domingo, 11 de novembro de 2007

203) O papel da LBV (Legião da Boa Vontade) na saúde comunitária (IV)


Até dar é difícil

É caso da associação "Mundo a Sorrir", que engloba já mais de 240 médicos dentistas portugueses que, «do seu próprio bolso», participam em iniciativas de apoio e promoção da saúde oral no estrangeiro. «Existimos há dois anos e não temos capacidade para acolher todas as inscrições, por isso vamos alternando os voluntários», explica Manuel Fontes de Carvalho, presidente da Associação Dentária Lusófona (ADL) e também presidente da Mesa da Assembleia da "Mundo a Sorrir". Mas os contactos que tem encetado com outros países de língua oficial portuguesa levam-no a acreditar que era possível haver mais. «É consequência do mercado que temos», assume.
Estes, também, são outros tempos. Recentemente, numa entrevista à "Rádio Renascença", Fernando Nobre, presidente da AMI, confirmou que «ser solidário e arranjar voluntários, neste início de século, é cada vez mais difícil». Depois de 22 anos à frente da instituição, o médico constata que «esta sociedade é extremamente neo-liberal, que aposta, sobretudo, no estrato social».
Ao trabalhar com motivos altruístas, carimba-se um contrato de gratuitidade, é certo, mas também de obstáculos que, por vezes, revelam-se caricatos. «Na altura em que era bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, estive em Moçambique, em visita oficial, e depois da realidade precária que lá encontrei, decidi ajudar. Mas o material que consegui reunir em Portugal nunca chegou a partir por falta de organização da parte deles». Não é o único a queixar-se. «Cheguei a encontrar muito entraves em autarquias onde pretendíamos levar o Ambulatório», recorda Jacinto Durães, sem revelar casos concretos. «É preciso muita determinação» e, ao que tudo indica, bastante paciência. «Todos os anos, enviamos milhares de cartas para empresas e instituições a pedir qualquer contribuição que seja e a resposta que obtemos é quase sempre negativa».

Sem comentários: