No resumo do documento é referido que “Portugal, nos últimos 20 anos, tem desenvolvido programas de promoção da saúde e de prevenção das doenças orais assentes em estratégias universais (para toda a população), selectivas (para grupos risco) e indicadas (para os que têm doença), cuja monitorização tem sido feita, regularmente, pela Direcção-Geral da Saúde.” Surge aqui ao leitor a dúvida sobre quais os programas a que se pretende referir; deveria ter-se sido mais específico e listar quais os programas implementados no país nos últimos vinte anos e respectiva população – alvo de cada um deles. A pergunta fica feita: qual foi o programa que o Ministério da Saúde aplicou de forma a promover a prevenção das doenças orais, numa estratégia universal e destinada a toda a população.
O presente estudo é o resultado do levantamento da situação no ano lectivo de 2005/06, tendo como base o diagnóstico da “prevalência da cárie dentária, das doenças periodontais e da fluorose, bem como compreender alguns dos seus determinantes, nomeadamente, os relacionados com os hábitos alimentares e de higiene oral” tendo por base uma amostra de 2612 crianças de 6, 12 e 15 anos de idade das escolas públicas das várias regiões do país, incluindo as regiões autónomas. Sabendo-se que a maior parte das crianças frequentam o ensino público, fica aqui em aberto a possibilidade de avançar também com outro estudo ao universo residual constituído pelas crianças que estão fora do ensino público: em que medida haverá coincidências ou contrastes entre os dois universos e quais as razões para que isso aconteça?
Poderá a amostra de 2612 crianças ser segura, de forma a fazer-se uma extrapolação para o universo global de crianças existentes no país, para aquelas idades? O documento aponta para “índices de confiança intra e inter-observadores atingiram valores de 92,8% e 88,9%, respectivamente”, relativamente à cárie dentária.
O estudo permitiu apurar conhecimentos e os comportamentos relacionados com a saúde oral. Assim, apurou-se que “aos 6 anos de idade, 51% das crianças portuguesas estarem livres de cárie, quer na dentição temporária, quer permanente”; por outras palavras, aos 6 anos de idade, metade das crianças já apresentavam problemas de cárie dentária. Mais agravante é o facto de o CPOD (Índice de Cárie Dentária) passar de 0,07 aos 6 anos de idade para 1,48 aos 12 anos de idade e 3,04 aos 15 anos de idade.
Tais valores, embora de populações distintas, levam a concluir que existe a tendência dos problemas de saúde oral se agravarem de forma acentuada no final da infância e primeiros anos da adolescência dos jovens, no nosso país. Assim, torna-se indispensável que as autoridades competentes apostem na prevenção e tratamento dos problemas dentários da população escolar do ensino básico, generalizando a sua acessibilidade a consultas de saúde oral, apostando ao mesmo tempo na educação, fomentando a aquisição de comportamentos responsáveis.
A análise dos mesmos indicadores demonstra que a situação ainda é mais preocupante nas regiões autónomas, pelo que a existência de um cartão de saúde oral para todas as crianças e jovens deve constituir elemento vital para um controlo epidemiológico desta nefasta situação em alguns pontos do território nacional.
Constata o estudo de que, entre 2000 e 2006, “verificou-se um aumento de 30% de jovens com os dentes tratados. Estes ganhos em saúde oral resultaram, em grande parte, do processo de contratualização com o sector privado para a prestação de cuidados médico-dentários às crianças e jovens”. Se assim é, então que haja a possibilidade imediata de todas as crianças e jovens poderem ter acesso a esses processos de contratualização, uma vez que resultará em ganhos em saúde oral.
Avança o estudo que “a higiene oral, questionada através da execução da escovagem dos dentes, duas vezes por dia com uma pasta dentífrica fluoretada, era realizada por 50% das crianças de 6 anos e aos 12 e 15 anos, por 67% e 69% dos jovens respectivamente”, ou seja, entre um terço a metade das crianças e jovens não tem os melhores hábitos de higiene oral; esta situação é grave, na medida em que a escola e a sociedade não estão a cumprir com os deveres de formação parta a saúde de grande fatia da sua população infanto-juvenil. Como ninguém nasce ensinado, compete às autoridades competentes tomarem, no imediato, medidas que alterem este panorama, facilitando a aquisição de uma educação para a saúde, não apenas na teoria mas fundamentalmente prática, por parte das crianças e jovens; esse papel compete à escola, para além da família.
Refere o estudo que “a autopercepção que os jovens portugueses tinham da sua saúde oral era boa ou muito boa para 50% e razoável para outros tantos”; ora acontece que a realidade é muito diferente daquela que é percebida pelos jovens, pelo que há muito, mas mesmo muito, por fazer em termos de controlo epidemiológico das doenças orais junto das crianças e dos adolescentes.
“Após 20 anos de programas de saúde oral, dirigidos, prioritariamente às crianças e aos jovens, a percentagem de crianças livres de cárie dentária, aos 6 anos, passou de 10% em 1986 para 51% em 2006, o índice de CPOD de 1,1 para 0,07 e, aos 12 anos de 3,97 para 1,48”. Demasiado pouco, muito pouco, para um país-membro da União Europeia, onde entraram largos milhares de milhões de euros para tudo e mais alguma coisa, onde se organizaram todo o tipo de eventos à escala planetária, mas onde a saúde oral para uma larga maioria de crianças e jovens é apenas e tão só uma miragem, com as consequentes sequelas permanentes e irreversíveis para o resto das suas vidas.
O presente estudo é o resultado do levantamento da situação no ano lectivo de 2005/06, tendo como base o diagnóstico da “prevalência da cárie dentária, das doenças periodontais e da fluorose, bem como compreender alguns dos seus determinantes, nomeadamente, os relacionados com os hábitos alimentares e de higiene oral” tendo por base uma amostra de 2612 crianças de 6, 12 e 15 anos de idade das escolas públicas das várias regiões do país, incluindo as regiões autónomas. Sabendo-se que a maior parte das crianças frequentam o ensino público, fica aqui em aberto a possibilidade de avançar também com outro estudo ao universo residual constituído pelas crianças que estão fora do ensino público: em que medida haverá coincidências ou contrastes entre os dois universos e quais as razões para que isso aconteça?
Poderá a amostra de 2612 crianças ser segura, de forma a fazer-se uma extrapolação para o universo global de crianças existentes no país, para aquelas idades? O documento aponta para “índices de confiança intra e inter-observadores atingiram valores de 92,8% e 88,9%, respectivamente”, relativamente à cárie dentária.
O estudo permitiu apurar conhecimentos e os comportamentos relacionados com a saúde oral. Assim, apurou-se que “aos 6 anos de idade, 51% das crianças portuguesas estarem livres de cárie, quer na dentição temporária, quer permanente”; por outras palavras, aos 6 anos de idade, metade das crianças já apresentavam problemas de cárie dentária. Mais agravante é o facto de o CPOD (Índice de Cárie Dentária) passar de 0,07 aos 6 anos de idade para 1,48 aos 12 anos de idade e 3,04 aos 15 anos de idade.
Tais valores, embora de populações distintas, levam a concluir que existe a tendência dos problemas de saúde oral se agravarem de forma acentuada no final da infância e primeiros anos da adolescência dos jovens, no nosso país. Assim, torna-se indispensável que as autoridades competentes apostem na prevenção e tratamento dos problemas dentários da população escolar do ensino básico, generalizando a sua acessibilidade a consultas de saúde oral, apostando ao mesmo tempo na educação, fomentando a aquisição de comportamentos responsáveis.
A análise dos mesmos indicadores demonstra que a situação ainda é mais preocupante nas regiões autónomas, pelo que a existência de um cartão de saúde oral para todas as crianças e jovens deve constituir elemento vital para um controlo epidemiológico desta nefasta situação em alguns pontos do território nacional.
Constata o estudo de que, entre 2000 e 2006, “verificou-se um aumento de 30% de jovens com os dentes tratados. Estes ganhos em saúde oral resultaram, em grande parte, do processo de contratualização com o sector privado para a prestação de cuidados médico-dentários às crianças e jovens”. Se assim é, então que haja a possibilidade imediata de todas as crianças e jovens poderem ter acesso a esses processos de contratualização, uma vez que resultará em ganhos em saúde oral.
Avança o estudo que “a higiene oral, questionada através da execução da escovagem dos dentes, duas vezes por dia com uma pasta dentífrica fluoretada, era realizada por 50% das crianças de 6 anos e aos 12 e 15 anos, por 67% e 69% dos jovens respectivamente”, ou seja, entre um terço a metade das crianças e jovens não tem os melhores hábitos de higiene oral; esta situação é grave, na medida em que a escola e a sociedade não estão a cumprir com os deveres de formação parta a saúde de grande fatia da sua população infanto-juvenil. Como ninguém nasce ensinado, compete às autoridades competentes tomarem, no imediato, medidas que alterem este panorama, facilitando a aquisição de uma educação para a saúde, não apenas na teoria mas fundamentalmente prática, por parte das crianças e jovens; esse papel compete à escola, para além da família.
Refere o estudo que “a autopercepção que os jovens portugueses tinham da sua saúde oral era boa ou muito boa para 50% e razoável para outros tantos”; ora acontece que a realidade é muito diferente daquela que é percebida pelos jovens, pelo que há muito, mas mesmo muito, por fazer em termos de controlo epidemiológico das doenças orais junto das crianças e dos adolescentes.
“Após 20 anos de programas de saúde oral, dirigidos, prioritariamente às crianças e aos jovens, a percentagem de crianças livres de cárie dentária, aos 6 anos, passou de 10% em 1986 para 51% em 2006, o índice de CPOD de 1,1 para 0,07 e, aos 12 anos de 3,97 para 1,48”. Demasiado pouco, muito pouco, para um país-membro da União Europeia, onde entraram largos milhares de milhões de euros para tudo e mais alguma coisa, onde se organizaram todo o tipo de eventos à escala planetária, mas onde a saúde oral para uma larga maioria de crianças e jovens é apenas e tão só uma miragem, com as consequentes sequelas permanentes e irreversíveis para o resto das suas vidas.
3 comentários:
Muito interessante, e bastante preocupante a situação da saúde oral em Portugal.
Abraços
Olá JV
De facto, em termos de prestação de cuidados de saúde oral, a situação continua a ser muito preocupante em Portugal porque a maioria da população não tem recursos económicos que lhe possibilitem tratamentos adequados na altura certa; a esta situação alia-se o poder político que faz o jogo do faz de conta e nada resolve, antes pelo contrário, vai cortando os direitos da população ao acesso a cuidados médicos no Serviço Nacional de Saúde e promove a expansão desenfreada dos cuidados de saúde privados, muitas vezes aliados a poderosos grupos económicos geridos por, imagine, antigos políticos.
Vá continuando a dar uma vista de olhos aqui no Blogue e mande notícias.
Um abraço.
Muito dificilmente se conseguirão melhorias efectivas enquanto os médicos dentistas não integrarem a carreira médica hospitalar. Sem carreira no SNS, os portugueses continuarão sem hipótese de cuidados estomatológicos adequados. Não chegaremos lá com os cheques... Muito menos com uma carreira como técnicos.
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