terça-feira, 28 de junho de 2011

537. Cheques-dentistas não cobrem mais de 90 % das necessidades de saúde oral de crianças e adolescentes

A Ordem dos Médicos Dentistas apelou às autoridades para que comecem a entregar mais cedo nas escolas os cheques dentista, que estão a ter uma menor taxa de uso nas crianças em idade escolar. Segundo o relatório sobre o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos 997 mil cheques emitidos desde o ano lectivo 2008/2009 aos alunos das escolas públicas apenas 57 por cento foram utilizados.
tvi24
* * *

Vamos fazer contas. Em Portugal existem cerca de 1 800 000 crianças e adolescentes (valor por defeito). A recomendação é que sejam realizadas 2 consultas anuais por criança (1 800 000 X 2 = 3 600 000 consultas por ano); o cheque-dentista foi introduzido no ano lectivo de 2008/2009, há 3 anos (3 600 000 X 3 = 10 800 000 consultas). O número de cheques-dentistas distribuídos foram de 997 000, o que dá uma cobertura de 9,23 %

A conclusão é simples: o cheque-dentista cobre menos de 10 % das necessidades de saúde oral das crianças e jovens em Portugal.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

536. Tópicos para o desenvolvimento de uma política de saúde oral em Portugal (II)

Os recursos financeiros, humanos e matérias existentes no país são suficientes para melhorar significativamente o sector da saúde, englobando também a valência da saúde oral. Os tópicos apresentados na postagem anterior são apenas alguns exemplos do trabalho que é necessário fazer, parado nos últimos seis anos pelo Ministério da Saúde.
É necessário ter uma filosofia activa perante os problemas da saúde e saber lidar com soluções viáveis que geralmente não acarretam aumentos de despesas e que permitem rentabilizar largamente os recursos já disponíveis. A prevenção merece um grande destaque na saúde oral.
Outras medidas podem ser derivadas a partir de sobrepostos de que, em primeiro lugar, a politica deve estar unicamente centrada em benefício do doente. Para reflexão (a ordem aparece arbitrariamente):
1. – Criar urgências básicas de saúde oral nos hospitais centrais, afectando um médico estomatologista 24 horas por dia (em caso de urgência não se pode pedir a outros especialistas de diferentes áreas para tratar doenças específicas de saúde oral);
2. – Eliminar entraves burocráticos e acabar com todo o tipo de taxas e impostos cobrados para a legalização da prestação de cuidados de saúde oral em clínicas, consultórios e centros médicos, desde que se compram todos os requisitos necessários e legais para que fique assegurada a saúde dos pacientes;
3. – Tornar obrigatório seguros profissionais para todos os técnicos de saúde oral, sem excepção, de forma a cobrir todos os actos médicos praticados e a salvaguardar sempre a saúde dos pacientes;
4. – Tornar obrigatório seguros de saúde para toda a população, de forma a garantir que todas as pessoas possam aceder a cuidados de saúde no Serviço Nacional de Saúde e convencionados, incluindo o acesso a cuidados de saúde oral;
5. – Descriminar positivamente os cuidados de saúde primários, nomeadamente com carácter preventivo, facilitando e promovendo o acesso generalizado e de forma gratuita de crianças e jovens a exames de diagnósticos precoces de saúde oral em qualquer clínica ou consultório reconhecido pelo Ministério da Saúde;
6. – Proibir por completo a publicidade de todos os produtos e substâncias nocivas à higiene oral, designadamente spots televisivos de alimentos altamente prejudiciais à formação e educação para uma alimentação saudável;
7. – Combater eficazmente o comércio de alimentos e substâncias altamente nocivas à higiene oral, obrigando as empresas a identificar, de forma clara e bem visível nos rótulos, quais os seus efeitos prejudiciais para a saúde;
8. – Introduzir taxas moderadoras adicionais que penalize a população que recorra sistematicamente a cuidados de saúde em áreas não prioritárias, designadamente quando associadas a factores comportamentais de risco (interrupção voluntária da gravidez, doenças com origem no consumo do tabaco, doenças sexualmente transmissíveis, toxicodependência, etc.).

terça-feira, 14 de junho de 2011

535. Tópicos para o desenvolvimento de uma política de saúde oral em Portugal (I)

1. - Considerando o enorme fosso entre os cuidados de saúde oral disponibilizados à população em Portugal e aqueles que são prestados nos restantes países da União Europeia;
2. – Constatando as enormes desigualdades de rendimento entre as várias classes sociais, com reflexo directo nas oportunidades de acesso a cuidados de saúde oral;
3. – Sabendo que a saúde oral constitui um bem essencial para o bem-estar físico e psicológico de qualquer ser humano, desde a infância até à velhice (e que a sua ausência acarreta danos incalculáveis e imensuráveis, de forma permanente para o resto da vida, tanto em termos físicos como psicológicos)
4. – Observando-se uma falta de ética moral por parte dos responsáveis das pastas ministeriais da saúde dos últimos governos em estudar e aplicar medidas concretas de erradicação de doenças de saúde oral;
5. – Tendo em conta o quase nulo papel da Direcção – Geral da Saúde em promover uma eficaz e correcta prevenção real de saúde oral em ambiente escolar;
6. – Constatando o sistemático aproveitamento de recursos disponibilizados para a saúde oral, na ordem de muitos milhões de euros, gastos em publicidade, programas informáticos, brochuras e similares, sem que daí tivesse resultado um único tratamento médico real;
7. – Assumindo activamente que muitas entidades com interesses do sector da saúde oral em Portugal pretendem que tudo se mantenha na mesma, sem nenhuma evolução;
8. – Existindo em Portugal todos os recursos humanos e materiais necessários para uma completa assistência médica, em termos de saúde oral, a toda a população portuguesa.
É tempo de o futuro governo aplicar, desde já, várias medidas que humanizem o sector da saúde oral em Portugal, nomeadamente:
a) implementação do Cartão de Saúde Oral para todas as crianças e jovens;
b) afectação completa de todos os fundos destinados a programas de saúde oral unicamente em actos médicos;
c) utilização dos meios de comunicação sociais públicos, designadamente a televisão, para a promoção de uma cultura responsável de saúde oral;
d) divulgação máxima possível dos serviços de saúde oral disponível no país, designadamente os afectos ao Serviço Nacional de Saúde;
e) introdução de exames de saúde oral como requisito obrigatória para matrícula e renovação de matrícula em todos os estabelecimentos de ensino básico e secundário;
f) criação de um número de telefone nacional único, destinado exclusivamente à saúde oral;
g) celebração de contratos de prestação de serviços directamente entre o estado e os jovens médicos dentistas, formados recentemente, de forma a colocar no mercado de trabalho todos os médicos dentistas formados pelas universidades;
h) valorização das iniciativas que visem o reforço da cooperação entre as diversas especialidades médicas de saúde oral, dentária e de estomatologia e as restantes valências do Serviço Nacional de Saúde;
i) aposta em incentivos fiscais que permitam a criação e fixação de pequenas unidades de saúde oral em regiões mais desfavorecidas e mais afastadas das grandes cidades;
j) forte apoio à investigação científica de jovens formados, em áreas de elevado interesse para a saúde oral pública;
l) reformulação do papel de todas as instituições ligadas ao sector da saúde oral, nomeadamente em termos de competência e responsabilidades publicas;
m) introdução de parceria com países terceiros, definindo quotas anuais de emigração/imigração de técnicos de saúde oral;
n) estabelecer um prazo de legalização extraordinário para todos os técnicos de saúde oral ilegalmente estabelecidos no país, estipulando obrigações e deveres;
o) tornar obrigatório e publico um sistema nacional de avaliação anual de todos os profissionais ligados à saúde oral;
p) certificar oficialmente as entidades e organismos prestadores de serviços ou produtos necessários ao desenvolvimento de todas as actividades ligadas à saúde oral;
q) promover a formação prática de todos os técnicos em saúde oral, dotando as instituições de formação dos recursos necessários ao cumprimento das suas funções.

sábado, 11 de junho de 2011

534. TURMA DO BEM em Portugal

TURMA DO BEM
http://www.turmadobem.org.br/br/

* * *

Hoje em Portugal, são 210 Dentistas do Bem e mais de 280 tratamentos odontológicos complexos oferecidos gratuitamente. Temos voluntários em mais de 50 cidades, de norte a sul de Portugal. O valor que a Fundação EDP investe, junto com o apoio da Jaba Recordati, ACEuropa e outros apoios é crucial para realizarmos o nosso trabalho. E temos plena consciência de que temos muito a fazer.

Quanto ao projecto vir ou não de fora, é irrelevante. Os voluntários, o coração da TdB, são em sua grande maioria, cidadãos portugueses. Replicabilidade, resultados comprovados, actuação em mais de 10 países e uma rede de 9000 voluntários são as razões que fizeram a EDP Brasil apoiar esse projecto no Brasil desde 2008 e a Fundação EDP ser co-fundadora da iniciativa que em menos de um ano apresentou resultados extraordinários.
Mantemos uma óptima relação com as outras organizações. O Doutor Miguel Pavão, presidente do Mundo a Sorrir, e o Doutor Cassiano Scapini, coordenador do projecto da LBV no Porto, são nossos voluntários e atendem 2 crianças cada.
Por último, recebemos o prémio de "Projecto de Solidariedade Social" da revista Saúde Oral, o que mostra o reconhecimento de parte expressiva dos profissionais da odontologia portuguesa. Aliás, neste momento de crise, o que mais precisamos são de boas ideias e de solidariedade. Para somarmos, esclarecermos, valorizarmos e melhorarmos a odontologia em Portugal. Principalmente em Lisboa, onde temos mais de 200 jovens em fila de espera.
Cumprimentos,
Murilo Casagrande
Gestor Internacional da TdB
210028125
Murilo@turmadobem.org.pt

quarta-feira, 8 de junho de 2011

533. O fim de um ciclo

O fim do governo do José Sócrates é o culminar de um período negro para a saúde oral dos portugueses. Os últimos seis anos foram marcados por um período ridículo de espera no combate eficaz que falta fazer em Portugal, no âmbito do combate às doenças relacionadas com a saúde oral.
A troco de quase nada e do silenciamento do assunto na comunicação social, o faz de conta que tudo correu sobre rodas na saúde oral escondeu a pura demagogia de quem nunca esteve interessado em fazer alguma coisa positiva, deixando afundar a péssima saúde oral dos portugueses, cada vez mais longe da qualidade de vida dos cidadãos europeus.
Esperemos por um outro tempo e novos governantes para alterar o estado pantanoso em que navega a saúde oral dos portugueses.