quarta-feira, 28 de novembro de 2007

208) Intervenção do Ministro da Saúde na sessão de encerramento do XVI Congresso dos Médicos Dentistas, em Lisboa

Intervenção de S. Ex.ª o Senhor Ministro da Saúde na sessão de encerramento do XVI Congresso dos Médicos Dentistas, realizado em Lisboa (23-11-2007)
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Senhor Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Dr. Orlando Monteiro da Silva, Senhor Presidente da Comissão Científica, Dr. António Felino, Presidente da Comissão Organizadora, Dr. Marcus Veiga, Senhoras e Senhores Congressistas:
É com muita honra e satisfação que participo na sessão de encerramento do XVI Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas e na assinatura do Protocolo de Colaboração entre o Ministério da Saúde e a Ordem dos Médicos Dentistas no Centro de Congressos de Lisboa. Trata-se do principal acontecimento científico e social da Medicina Dentária e um dos principais eventos médicos realizados em Portugal, contando com a presença de profissionais e estudantes e sendo ponto de encontro entre os médicos dentistas estrangeiros e portugueses.
As principais linhas de actuação da política de saúde definidas no programa do XVII Governo Constitucional são a reforma dos cuidados de saúde primários, a reforma dos cuidados continuados a idosos e o reforço de sustentabilidade do SNS (Serviço Nacional de Saúde). São políticas assentes na promoção da saúde e na prevenção da doença mas também baseadas na proximidade entre o médico e o cidadão e na melhoria da acessibilidade aos cuidados de saúde.
Permitam-me que dirija a minha intervenção sobre o conteúdo do protocolo que vai ser hoje assinado com a Ordem dos Médicos Dentistas, no que se refere ao desenvolvimento do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, concretamente aos projectos «Saúde Oral na Grávida» e «Saúde Oral nas Pessoas Idosas», mantendo a colaboração com a Saúde Oral das Crianças.
No passado dia 6 de Novembro, durante a apresentação do Orçamento do Estado para 2008 ao Parlamento, o Governo anunciou novas metas e novos públicos-alvo na área da Saúde Oral. Elas enquadram-se num objectivo mais vasto, o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, que passo a anunciar:
O primeiro objectivo do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral consiste em alargar o acesso de grupos prioritários e vulneráveis a cuidados de medicina dentária, em especial as crianças, as grávidas e os idosos com baixos rendimentos. Alargar o acesso para todos estes grupos é o nosso primeiro objectivo.
O segundo objectivo do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral consiste em diminuir a incidência e a prevalência das doenças orais nestes grupos-alvo (crianças, grávidas e idosos) para que conhecimentos e comportamentos relacionados com a saúde oral sejam precocemente interiorizados e progressivamente assumidos ao longo do ciclo de vida. No que se refere às crianças, o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral vigente, apesar de já cobrir 60 000 crianças e jovens, encontra-se desajustado. Vamos rever e reestruturar, até ao final de 2008, o que está no terreno e avaliar os cuidados médicos-dentários contratualizados para as crianças, de forma a assegurar a prestação equitativa de cuidados de saúde oral com base em procedimentos simplificados e orientados para a satisfação das necessidades de saúde, garantindo o melhor acesso aos serviços e o alargamento progressivo até 80 000 crianças e jovens.
As mulheres grávidas representam um grupo populacional a merecer a atenção dos profissionais de saúde, uma vez que as alterações hormonais características deste período aumentam a frequência das doenças periodontais que, por sua vez, condicionam negativamente as práticas de higiene oral e favorecem o aumento da incidência e da gravidade da cárie dentária. O programa visa abranger 65 000 mulheres grávidas.
Finalmente, no que respeita aos idosos, o processo de envelhecimento contribui também para uma maior ocorrência de problemas de saúde oral, designadamente de periodonpatias e perda de peças dentárias, gerando uma maior necessidade de cuidados médicos dentários. O programa irá abranger até um total inicial de 90.000 pessoas idosas com menos rendimentos (abaixo de 360 euros).
O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral visa atingir os seus objectivos através da contratualização. O programa assenta na execução de um conjunto de actividades de promoção, prevenção e tratamento das doenças orais, realizadas através da contratualização simplificada destes serviços, cuja avaliação tem demonstrado ganhos para a saúde da população abrangida.
Relativamente às crianças, o valor máximo dos serviços contratualizados por criança tratada, do grupo etário dos 3 aos 16 anos de idade, será de 75 euros. No que respeita às mulheres grávidas, foi definido que o valor máximo contratualizado para as consultas e tratamentos seja de 120 euros, distribuídos em três cheques-dentista.
Quanto aos idosos, o Governo participa financeiramente em 75% na despesa de aquisição e reparação de próteses dentárias removíveis, até ao limite de 250 euros, para as pessoas idosas beneficiárias do complemento solidário e que sejam utentes do Serviço Nacional de Saúde. Para estes utentes passam agora a estar cobertos os encargos com as consultas médicas necessárias à aplicação de próteses e suas posteriores afinações. O valor máximo das consultas e tratamentos contratualizados para os idosos será de 80 euros distribuídos em dois cheques-dentista por ano.
Em Portugal, de acordo com o Estudo Nacional de Prevalência da Cárie Dentária na População Escolarizada (2000), a cárie dentária apresenta na população infantil e juvenil um índice de gravidade moderada, isto é, o número de dentes cariados, perdidos e obturados (CPOd) por criança aos 12 anos de idade é de 2,95 e a percentagem de crianças livres de cárie dentária aos 6 anos é de 33%. Outro estudo da Organização Mundial da Saúde (1999) apresenta valores médios de dentes cariados, perdidos e obturados por criança de 1,5, com desvios acentuados entre grupos de diferentes níveis socioeconómicos.
Apesar de os valores terem vindo progressivamente a melhorar, estes dados reforçam a necessidade de manter o investimento nesta área, se queremos contribuir para a redução das desigualdades em saúde. A estratégia europeia e as metas definidas para a saúde oral, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), apontam para que, no ano 2020, pelo menos 80% (e nós vamos apenas em 51%) das crianças com 6 anos estejam livres de cárie e, aos 12 anos, o número de dentes cariados, perdidos e obturados não ultrapasse o valor de 1,5.
A estratégia do Programa Nacional de Saúde Oral para 2008, acompanhada da vertente curativa para o tratamento da cárie, será decisiva para a resolução dos problemas dentários que afectam as crianças e jovens, as grávidas e as pessoas idosas. A Direcção-Geral da Saúde, com o apoio da OMS e da Ordem dos Médicos Dentistas, continuará a realizar estudos de prevalência das doenças orais para avaliar a prevalência da cárie dentária, da fluorose dentária e das doenças periodontais aos 6, 12 e 15 anos.
É importante avaliar sistematicamente a situação de Portugal em termos de comportamentos, em termos de hábitos de higiene oral e de alimentação. Mas não é suficiente. Um bom programa de saúde dental, para além de reduzir substancialmente a carga da doença dental a dezenas de milhares de crianças, mulheres grávidas e idosos, tem outra meta cuja importância merece ser destacada: a diminuição das desigualdades sociais na saúde oral.
Minhas senhoras e meus senhores,
Este protocolo que vai ser hoje assinado é um bom acordo e uma base para o relacionamento futuro entre a Ordem dos Médicos Dentistas, os médicos dentistas e o Ministério da Saúde. O Governo sente satisfação em poder contribuir através deste protocolo simplificado, desburocratizado e baseado na confiança entre os agentes e os prestadores, para dar uma resposta pronta e eficaz às necessidades dos cidadãos que ajude a assegurar e incentivar a promoção da saúde oral e a prevenção das doenças orais através do Serviço Nacional de Saúde.
Pretendemos que seja um método de acesso fácil, de livre adesão, com utilização da capacidade instalada. Nos concursos para o efeito da contratualização poderão candidatar-se através de um formulário electrónico, os estomatologistas e médicos dentistas inscritos nas respectivas ordens profissionais, a exercer em clínicas ou consultórios licenciados ou que possuam condições hígio-sanitárias e de segurança devidamente comprovadas para o exercício da actividade. A lista de médicos aderentes estará disponível nos sites do Ministério da Saúde (Portal da Saúde) e das Administrações Regionais de Saúde (ARS), de forma a facilitar o acesso e a livre escolha regional dos utentes. A facturação também seguirá um procedimento simplificado através da validação de cheques-dentista, que serão enviados pelo médico aderente à ARS respectiva, acompanhados da informação necessária, registada no sistema de informação.
O esforço que fizemos de responsabilidade orçamental para garantir a sustentabilidade do SNS permite-nos agora lançar este programa sem pôr em causa a qualidade dos cuidados de saúde. O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral para 2008 é uma proposta inovadora do SNS, cumprindo boas contas, sem pôr em causa a qualidade dos cuidados de saúde. Esperamos tê-lo em prática ao longo do primeiro trimestre do próximo ano. Graças a uma gestão eficiente e rigorosa, que é essencial à sustentabilidade do SNS, vamos contribuir para aumentar a confiança dos cidadãos no Serviço Nacional de Saúde.
O papel da Ordem dos Médicos Dentistas é fundamental para credibilizar as orientações técnicas, a ética deontológica profissional e a validação dos dados dos utentes abrangidos pelo Programa. Mas também a melhoria da saúde oral das crianças, das grávidas e dos idosos passa pela divulgação do Programa na comunidade, por um maior envolvimento dos pais, da autarquia e dos parceiros institucionais que possam apoiar a promoção e a prevenção da saúde oral. Quero agradecer-vos o apoio que já concedesteis a esta iniciativa, a qual se insere na linha de boa cooperação pré-existente.
Estamos empenhados em melhorar, de forma sustentada, a saúde oral dos Portugueses, mantendo um sistema de saúde mais eficiente, mais justo, mais flexível e orientado para o cidadão.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

207) Dúvidas ...

Pergunta: Boa tarde; por acaso sabe-me dizer se à data de hoje saiu alguma circular do ministério que proíbe o uso de escovas dentárias nos jardins de infância por risco acrescido de contaminação (troca de escovas) ?
Resposta: Olá; não tenho conhecimento do facto. Sugiro que consulte o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral, teclando aqui.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

206) Saúde: Dentistas querem programa de saúde oral alargado a mais de 400 mil crianças

A Ordem dos Médicos Dentistas defende que o programa de saúde oral deveria abranger entre 400 e 500 mil crianças, mas o Governo apenas prevê atingir 80 mil, o que representa apenas um quinto do pretendido. Em declarações à agência Lusa a propósito do Congresso dos Médicos Dentistas que começa quinta-feira em Lisboa, o bastonário Orlando Monteiro da Silva elogiou as medidas recentemente anunciadas pelo Executivo para promover a saúde oral dos portugueses, mas pediu um alargamento do universo de pessoas abrangidas.
As medidas foram anunciadas no início do mês pelo primeiro-ministro, que na Assembleia da República informou que "pela primeira vez desde sempre", o SNS passaria a integrar um Programa Nacional de Saúde Oral", que abrangeria crianças, idosos e grávidas.
No que respeita às crianças entre os sete e os 12 anos, existe actualmente um programa, que abrange 60 mil crianças e que o Governo vai estender a outras 20 mil. O programa é constituído por três fases: educação para a saúde oral (onde se ensina nomeadamente técnicas de escovagem dos dentes), prevenção de cáries e intervenção médico-dentária. Esta última fase prevê duas consultas em médicos dentistas, pelas quais o Estado paga 75 euros.
"Esse programa devia ser alargado, de modo a abranger entre 400 e 500 mil crianças", afirmou o bastonário, que durante o Congresso pedirá ainda ao ministro da Saúde que aumente a outros extractos da população os apoios para consultas de saúde oral. Além das crianças, as novas medidas dirigem-se aos idosos e às grávidas.
Cerca de 90 mil idosos vão beneficiar de dois cheques dentista por ano, enquanto no caso das grávidas, o médico de família do centro de saúde, ao identificar a gravidez, emite em computador um cheque para que a mulher faça um rastreio dentário e mais dois para eventuais tratamentos ao longo da gravidez. Os cheques dentista, que podem ser usados em clínicas privadas, vão ser distribuídos a 65 mil grávidas acompanhadas em centros de saúde.
Na sexta-feira, durante o Congresso dos Médicos Dentistas, o ministro da Saúde, Correia de Campos, deverá assinar um protocolo com a Ordem para definir estes programas. Na mesma ocasião deverão ser conhecidos os montantes atribuídos a estes cheques, que ainda não foram anunciados.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

205) Cerca de mil crianças integram programa de higiene gratuito

A Leandra e a Matilde, de apenas três anos, sentaram-se hoje, em Matosinhos, pela primeira vez na cadeira do dentista para "matar os bichinhos" que teimavam em percorrer-lhes os dentinhos, apesar do hábito de higiene oral que disseram manter. “Eu tenho três bichos nos dentes, porque como doces, mas poucochinhos", garantiu a pequena Leandra quando questionada sobre a razão da sua visita ao dentista. Sentada ao lado da amiga Matilde, assistia serenamente às consultas dos colegas, enquanto aguardava a sua vez.
Leandra, que assegurou lavar os dentes na escolinha e em casa, com "a ajuda da mamã", foi uma das cinco crianças que hoje inauguraram um programa de acompanhamento de saúde e higiene oral, promovido por uma clínica privada em colaboração com a Junta de Freguesia de Matosinhos. A iniciativa envolve um total de cerca de mil crianças de jardins infantis e escolas do primeiro ciclo, públicas e privadas, da freguesia de Matosinhos.
E foi assim que, também pela primeira vez, o André, de cinco anos, se deslocou ao dentista para tentar resolver um problema que já sabia existir. Segundo a mãe, a médica de família já tinha aconselhado a ida ao dentista, por ter detectado cáries nos dentes da criança – o que aliás foi hoje confirmado –, mas "a consulta pela caixa demorava um ano". "No meu centro de saúde não há dentista, tinha que ir a Leça", disse Sónia Soares. Perante esta dificuldade, decidiu aproveitar a oportunidade e aderir a esta iniciativa, que considera "uma maravilha" para quem, como ela, não tem posses económicas.
Este programa oferece gratuitamente conhecimentos de saúde oral e consultas de prevenção até aos 12 anos de idade. De segunda a quarta-feira cinco crianças vão ser assistidas por médicos dentistas na Clínica do Parque da Cidade, localizada em Matosinhos. Entre outros métodos de avaliação vão ser apreciados os riscos de cárie, índice e controle de placa bacteriana, ensinamentos de escovagem e alimentação, higiene oral e aplicação de flúor.
Em declarações à Lusa, o director clínico daquela unidade de saúde, José Maria Côrte-Real, explicou que pretende que esta iniciativa funcione como um complemento ao programa que o Governo irá desenvolver. O Ministério da Saúde prevê uma aposta no alargamento do programa de saúde oral às crianças entre os seis e os 12 anos, passando dos actuais 66 mil para 80 mil abrangidos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 50 por cento das crianças portuguesas sofrem de cáries dentárias. São dados que José Maria Côrte-Real conhece e considera preocupantes, razão pela qual resolveu avançar com a iniciativa que não tem qualquer custo, além do transporte, para as famílias. "Se as crianças não faltarem quando são convocadas e se cumprirem todo o programa garanto que, daqui a nove anos, 95 por cento deste grupo está livre de cáries", disse.
As crianças serão divididas por níveis, consoante a gravidade da situação. Haverá o grupo Médio, Alto e Baixo risco e a frequência das consultas depende do grupo a que pertencem. José Maria Côrte-Real salientou, contudo, que se trata de consultas de prevenção. "Todos os casos que necessitem de tratamento serão encaminhados para os respectivos centros de saúde para serem incluídas no programa que o Estado determinou", frisou.
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Um exemplo que deve chegar a todas as autarquias do país.
Gerofil

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

204) A importância do aleitamento materno

O aleitamento materno contribui para a saúde biológica e emocional tanto da mãe quanto do filho. O leite humano é um alimento completo, resultante da combinação única de proteínas, hidratos de carbono, minerais, vitaminas e células vivas, cujos benefícios nutricionais, imunológicos, psicológicos e económicos são bem reconhecidos e inquestionáveis.
A maior parte da produção científica afirma que a introdução de chupeta é a principal causa de desmame precoce, actuando negativamente na oclusão dentária, nas estruturas moles e duras do sistema estomatognático, por fim, na saúde e, principalmente, na vida das crianças. O aleitamento materno é apontado como importante factor no desenvolvimento craniofacial adequado, permitindo óptimo exercício da musculatura orofacial, estimulando as funções de respiração e deglutição. É certo ainda que o uso de chupetas pode provocar desvio no crescimento dos maxilares, provocando “má oclusão” (mordida aberta anterior).

domingo, 11 de novembro de 2007

203) O papel da LBV (Legião da Boa Vontade) na saúde comunitária (IV)


Até dar é difícil

É caso da associação "Mundo a Sorrir", que engloba já mais de 240 médicos dentistas portugueses que, «do seu próprio bolso», participam em iniciativas de apoio e promoção da saúde oral no estrangeiro. «Existimos há dois anos e não temos capacidade para acolher todas as inscrições, por isso vamos alternando os voluntários», explica Manuel Fontes de Carvalho, presidente da Associação Dentária Lusófona (ADL) e também presidente da Mesa da Assembleia da "Mundo a Sorrir". Mas os contactos que tem encetado com outros países de língua oficial portuguesa levam-no a acreditar que era possível haver mais. «É consequência do mercado que temos», assume.
Estes, também, são outros tempos. Recentemente, numa entrevista à "Rádio Renascença", Fernando Nobre, presidente da AMI, confirmou que «ser solidário e arranjar voluntários, neste início de século, é cada vez mais difícil». Depois de 22 anos à frente da instituição, o médico constata que «esta sociedade é extremamente neo-liberal, que aposta, sobretudo, no estrato social».
Ao trabalhar com motivos altruístas, carimba-se um contrato de gratuitidade, é certo, mas também de obstáculos que, por vezes, revelam-se caricatos. «Na altura em que era bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, estive em Moçambique, em visita oficial, e depois da realidade precária que lá encontrei, decidi ajudar. Mas o material que consegui reunir em Portugal nunca chegou a partir por falta de organização da parte deles». Não é o único a queixar-se. «Cheguei a encontrar muito entraves em autarquias onde pretendíamos levar o Ambulatório», recorda Jacinto Durães, sem revelar casos concretos. «É preciso muita determinação» e, ao que tudo indica, bastante paciência. «Todos os anos, enviamos milhares de cartas para empresas e instituições a pedir qualquer contribuição que seja e a resposta que obtemos é quase sempre negativa».

terça-feira, 6 de novembro de 2007

202) Para grávidas e idosos: Governo vai dar «cheques-dentista»

O ministro da Saúde anunciou hoje que vão ser distribuídos «cheques-dentista» no programa de saúde oral para grávidas e idosos.Mas não revelou o seu valor por não estar ainda negociado com a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD). No total, e de acordo com os cálculos do ministro Correia de Campos para o próximo ano, o executivo prevê aumentar as verbas do programa de saúde oral de seis milhões para 21 milhões de euros, podendo os «cheques-dentista» ser utilizados em clínicas privadas.
O anúncio da ampliação dos cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que integrará pela primeira vez um programa nacional de saúde oral, foi anunciado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, na abertura do debate do Orçamento de Estado de 2008, no Parlamento, e mais tarde explicada em conferência de imprensa por Correia de Campos. O anúncio da ampliação dos cuidados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que integrará pela primeira vez um programa nacional de saúde oral, foi anunciado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, na abertura do debate do Orçamento de Estado de 2008, no Parlamento, e mais tarde explicada em conferência de imprensa por Correia de Campos.
Questionado pelos jornalistas, o governante disse ser-lhe impossível avançar com os valores do «cheque-dentista» por não estarem ainda concluídas «as conversações» com a OMD. O ministro da Saúde explicou que as cerca de 65 mil grávidas, com gravidez acompanhada em Centros de Saúde, receberão, no total, três «cheques-dentista».
Os idosos com o Complemento Solidário podem receber dois «cheques-dentista» para poderem ser usados em tratamentos e próteses. Além disso, o ministro sublinhou que o Governo vai investir 42 milhões de euros em programas de cuidados de saúde, destinado a três grupos de risco-crianças, grávidas e idosos-e que só é possível por o Governo «ter conseguido pôr as contas públicas em ordem».
«Pela primeira vez desde sempre, o Serviço Nacional de Saúde passará a integrar um Programa Nacional de Saúde Oral. Em três vertentes: será alargada ao conjunto das crianças de 6 a 12 anos a intervenção de prevenção da cárie dentária, realizada nas escolas; será assegurada a cobertura de 65 mil grávidas; serão aumentados os apoios aos idosos beneficiários do Complemento Solidário na aplicação de próteses», anunciou o primeiro-ministro, José Sócrates, no discurso de abertura do primeiro dia de debate do OE2008 na Assembleia da República.
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Finalmente aparece uma feliz notícia. Ficamos à espera que o Governo passe das promessas aos actos concretos.
Gerofil

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

201) Programa de Saúde Oral no Funchal arranca este ano e abrange 3.774 crianças: Vinte mil previnem cáries

O programa de Saúde Oral — da responsabilidade da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais — vai abranger, a partir deste ano, o concelho do Funchal, único município que ainda não era coberto pela iniciativa. São três mil e 774 alunos de 183 turmas de pré-escolar que vão poder, a partir de agora, usufruir de cuidados de medicina dentária. A primeira fase, a arrancar já em Outubro, abrangerá apenas o pré-escolar mas a intenção é a de, posteriormente, levar o projecto ao 1.º ciclo.Estes dados foram disponibilizados ao JORNAL da MADEIRA, pela Secretaria Regional dos Assuntos Sociais.
O secretário regional, Francisco Jardim Ramos sublinhou a importância deste programa que passa a cobrir cerca de 20 mil alunos de todos os concelhos da Madeira. Destacou a importância da prevenção por forma a evitar que os futuros adultos venham a necessitar de colocar próteses ou fazer outros tratamentos que acabam por sair mais caros. Considerando que este é um programa de sucesso na Região, o titular da pasta dos Assuntos Sociais sublinhou ainda a colaboração prestada por alguns médicos dentistas da Madeira no sentido de fazer com que haja uma maior participação possível da parte das famílias, das escolas e dos alunos.
Segundo os dados disponibilizados ainda pelo secretário regional dos Assuntos Sociais, no ano lectivo de 2006/2007, 12 mil e 141 foram abrangidos. Por concelhos, na Calheta, o programa de saúde oral chegou a 959 alunos. Já na Ponta do Sol, 833 foram alvo da iniciativa num total de 9 escolas. Na Ribeira Brava e em Machico, 1.225 e 1.823, respectivamente, receberam cuidados de medicina dentária. Em Santa Cruz, foram 2.603, as crianças que foram alvo do programa. Já em Santana, 571 crianças mostraram a boca aos dentistas deste programa, assim como 449 em São Vicente. No Porto Moniz, foram 203, as crianças abrangidas, no Porto Santo, 408 e em Câmara de Lobos, 3.067.
Em Junho deste ano, na abertura da X Semana Sorridente, o recém-empossado secretário regional dos Assuntos Sociais traçou uma meta a atingir até 2010 no âmbito do programa de Saúde Oral. Francisco Jardim Ramos definiu que até aquela data, 50 por cento das crianças do ensino pré-primário e básico, deverão estar livres de cárie dentária. Na altura, o presidente da delegação regional da Ordem dos Médicos Dentistas, e membro do grupo de especialistas que integra o programa de Saúde Oral da Madeira admitiu que é possível atingir esta proposta feita pelo secretário regional dos Assuntos Sociais.
Gil Alves lembrou também a importância de se arrancar, o mais breve possível, com o programa de saúde oral no concelho do Funchal, único município que estava de fora e onde o programa não avançou mais cedo por falta de meios humanos.Gil Alves vê agora concretizado este anseio.
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Por alguma razão parece que os programas de saúde oral funcionam na Madeira; o mesmo não se pode dizer no Continente. Tendo como actividade principal ligada ao ensino básico e secundário, nunca vi plas escolas por onde passei (Portugal Continental) qualquer iniciativa de saúde oral. É mesmo de perguntar como são gastos cinco milhões de euros anualmente em programas de saúde oral em Portugal Continental ?
Gerofil

200) Sistema Nacional de Saúde entre os piores da Europa

Portugal cotou-se no 19.º lugar numa análise ao sistema de saúde mais amigo do consumidor entre 29 países europeus, segundo os resultados divulgados pelo Índice Europeu do Consumidor de Serviços de Saúde. Portugal obtém maus resultados nos tempos de espera em vários serviços públicos, na mortalidade por ataque cardíaco, nas operações às cataratas e nos cuidados dentários no sistema público.
O relatório sublinha que o sistema de saúde português «não é tão avançado como o de Espanha», mas valoriza os resultados positivos quanto à mortalidade infantil.
Todos os anos, A Health Consumer Powerhouse classifica os sistemas nacionais de saúde com base em cinco áreas: direitos e informação dos pacientes, tempos de espera, resultados dos cuidados de saúde, 'generosidade' do sistema e acesso a medicação. Os resultados do relatório desta organização vão de encontro às opiniões expressas ao Destak por Santos Cardoso, do Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde: «as listas de espera estão entre os principais problemas, constituindo uma verdadeira vergonha».
O Ministério da Saúde fez saber que concorda com o diagnóstico do estudo e que está a tratar das soluções.
Ranking dos sistemas de saúde europeus: 1.º Áustria (806 pontos) 2.º Holanda (794) 3.º França (786) 4.º Suíça (770) 5.º Alemanha (767) ... 19.º PORTUGAL (570)... 25.º Roménia (508) 26.º Lituânia (496) 27.º Polónia (447) 28.º Bulgária (445) 29.º Letónia (435).
Comentários:
-O que é de lamentar em Portugal (eu estou em França) é o preço que custa uma consulta num médico; a minha mulher nas férias aleijou-se num pé escorregou e partiu uma unha, fomos a um centro de enfermagem custou nos 60 euros entre o curativo e uma passagem obrigatória pelo medico pois recusaram a fazer o curativo sem ver o médico. Em França teve uma queimadura grave numa mão foi a um mesmo centro de enfermagem a consulta no médico e o curativo custou 30 Euros, sem falar do facto que mesmo estes 30 euros serão reembolsados pela segurança social.
O que eu acho vergonhoso é que em Portugal não é que não reembolsem, porque no hospital seria mais barato, o problema é que um médico em Portugal leva mais de o dobro por uma consulta que em França. Mesmo sendo caros conheço alguns que são mal educados e vigaristas, pois fazem tudo por tudo para tirarem as pessoas do sistema de saude do estado e fazem as pessoas fazer analises e exames no privado, pois esquecem de dizer que certas pessoas que estas são prioritárias em certos casos e não tem de esperar, mas claro se não enviarem para os seus amigos não recebem comissões.
-Todos nós sabemos que na Saúde há muitos profissionais excelentes. Mas infelizmente também sabemos que alguns que precisam de serem "abanados" e, em último caso convidá-los a mudar de emprego. A cotação atribuída ao nosso país envergonha-nos. Mas há que perante esta triste realidade se encabrite corporativamente e grite que temos o melhor sistema de saúde do mundo. Claro que com tal cegueira o sistema nunca mais melhoraria.
O que nos vale é que na Saúde também há muitos profissionais que não aceitam baixar os braços e tudo fazem para prestar à colectividade cuidados de saúde de excelência. A esses é devido o nosso reconhecimento público!

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

199) Estudo em Saúde Oral - Crianças da Terceira com problemas gengivais

A ilha Terceira apresenta o maior índice regional de problemas gengivais em crianças com idade de 12 anos, revela um estudo regional sobre a prevalência de doenças orais na população escolar. Cerca de cinquenta por cento das crianças estudadas, na ilha, apresentam problemas periodontais (gengivais).
Este problema deve-se essencialmente à falta de cuidados de saúde oral ou uma má escovagem dos dentes, explicou o coordenador do estudo, ao nosso jornal. Ricardo Viveiros Cabral, o coordenador do Programa de Promoção de Saúde Oral do Açores, assegura que esta dificuldade será ultrapassada com um trabalho intensivo na promoção da higiene oral junto das crianças em idade escolar. Os indicadores científicos de comparação entre regiões - o índice de cárie dentária em crianças de 12 anos e a percentagem de crianças isentas de cáries na dentição mista (6 anos) – demonstram que a região está evoluir muito rapidamente em matéria de saúde oral.
O especialista em medicina dentária garante que a região em cinco anos (de 2000 a 2005) apresentou "ganhos em saúde consideráveis", registando uma substancial redução da prevalência da cárie dentária, com uma diminuição do índice CPO (cariados, perdidos e obturados) de 4.5 (dentes afectados) para 2.1. “Apesar de ainda estar longe das metas definidas pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para 2020, que é de 1.5, os ganhos conseguidos na região são um exemplo nacional”, esclarece Ricardo Viveiros Cabral.
Em relação ao segundo indicador, a percentagem de crianças isentas de cárie, a região, em cinco anos, passou de 30,8% para 37,3%. A meta da OMS é de 80 por cento. A evolução destes índices aumenta com a idade, explica, lembrando que estamos “longe do desejado”, mas que, neste momento, estamos muito perto da média nacional. Houve, segundo Ricardo Viveiros Cabral, uma evolução muito positiva desde a implementação do Programa de Saúde Oral na região e com o aumento de profissionais nas ilhas.
O dentista lembrou que a Região Autónoma dos Açores é a única do país que disponibiliza medicina dentária pública, através de um programa regional com medidas inovadoras ao nível do país. Os centros de saúde dos Açores, à excepção do da ilha do Faial, já asseguram uma média de 27 mil consultas de saúde oral por ano, revelou, alegando “que a próxima meta são 30 mil consultas”.
O especialista reconhece que "ainda há muito a fazer nestas áreas”, mas lembra que a região "partiu da cauda profunda". “Em 2002 os Açores tinham três profissionais na Sistema Regional de Saúde, neste momento são 16 nos quadros e quatro contratados”.
Ricardo Viveiros Cabral recorda a implementação de novas medidas, como o Boletim Individual de Saúde Oral, que é disponibilizado às crianças das nove ilhas e que permite registar toda a informação e historial clínico do seu portador. Este boletim, que pode ser solicitado gratuitamente nos centros de saúde das nove ilhas, constitui mais um contributo para a saúde oral dos açorianos, no âmbito do programa em curso.
A evolução da região em matéria de saúde oral “é reconhecida e elogiada pela comunidade científica e o programa regional será tido como exemplo para o futuro programa nacional” de Saúde Oral. A Ordem dos Médicos Dentistas estima que cerca de 50% da população portuguesa não tem capacidade para pagar uma consulta na medicina dentária privada e defende a implementação do sistema dos Açores em todo o país.“Enquanto não houver médicos dentistas nos centros de saúde ou sistemas de concessão, as pessoas estarão excluídas da saúde oral", afirmou recentemente à agência Lusa o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva. A Ordem tem pugnado para que haja dentistas nos centros de saúde e hospitais portugueses ou para que se criem sistemas de convenção com os privados.
O exemplo dos Açores é várias vezes referenciado pela Ordem e pelos especialistas nacionais. Ricardo Viveiros Cabral espera que o investimento regional seja reforçado, nesta área, no sentido de evitar uma regressão na saúde. “Uma pessoa sem saúde oral, não está de perfeita saúde” – lembra.
O estudo regional sobre a prevalência de doenças orais na população escolar, que deverá ser publicado brevemente pela secretaria regional dos Assuntos Sociais, revela ainda que as ilhas com maior índice de cárie dentárias são as do Grupo Ocidental e que Vila do Porto (Santa Maria) tem a maior percentagem de dentes selados. Os dados revelados, referentes a 2005 e 2006, apontam ainda para um elevado número de crianças com traumatismos dentários (dentes fracturados) na ilha do Faial. Deficiências nos edifícios escolares podem estar a contribuir para esta situação, uma vez que é no início do ano lectivo que se regista o maior número de problemas.
O Pico e S. Miguel apresentam os maiores índices de fluorose dentária, uma alteração que ocorre devido ao excesso de ingestão de flúor, durante a formação dos dentes (provoca manchas nos dentes).