domingo, 19 de março de 2017

695. VERGONHA (Só em PORTUGAL): Um milhão de cheques-dentista ficaram por usar

Quase um terço (27%) dos cheques-dentistas emitidos desde 2008 não chegou a ser utilizado, segundo os dados publicados esta segunda-feira, 20 de Março, pelo Jornal de Notícias.
Dos 4,3 milhões de vales lançados nos últimos oito anos ao abrigo do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral, houve 1,14 milhões que acabaram por ser desperdiçados.
Citado pelo jornal, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, disse que "é uma pena que os cheques não sejam aproveitados ao máximo", frisando que "a necessidade existe, mas nem sempre se transforma em procura".
Os cheques-dentista podem ser utilizados nos consultórios ou clínicas privadas aderentes, não havendo restrição quanto à área de residência do utente. As grávidas, os idosos que recebem o complemento solidário e as crianças e jovens até 16 anos são os maiores beneficiários desta medida, que há um ano foi alargada até os 18 anos no caso de já terem sido utilizadores.
Segundo os dados disponibilizados pela Ordem dos Médicos Dentistas, 69% dos beneficiários durante o ano passado foram crianças e jovens, enquanto as grávidas representaram 19% do total de mais de 544 mil cheques-dentistas emitidos em 2016.
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A realidade dos factos revela a política de saúde oral dos governos em Portugal. Ao poupar 1 140 000 cheques-dentistas, os governos nos últimos anos pouparam dezenas de milhões de euros à custa da saúde oral das crianças e adolescentes portugueses. Um crime aberrante e atroz que traduz o real interesse do governo e da Direcção – Geral de Saúde em promover efectivamente uma verdadeira saúde oral para todas as crianças e adolescentes em Portugal, ao subtrair mais de um milhão de cheques-dentistas.
A pergunta é simples: quantos filhos e netos de todos os ministros que passaram pelo Ministério da Saúde e da Educação, dos senhores deputados à Assembleia da República ou altos dirigentes da Direcção – Geral de Saúde nos últimos dez anos não tiveram acesso a cuidados de saúde oral? As crianças e jovens sem direitos são os primeiros a sentir o desprezo que os governos têm para com a saúde oral. Se os governantes tivessem algum interesse, todos os cheques-dentista teriam sido usados; infelizmente não é esse o interesse dos governantes nem da Direcção – Geral de Saúde.

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