quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

692. Entidades privadas: 80 % cobram serviços fictícios de medicina oral

Aos 58 anos, a procuradora Leonor Furtado orgulha-se de uma carreira dedicada ao combate à corrupção. Passou por Timor-Leste, pelo Ministério do Ambiente, pelo Tribunal de Contas, pelo Conselho da Europa e pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Desde 2015 que se dedica a descobrir de quantas formas se pode enganar o Estado à custa das doenças: é inspectora-geral das actividades em saúde, uma área onde as fraudes valem milhões.
Jornal PÚBLICO – Quais as fraudes na saúde que mais a chocam?
Procuradora Leonor Furtado – Tanto é fraude um cidadão que adquire óculos de sol para a família toda pedir comparticipação à ADSE como o caso do médico que prescrevia tantos antibióticos ao pai idoso que ou já o tinha morto ou então aquilo não era verdade. No ano passado interviemos na área da saúde oral e do cheque-dentista. Chocou-me encontrarmos sítios onde não se fazia desinfecção dos instrumentos. Foi uma acção que visou as cinco maiores entidades privadas da região de Lisboa. Mais chocante ainda – e aí já raia a fraude – é que em quatro delas tinham sido facturados ao Estado serviços nunca prestados.

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