quarta-feira, 20 de setembro de 2006

43) Tornar os sorrisos bonitos

No consultório que ocupa há apenas 15 dias, Sónia São José luta todos os dias para mostrar que ir ao dentista não tem que ser encarado como um castigo. Desde muito cedo que Sónia São José se sentia atraída pela área da saúde. Escuteira desde os seis anos, sempre se imaginou num trabalho que lhe permitisse ajudar o próximo. Algo que diz conseguir com a medicina dentária.
Sónia São José, 24 anos, diz que é o facto de “cessar o sofrimento, de contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas” o que mais lhe dá prazer na profissão que começou a exercer há 15 dias numa clínica em Vila Franca de Xira.
Tendo-se candidatado primeiro a medicina, rapidamente se apaixonou pela especialidade dentária, sobretudo pelo “desafio acrescido” de conquistar a confiança das pessoas. É que, como diz a jovem dentista, “as pessoas ainda possuem uma ideia antiga e ultrapassada de que a medicina dentária está associada à dor”.
Todos os dias no consultório Sónia São José tenta desmistificar o trabalho do dentista, combatendo fobias resultantes de más experiências quando a tecnologia não era ainda uma aliada dos profissionais. “A área desenvolveu muitíssimo. Com a anestesia hoje os pacientes já não sentem qualquer dor”, garante. No dia a dia a médica dentista divide-se na realização de coisas tão simples e corriqueiras como a realização de exodontias, endodontias, restaurações em compósito e destartarizações. Para quem não percebeu, fica a tradução: extracção de dentes, desvitalização, remoção de cáries e colocação de massa branca e limpeza, respectivamente.
As extracções são o que mais prazer dá a Sónia. “Pela adrenalina, porque exige mais já que é irreversível, temos mesmo que conseguir”, explica. Pelo contrário, as endodontias, ou desvitalizações, são consideradas “o trabalho mais chato” pela generalidade dos médicos dentistas, segundo refere.
Apesar de só ter entrado no mercado de trabalho há 15 dias, Sónia São José conta já com três anos de especialização, a maior parte passada na clínica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. No seu currículo conta ainda com um estágio de seis meses numa unidade hospitalar da Hungria.
Uma “experiência extremamente enriquecedora”, tanto em termos profissionais como pessoais. Na Hungria contactou com uma outra realidade do mundo da medicina dentária, não tanto em termos de tecnologia, mas no que toca à assistência prestada aos cidadãos.
O Estado comparticipa tudo o que esteja ligado à medicina dentária, ao contrário do que se passa em Portugal, onde ir ao dentista é quase um luxo, já que o serviço público de saúde fica aquém das necessidades da população.
Para facilitar o contacto com os pacientes, Sónia São José teve que aprender um pouco de húngaro, o que “não foi nada fácil”. A jovem dentista conta ainda o episódio em que um paciente que atendia há um mês começou também a aprender algumas palavras em inglês. “Fiquei muito comovida”, refere.
Apesar das aulas de húngaro, houve alguns momentos em que diz ter-se sentido “frustrada” por não poder falar. Como em situações mais complicadas do foro oncológico ao nível da boca em que só tinha o olhar e os gestos para transmitir algum conforto e segurança aos pacientes.
Também em Portugal, em comparação com a Hungria, diz que há um “longo caminho ainda a percorrer no que toca à sensibilização da população para a importância da saúde oral”. Sónia frisa que muitas vezes as pessoas não sabem que a saúde oral influencia outras patologias, tornando ainda mais importante o cuidado com a boca.
Por isso aproveita para deixar alguns conselhos: escovar sempre os dentes depois das principais refeições, não usar escovas duras e preferir dentífricos adequados; usar fio dentário e bochechar frequentemente. Recomenda ainda uma a duas idas ao dentista por ano para melhorar a saúde oral dos portugueses.
O Mirante online (Sara Cardoso)
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A prática da medicina de saúde oral vista por uma profissional. Destaquei alguns excertos:
-o que se passa na Hungria demonstra plenamente que países com graus de desenvolvimento similares ou inferiores ao de Portugal podem e sabem investir os seus recursos no domínio da saúde pública, possibilitando aos seus cidadãos cuidados de saúde primários; por cá, é o que se diz no artigo - em Portugal, onde ir ao dentista é quase um luxo, já que o serviço público de saúde fica aquém das necessidades da população;
-“em Portugal, em comparação com a Hungria, diz que há um longo caminho ainda a percorrer no que toca à sensibilização da população para a importância da saúde oral. Sónia frisa que muitas vezes as pessoas não sabem que a saúde oral influencia outras patologias, tornando ainda mais importante o cuidado com a boca” – disto têm muito bem conhecimento os ministérios da Saúde e da Educação em Portugal; simplesmente a sua profunda burocracia e a falta de estratégias de combate aos verdadeiros problemas que deveriam debelar, em termos de saúde, empurram-nos para um país típico do desenrasca, em que o que mais conta geralmente é cada um conseguir forma de ter acesso aos privados ($$$$$$$$$$ …., isso mesmo, dinheiro para pagar) para realmente ser devidamente atendido. Pobre de quem nasça já pobre porque, na área da saúde, a descriminação por cá, em certas e muitas situações, surge logo à nascença.
Daí a necessidade de dar uma volta muito profunda na situação actual em Portugal, nomeadamente ao nível da saúde oral (há que nos aproximar também da qualidade que é prestada aos cidadãos dos outros países).
PORQUE, AFINAL, ATÉ SOMOS UM PAÍS DA UNIÃO EUROPEIA, TAL E QUAL COMO A HUNGRIA.
Gerofil

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