"O grande problema é termos
um valor muito elevado de dentes perdidos devido a cárie, seguramente porque as
pessoas procuram o dentista muito tarde”, sublinha o coordenador do Programa da
Saúde Oral da Direção-Geral da Saúde. Apenas 3% dos adultos em Portugal nunca
tiveram problemas de cáries dentárias, com a situação a agravar-se nos idosos,
que têm ainda em média 11 dentes totalmente perdidos, segundo um estudo
oficial.
O III Estudo Nacional de
Prevalência das Doenças Orais, a que a agência Lusa teve acesso, foi realizado
em cinco grupos etários representativos da população regional e nacional
portuguesa, de acordo com critérios recomendados pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Pela primeira vez foram incluídos grupos etários da população
adulta no Estudo Nacional de Prevalência das Doenças Orais, com as crianças, já
anteriormente estudadas, a revelarem "melhorias significativas" na
sua saúde dentária.
"O grupo dos 35-44 anos é a
grande surpresa do estudo nacional. Praticamente todas as pessoas já tiveram
contactos com cárie. Só 3% dos adultos em Portugal nunca tiveram problemas de
cárie. A partir de uma determinada idade, podemos esperar que todos os
portugueses têm ou tiveram problemas relacionados com a saúde dentária",
afirmou em entrevista à agência Lusa o coordenador do Programa da Saúde Oral da
Direção-Geral da Saúde, Rui Calado. O estudo identificou uma média de 10,3
dentes com problemas por pessoa, mas concluiu que quase cinco daqueles dentes
se encontram já tratados, havendo ainda quatro que são dentes perdidos.
"O grande problema é termos
um valor muito elevado de dentes perdidos devido a cárie, seguramente porque as
pessoas procuram o dentista muito tarde. Mas o acesso a medicina dentária
existe e verificou-se, porque dos 10,3 com problemas, só 1,5 estão por
tratar", explicou Rui Calado. "Aliás, os níveis de adesão, de acesso,
são novidades para nós. Estávamos à espera de piores níveis de acesso. O que
acontece é que as pessoas têm acesso mas procuram os dentistas muito
tarde", acrescentou.
No grupo dos idosos, entre os 65
e os 74 anos, há uma média de 15 dentes doentes por cada pessoa, sendo que 11,5
são dentes já totalmente perdidos, em relação aos quais a única alternativa é a
reabilitação através de próteses. "A única solução é a reabilitação. A
forma tem de ser pensada e estudada, porque qualquer conta, por mais ligeira
que seja, nos indica que estamos a falar de valores astronómicos, se quisermos
fazer uma intervenção pública", ressalvou o coordenador do Programa de
Promoção de Saúde Oral.
Em relação às crianças, a DGS diz
ter ficado claro "os ganhos de saúde em função do desenvolvimento do
Programa" (que fornece os cheques-dentista, entre outras intervenções),
com mais de metade das crianças de seis e de 12 anos a estarem totalmente
livres de cáries e com todos os dentes saudáveis. A média de dentes com
problemas é de 1,6 nas crianças de seis anos e de 1,2 nas crianças de 12,
indicadores que se reduziram para metade quando comparados com o que se
encontrou no estudo feito em 2000.
"Temos uma excelente
situação de saúde dentária nas crianças até aos 12 anos de idade", vincou
Rui Calado, considerando que a aplicação de selantes promovida pelo Programa de
Saúde Oral tem estado a funcionar, bem como os tratamentos realizados através
dos cheques-dentista. O Programa Nacional de Saúde Oral, que tem sido
desenvolvido em parceria com a Ordem dos Médicos Dentistas, promove a aplicação
de selantes de fissuras em molares permanentes saudáveis em crianças e permite
ainda outros tratamentos através de cheques-dentista facultados aos 7, 10, 13 e
15 anos.
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