Segundo dados revelados pela
Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) na véspera do Dia Europeu da Saúde Oral, dos
4.341 cheques emitidos entre março de 2014 e 30 de junho deste ano foram
utilizados menos de um terço, ou seja, 1.315 cheques para diagnóstico do cancro
oral. “Numa fase inicial do programa houve alguns problemas com o sistema
informático que faz a emissão dos cheques”, explicou à agência Lusa Pedro
Trancoso, da direção da Ordem, admitindo que a quantidade de cheques realmente
usados pelos utentes vá começando a aumentar.
O objetivo do Projeto de
Intervenção Precoce do Cancro Oral seria atingir cerca de cinco mil biópsias
anuais e, para isso, é necessário que aumentem os cheques emitidos pelos
médicos de família e, sobretudo, que os doentes usem na rede de dentistas
aderente os cheques que lhe são passados. Apesar de uma reduzida taxa de
efetiva utilização dos cheques para diagnóstico do cancro da boca, Pedro
Trancoso sublinha que a taxa de execução dos cheques para biópsia é “muito
elevada”, na ordem dos 90%, o que “significa que os casos suspeitos estão a ser
devidamente encaminhados e acompanhados”.
Do total de cheques diagnóstico
usados quase metade avançou para biópsia. As 585 realizadas no âmbito deste
programa permitiram detetar 24 cancros e mais 17 lesões com potencial de
transformação maligna. Pedro Trancoso lembra que os 24 casos de cancro
detetados se referem apenas ao projeto de intervenção precoce, havendo em
Portugal muitos mais casos, vários diagnosticados de forma tardia, o que
contribui para que a taxa de mortalidade seja inferior a 50% a cinco anos. Se o
diagnóstico for efetuado de forma precoce, as taxas de sobrevivência podem ser
superiores a 80%”, refere o dirigente da Ordem dos Médicos Dentistas.
Defendendo que é essencial
incrementar a utilização dos cheques emitidos pelos médicos de família, a Ordem
entende que é necessário conhecer os sinais de alerta para o cancro oral:
feridas que não cicatrizam em duas semanas, alterações de cor da mucosa oral,
aumentos de volume inexplicados, perdas de sensibilidade ou de mobilidade da
língua.