Aos 58 anos, a procuradora Leonor
Furtado orgulha-se de uma carreira dedicada ao combate à corrupção. Passou por
Timor-Leste, pelo Ministério do Ambiente, pelo Tribunal de Contas, pelo
Conselho da Europa e pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Desde 2015 que se dedica a descobrir de quantas formas se pode enganar o Estado
à custa das doenças: é inspectora-geral das actividades em saúde, uma área onde
as fraudes valem milhões.
Jornal PÚBLICO – Quais as fraudes
na saúde que mais a chocam?
Procuradora Leonor Furtado –
Tanto é fraude um cidadão que adquire óculos de sol para a família toda pedir
comparticipação à ADSE como o caso do médico que prescrevia tantos antibióticos
ao pai idoso que ou já o tinha morto ou então aquilo não era verdade. No ano
passado interviemos na área da saúde oral e do cheque-dentista. Chocou-me
encontrarmos sítios onde não se fazia desinfecção dos instrumentos. Foi uma
acção que visou as cinco maiores entidades privadas da região de Lisboa. Mais
chocante ainda – e aí já raia a fraude – é que em quatro delas tinham sido
facturados ao Estado serviços nunca prestados.
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