domingo, 2 de maio de 2010

446. Governo dos Açores investe na saúde escolar

As crianças e jovens açorianos, até aos 18 anos, vão passar a ser alvo de exames de saúde periódicos, a partir do próximo ano lectivo, no âmbito de um programa de saúde escolar promovido pelo Governo Regional dos Açores.
O Programa Regional de Saúde Escolar e de Saúde Infanto-Juvenil foi hoje apresentando no auditório da Escola Básica Integrada Francisco Ornelas da Câmara, integrado nas comemorações do Dia Mundial da Saúde. Na ocasião foi, também assinado um protocolo entre as Secretarias Regionais da Saúde e da Educação e Formação, que estabelece os mecanismos de cooperação com vista à implementação deste programa inovador, que contempla a realização de vários exames periódicos para despistagem de doenças em áreas como a saúde oral, obesidade, visão e audição.
Pretende-se incutir nos alunos do Pré-escolar ao Secundário competências de autonomia, de responsabilidade e sentido crítico, indispensáveis à adopção de comportamentos e estilos de vida saudáveis. A Secretaria da Saúde vai assegurar que as unidades de Saúde incluam a promoção da saúde em meio escolar nos respectivos planos de actividade, enquanto a Secretaria Regional da Educação e Formação se compromete a efectuar uma reorganização dos programas do ensino básico e secundário, na perspectiva do desenvolvimento da educação para a saúde, nos projectos de escola e de turma.
Serão formadas 17 equipas de saúde escolar, que incluirão um médico e um enfermeiro na base de 24 horas semanais por cada grupo de 2500 alunos. Podem integrar, ainda, estas equipas outros profissionais da área da Saúde e da Educação. “O Governo Regional, ao intervir na prevenção e no diagnóstico, estará a contribuir para a saúde e bem-estar das nossas crianças e jovens e, simultaneamente, espera-se que venha a reduzir substancialmente os custos sociais e económicos decorrentes de uma despistagem e tratamento tardios”, afirmou a Secretária Regional da Educação e Formação.
Para Lina Mendes este projecto de saúde escolar tem de funcionar como um contributo do Governo para a salvaguarda da saúde das populações mais jovens, sem contudo se sobrepor ao papel das famílias e dos encarregados de educação, os quais são em primeira instância os principais responsáveis pela saúde dos seus filhos/educandos.
Numa fase posterior é intenção da Secretaria Regional da Educação e Formação criar uma base de dados que garanta que cada aluno do Sistema Educativo Açoriano tenha um registo pessoal que integre não só informação relativas ao seu percurso escolar, mas também dados da sua saúde. Segundo Lina Mendes, este registo permitirá melhorar consideravelmente os níveis da gestão escolar, uma vez que, por exemplo, quando um aluno mudar de escola, o novo estabelecimento de ensino terá acesso imediato a todo o historial escolar e de saúde do aluno que recebe.
Para o Secretário Regional da Saúde estamos perante “um Plano de grande alcance em termos de prevenção e, porventura, um dos mais sólidos investimentos na saúde”. Segundo Miguel Correia muitas das nossas crianças e dos nossos jovens têm excesso de peso, uma alimentação desequilibrada e praticam pouca actividade física. Por outro lado a ameaça constante das dependências coloca em sério risco a adopção plena de uma vida saudável.
“Queremos que as nossas crianças sejam vistas regularmente pelo médico, que os seus parâmetros de saúde sejam avaliados periodicamente, que os nossos jovens saibam mais sobre saúde, saibam cozinhar refeições rápidas, divertidas e saudáveis”, disse.
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Não se entende que estes projectos não sejam de âmbito nacional, restringindo-se apenas a uma percentagem muito reduzida de crianças e jovens do país. É nestes aspectos que as entidades promotoras da saúde, e designadamente as organizações de médicos dentistas terão de actuar junto do governo, designadamente dos Ministérios da Saúde e da Educação e da Direcção-Geral de Saúde; tenham coragem e assumam as responsabilidades que lhes competem.
Enquanto não se apostar a sério em cuidados de saúde oral primários em todas as escolas e centros de saúde do país, continuaremos a ser um país europeu lembrado pelas piores condições de saúde oral da população.
Não poderemos continuar a enterrar a cabeça na areia e deixar tudo na mesma como está: a pior coisa que a geração de hoje pode fazer é limitar desde já a saúde oral dos nossos filhos e netos, deixando-os à sorte que tiverem e serem primeiros candidatos a futuros adultos revoltados com o sistema.

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