segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

119) PROJECTO “JOVENS / ESCOLAS / SAÚDE”

A ARS Alentejo encara o Plano Nacional de Saúde (PNS) como “quadro director da mudança organizacional” e como tal procura considerá-lo e valorizá-lo sempre que efectua o planeamento de actividades ou sempre que equaciona transformações culturais, arquitecturais e funcionais no sistema de saúde da região.
Nesta perspectiva, e seguindo a filosofia do PNS, entende esta ARS que é nas escolas, no local de trabalho e nos locais de lazer (onde é dispendido grande parte do tempo útil de um dia normal) que se devem introduzir e fomentar medidas de prevenção da doença e de promoção da saúde. Na realidade, estes são ambientes integradores de uma multiplicidade de intervenções de carácter diverso que como tal podem contribuir definitivamente para o sucesso destas acções de prevenção que visam diminuir a carga de doença ao longo da vida dos nossos cidadãos.
No caso especifico das escolas, este principio assume especial relevância dado o papel primordial que estas desempenham no processo de aquisição de estilos de vida e na sua importância para a já referida promoção da saúde e prevenção da doença.
Nesta sequência e no âmbito do Protocolo estabelecido entre os Ministérios da Educação e da Saúde, a Direcção Regional de Educação do Alentejo e a Administração Regional de Saúde propuseram-se levar a cabo a implementação no terreno do projecto denominado “Jovens / Escolas / Saúde”.
Efectivamente, com este projecto, aquilo que se pretende é promover a educação para a saúde em meio escolar, processo para o qual contribuem os sectores da educação e da saúde, assim como contribuir, em última instância, para a adopção por parte das escolas de políticas e práticas condizentes com a Promoção da Saúde, nomeadamente no que se refere à prevenção de comportamentos de risco.
Neste contexto, e no que diz respeito ao desenho curricular, consideram-se as áreas curriculares não disciplinares – área de projecto e formação cívica –, os espaços privilegiados para o desenvolvimento de actividades no âmbito do projecto que ora se inicia no Alentejo.
Vejamos uma caracterização sucinta de todo o Projecto:
1. População Alvo (Ciclo de Ensino) – Actualmente tem vindo a verificar-se, entre os jovens, um aumento dos comportamentos de risco. Entre outros salienta-se o aumento do sedentarismo, de desequilíbrios nutricionais, de condutas violentas, da morbilidade e mortalidade por acidentes, da maternidade e paternidade precoces e de comportamentos potencialmente aditivos, relacionados nomeadamente com o álcool, o tabaco e as drogas ilícitas.
Assim, e pelas razões acima expostas, os abrangidos pelo Projecto inovador que está em implementação no Alentejo são os alunos dos 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico e os do Ensino Secundário da região.
2. Parcerias – Os principais intervenientes são pois os elementos das escolas / agrupamentos, nas quais é desenvolvido o Projecto, elementos dos Centros de Saúde locais e elementos do Instituto Português da Juventude, bem como outros parceiros da comunidade, cuja introdução se revele pertinente. Neste momento, as Escolas que já estão a implementar este Projecto são:
- Escola Secundária Diogo Gouveia, em Beja;
- Escola Básica Integrada Diogo Lopes Sequeira, no Alandroal;
- Escola Básica 2, 3 e Secundária Doutor Hernâni Cidade, em Redondo;
- Escola Secundária D. Sancho II, em Elvas.
3. Conteúdos – As actividades que são desenvolvidas no âmbito deste Projecto incidem sobre as matérias que a seguir se referem:
- Relações Interpessoais;
- Questões de Saúde Mental;
- Educação Alimentar;
- Saúde Oral;
- Educação Sexual;
- Prevenção da Maternidade/Paternidade precoce;
- Prevenção do Consumo de substâncias lícitas e/ou ilícitas;
- Prevenção do VIH/SIDA e outras IST;
- Segurança ao nível das Instalações e Equipamentos e da Actividade Física;
4. Objectivos
- Criar nas Escolas um Gabinete de Apoio aos alunos no âmbito da Promoção da Saúde;
Contribuir para:
- A melhoria das relações intra e interpessoais;
- A promoção da educação alimentar;
- A promoção da saúde oral;
- A promoção da saúde sexual e reprodutiva, nomeadamente a prevenção da gravidez não desejada e das IST;
- A prevenção do consumo de substâncias adictivantes, lícitas e / ou ilícitas;
- A promoção da segurança ao nível das instalações e equipamentos;
- A promoção da actividade física regular.
5. Recursos Materiais e Humanos – Nas escolas, é necessário que seja disponibilizado um espaço para funcionamento do gabinete deste Projecto. Para além disto será utilizado sempre que tal se justifique um auditório, ou sala polivalente, para a realização de sessões de esclarecimento e / ou debates, quando estes envolverem um grande número de participantes. Outras actividades poderão decorrer nas salas das várias aulas ou em outros espaços disponibilizados pela escola, para o efeito.
Em relação aos recursos humanos, este são disponibilizados pelas escolas e pelos Centros de Saúde onde este Projecto for implementado. Sempre que possível, o Projecto pressupõe que sejam envolvidos os pais e Encarregados de Educação, bem como as entidades com as quais se estabeleçam parcerias.
6. Avaliação
A avaliação deste Projecto que ora se inicia será efectuada, essencialmente, em dois momentos distintos:
- avaliação periódica e no final de cada ano lectivo:
- A primeira deverá ser contínua, mas concretizada no final de cada período lectivo, com a elaboração de um relatório conjunto, realizado por todos os elementos intervenientes que desenvolveram as acções, e será apresentado, em reunião de Conselho Pedagógico, pelo coordenador do projecto.
- No final de cada ano lectivo, propõe-se que a avaliação seja feita pela equipa a trabalhar em cada escola, e incida sobre o plano de actividades desenvolvido no âmbito do projecto. Aquela deverá ter como objectivo o fomentar das boas práticas decorrentes da implementação do Projecto, assim como a reformulação das metodologias inerentes às acções desenvolvidas, que tiveram menor impacto junto dos alunos. Também daqui resultará uma reflexão, que deverá servir de base à elaboração de propostas de trabalho para o ano lectivo seguinte.
No que se refere em concreto à actividade do gabinete de atendimento aos jovens, deverá ser elaborado um registo de cada atendimento. Neste deverá constar o âmbito de cada esclarecimento solicitado e o encaminhamento dado, garantindo o carácter anónimo e confidencial.
* * *
Trata-se de um projecto que já deveria ter sido implementado em Portugal à 25 ou 30 anos atrás – infelizmente grande maioria da população adulta mais jovem desta região (Alentejo) ficou quase sempre muito longe do acesso a este tipo de projectos, com gravíssimas repercussões pessoais e interpessoais para muitos que hoje já são adultos.
Espanta-se o facto de o projecto ser restrito a uma minoria reduzida de crianças e jovens do Alentejo – a esmagadora maioria contínua, tal como à 25 ou 30 anos, com manifesta falta de apoio especializado em termos de saúde infantil e juvenil, a todos os níveis.
À ARS do Alentejo pergunta-se para quando a colocação de pessoal técnico especializado, a tempo inteiro, em cada um dos agrupamentos de escolas básicas e em cada uma das escolas secundárias da região ? Nos últimos anos tem-se assistido exactamente a uma situação inversa.
Temo, pois, que este projecto não passe disso mesmo: a esmagadora maioria dos que precisam urgentemente destas acções continuam a ser marginalizados.
Gerofil

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