sexta-feira, 2 de julho de 2010

464. BRASIL: Dentistas são contra fim do flúor na água

A Associação Brasileira de Odontologia (ABO) protesta contra o projecto de lei 297/2005, de autoria do senador António Carlos Valadares (PSDB-SE), que limita a utilização de flúor na profilaxia da cárie dentária à aplicação tópica e proíbe a adição da substância na água, bebidas e alimentos.
A proposta revoga a Lei nº 6.050, de 24 de Maio de 1974, que dispõe sobre a fluoretação da água em sistemas de abastecimento quando existir estação de tratamento, e está sendo relatada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) pelo senador Flávio Arns (PT-PR).
A entidade refuta as justificativas apresentadas pelo parlamentar. Valadares aponta a existência de dados que contrariam a tese de que a ingestão sistémica de flúor é eficaz na profilaxia da cárie dentária e que inúmeros outros estudos mostram também a enorme ocorrência de fluorose dentária.
O parlamentar afirma também que já existe um consenso entre os especialistas de que a acção profilática do flúor decorre sobretudo de sua aplicação tópica e que não faz sentido, portanto, obrigar toda uma população a ingerir um elemento tóxico na água de abastecimento público ou em alimentos e bebidas nos quais ele vem sendo rotineiramente adicionado.
Método eficaz e de baixo custo – De acordo com a ABO, a fluoretação do sistema de abastecimento público de água pode reduzir em até 60% a incidência de cáries. As estatísticas oficiais confirmam a validade da medida. O Ministério da Saúde diz que entre 1986 e 1996, houve uma queda de 53% na prevalência de cárie em crianças de 12 anos de idade provocada pela política de fluoretação.
O flúor é indicado por mais de 150 organizações de ciência e saúde, entre as quais a Federação Dentária Internacional (FDI), a Associação Internacional de Pesquisa em Odontologia (IADR), a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e, desde que seja oferecido à população em dosagens e teores adequados, não oferece risco às pessoas, declara o presidente da ABO.
OMS e FDI defendem o flúor – Segundo o Relatório Mundial da Saúde Oral de 2003 da OMS, as cáries continuam a ser um grande problema da saúde na maioria dos países industrializados, afectando de 60 a 90% das crianças em idade escolar e a grande maioria dos adultos. Ainda de acordo com o documento, a adição de flúor à água, onde possível tecnicamente e aceito culturalmente, tem vantagens substanciais na saúde pública.
Em Novembro de 2000, em Paris (2000), a FDI aprovou o Relatório sobre Flúor e Cárie. O documento conclui, com base em vasta evidência científica, que se a substância for usada apropriadamente e com as concentrações adequadas para a prevenção de cáries, o flúor é seguro e eficaz.
O relatório informa que a fluorose dental pode ser causada pela ingestão excessiva de flúor durante o desenvolvimento pré-eruptivo dos dentes, mas que nos níveis de flúor utilizados para prevenir as cáries, a opacidade ou fluorose somente ocorre numa proporção relativamente pequena da população.
De acordo com o relatório, estes sintomas em geral são muito suaves e, principalmente, de interesse estético. Conforme a FDI, uma vez que os níveis de ingestão sejam cuidadosamente monitorados, o flúor é considerado a medida da saúde pública mais importante para a manutenção da saúde oral.

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