Portugal é o país com pior
higiene oral da Europa, com quase todas as crianças a apresentar pelo menos uma
cárie e a maioria dos idosos sem um único dente, afirmou o Bastonário da
Ordem dos Médicos Dentistas. Segundo Orlando Monteiro da Silva, alguns estudos
têm revelado dados preocupantes sobre Portugal que o colocam na cauda dos 25
países da União Europeia. Esses estudos revelam que "65 por cento das
pessoas com mais de 60 anos não tem um único dente na boca", indicou o
especialista.
"Perto de cem por cento das
crianças em idade chave de avaliação – 5/6 anos e 9/10 anos – têm pelo menos um
dente com cárie e algumas dessas crianças já têm 70 por cento dos dentes
cariados, arrancados ou obturados", adiantou. Se as crianças forem
instruídas desde cedo, ganham o hábito de cuidar da dentição e nunca vão deixar
de cumprir regras de saúde oral e higiene dentária, explicou Orlando Monteiro
da Silva, para quem o grande problema reside na falta de educação dos mais
novos, tanto por parte dos pais como do Estado.
Na opinião do médico, os pais não
incutem esses hábitos nas crianças porque também não os têm. "Os adultos
mesmo quando vão aos dentistas e são devidamente instruídos só seguem os
conselhos nos primeiros dias, mas como não há background deixam de cumprir as
regras estabelecidas", frisou. Orlando Monteiro da Silva responsabiliza
ainda o Estado pela falta de educação da população, e principalmente das
crianças, ao não promover políticas de saúde oral em escolas, lares ou centros
de dia.
Afirmando que conhece no terreno
estas carências, o bastonário disse que nos lares de terceira idade "não
há quem saiba como se higieniza uma prótese" e em centros com crianças
deficientes profundas acamadas "há um desconhecimento total de que nesses
casos deve ser colocado um antibiótico específico na boca para a
higienizar". O apoio do Estado deveria passar também pelo investimento no
Serviço Nacional de Saúde, defendeu, considerando "inadmissível" que
hospitais e centros de saúde não tenham dentistas.
"O Ministério da Saúde trata
as pessoas como se não tivessem boca", lamentou, acrescentando que
"grande parte dos portugueses não tem acesso aos dentistas – que só
exercem em clínicas privadas – por falta de meios económicos e de
informação". Para Orlando Monteiro da Silva, este não investimento do
Estado é um "erro tremendo" em termos de saúde pública.
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