Há jovens licenciados em Medicina Dentária a ganhar à volta de 500 euros. Outros, pagos à percentagem, auferem menos ainda. A culpa é do excesso de licenciados, que os obriga, não raras vezes, a procurar o estrangeiro. Só em Inglaterra estão já mais de 400.
A denúncia partiu do recém- -formado Sindicato dos Médicos Dentistas (SMD), que alerta para a difícil integração de jovens licenciados no mercado de trabalho. Um risco para o qual a Ordem da classe (OMD) tem vindo a alertar há alguns anos, perante a multiplicação de cursos superiores. Portugal conta já com sete faculdades, em que se inscrevem anualmente perto meio milhar de estudantes.
"Existe uma enorme quantidade de médicos dentistas", admite António Roseiro, do SMD, que recusa, contudo, falar em excesso. "O que há em excesso é a falta de assistência", com um acesso aos cuidados orais ainda restrito para grande parte da população portuguesa. Por falta de cuidados orais no Serviço Nacional de Saúde - que o programa dos cheques-dentista só resolve em pequena parte.
Do seu lado, o bastonário da OMD prefere mesmo falar em excesso. Portugal tem dentistas a mais para um país com a acessibilidade a cuidados orais como o nosso. Diz Orlando Monteiro da Silva que ainda há a ideia errada de que a Medicina Dentária é como o resto da Medicina e tem boas saídas profissionais. "Não é de todo assim".
Resultado: alguns aceitam trabalhar com salários baixos, mas, sendo um "profissão independente, livre e autónoma, nenhum organismo pode interferir" no assunto. "Em 98% dos casos, são profissionais liberais que trabalham em consultórios próprios ou a recibo verde". Por que é que aceitam essas condições? "Porque têm medo de falar", diz António Roseiro. Daí resulta a falta de meios para uma formação contínua que é essencial na profissão, garante. Sobra a solução da emigração. "Só em Inglaterra, há três meses, estavam mais de 400 portugueses registados na respectiva Ordem", assegura o bastonário. E há mais noutros países.
Jornal de NotíciasA denúncia partiu do recém- -formado Sindicato dos Médicos Dentistas (SMD), que alerta para a difícil integração de jovens licenciados no mercado de trabalho. Um risco para o qual a Ordem da classe (OMD) tem vindo a alertar há alguns anos, perante a multiplicação de cursos superiores. Portugal conta já com sete faculdades, em que se inscrevem anualmente perto meio milhar de estudantes.
"Existe uma enorme quantidade de médicos dentistas", admite António Roseiro, do SMD, que recusa, contudo, falar em excesso. "O que há em excesso é a falta de assistência", com um acesso aos cuidados orais ainda restrito para grande parte da população portuguesa. Por falta de cuidados orais no Serviço Nacional de Saúde - que o programa dos cheques-dentista só resolve em pequena parte.
Do seu lado, o bastonário da OMD prefere mesmo falar em excesso. Portugal tem dentistas a mais para um país com a acessibilidade a cuidados orais como o nosso. Diz Orlando Monteiro da Silva que ainda há a ideia errada de que a Medicina Dentária é como o resto da Medicina e tem boas saídas profissionais. "Não é de todo assim".
Resultado: alguns aceitam trabalhar com salários baixos, mas, sendo um "profissão independente, livre e autónoma, nenhum organismo pode interferir" no assunto. "Em 98% dos casos, são profissionais liberais que trabalham em consultórios próprios ou a recibo verde". Por que é que aceitam essas condições? "Porque têm medo de falar", diz António Roseiro. Daí resulta a falta de meios para uma formação contínua que é essencial na profissão, garante. Sobra a solução da emigração. "Só em Inglaterra, há três meses, estavam mais de 400 portugueses registados na respectiva Ordem", assegura o bastonário. E há mais noutros países.
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O resultado de dezenas de anos das politicas de saúde seguidas pelo Ministério da Saúde, apadrinhadas pela Direcção – Geral de Saúde e elogiadas pelo bloco central na Assembleia da República estão, definitivamente, a levar para o caos a prestação de cuidados de saúde oral no nosso país. A destruição do que resta dos serviços de saúde oral dentro do Serviço Nacional de Saúde e a entrega das responsabilidades da saúde pública a interesses de grupos económicos privados que visam apenas o lucro começam agora a afectar directamente os próprios profissionais de saúde oral formados no nosso país.
É inadmissível a exploração directa dos jovens dentistas em Portugal, feita por clínicas e grupos económicos, com a conveniência das entidades governamentais que nada fiscalizam e que deixam as relações de trabalho destes profissionais altamente qualificados em situações completamente precárias e sujeitas a todo o tipo de exploração.
Seja bem-vindo o Sindicato dos Médicos Dentistas; é tempo também de os médicos dentistas e outros profissionais de saúde oral demonstrarem firmeza e determinação nas políticas de saúde oral públicas do nosso país e darem um alerta vermelho convincente ao governo para a necessidade urgente de alterar profundamente as actuais políticas na área de saúde oral, partindo rapidamente para a necessidade de valorizar socialmente o papel desempenhado por estes profissionais.
É inadmissível a exploração directa dos jovens dentistas em Portugal, feita por clínicas e grupos económicos, com a conveniência das entidades governamentais que nada fiscalizam e que deixam as relações de trabalho destes profissionais altamente qualificados em situações completamente precárias e sujeitas a todo o tipo de exploração.
Seja bem-vindo o Sindicato dos Médicos Dentistas; é tempo também de os médicos dentistas e outros profissionais de saúde oral demonstrarem firmeza e determinação nas políticas de saúde oral públicas do nosso país e darem um alerta vermelho convincente ao governo para a necessidade urgente de alterar profundamente as actuais políticas na área de saúde oral, partindo rapidamente para a necessidade de valorizar socialmente o papel desempenhado por estes profissionais.
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