quinta-feira, 29 de outubro de 2009

401. Apresentado logótipo da candidatura ibérica ao Mundial

O logótipo da Candidatura Ibérica à organização do Mundial 2018/2022 foi apresentado esta quinta-feira em conferência de imprensa, na sede da Federação Portuguesa de Futebol. Na cerimónia estiveram presentes Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Angel María Villar, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), e Eugénio Chorão, Director-Geral da Euro RSCG Design & Arquitectura, empresa que idealizou a imagem.
“Procurámos criar uma imagem moderna, contemporânea e apelativa que fizesse a fusão entre os dois países – por intermédio das suas bandeiras – através da paixão que os une pelo Futebol”, explicou Eugénio Chorão.
Já o Madaíl salientou que este logótipo “transmite vontade de dois países vencerem, dois países que estão entrelaçados, não só pelo futebol, mas também pela sua história”, reforçando que este símbolo “era o que mais força podia dar a esta candidatura”.
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Um exemplo caricato e perverso do modelo de desenvolvimento sustentável que devemos querer para o país. Tendo a esmagadora maioria da população necessidades vitais de acesso a cuidados de saúde, a classe dominante não olha a meios para esbanjar os nossos recursos em festas e acontecimentos fora do alcance do pacato cidadão pagador de impostos e que nunca irá entrar num estádio de futebol.
Ao vermos estes projectos megalómanos estamos perante um ultraje e uma infâmia ao sofrimento de quem precisa e não pode ter acesso a cuidados de saúde.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

400. Tomada de posse do novo Governo

Toma hoje posse o segundo governo constitucional de José Sócrates. A Ministra Ana Jorge volta novamente a ser empossada no cargo de Ministra da Saúde.
O Saúde Oral congratula-se com a nomeação de Ana Jorge para o cargo de Ministra da Saúde e espera que a nova equipa ministerial reconheça a saúde oral da população portuguesa como um drama de saúde pública que urge tratar com urgência.
Juntamente com as diversas associações do sector e tendo em conta as prementes necessidades da população em termos de saúde oral, espera-se uma maior abertura para o dialogo na procura de consensos entre todas as partes interessadas, baseando-se numa nova filosofia em que esteja em primeiro lugar a garantia do acesso de toda a população portuguesa aos cuidados de saúde oral, banindo definitivamente as discriminações actualmente existentes, dando garantias de uma perfeita igualdade no acesso a cuidados de saúde oral.
Muito há ainda por fazer, começando necessariamente por avaliar e reformular os actuais programas de saúde oral, que pecam por excessivamente direccionados em termos de publico alvo, tendencialmente muito limitado em termos de tratamentos a efectuar e estarem essencialmente direccionados para o sector privado. A recuperação de equipas de saúde escolar é um aspecto de grande pertinência, porque é dentro das escolas que se deve começar uma verdadeira batalha pelos cuidados de saúde primários em termos de saúde oral.
Num país desenvolvido, é fundamental garantir a equidade entre os sectores público e privado; o estado tem de investir na área de saúde oral de tal forma que garanta uma igual concorrência com o sector privado de medicina oral, competindo apenas aos cidadãos a opção de escolha entre a oferta do Serviço Nacional de Saúde e os privados. Torna-se premente dotar todos os Centros de Saúde do país com a valência de saúde oral, medida que inicialmente poderá acarretar elevados encargos financeiro mas que terá de imediato impacto positivo na saúde da população portuguesa, e subsequente elevadíssimo retorno financeiro para o estado a médio prazo.
Medida prioritária consiste na criação de Boletim de Saúde Oral para toda a população, nomeadamente tornando-o elemento obrigatório imediato para as crianças e jovens que frequentem o ensino básico e secundário; por mais incrível que pareça não se compreende que países mais atrasados que o nosso estejam já muitíssimo mais avançados na área da saúde oral infantil e juvenil.

sábado, 24 de outubro de 2009

399. Mensagem dedica os mais novos sobre a importância da saúde oral

A boa saúde oral e dos nossos dentes constitui uma das principais condições essenciais para termos uma boa saúde ao longo de toda a nossa vida. Infelizmente muitas patologias oportunistas vão surgindo sem nós darmos conta e que depois mais tarde vão trazer gravíssimos problemas de saúde.
Ter todos os dentes sãos e uma boca sempre limpa é fundamental para que não surjam depois outras doenças. Portanto, é muito importante que observes frequentemente o estado de todos os teus dentes; caso detectes alguma mancha ou qualquer outro problema com algum dente, informa de imediato os teus pais e o teu médico de família.
Qualquer problema que tenhas com algum dente deve ser imediatamente tratado, pois os dentes são parte do nosso corpo e também precisam de ser cuidados porque vão viver connosco durante toda a nossa vida.
Já alguma vez sentiste alguma dor? Pois bem, se um dia perderes algum dente, podes começar a ter uma dor que será permanente e que irá durar para o resto da tua vida. Não será uma dor física como as normais, mas sim uma dor psicológica, de muito difícil cura ou mesmo sem nenhum tratamento; perder um dente para o resto da vida pode trazer consequências desastrosas para nós e que nunca mais serão reparáveis.
Quem já perdeu um dente está constantemente a perguntar a si próprio qual o motivo porque teve de perder o dente; além disso, a falta de um dente na nossa boca pode trazer logo outros gravíssimos problemas de saúde, muitos deles não visíveis como por exemplo passar a sofrer de zumbidos permanentes dia e noite nos ouvidos, como se o silêncio deixasse de existir para sempre.
Em Portugal ainda não se dá a importância necessária aos cuidados de saúde oral. O Ministério da Saúde quase não tem nenhum interesse no assunto porque inventa a falsa desculpa que é muito caro colocar dentistas nos centros de saúde para tratar as pessoas. O Ministério da Educação é desleixado e não faz rastreios nas escolas a todas as crianças e jovens para detectar quem precise de tratamentos dos dentes. Os dentistas necessitam que alguém pague as despesas que têm de efectuar com os tratamentos que precisam fazer a todas as pessoas. E não é justo veres os teus amigos com direito a todos os tratamentos que precisem e tu seres impedido de teres os mesmos tratamentos.
Assim, como em muitas outras coisas do nosso dia a dia, temos de nós próprios a lutar por aquilo que precisamos. Tens de ser tu próprio a ter coragem e exigir junto de todos (pais, escola, médico de família) que tratem qualquer problema que encontres nos teus dentes; só tu é que tens o problema e apenas tu é que sofres com o problema. Por isso não sejas nunca cúmplice de qualquer problema com os teus dentes e procura ajuda para que te possam tratar – não vai ser fácil, mas nunca desistas e não deixes de lutar por aquilo que é um direito teu: acesso aos tratamentos de saúde oral. Quando fores adulto serás recompensado por uma melhor saúde e poderás ser muito mais feliz.
E nunca deixes de lavar diariamente os teus dentes e usar também diariamente o fio dental; serás recompensado por uma melhor saúde e viverás muitos mais anos.
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EXTRACTO DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS DA CRIANÇA
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Art.º 3º - 2. Os Estados Partes comprometem-se a garantir à criança a protecção e os cuidados necessários ao seu bem-estar.
Art.º 24º - 1. Os Estados Partes reconhecem à criança o direito a gozar do melhor estado de saúde possível e a beneficiar de serviços médicos e de reeducação; 2. b) Assegurar a assistência médica e os cuidados de saúde necessários a todas as crianças, enfatizando o desenvolvimento dos cuidados de saúde primários; Os Estados Partes velam pela garantia de que nenhuma criança seja privada do direito de acesso a tais serviços de saúde.
(Assinada por Portugal a 26 de Janeiro de 1990 e aprovada para ratificação pela Resolução da Assembleia da República n.º 20/90, de 12 de Setembro.)
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Repassem esta mensagem aos mais novos; já que é tão lamentável o desprezo manifestado pelas instituições oficiais, nomeadamente os Ministérios da Educação e da Saúde, em assumir globalmente as suas responsabilidades pela saúde oral das crianças e jovens do país, vamos informá-los dessa situação, para que eles próprios ganhem consciência das enormes atrocidades cometidas actualmente em Portugal na igualdade de acesso a cuidados de saúde, incluindo o acesso aos cuidados e tratamentos de saúde oral na infância e adolescência.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

398. Saúde oral em Portugal e no mundo

Em Portugal existem recursos económicos, humanos e materiais para dar uma resposta global às necessidades de cuidados de saúde oral de toda a população; falta apenas a vontade política para que o Ministério da Saúde assuma as suas responsabilidades e integre a saúde oral em todos os centros de saúde e hospitais públicos existentes no país, em perfeita igualdade com o sector privado, dando as mesmas oportunidades de acesso a cuidados de saúde oral a todas as pessoas, sem qualquer discriminação de idade, grupo social ou possibilidades económicas.
Ao longo dos últimos anos, o Saúde Oral tem feito uma análise às políticas de saúde oral seguidas em Portugal. A maior parte dos leitores do Saúde Oral são de Portugal e do Brasil, mas também temos muitos leitores de países de língua espanhola e francesa.
Para trocar experiências, solicitamos aos leitores do Saúde Oral residentes fora de Portugal que escrevam e contem como se processa os cuidados de saúde oral nos vossos países. O Saúde Oral tem todo o interesse em divulgar a realidade das políticas de saúde oral existentes nos vários países do mundo e comparar com o que é feito em Portugal.
Participe e escreva, utilizando o email tempogero@gmail.com; pode acompanhar a actividade do Saúde Oral nas redes sociais, lendo e subscrevendo o Friendfeed, o Twitter e o Facebook ou active o RSS do feedburner no seu computador para acompanhar as actualizações do Saúde Oral.
A participação de todos é essencial para que se possa alertar e consciencializar a opinião pública e os dirigentes políticos portugueses para a necessidade de encararem os cuidados de saúde oral como fundamentais para a saúde geral de toda a população.

sábado, 17 de outubro de 2009

397. Metade dos portugueses não pode pagar dentista

Cerca de metade da população portuguesa não tem capacidade para pagar uma consulta de medicina dentária, o que prejudica a saúde oral e está a levar os dentistas a procurarem outros países para exercer a profissão. «Estimamos que cerca de 50 por cento da população portuguesa não tenha capacidade para pagar sequer uma consulta na medicina dentária privada. Enquanto não houver médicos dentistas nos centros de saúde ou sistemas de concessão, as pessoas estarão excluídas da saúde oral», afirmou em entrevista à agência Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva. A Ordem tem pugnado para que haja dentistas nos centros de saúde e hospitais portugueses ou para que se criem sistemas de convenção com os privados.
Orlando Monteiro da Silva citou um estudo realizado pela Universidade de Liverpool, onde Portugal figura com «o cenário mais negro na Europa» nos cuidados de saúde oral. E é em grande parte o facto de não existir oferta por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ao nível da medicina dentária que também está a criar um excesso destes profissionais no país e a Ordem lamenta a «ausência de planeamento de recursos humanos».
«Se a população portuguesa passasse a ter toda acesso aos cuidados de saúde oral, os médicos dentistas provavelmente não chegariam», estimou Orlando Monteiro da Silva. Mas como isto não se verifica, os dentistas portugueses estão a procurar outros países: «Estamos a exportar recursos humanos para países deficitários, como a Inglaterra e a Holanda, porque nos países nórdicos a profissão deixou de ser atractiva». Portugal e Polónia são os países que mais contribuem para os serviços de saúde oral do SNS inglês, por exemplo.
As estimativas da Ordem indicam que dentro de três anos, em 2010, haverá um dentista por cada 1.180 habitantes em Portugal. Em comparação, Espanha terá um profissional por cada 2.667 habitantes, a Holanda um para cada 2.118 habitantes e o Reino Unido um por cada 2.105 cidadãos.
As projecções do número de médicos dentistas para os próximos anos revelam «um descontrolo por excesso de formação de licenciados». «O resultado será inevitavelmente o do aumento do desemprego e sub-emprego na classe», refere a Ordem.
Em Portugal, apenas as regiões autónomas têm sistemas de saúde oral a servir os utentes do SNS. Nos Açores há 19 médicos dentistas no sistema público regional de saúde e a Ordem prevê que, em alguns anos, os Açores tenham os melhores indicadores de saúde oral. Já na Madeira, há uma convenção entre o serviço regional de saúde e os privados, em que o sistema público reembolsa em parte o custo dos utentes que recorrem a dentistas privados.
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É bom que o futuro Ministro da Saúde comece por arrumar a casa. Nos últimos quatro anos assistimos ao nascimento e à morte de programas de saúde oral, persistindo sempre o mesmo problema: todos pagamos impostos para formar dentistas que depois não são colocados ao serviço de quem precisa.
Esta situação aberrante não pode continuar a persistir num país civilizado e deve ser denunciado a todos os níveis; a saúde oral não pode continuar a ser tratada pelos governos e organizações do sector como um negócio.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

396. Dentistas usam esquemas para sobrefacturar à ADSE

A maioria dos médicos dentistas com convenções com a ADSE (o sistema de segurança social dos funcionários públicos) recorrem a estratagemas ilegais para compensar os valores "obscenos" que lhes são pagos pelos seus serviços. A denúncia é de Jorge Crespo, médico dentista em Vila Real, que tem o seu caso em tribunal e garante que 90% dos colegas recorrem àquilo que na classe se chama de "compensações" (ver caixa).
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiro da Silva, confirmou, ao JN, ter conhecimento de alguns casos, só podendo, no entanto, remeter para as instâncias competentes aqueles que lhes chegam por via oficial. E garante que a direcção da ADSE "sabe do que se passa, mas só actua em situações visíveis", como já o reconheceu em reuniões com a OMD.
Lamentando a existência de ilegalidades, Orlando Monteiro responsabiliza a própria ADSE. "Apresentam-nos tabelas de pagamento morais, que não são actualizadas desde 1991", diz, apontando o exemplo do valor que os médicos dentistas convencionados recebem por uma consulta: 4,99 euros pagos pela ADSE e 2,49 euros pagos pelo utente, ou seja, 7,48 euros, isto quando, segundo um estudo elaborado pela Universidade Católica, o valor médio do custo de uma consulta sem tratamento é de 34,50 euros (ver caixa). "É ridículo, não chega sequer para pagar os materiais", classifica o bastonário, alertando para o facto de estar em causa a "qualidade", quer em termos de materiais usados, quer de tempo dedicado. "Isto potencia as ilegalidades".
A OMD já tentou renegociar os valores das tabelas e propôs até a sua eliminação, em troca de um regime livre de comparticipação em que o utente pagaria a totalidade ao médico dentista e seria depois reembolsado pela ADSE. Além de possibilitar a escolha do médico, permitiria um controlo do tratamento que é feito: o doente pagaria apenas o que lhe é feito de facto. "Não recebemos resposta, sequer", diz o bastonário.
O JN também não conseguiu, apesar de 15 dias de tentativas, qualquer comentário da parte do director-geral da ADSE. "Seria impopular acabar com as convenções perante o funcionalismo público, porque obrigaria as pessoas a adiantar o dinheiro", arrisca-se a analisar o bastonário da OMD, garantindo que a situação se alarga a outros ramos da medicina.
Questionado sobre o porquê de os médicos dentistas manterem convenções que lhes são prejudiciais, Orlando Monteiro aponta o dedo à saturação do mercado de trabalho. "Temos quase cinco mil médicos dentistas em Portugal e sete faculdades. É um número excessivo para o país". Equivale a um médico dentista para menos de 2500 habitantes, num país em que a medicina dentária é toda ela privada e à qual, por tal, 40% da população não tem acesso. A grande maioria dos profissionais tem menos de 35 anos, foram formados desde 1995 e trabalham em consultórios partilhados, sendo 41% deles trabalhadores dependentes.
"Já há muitas situações de subemprego e mesmo desemprego", adianta o bastonário da OMD, sendo preferível trabalhar a perder dinheiro. "Sem carreira no Serviço Nacional de Saúde (SNS), aceitam trabalhar para quem tem convenções, ao preço que calha", completa Jorge Crespo.
E se a ADSE não abre vagas para convenções há mais de dez anos (o que faz com que muitos médicos dentistas trabalhem para a ADSE com fichas de outros profissionais, ilegalmente), outra fonte de emprego é encontrada nos contratos com seguros de saúde oral. Aí, adianta a OMD, há parte dos actos que são feitos "gratuitamente". Aceita-se "porque sempre são clientes que se vão tendo e podem trazer outros..."
A OMD aponta ainda violação da concorrência fruto da aplicação das tabelas da ADSE, questão que conta, aliás, colocar nas instâncias europeias.
Orlando Monteiro resume o quadro como pantanoso. E acredita que se resolveria com a racionalização da formação e com a abertura do Serviço Nacional de Saúde à medicina dentária. Quer "nos 143 consultórios fixos ou móveis que existem" no SNS, quer através de convenções.
Preocupações de que espera dar mais uma vez conta dele ao Ministério da Saúde no decurso do seu congresso anual que hoje arranca no Europarque da Feira. Onde aproveitará a presença do presidente da Entidade Reguladora da Saúde.
Jorge Crespo é médico dentista em Vila Real e tinha um contrato com a ADSE até ser alvo de um processo, no qual diz estar inocente. Acusa ex-colegas de usar as fichas da convenção em seu nome. Desgostado, resolveu contar como se "compensa" o baixo valor do pagamento das convenções (que representam uma média de 50% dos doentes de cada dentista). "Facturam-se extracções de dentes a crianças que já os perderam, tratamentos que nunca existiram, ou que já foram cobrados por outro colega", por exemplo. Um sistema facilitado pela burocracia: obrigando a preencher uma ficha em triplicado, manda-se o doente embora sem lhe entregar a sua parte, evitando o controlo de quem foi tratado. Depois, continua, ao utente, cobra-se uma quantia pelo aluguer do espaço, passado em recibo à parte, em nome da clínica e não do médico convencionado. Jorge Crespo garante que 90% dos médicos dentistas recorrem a estas compensações. E que a ADSE "não fiscaliza".
18 de Novembro de 2004

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

395. As benesses de 11 000 milhões de euros do estado à PORTUGAL TELECOM e ao CITIGROUP

Em causa está a cedência a título definitivo da rede fixa de telefone à Portugal Telecom, em 2002. A PT pagou 365 milhões, por um activo que avaliou, à data, em 2,3 mil milhões de euros. "Vendeu-se a rede fixa por um sexto do seu valor", acusou na altura a Sonaecom, que se manifestou "perplexa" com todo o negócio.
A necessidade de encontrar receitas extraordinárias foi o que motivou a concretização deste negócio, como Ferreira Leite assume nas declarações ao i. Os 365 milhões encaixados, em conjunto com a concessão da CREL à Brisa, permitiram ao Estado respeitar os 3% de défice impostos por Bruxelas em 2002. "Estão reunidas as condições para que o défice orçamental previsto para 2002 se cumpra", garantiu então Manuela Ferreira Leite.
No ano seguinte, este limite foi igualmente respeitado graças a um outro negócio muito controverso com a assinatura de Ferreira Leite: a cedência de 11 mil milhões de dívidas fiscais que o Estado tinha a seu favor ao Citigroup. O governo de Durão Barroso vendeu estes 11 mil milhões por 1,75 mil milhões.
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Já pensou a quantidade de dinheiro em jogo? Pois bem, esse dinheiro público de todos nós foi “oferecido” a duas entidades privadas sem qualquer retorno. Agora faça contas e imagine, por exemplo, que esse dinheiro daria para garantir todas as despesas de saúde oral da população portuguesa durante mais de 200 anos (5 gerações); já agora, faça também o favor de acreditar nos políticos que dizem não haver dinheiro para colocar um dentista em cada centro de saúde do país.
Puro roubo às descaradas do bem publico por parte dos governantes portugueses, mais interessados no encaixe de milhares de milhões de euros nos amigos colocados nos grupos privados do que zelar pelo bem publico. E depois não se queixem de haver no país crianças com 10 anos de idade já sem dentes definitivos para o resto da sua vida.
O senhor Presidente da República e a Procuradoria-Geral da República nada têm a investigar neste tipo de comportamento completamente lesivo por parte dos detentores de cargos ao mais alto nível do estado?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

394. 10ª edição do Mês da Saúde Oral da Colgate e SPEMD

Com o objectivo de prevenir as doenças orais e intensificar a educação para uma correcta higiene oral junto da população portuguesa, a Colgate e a SPEMD (Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária) realizam, em Outubro, a 10ª edição do Mês da Saúde Oral.
Durante o mês de Outubro, centenas de médicos estomatologistas e médicos dentistas de todo o País (incluindo Açores e Madeira) vão abrir as portas dos seus consultórios para realizarem, voluntariamente, check-ups dentários gratuitos à população portuguesa (sem tratamento ou exame radiográfico).
Uma década depois, o “Mês da Saúde Oral da Colgate e SPEMD” já permitiu a realização de mais de 95 mil rastreios dentários gratuitos e institucionalizou-se entre a população portuguesa, que todos os anos adere a esta campanha, e os profissionais de saúde oral, que continuam a colaborar voluntariamente neste esforço comum em prol da boa higiene oral da população portuguesa.
Para qualquer esclarecimento, contacte por favor:
Emirec Comunicação - Cristina Brito Telf: 21 301 13 90, Telm. 918 840 101 - Email: cristina.brito@emirec.pt
Como participar? Para participarem no Mês da Saúde Oral da Colgate e SPEMD, os interessados podem obter informações sobre o consultório aderente mais próximo da sua residência, através da “linha azul” – 808 205 206, diariamente, a partir de 17 de Setembro entre as 12h00 e as 23h00. Marque o seu check-up dentário gratuito, directamente para o consultório por si escolhido.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

393. 900 vilarrealenses já estão na lista de espera do dentista

Depois das cataratas e dos tratamentos oftalmológicos, que estiveram na base das mediatizadas viagens à ilha caribenha de Cuba, a Câmara de Vila Real de Santo António vai agora tratar da saúde oral dos munícipes. Para arrancar com o programa, seis clínicas privadas já assinaram um protocolo com a autarquia, que vai desembolsar uma verba inicial de 300 mil euros.
De forma a dar prioridade aos casos mais urgentes, o município contratou também um médico dentista que, ao longo dos últimos dois meses, tem feito rastreios semanais nas três freguesias do concelho. «No caso da oftalmologia, não houve parcerias com a rede de privados portugueses porque os preços e a qualidade não eram competitivos com Cuba. Agora, houve compreensão dos profissionais de medicina dentária do concelho, que se dispuseram a praticar um valor abaixo dos preços de mercado para que os tratamentos fossem feitos aqui no município», explicou o autarca Luís Gomes ao «barlavento».
Questionado sobre se a medida irá abrir uma nova «brecha» no relacionamento com o Ministério da Saúde, o social-democrata respondeu que o único problema que existe é entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a população. «Não há médicos dentistas no centro de saúde de VRSA e no Hospital de Faro existe apenas um ou dois, para tratar toda a região», argumentou.
Por agora, o protocolo garante financiamento até ao final do ano, embora a sua renovação dependa da cor política que vier a ocupar a cadeira do executivo depois de 11 de Outubro. «O protocolo não tem prazo e é mantido enquanto houver vontade política e necessidades da população. É como o protocolo que temos com a república de Cuba, que é infindável a não ser que alguma das partes o denuncie», assinalou Gomes.
Segundo o edil vilarrealense, os 300 mil euros agora disponibilizados não serão suficientes para garantir os tratamentos das 900 pessoas já em lista de espera, o que obrigou a dar prioridade às crianças e idosos.
De acordo com o coordenador do programa «VRSA a Sorrir» Paulo Sousa, a atenção será redobrada nas faixas nas etárias mais jovens, onde há crianças com menos de 10 anos em que a extracção dos dentes definitivos é já a única solução possível. Sobre as causas desta situação, o médico dentista associa às questões culturais à fraca capacidade económica das famílias. «Nota-se que há, em Vila Real, grupos com uma grande incidência de problemas dentários devido à falta de recursos para pagar tratamentos de rotina nos privados», concluiu.
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É claramente vergonhoso ser portugues e ter conhecimento que o Ministério da Saúde, a Direcção-Geral de Saúde e a Administração Regional de Saúde do Algarve permitem a existência de crianças com menos de 10 anos de idade já sem dentes definitivos, em pleno Século XXI e na região turística por excelência de Portugal. A pergunta é simples: algum filho ou neto com menos de 10 anos de idade da Senhora Ministra da Saúde, da Ministra da Educação, do Senhor Director-Geral da Saúde, do presidente do Conselho de Administração da ARS do Algarve e do Presidente da Ordem dos Médicos Dentistas já perdeu os seus dentes definitivos?
Afinal, para onde vão os milhares de milhões de euros de fundos comunitários? Será melhor investir em aeroportos e TGV ou na saúde dos portugueses? Será mais "interessante" dar educação sexual nas escolas do que tratar da saúde oral de todas as crianças, sem excepção?
Este exemplo prova que é possível dar uma volta completa ao desolador panorama da saúde oral em Portugal quando os representantes do poder e dos médicos dentistas se sentam a uma mesa e dialoguem para chegarem a acordo. Os problemas da saúde oral já não existiriam em Portugal se fosse sempre esse o espírito a seguir por governantes e representantes dos médicos dentistas e estomatologistas.