quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

220) O papel da LBV (Legião da Boa Vontade) na saúde comunitária (I)


Intervenção comunitária: dar sem receber

Assinalou-se, a 31 de Agosto, o Dia Internacional da Solidariedade. Considerada um dos valores fundamentais para as relações humanas neste século, dentro da comunidade médica dentista ela parece existir. Os bons exemplos estão aí.
Maria (nome fictício) corre pelo pátio de um dos centros de apoio da Legião da Boa Vontade (LBV), no Porto, juntamente com mais de duas dezenas de amigos. Tenta não ser apanhada pelos «bichinhos» que podem fazer mal aos dentes. Corre, finta e solta alguns gritos de brincadeira, à medida que vai escapando dos colegas que a tentam apanhar.
"O jogo da bactéria" é uma das actividades organizadas pelos voluntários do programa "Sorriso Feliz", que percorre instituições do Porto, promovendo a higiene e a saúde bucal.Com pouco mais de seis anos, Maria não entende ainda muito bem qual o objectivo de todo aquele aparato. «A minha mãe diz que tenho dentes de leite e que não preciso de os lavar porque, mais cedo ou mais tarde, vão cair». Este é um exemplo de como a intervenção comunitária é tão importante.
Portugal tem elevados níveis de cárie dentária entre os jovens, consequência da «falta de uma política de prevenção por parte das autoridades que, ao longo dos anos, têm transmitido a ideia do médico dentista como curador de uma doença e não como preventivo». Afirmação de Cassiano Scapini, médico dentista que investe parte do seu tempo no voluntariado.
«Não podemos ficar reféns do consultório. Devemos, sim, assumir os nossos compromissos para com a comunidade», defende com convicção. «No século XXI já não faz senti-do pensar, apenas, em reabilitação dentária. A nossa função é cada vez mais informar e acompanhar o utente para evitar o aparecimento de doenças», refere. O profissional não concebe a sua função sem dedicar várias horas do seu dia «a trabalho social». Até porque, só assim, acredita, se poderá mudar o panorama da saúde oral em Portugal que, considera, é «catastrófico». Todavia, sugere, «a pergunta a colocar deve ser: qual o papel no médico dentista na sociedade?»

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