domingo, 29 de abril de 2007

162) Portugal no último lugar

Os quase seis mil dentistas (estão inscritos 5.056 associados na Ordem dos Médicos Dentistas) existentes em Portugal seriam suficientes para que todos os portugueses recebessem os necessários cuidados em saúde oral. No entanto, não é o que acontece. E Portugal apresenta-se como o último dos países da União Europeia em cuidados de saúde a este nível, com cerca de, segundo números da ordem, 40 por cento da população a não receber os cuidados de que necessitam.
E perante esta realidade não resta aos especialistas portugueses senão lamentarem. E tentarem explicar. O esclarecimento – dizem – assenta na ausência de dentistas no Serviço Nacional de Saúde e nos fracos recursos económicos da maioria dos portugueses. Também a falta de informação está, muitas vezes, por trás das bocas mal tratadas dos portugueses, lembrou o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), bem como – reforçou – “a inexistência de mecanismos facilitadores do acesso à Medicina Dentária”. E neste campo inserem-se os mais idosos, os portadores de deficiências ou de doenças congénitas e do foro infeccioso, que necessitam de cuidados (ainda mais) especiais.
Por tudo isto e muito mais, nomeadamente, porque “não há saúde de uma forma geral sem saúde oral” é necessário que esta especialidade seja introduzida no Serviço Nacional de Saúde.
Quando nos referimos aos preços mais ou menos estáveis em todo o País e de consultório para consultório – a ordem garante que não há tabelas nem concertação de preços, até por proibição da Autoridade da Concorrência – como inibidores do acesso dos serviços a uma grande parte dos portugueses, Orlando Monteiro, bastonário, e Paulo Melo, médico dentista e professor na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, são unânimes. “Os preços apenas reflectem os elevados custos impostos pelas especificidades da consulta”. E o bastonário da OMD apontou o facto de as consultas desta especialidade serem pagas na totalidade pelo utente, para dar a real noção dos valores.
Pelo contrário – contrapôs –, “as outras especialidades são disponibilizadas pelo Estado, pagas pelos contribuintes através dos impostos, logo, o encargo surge de forma diluída e amenizada”.
Também o especialista Paulo Melo reconheceu que “as pessoas de menores recursos económicos não terão capacidade de ir a uma consulta privada”, mas dirigiu a justificação da impossibilidade de os preços nesta especialidade na direcção da que foi dada por Orlando Monteiro: os custos envolvidos numa consulta de medicina dentária são elevados e que dificilmente poderão baixar. “A solução passa por uma abertura ao acesso às consultas no âmbito do SNS à população mais carenciada”, reforçou o especialista, cujos números que avançou para quem não pode ser visto por um médico dentista se situa próximo dos 60 por cento.
O facto de não existir a especialidade nos quadros da Função Pública, para além de privar um grande número de portugueses de acederem “ao direito fundamental consagrado constitucionalmente, que é o direito à saúde”, levou à eliminação dos, já na altura, insuficientes serviços ao nível da saúde oral. E o especialista Paulo Melo deu a sua visão do que se passa. “Portugal deve ser dos poucos países europeus que não possui um departamento de saúde oral no Ministério da Saúde”, logo, “não existe nenhuma estratégia nacional a este nível”. E lembrou o processo para a retirada daqueles serviços nos centros de saúde.
O que existia nestas estruturas de saúde eram estomatologistas (pessoas com o curso de Medicina que faziam uma especialização em Estomatologia), mas a actual legislação europeia não contempla a formação deste grupo de profissionais, pelo que estarão em vias de extinção e deixaram de estar nos centros de saúde. “O que seria normal” era a substituição daqueles por médicos dentistas, mas como não existe a carreira destes especialistas na Função Pública, aquela situação aparentemente óbvia não se pôde concretizar, levando à cessação de saúde oral no sector público.
Paulo Melo, que fez a viagem pelo tempo para explicar o fim das consultas no serviço público, referiu-se ainda à actualidade. E esta revela que poucos são os centros de saúde que contam com médicos dentistas e quando tal acontece está-se perante contratações fora dos quadros da Função Pública.
Para além dos motivos anteriores para que os portugueses tenham «bocas feias», não se pode passar ao lado das notícias que de vez em quando dão conta da ilegalidade que ronda o sector. Geralmente, as ilegalidades assentam na inexistência de qualificações ou de qualificações inadequadas das pessoas que desempenham as funções de dentista. Os casos denunciados aguardam resposta dos tribunais, que são muitas vezes “deficientes”, até pela morosidade na resolução dos casos, apontou Orlando Monteiro. Não é fácil (como em qualquer outra área) para o comum utilizador perceber quem são os verdadeiros ou os que se fazem passar por tal.
Contra esta insegurança, o bastonário da OMD aconselha o doente a solicitar a carteira profissional a quem lhe está a prestar o tratamento. Ou em alternativa tentar saber junto da ordem se o médico dentista está inscrito e se tem as qualificações adequadas para exercer, ou não, o tratamento a que se propõe. Esta informação pode ser obtida através de telefone ou do sítio da Internet http://www.omd.pt/.
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A radiografia da situação está feita; falta apenas a vontade política para resolver a situação.
Gerofil

quinta-feira, 26 de abril de 2007

161) IV Reunião de Saúde Oral dos Açores com apoio do executivo açoriano

A Secretaria Regional dos Assuntos Sociais vai apoiar a realização da IV Reunião de Saúde Oral dos Açores que decorre de 26 a 28 deste mês, no vale das Furnas, em São Miguel. O encontro, organizado pelo Centro de Saúde da Povoação e acreditado pela Ordem dos Médicos Dentistas, visa promover a saúde oral junto da população açoriana e, em especial, da comunidade escolar.
Nesta iniciativa, de carácter bienal, participam profissionais nacionais e regionais de Medicina Dentária que irão delinear metas e estratégias para a continuidade do trabalho de promoção da Saúde Oral. Para além do seu cariz científico e social, aquele evento pretende ser o corolário do trabalho de prevenção na área da Saúde Oral que tem sido desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos nas escolas do ensino básico da Região Autónoma.
Paralelamente às conferências que vão decorrer para Médicos Dentistas e Assistentes de Clínica Dentária, estão programadas algumas actividades destinadas ao público em geral, designadamente, uma sessão para crianças no dia 26, pelas 10 horas, no polidesportivo da Povoação, e conferências sobre Saúde Oral para a população em geral, na manhã do dia 28, no Terra Nostra Garden Hotel, nas Furnas
Governo Regional dos Açores

terça-feira, 24 de abril de 2007

160) Nos Açores - Cerca 18 mil crianças com boletim de Saúde Oral

NOTA INTRODUTÓRIA: GOSTARIA QUE ESTA POSTAGEM FOSSE DO CONHECIMENTO PÚBLICO DO EX.º SR. MINISTRO DA SAÚDE E DE TODOS OS DEPUTADOS DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA NA ACTUAL LEGISLATURA. OBRIGADO.
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Cerca de 18 mil crianças açorianas já dispõem do Boletim Individual de Saúde Oral, um documento inédito no país que regista toda a informação e historial clínico do seu portador, anunciou hoje fonte ligada ao projecto. O coordenador regional do Programa de Promoção da Saúde Oral, Ricardo Cabral, adiantou à agência Lusa que o projecto, que arrancou em 2006, está a decorrer de forma "positiva" e já abrange as nove ilhas do arquipélago.
Segundo explicou o médico dentista, o boletim destina-se a crianças e jovens até aos 18 anos e pode ser solicitado, gratuitamente, nos 16 centros de saúde existentes na região." O objectivo, no futuro, é que toda a população possa ter um boletim individual de saúde oral", afirmou o especialista, que representa os Açores no Programa Nacional de Saúde Oral. Com a criação deste documento, o executivo açoriano pretendeu dotar o Serviço Regional de Saúde (SRS) de um instrumento de registo e consulta para a promoção da saúde e prevenção das doenças orais nas ilhas.
Para Ricardo Cabral, este documento representa mais um contributo para a saúde oral dos açorianos, que conjuntamente com outras acções de sensibilização e informação já realizadas, tem permitido consciencializar a população. O médico dentista assegurou que, embora sejam lentos, os resultados deste trabalho têm surgido, ao apontar o exemplo dos índices de cáries dentárias nas crianças açorianas, que, em 2000, eram de 4,5 por cento e, em 2005, passaram para 2,1 por cento.
Citando as conclusões do último estudo de saúde oral realizado no arquipélago, Ricardo Cabral referiu que, entre 2000 e 2005, houve um "ganho em saúde" real ao nível dos índices de cáries dentárias das crianças de 2,4 por cento. Quanto à percentagem de crianças isentas de cáries aos seis anos de idade, a região passou de 30,8 por cento em 2000 para os 37,3 por cento em 2005, sendo que a Organização Mundial de Saúde preconiza que, em 2020, se atinja os 80 por cento, disse.
Para o presidente da delegação açoriana da Ordem dos Médicos Dentistas, Artur Lima, o Boletim Individual de Saúde Oral constitui um "importante contributo" para a promoção da saúde, embora alerte para dificuldades na implementação do projecto na ilha do Faial. Artur Lima adiantou à Lusa que, no Faial, não há médicos dentistas no sector público, pelo que a distribuição dos boletins tem sido feito através de equipas de enfermagem." Os seis médicos dentistas que trabalham no Faial exercem todos clínica privada, porque o Governo Regional nunca abriu vagas para a função pública", afirmou Artur Lima.
Nos Açores exercem medicina dentária 74 profissionais, que cobrem todas as ilhas do arquipélago. Contactada pela Lusa, a directora regional da Saúde, Teresa Brito, garantiu que a situação do Faial está por resolver, não por falta de vontade da tutela, mas devido a questões de ordem legal. "A contratação de funcionários exige primeiro o descongelamento de vagas e a realização de um concurso público", afirmou Teresa Brito, para quem "a solução para esta lacuna deverá chegar a curto prazo". Segundo disse, os procedimentos legais "não são compatíveis" com a urgência das situações, embora saliente que o Governo açoriano tem feito "um trabalho gradual" para dotar todos os centros de saúde com novos equipamentos e materiais essenciais à prática da medicina dentária.
Cerca de centena e meia de médicos dentistas participam, no final do mês, num encontro sobre saúde oral na ilha São Miguel, que vai servir também para um rastreio gratuito à população, anunciou fonte da organização. A IV Reunião de Saúde Oral dos Açores decorre de 26 a 28 de Abril no concelho da Povoação, revelou Ricardo Cabral, para quem o evento vai permitir debater e trocar experiências entre os profissionais ligados à saúde oral de todo o país. Do programa, que tem início a 26 de Abril, consta uma acção de rastreio gratuita destinada à população, que vai decorrer no pavilhão desportivo da vila da Povoação.
ViaOceânica

segunda-feira, 23 de abril de 2007

159) O absurdo completo da política actual da saúde oral em Portugal

Em Portugal existem sete faculdades de Medicina Dentária e estão a ser formados médicos em números excessos, caminhando-se – alertou o bastonário da OMD – para “o desemprego”. O alerta de Orlando Monteiro teve a intenção de reforçar a necessidade de “uma intervenção política”.
O bastonário lembrou, aliás, que “já existem mais de 140 dentistas portugueses a exercerem a função no SNS de outros países europeus [Inglaterra e Holanda, por exemplo]”. Uma vez que no resto da União Europeia existe esta especialidade no serviço público de saúde e apresentam défice de dentistas. A explicação da deslocalização não assenta numa escolha livre, mas numa alternativa às dificuldades económicas que impedem esses profissionais de abrirem os seus próprios consultórios (única hipótese de exercer a profissão em Portugal).
Também aqui, minimizar a situação passaria pela introdução da especialidade no serviço público.
O Primeiro de Janeiro
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Preto no branco: gastam-se largos milhares e milhares de euros dos nossos impostos para formar especialistas que vão tratar pacientes no estrangeiro, quando é negado pelo nosso SNS a assistência a largas centenas de milhares de crianças, jovens e menos jovens portugueses de algo como pão para a boca.
Realmente, urge mudar seja o que for para colocar ponto final na banalização da pessoa humana praticada por quem dirige o estado.
Gerofil

quinta-feira, 19 de abril de 2007

158) Ministério da Saúde sem departamento de saúde oral. As consequências à vida

“Portugal deve ser dos poucos países europeus que não possui um departamento de saúde oral no Ministério da Saúde”. A constatação do médico dentista Paulo Melo revela-se, igualmente, uma contestação. E a consequência daquela afirmação é a inexistência de uma estratégia nacional para a saúde oral dos portugueses.
Os políticos nacionais – continuou o também professor na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto –nunca se preocuparam com a saúde oral dos portugueses e nunca tiveram a preocupação de irem substituindo os estomatologistas que se iam reformando, por médicos dentistas nos centros de saúde”. Mais uma situação que tem consequências e estas “estão à vista de todos”.
Não seria necessário a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) dizer que Portugal se encontra na cauda da Europa a este nível, uma vez que “quem andar na rua pode aperceber-se da quantidade de pessoas sem dentes anteriores”. Esta é uma realidade inegável, correspondendo “a uma situação embaraçosa, que os políticos teimam em ignorar.
Paulo Melo lamenta uma situação que – garante – “só não está pior por Portugal possuir dos melhores médicos dentistas da Europa”.
“Embaraçoso” é também o adjectivo usado pelo bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), que, classificando-se como “ingénuo”, está a depositar esperanças na Comissão de Saúde Oral que o actual Governo criou para avaliar a situação. Em finais de Maio deverão ser conhecidas conclusões.
Orlando Monteiro não escondeu que espera que “as conclusões sejam as óbvias…”. E o óbvio é o mau estado das bocas portuguesas e da necessidade de se proceder à criação de meios de acesso às consultas, no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, à população mais carenciada. Este acesso público à saúde oral é uma luta antiga da OMD, a que o bastonário tem dado voz e no qual tem envidado esforços. Para já – apesar de céptico em relação às comissões de uma maneira geral – espera para ver. Mas não de braços cruzados.
E, aproveitando a reestruturação dos serviços de saúde, Orlando Monteiro tem tentado, nomeadamente junto das Unidades de Saúde Familiar, sensibilizar os responsáveis para a necessidade desta especialidade ser introduzida nos centros de saúde e nos hospitais. Este responsável aponta críticas, mas também apresenta propostas. Por exemplo, Orlando Monteiro não considera como melhor solução a abertura de consultórios dentários em todos os centros de saúde do País. Pelo elevado investimento que implica, defende a criação de convenções e protocolos entre aqueles estabelecimentos e os consultórios privados que existem na área geográfica em que se inserir o estabelecimento, “aproveitando que o investimento nas estruturas já foi feito pelo sector privado”.
Reconhecendo que o ministro da Saúde, Correia de Campos, tem demonstrado “sensibilidade nesta área e vontade de, pelo menos, estudar o que poderá ser feito”, o bastonário dos médicos dentistas espera que seja passada para a prática a boa vontade que tem sido demonstrada. E reforçou que se o Plano Nacional de Saúde for cumprido, então até 2010 os hospitais terão de estar equipados com esta especialidade, para responder às emergências e urgências que actualmente não podem ser tratadas. Em situações de acidente não há resposta nas urgências.
No caso de a urgência ser por dor – “uma das mais fortes que o corpo humano sente”, apontou – “na melhor das hipóteses é prescrito um analgésico”. O especialista é categórico ao pedir: “É preciso agir politicamente”. E sabendo que “é impossível que toda a gente tenha tudo, é essencial que se faça o possível para que todos tenham o melhor possível”.
E, apesar de estar aquém das necessidades da sociedade, a criação de um programa de prevenção e tratamento, destinado a crianças dos três aos 16 anos já foi encarado como positivo pelo bastonário: “Não obstante ser ainda inacessível à maioria das crianças”, mesmo dentro desta faixa etária.
Apesar de para a maioria das pessoas poder ser difícil de perceber ou até indiferente, o especialista Paulo Melo quis separar o trigo do joio e apontou as diferenças entre os vários tipos de profissionais que tratam a cavidade oral dos portugueses.
“São três”, disse. Os estomatologistas, formados em Medicina, especializaram-se em Estomatologia e o seu âmbito de acção apenas difere do médico dentista no acesso às áreas vizinhas da cavidade oral, onde o estomatologista pode actuar. Os médicos dentistas com um curso de seis anos (em breve diminuído para cinco segundo Bolonha), têm durante os primeiros anos conceitos gerais de Medicina e nos últimos tempos de formação seguem um caminho próprio. O seu âmbito de acção é vasto, mas compreende apenas as estruturas que dizem respeito à cavidade oral.
Existem também os odontologistas, que “durante muito tempo exerceram a actividade ilegalmente, muitos não tinham sequer a formação básica”, e que depois foram legalizados pelo Estado português após lhes terem sido ministradas algumas horas de formação profissional. O seu âmbito de acção é bastante restrito, estando impossibilitados de realizar cirurgias mais complexas, prótese fixa e ortodontia.
Para complicar tudo isto, asseverou o médico dentista e docente na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, “a terminologia adoptada em diferentes países difere da nossa, pelo que profissionais europeus com a mesmo denominação correspondem a formações e áreas de acção completamente diferentes”. Paulo Melo ainda lembrou uma quarta classe de profissionais que são os higienistas orais, mais vocacionados para a prevenção “e devem exercer a profissão superintendidos por um médico ou médico dentista”.

terça-feira, 17 de abril de 2007

157) ERS cobra taxas a clínicas que diz estarem ilegais

O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas qualifica de, «no mínimo, estranho» e causador de «grande indignação» as denúncias feitas pela Entidade Reguladora de Saúde (ERS) segundo as quais a maioria das unidades de saúde privadas (83%) não estão licenciadas. Isto porque a ERS tem vindo a cobrar, desde o início do ano passado, taxas obrigatórias a todas elas.
Em declarações publicadas na edição de ontem do Diário de Notícias, Orlando Monteiro da Silva afirma concordar com o diagnóstico traçado no relatório da ERS, embora refira também que tal acontece porque, «mesmo para quem deseje ardentemente concluir a via sacra do licenciamento, a tarefa é praticamente impossível». Concordando que não existe nenhum consultório de medicina dentária licenciado em Portugal, o bastonário critica, contudo, a ERS por traçar este cenário sem nunca ter assumido parte da sua responsabilidade no controlo do funcionamento das unidades.
«O caso dos livros de reclamações dos utentes é um exemplo. A experiência que tenho é que eles seguem para a ERS e esta limita-se a distribuir os casos para outros organismos», afirma Monteiro da Silva.
Também o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, desfere críticas a ERS, ao questionar: «Os milhões que as unidades de saúde pagam à ERS servem para fazer relatórios a concluir o que toda a gente sabe há anos?». Pedro Nunes denuncia o facto de, embora apontando os problemas, a ERS não avançar uma «solução consistente» para os resolver, isto apesar de há anos se saber que a lei sobre o licenciamento não tem adequação à realidade e «tornaria ilegais todos os hospitais públicos, incluindo Santa Maria ou S. José», caso se aplicasse às unidades do Serviço Nacional de Saúde.
Diário dos Açores (23 de Março de 2007)

domingo, 15 de abril de 2007

156) 19 mil alunos da rede municipal recebem kit com pasta e escova

Bauru (BRASIL) - Cerca de 19 mil alunos da rede municipal de ensino de Bauru, do berçário à educação fundamental, estão recebendo kit de educação bucal contendo porta-escova, escova e pasta dentária. A prefeitura investiu R$ 50 mil na aquisição de 23 mil kits e ainda bonecos de fantoche, macromodelos, livros e slides educativos que estão sendo utilizados nas atividades do Programa Sorria Bauru.
O programa foi reestruturado e, nesta nova fase, os cirurgiões dentistas e auxiliares-odontológicos estão fazendo visitas às escolas municipais. Eles realizam palestras para alunos e professores enfatizando a importância dos cuidados com a saúde bucal e ensinando a escovação correta.
Ontem, os secretários municipais da Saúde, Mário Ramos, e da Educação, Ana Maria Daibem, participaram de uma visita da equipe do Programa Sorria Bauru à Emeii Maria Helena Amantini, no Núcleo Ouro Verde. A Secretaria Municipal da Saúde conta com três programas educativos. Paralelamente a eles, e além dos consultórios dentários nas escolas, a prefeitura oferece também atendimento gratuito à população. Além do Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), inaugurado na Universidade do Sagrado Coração (USC) no mês passado, Bauru possui consultórios odontológicos nas unidades de saúde e o Odontomóvel. Em 2006 foram realizados 81.177 atendimentos em odontologia na rede municipal de saúde.
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Pelo contrário, nós por cá tudo bem !!! Enquanto permanecer esta anestesia geral da sociedade, persiste uma inércia e continua falta de eficiência das autoridades competentes no que toca a uma política de saúde oral para toda a população; é esta, no fundo, sempre a esquecida e votada ao destino que tiver.
Infelizmente, tanto governos, parlamento como associações de profissionais ligados ao sector da saúde oral têm completa e total responsabilidade pelo que se tem passado nos últimos vinte anos em Portugal – infestam a opinião publica sobre os factos mas jamais se interessam em resolver os reais problemas da saúde oral no nosso país.
Não se compreende gastar algumas migalhas aqui e acolá, mostrando generosidade por meia dúzia de pessoas desafortunados da vida, quando depois existem milhares de milhões para investir e custear em tratamentos completamente evitáveis, em benefício e proveitos de sabe-se lá de quem quer que seja..
É assim que vai a política de saúde oral em Portugal.
Gerofil

sábado, 14 de abril de 2007

155) Quatro em cinco unidades de saúde privadas não têm licença

A maior parte das unidades privadas de saúde (83 por cento) em actividade em Portugal não está licenciada, apesar de este processo ser obrigatório, adianta a Entidade Reguladora da Saúde (ERS).
Entre as cerca de duas mil clínicas e consultórios dentários que existem em Portugal, não há mesmo um único licenciado, o mesmo acontecendo com os estabelecimentos termais." O sistema de licenciamento não funciona em Portugal", sintetiza o presidente da ERS, Álvaro Santos Almeida, ressalvando que isto não implica que as unidades de saúde não legalizadas não tenham condições para funcionar, mas sim que este processo é demasiado "complexo e moroso".
Então como é que as pessoas têm garantias de que estes estabelecimentos têm condições de funcionamento? "Não há garantias...", admite o presidente da ERS. O "caso extremo" das clínicas e consultórios dentários tem uma justificação: a impossibilidade de constituição de comissões de verificação técnica - que fazem as vistorias e inspecções necessárias a este tipo de estabelecimentos nas administrações regionais de saúde - e de elaboração do manual de boas práticas, devido à discordância entre os vários intervenientes no processo (ordens dos médicos, dos médicos dentistas e associações de odontologistas), explica a ERS.
No caso dos estabelecimentos termais, não há licenciamentos por falta de regulamentação de várias questões, como os requisitos de ordem técnica ou os quadros de pessoal. O problema da falta de licenciamento é ainda "particularmente grave" nos laboratórios de patologia clínica ou análises clínicas (dos 393, estão licenciados 98) e ainda mais nos prestadores de radioterapia e radiodiagnóstico (dos 451, apenas 90 estão licenciados).
Apesar de menor, a percentagem de não licenciados é ainda significativa em medicina física e reabilitação (47 por cento) e nas unidades privadas de saúde com internamento (25 por cento). Já das 89 unidades de diálise, só 11 não estão licenciadas.
Mas esta não é a única justificação para os atrasos na instrução de pedidos de licenciamento. Seja como for, a situação varia consoante o tipo de unidade de saúde, até porque não existe um regime jurídico único para o licenciamento, mas sim diplomas específicos. E há mesmo estabelecimentos - como os consultórios médicos - que nem sequer estão sujeitos a este processo, porque o diploma que os enquadra (um decreto-lei de 1942) apenas os obriga a comunicar a sua existência à Direcção-Geral da Saúde (DGS) e à Ordem dos Médicos.
Mas bizarro mesmo é o facto de os pedidos de licenciamento dos postos de enfermagem (também efectuados junto da DGS) terem de ser efectuados mediante a apresentação de um impresso da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM). O problema é que "a INCM afirma que tal impresso não existe", o que significa que não existe qualquer centro de enfermagem licenciado, refere a ERS. Além disso, os estabelecimentos do sector público e do sector social (como as instituições particulares de solidariedade social) não estão sujeitos a licenciamento, mas só ao poder orientador e de inspecção do Ministério da Saúde.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

154) Do outro lado da fronteira

En 2006, el PADIEx incluyó a 30.000 niños de 6, 7 y 8 años de edad, de los que alrededor del 55% frecuentaron al dentista, un porcentaje que otras comunidades, pioneras en este tipo de planes, tardaron cinco años en alcanzar.
A este respecto, el Gobierno extremeño ha matizado que este año, durante el pasado mes de enero, a todos los niños incluidos en el plan, nacidos entre los años 1998 y 2001, se les hizo llegar a su domicilio el correspondiente talón de asistencia dental y el directorio de dentistas englobados en el citado plan. De esta forma, los padres del menor acuden a las consultas y pueden recibir la oportuna evaluación y el tratamiento necesario a través de uno de los 173 puntos asistenciales ubicados en la región.
Concretamente, cada año se incorporan al plan los niños que cumplen 6 años, y permanecen en él hasta el 31 de diciembre del año en que cumplen 15 años. Desde los centros de salud, y por derivación de los servicios de seguimiento del embarazo, se realizan también actividades preventivas a mujeres embarazadas y, esta actividad, de reciente implantación, ha permitido que, durante el pasado año, fueran atendidas en estas consultas alrededor de 3.000 gestantes. Asimismo, se realizaron actividades de educación para la salud y prevención que benefician la salud oral de la embarazada y redundan en la de su hijo aún no nacido.
Por otro lado, el Plan de Atención Dental al Discapacitado ha atendido hasta la fecha más de 10.000 consultas y ha realizado más de 21.000 procedimientos terapéuticos.Según la Junta, han sido intervenidos bajo anestesia general alrededor de 500 personas que no han podido ser atendidas de manera convencional en las unidades de Salud Bucodental.
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Aqui fica um exemplo do trabalho feito no domínio da saúde oral, na Comunidade de Extremadura (ESPANHA). Está claro que se espera que as autoridades portuguesas tenham também consciência da extrema necessidade na urgência de generalizar o mesmo tipo de programas de saúde oral a toda a população portuguesa; afinal, tal como a Espanha, também fazemos parte da União Europeia (ou, dizendo por outras palavras, não é por falta de recursos que não se implanta em Portugal esses programas de saúde oral).
Gerofil