terça-feira, 15 de julho de 2008

270) Portugal Continental: 5 distritos sem médicos dentistas no S.N.S.

O distrito de Santarém é um dos cinco a nível nacional onde as populações são obrigadas a recorrer a dentistas privados porque esta especialidade não existe nos serviços de saúde públicos, revela um levantamento da Ordem dos Médicos Dentistas. Os restantes são Viana do Castelo, Guarda, Viseu e Portalegre.
De acordo com o “Levantamento informativo efectuado nos centros de saúde e hospitais do continente” pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), e que foi apresentado no XIV Congresso destes profissionais, nove em cada dez centos de saúde não tem médicos dentistas e sete em cada dez hospitais sofrem da mesma carência. A situação é pior nos cinco distritos citados, dado que nenhum dos hospitais ou centros de saúde que servem estas populações tem esta especialidade.
O coordenador da Sub-Região de Saúde de Santarém, Fernando Afoito, confirma que não há sequer quadros de pessoal para médicos dentistas nos centros de saúde e a especialidade não entra também nas contas dos hospitais públicos do distrito. Mas ressalva que “Santarém não está a zero nesse campo”.
Está em curso há cinco anos um programa de higiene oral, garantido por técnicos habilitados, inicialmente destinado às crianças em idade escolar. Já este ano foi alargado a grávidas e utentes de centros de recuperação infantil.
“Temos dez higienistas orais que fazem a cobertura em onze centros de saúde – Benavente, Salvaterra, Coruche, Cartaxo, Rio Maior, Almeirim, Torres Novas, Tomar, Entroncamento, Fátima e Ourém”, explica Fernando Afoito. Para garantir o serviço nos restantes centros de saúde, a Sub-Região de Saúde contratou médicos dentistas. “Só em Santarém temos contrato com cinco”, diz o mesmo responsável.
O trabalho feito é sobretudo de prevenção de cáries e manutenção da higiene oral. A partir daí, dentista só mesmo no mercado privado. Onde por vezes se paga o serviço a peso de ouro.
O levantamento agora efectuado pela OMD actualiza um anterior, realizado em 2001, e revela que, em relação à oferta de tratamento em saúde oral, “a situação não evoluiu, antes pelo contrário, agravou-se”. A OMD salienta que os médicos dentistas “apenas podem exercer as suas funções como profissionais liberais, uma vez que não existe legislação que os enquadre no Serviço Nacional de Saúde”.
O levantamento da OMD abrangeu 410 estabelecimentos de saúde, repartidos por 79 hospitais e 340 centros de saúde, dos 18 distritos de Portugal continental. Tendo em conta todos os estabelecimentos de saúde inquiridos, “apenas em 11 por cento dos casos existe a especialidade” de medicina dentária ou estomatologia, o que representa uma redução em relação a 2001", conclui a OMD.
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É lamentável que neste país se veja nas televisões digníssimos governantes nacionais na inauguração de unidades de saúde de âmbito privado e esses mesmos governantes nada fazem pelo estado cada vez mais calamitoso da saúde oral nos hospitais centrais e centros de saúde.
Como é possível que o dinheiro dos impostos pagos por todos os que trabalham neste país continue a ser canalizado para negócios chorudos de hospitais privados, onde só os ricos podem entrar ? Quais os políticos responsáveis por esta situação ?
Gerofil

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