quinze anos. Será realista e consequente uma tal proposta, ou esperam que nos reformemos antecipadamente?
2. Que o Sr. Bastonário ache “ extremamente negativa a coexistência não pacífica entre os dois grupos profissionais” Mas é público e notório que os ataques aos médicos estomatologistas por parte dos dentistas, nomeadamente no Concelho de Angra, têm sido repetidos ciclicamente ao arrepio das boas regras de ética e deontologia, muitas vezes usando a polémica sobre este assunto como arma de arremesso político cujos intuitos são claros. Mais uma vez, agora pela voz do seu máximo representante, ao invés de enveredar pela via do diálogo e da colaboração, a que sempre estivemos abertos e cuja utilidade, principalmente para os doentes, é inquestionável, vêm desferir novo ataque a um sector que é parte integrante do Serviço Regional de Saúde.
Espera-se:
-Da parte da tutela um esclarecimento à população sobre o funcionamento da Medicina Dentária nos Centros de Saúde e dos Serviços de Estomatologia, nomeadamente o de Angra, que é injustamente acusado, bem como os seus profissionais, de incumprimento do seu dever.
-A nomeação pelo Exmo. Senhor Secretário dos Assuntos Sociais de uma Comissão para estudar os assuntos que se prendem com a saúde oral na Região Autónoma dos Açores.
-Que desta vez os médicos estomatologistas e os cirurgiões maxilo-faciais possam ser ouvidos, pois por eles e nas vertentes pública e privada passa também, para além das suas repercussões sistémicas, a saúde da boca, dentes e maxilares dos Açorianos.
Bruno Walter Ferreira, José Manuel Rosa e Valentim Araújo
Diário Insular

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