Um em cada dez dentistas deixou
Portugal para ir trabalhar noutro país, e esta saída está a acentuar-se por
falta de alternativas, disse o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas.
Orlando Monteiro da Silva disse que, desde finais de 2009, já emigraram cerca de
700 dentistas, o que representa 10% dos profissionais com autorização para
exercer medicina dentária em Portugal.
A Ordem tem conhecimento destes
dados através dos pedidos de certificado de equivalências que estes médicos
dentistas solicitam, para poderem trabalhar em estados-membros da União Europeia
e noutros países. Segundo Orlando Monteiro da Silva, esta saída acentuou-se no
último ano, existindo turmas inteiras que terminam os cursos de medicina
dentária conscientes de que vão trabalhar fora de Portugal. Os principais países
de destino destes médicos dentistas são o Reino Unido, Suécia, Suíça, França,
Luxemburgo e Noruega.
O bastonário considera que as
condições de trabalho, e respectiva remuneração, que estes dentistas encontram
nos países de destino, são boas. Um médico dentista recém-formado pode receber
entre 500 a 600 euros em Portugal, “se tiver a sorte de arranjar um emprego, e
dez vezes mais em Inglaterra, por exemplo”, disse. “É bom poder exercer a
profissão em outros países, mas o que é negativo é quando isso surge como uma
fatalidade”, disse.
Orlando Monteiro da Silva
revelou ainda que, além dos jovens, também os médicos dentistas com dez, 15 anos
de carreira procuram cada vez mais um emprego no estrangeiro, por falta de
resposta em Portugal. Segundo o documento Os números da Ordem dos Médicos
Dentistas, que revela a estatísticas de 2012 da profissão, em 2016 vão existir
11.510 médicos dentistas em Portugal, “um número 55% superior face ao registado
actualmente”.
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Aproximadamente 2 milhões de crianças e jovens portugueses
continuam a ver a saúde oral por um canudo. Assim vai a saúde oral em Portugal.
Sobre este assunto reina o silêncio em Portugal.