quinta-feira, 15 de novembro de 2007

205) Cerca de mil crianças integram programa de higiene gratuito

A Leandra e a Matilde, de apenas três anos, sentaram-se hoje, em Matosinhos, pela primeira vez na cadeira do dentista para "matar os bichinhos" que teimavam em percorrer-lhes os dentinhos, apesar do hábito de higiene oral que disseram manter. “Eu tenho três bichos nos dentes, porque como doces, mas poucochinhos", garantiu a pequena Leandra quando questionada sobre a razão da sua visita ao dentista. Sentada ao lado da amiga Matilde, assistia serenamente às consultas dos colegas, enquanto aguardava a sua vez.
Leandra, que assegurou lavar os dentes na escolinha e em casa, com "a ajuda da mamã", foi uma das cinco crianças que hoje inauguraram um programa de acompanhamento de saúde e higiene oral, promovido por uma clínica privada em colaboração com a Junta de Freguesia de Matosinhos. A iniciativa envolve um total de cerca de mil crianças de jardins infantis e escolas do primeiro ciclo, públicas e privadas, da freguesia de Matosinhos.
E foi assim que, também pela primeira vez, o André, de cinco anos, se deslocou ao dentista para tentar resolver um problema que já sabia existir. Segundo a mãe, a médica de família já tinha aconselhado a ida ao dentista, por ter detectado cáries nos dentes da criança – o que aliás foi hoje confirmado –, mas "a consulta pela caixa demorava um ano". "No meu centro de saúde não há dentista, tinha que ir a Leça", disse Sónia Soares. Perante esta dificuldade, decidiu aproveitar a oportunidade e aderir a esta iniciativa, que considera "uma maravilha" para quem, como ela, não tem posses económicas.
Este programa oferece gratuitamente conhecimentos de saúde oral e consultas de prevenção até aos 12 anos de idade. De segunda a quarta-feira cinco crianças vão ser assistidas por médicos dentistas na Clínica do Parque da Cidade, localizada em Matosinhos. Entre outros métodos de avaliação vão ser apreciados os riscos de cárie, índice e controle de placa bacteriana, ensinamentos de escovagem e alimentação, higiene oral e aplicação de flúor.
Em declarações à Lusa, o director clínico daquela unidade de saúde, José Maria Côrte-Real, explicou que pretende que esta iniciativa funcione como um complemento ao programa que o Governo irá desenvolver. O Ministério da Saúde prevê uma aposta no alargamento do programa de saúde oral às crianças entre os seis e os 12 anos, passando dos actuais 66 mil para 80 mil abrangidos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 50 por cento das crianças portuguesas sofrem de cáries dentárias. São dados que José Maria Côrte-Real conhece e considera preocupantes, razão pela qual resolveu avançar com a iniciativa que não tem qualquer custo, além do transporte, para as famílias. "Se as crianças não faltarem quando são convocadas e se cumprirem todo o programa garanto que, daqui a nove anos, 95 por cento deste grupo está livre de cáries", disse.
As crianças serão divididas por níveis, consoante a gravidade da situação. Haverá o grupo Médio, Alto e Baixo risco e a frequência das consultas depende do grupo a que pertencem. José Maria Côrte-Real salientou, contudo, que se trata de consultas de prevenção. "Todos os casos que necessitem de tratamento serão encaminhados para os respectivos centros de saúde para serem incluídas no programa que o Estado determinou", frisou.
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Um exemplo que deve chegar a todas as autarquias do país.
Gerofil

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