Uma situação calamitosa
oficializada por todas as instituições responsáveis pela saúde oral e medicina
dentária em Portugal, desde o Presidente da República, os vários governos,
todos os partidos da Assembleia da República (desde os partidos da direita até
todos os partidos da esquerda) e as várias organizações representativas dos médicos
dentistas e médicos estomatologistas.
Trata-se de um COMPLÔ FECHADO, onde
todos colocam os seus interesses acima dos interesses da população portuguesa, gastando
largas centenas de milhões de euros dos impostos de quem trabalha em Portugal
para formar especialistas candidatos a emigrar para o estrangeiro e a tratar da saúde de pessoas que não contribuíram para a formação dos médicos dentistas, médicos estomatologistas e higienistas orais portugueses.
Em Portugal subsiste um mundo de interesses que beneficiam alguns prejudicando a maioria da população. Portugal vive uma democracia estupidamente doente.
CADA VEZ MAIS DENTISTAS ABANDONAM PORTUGAL
Depois de seis meses sem arranjar
trabalho em Portugal, Marina Alves decidiu tentar a sorte em Inglaterra. É um
dos cerca de 500 dentistas que foram para aquele país à procura de melhores
condições de emprego. Uma fuga que tem crescido nos últimos anos e está até a
atrair os profissionais mais experientes. Em Inglaterra, os portugueses já
representam 7% dos dentistas.
"São as situações dos
eternos recibos verdes e o facto de não existir um serviço público que ofereça
estes serviços às pessoas e de o sector privado estar saturado. Os doentes não
têm possibilidades para pagar, e o número de consultas diminuiu", diz ao
DN Marina Alves, de 27 anos. Há dois anos que está a trabalhar em Inglaterra,
onde há 500 portugueses entre os 7500 dentistas registados. Tentou a sorte
através de um dos muitos anúncios de empresas de recrutamento na área da saúde.
Não se arrepende de nada e confessa que não tem planos para regressar.
"Temos contratos de
prestação de serviços renováveis por dois anos. Raramente oferecem menos de
sete mil euros a uma pessoa com a minha experiência. Este valor é sem impostos,
mas mesmo com a carga fiscal dá para fazer um bom pé-de-meia. Com a situação
económica que se vive em Portugal, o regresso é difícil", diz. Marina
revela que são muitos os colegas que a contactam para saber as condições que
podem encontrar em Inglaterra. "A saída para fora é uma realidade
crescente, quer para Inglaterra, Suécia, França... Quer dos mais novos como dos
mais velhos".
É fácil encontrar anúncios de
recrutamento na Internet. Salários anuais a rondar os 73 mil euros no Reino
Unido ou os 127 mil no Dubai. Os contratos podem chegar aos três anos, e é
possível aliar o trabalho público e privado. "Nota-se que nos últimos
tempos houve um aumento de candidaturas. Só este ano já recrutámos 20 dentistas
para o Reino Unido", conta ao DN Luís Teixeira, da Reach Health
Recruitment, empresa que também procura enfermeiros e farmacêuticos.
As razões da saída são quase
sempre as mesmas. "Estão desempregados e procuram trabalho. No caso dos
dentistas, temos pessoas que fecharam as clínicas em Portugal, porque houve um
decréscimo de clientes, e procuram agora outras condições", acrescenta Luís
Teixeira, referindo que no espaço de um mês receberam entre 30 e 40
candidaturas de portugueses que queriam ir para o Dubai.
Orlando Monteiro da Silva,
bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, diz que a saída de profissionais vai
continuar. "A Inglaterra, Irlanda, os países nórdicos vão precisar de mais
dentistas. Portugal tem excesso de cursos de Medicina Dentária e muitos
profissionais sem colocação. As sete faculdades formam, por ano, cerca de 500
novos dentistas", diz.
Um recém-licenciado ganha no País
cerca de 500 euros a recibos verdes, em Inglaterra o vencimento mensal pode ser
oito vezes superior. "Há turmas em que 90% dos alunos foram exercer para
fora do País. Há o caso de uma turma inteira em que isso aconteceu. Também há
colegas mais velhos que vão para Inglaterra para efeitos de reforma, algo
difícil de assegurar em Portugal", afirma. Ter dentistas no Serviço
Nacional de Saúde (SNS) seria uma solução. "Uma parte enorme da população
precisa de assistência e não a pode pagar. Temos entre 30 e 40 médicos
dentistas no SNS, o que é manifestamente pouco. Se tivéssemos em média dois ou
três dentistas por centro de saúde, seriam cerca de 900 mil dentistas a fazer
tratamentos básicos", afirma Monteiro da Silva.
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