O bastonário da Ordem dos
Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, defendeu hoje, em Penafiel, que o
curso superior que forma aqueles profissionais de saúde volte a ter seis anos,
invertendo as recomendações de Bolonha. "Com Bolonha, perdeu-se um
sexto ano, importantíssimo em termos de experiência clínica e de integração dos
médicos dentistas no mercado de trabalho", afirmou, em declarações à
Agência Lusa. Para o bastonário, em relação a essa matéria, "é crescente o
consenso dentro da profissão e das faculdades de medicina dentária".
Orlando Monteiro da Silva
criticou, por outro lado, o facto de Portugal ter sido "demasiado
lesto" a adotar a declaração de Bolonha, "particularmente na área da
saúde e da medicina dentária". Revelando que, em breve, em Coimbra, aquela
ordem profissional vai discutir a questão com o secretário de Estado do Ensino
Superior, o bastonário admitiu que desse encontro poderá "sair um
documento oficial a solicitar o sexto ano". "Vários países europeus
estão a seguir esta linha e nós não podemos ficar para trás nesta
matéria", recordou.
O bastonário da Ordem dos Médicos
Dentistas falava em Penafiel à margem de um congresso da sociedade científica
GIRSO, promovido pela Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e
Universitário (CESPU), que reúne algumas dezenas de especialistas de saúde oral
de vários países europeus. Nesse congresso, o presidente da entidade
organizadora, Almeida Dias, aproveitou a sessão de abertura para defender o
prolongamento de cinco para seis anos na formação académica dos médicos dentistas.
À Lusa, o bastonário admitiu que o prolongamento até pode ser substituído por
um estágio, se "for bem estruturado e coordenado entre todos os
intervenientes", nomeadamente "faculdades, hospitais, centros de
saúde e alguma prática privada da profissão".
"O estágio ou um período de
internato clínico poderá ser bastante útil", observou à Lusa, defendendo,
porém, a introdução de "regras bem claras". Orlando Monteiro da Silva
lembrou que "a nova lei das ordens profissionais, que está em revisão na
Assembleia da República, já prevê um estágio". "Julgo que essa é uma
oportunidade a ter em linha de conta", disse.
O prolongamento da formação vai,
insistiu, "criar um consenso para uma atividade da saúde, onde a saída
demasiado cedo para o contacto com a profissão deve ser repensada a bem da
qualidade da medicina dentária e da formação".