De cada dez bebês atendidos pela Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) de
Araçatuba, sete chegam aos nove anos sem cárie. A média é calculada por meio do
trabalho realizado na Bebê Clínica, programa da FOA (Faculdade de Odontologia de
Araçatuba), desde sua fundação, em 1996. Durante esse período foram feitos 16
mil atendimentos. O resultado se deve, segundo o coordenador da clínica, Robson
Cunha, à orientação dada pelos profissionais que atuam no serviço junto aos pais
dos bebês atendidos.
"Os pais são incentivados a
cuidarem da saúde bucal das crianças e com, isso, elas também aprendem a ser
saudáveis", disse Cunha, lembrando que é difícil detectar cáries nos bebês
acompanhados na clínica. "Quando aparece, são manchinhas brancas." O bebê tem
que ter até seis meses de vida para ser inscrito no programa. Os pais também
devem participar de uma palestra educativa sobre o assunto. A partir daí, há um
acompanhamento na clínica a cada três meses, onde a gengiva e a dentição da
criança são analisadas pelos alunos do curso de Odontologia.
"Fazemos uma avaliação
estrutural bucal, aplicação de flúor, limpeza com gaze, escovação, uso de fio
dental", elenca o coordenador. Durante as consultas, os pais recebem orientação
para evitar dar refrigerante, que contém muito açúcar, por exemplo. "Levo minha
filha na Bebê Clínica desde os dois meses de vida. Hoje ela tem um ano e um mês
e os dentinhos são saudáveis porque somos educados a cuidar da boquinha dos
nossos filhos", contou a negociadora Renata Ribeiro dos Santos, 30 anos, mãe da
Izadora.
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Este artigo retrata o resultado do trabalho feito pela
Universidade Estadual de S.Paulo (Brasil) e demonstra que é possível controlar e erradicar a carie dental
infantil.
Infelizmente é um exemplo que não existe em
Portugal. Pelo contrário, o estado
prefere gastar continuamente largas dezenas de milhões de euros todos os anos em
tratamentos nas faixas etárias infantis mais velhas, recorrendo a instituições
privadas em vez de se utilizar os recursos do Serviço Nacional de
Saúde, descorando-se qualquer trabalho de prevenção que deveria ter
início logo aos seis meses de vida das crianças e que não é da competência do
sector privado.
Portugal retrata um péssimo
exemplo para o mundo, na prestação de cuidados de saúde oral, porque aposta-se
em idades etárias já demasiado avançadas e com desperdício dos recursos humanos
e equipamentos existentes no sector público.