sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

501. Bastonário pede à entidade reguladora para ser "inflexível" nos licenciamentos

Na sessão de abertura do XIX Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas, que decorre até sábado em Santa Maria da Feira, Orlando Monteiro da Silva disse que estes profissionais depositam uma "enorme expetativa" no novo presidente da ERS, Jorge Simões, que estava presente na sessão.
“No licenciamento, temos de ser inflexíveis nos requisitos higienosanitários”, declarou Orlando Monteiro da Silva. “Para além dessa necessidade imperiosa, identificamos uma outra urgência, que é enquadrar devidamente a atividade das seguradoras, convenções e subsistemas”, acrescentou.
O bastonário explicou que “é fundamental que seja identificável, de forma clara, o que é que as seguradoras e convenções pagam ou comparticipam”, para que não possam “confundir ou até enganar” os seus clientes. “Não podemos continuar a ter publicidade enganosa, publicitação de atos gratuitos e de pacotes de procedimentos onde supostamente tudo está incluído”, realçou.
Orlando Monteiro da Silva abordou depois a questão da ERS “cobrar taxas que mais parecem um verdadeiro imposto às clínicas e consultórios médico-dentários”: “Temos tido muita dificuldade em identificar na atuação da ERS serviços que justifiquem esta enorme soma que todos os anos é cobrada”. A consequência disto será o aumento dos preços e dos custos, a diminuição da qualidade e uma visão da saúde em que essa será encarada “cada vez mais como um negócio”, disse.
Orlando Monteiro da Silva defendeu ainda o alargamento do Programa Nacional de Saúde Oral a mais grupos e alertou para a necessidade de substituição dos médicos dentistas que deixam os hospitais quando se reforma e de contratação de dentistas para os centros de saúde das regiões mais isoladas do país. Referindo-se aos médicos em idade de reforma, o bastonário explicou que “a especialidade de estomatologia está a desaparecer” dos hospitais públicos e que “é trágico” que esses profissionais não estejam a ser substituídos por colegas mais jovens.
Minutos antes, na sua intervenção, o presidente da ERS manifestou-se disponível para trabalhar “no reforço da confiança dos cidadãos na medicina dentária em Portugal” e para “aumentar o sentimento de segurança, proteção e satisfação das necessidades dos utentes, que é o principal objectivo de todos os actores do sistema de saúde”.
* * *
Espera-se que as palavras expressas pelo presidente da ERS não sejam meramente de circunstâncias, tendo em conta o descalabro da saúde oral em Portugal feito pelos últimos governos.
É bom que se lembre que todos pagamos impostos para formar médicos dentistas pelas nossas universidades públicas; esses mesmos médicos dentistas devem estar ao serviço de todos os portugueses – foi para isso que surgiu o Serviço Nacional de Saúde.
A atrocidade protagonizada pelo Ministério da Saúde, afastando a medicina oral para a iniciativa privada e liquidando, por exemplo, a especialidade de estomatologia dos hospitais públicos, constitui um dos mais graves ataques à própria saúde pública da população portuguesa. Essa política tem um rosto, a actual equipa do Ministério da Saúde.

Sem comentários: