Consultas de medicina dentária nos centros de saúde
-todos os esclarecimentos no seguinte link:
-localização dos centros de saúde com consultas de medicina dentária no seguinte link:
https://www.sns.gov.pt/cidadao/saude-oral/
**************************** A saúde da Saúde Oral em Portugal **************************** O mercado precisa de concorrência para ser justo, pois quando não há concorrência a tendência é o sector ter preços elevados e desproporcionais, ao mesmo tempo que se observa a queda na qualidade do produto ou serviço.
Consultas de medicina dentária nos centros de saúde
-todos os esclarecimentos no seguinte link:
-localização dos centros de saúde com consultas de medicina dentária no seguinte link:
https://www.sns.gov.pt/cidadao/saude-oral/
APOMED-SP
(AssociaçãoPortuguesa dos Médicos Dentistas dos Serviços Públicos)
O dr. Manuel Pizarro, atual ministro da Saúde, foi somente o 19.º ministro responsável pela pasta da Saúde que não se mostrou competente na resolução da adequada integração dos médicos dentistas no SNS. Não terá sido por falta de tempo ou oportunidade, pois o ministério renegociou carreiras, criou outras e chegou até, em parcos dias a promover vertiginosas alterações não de um, mas de todos os estatutos das ordens profissionais da saúde.
De facto, desde a criação do SNS, a medicina dentária sempre foi preterida nos e pelos serviços, nunca ter havido talento para criar uma carreira de medicina dentária no SNS, que coadjuva para o lastimável estado de saúde oral, principalmente dos mais pobres e excluídos, que unicamente podem recorrer ao SNS.
Esta humilhante atitude para com os médicos dentistas dos serviços públicos tem-se vindo a manifestar ao longo das legislaturas, em repetidos e fraudulentos discursos para as legítimas aspirações dos profissionais ao verem-se reiteradamente usados como seres amestrados no circo mediático das inaugurações ou no descerrar de lápides, junto a novos gabinetes.
Mesmo a valorosa reforma ocorrida em 2016 com os projetos piloto de saúde oral, inicialmente em 13 locais das moribundas ARS-Alentejo e LVT e que, em 2017, foram alvo de alargamento a todas as restantes ARS, rapidamente se transformou naquilo que são as condições escravizantes típicas do século XXI, em que o trabalhador é simplesmente um número enquanto produtor de riqueza ao serviço do empregador, sem qualquer direito a apoio para formação, assistência na doença ou parentalidade e simultaneamente facilmente descartável em detrimento de outro que seja compelido a aceitar as mesmas, ou mais degradantes, condições de trabalho.
Exemplo destas situações é o SNS ter aproveitado, a partir de 2016, a excelente formação e qualidade dos médicos dentistas portugueses (tão solicitados e bem remunerados na Europa a custo zero para esse investimento) ao disponibilizar em cerca de 130 centros de saúde do SNS consultas de saúde oral que permitiram o acesso a centenas de milhares de portugueses que, de outra forma, nunca poderiam aceder aos mais básicos cuidados terapêuticos de saúde oral, com todas as repercussões na saúde geral e qualidade de vida que isso representou ao longo de décadas.
Concomitantemente, esses médicos
dentistas têm sido contratados desde essa altura através de empresas de
recrutamento de serviços ou através de contratos de prestação de serviços, que
abusam desse tipo de serventia junto dos mais jovens, impelindo-os à cessação
destes “tão fabulosos” contratos em situações de doença ou de simples
gravidezes ou até dificultando a sua atualização formativa descontando-lhes os
dias em que os mesmos participem em formação, que depois vai permitir melhor
prestação de serviços.
Esta situação é a realidade atual da esmagadora maioria dos médicos dentistas
avençados aos serviços públicos de saúde que exercem cumprido um horário de
trabalho determinado pelo empregador e em muitas situações com controlo de
assiduidade biométrico, executado em equipamento e com recurso a materiais
disponibilizados pelo empregador e com replicados contratos anuais, que apesar
das propaladas e válidas intenções da atual ministra do trabalho combater os
designados “falsos recibos verdes” ainda não os descobriu no âmbito do SNS.
Descrito o atual ponto de situação da medicina dentária no SNS, os médicos dentistas sentem, perante esta inesperada interrupção da legislatura, que mais uma vez foram encantados por palavras vãs acerca da melhoria das condições a par da incomensurável melhoria e dedicação que estes jovens médicos dentistas trouxeram aos cuidados de saúde primários. Testemunhas disso serão, mais que os governos ou ministros, os portugueses que diariamente encontram um excelente profissional, altamente diferenciado, muito frequentemente remunerado abaixo do salário mínimo nacional, devido a feriados, participações em formações, maternidade ou doenças (como se fosse possível manter a saúde desse profissional obrigando-o a trabalhar de segunda a sexta, sete a oito horas diárias, num exercício de elevada performance e concentração, sem direito a férias e pago a 10, 9, 8 ou menos ainda euros à hora).
Assim, importa agora neste período que se avizinha, e uma vez que, ao contrário de outros profissionais de saúde do SNS, não se vislumbrar que os atuais ministros venham a sentar-se a qualquer mesa de negociações para paliativamente tentar resolver o que não se mostraram competentes em resolver para os médicos dentistas desde setembro de 1979 com a criação do SNS, estar atentos às propostas de programas eleitorais dos diferentes partidos concorrentes às eleições de 10 de março de 2024, para perceber quais os que terão coragem de expor claramente intenção de criar uma carreira de medicina dentária no SNS adequada às competências médicas e cirúrgicas no âmbito da saúde oral, e não mais um conjunto de palavras e atos protelatórios.
José Frias Bulhosa
As
reivindicações dos dentistas também estão expostas nas faixas colocadas sobre
as baias exibidas à frente das escadarias da Assembleia da República, onde se
pode ler: "Médicos dentistas do SNS não têm enquadramento legal. Cansados
de promessas queremos carreiras" ou "O cheque-dentista não
resolve os problemas da saúde oral. Benefício social à custa dos médicos
dentistas". Os manifestantes
gritaram também palavras de ordem como "Planos de saúde são uma
fraude" e "Saúde oral para todos". Portugal, alertam, tem mais
do dobro dos profissionais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
e, simultaneamente, tem "um dos piores índices de saúde oral da União
Europeia". "O rácio de
800 habitantes para cada médico dentista passará, em 2025, para 650 habitantes
para cada médico dentista, o que é manifestamente exagerado e nefasto quer para
a profissão quer para a classe que atravessa a maior crise laboral desde que
existe em Portugal", salienta o sindicato.
Os médicos dentistas reivindicam também a regulamentação dos planos de saúde, a reformulação dos cheque-dentista, "a redução imediata dos "numerus clausus" e "impedir a abertura de mais um curso de medicina dentária". O presidente do sindicato, João Neto, afirma que as propostas que levaram à manifestação visam "tentar colmatar um bocadinho a precariedade, o desemprego e o subemprego que existe na classe e que vai afectar os mais jovens". "Os colegas recém-licenciados vão emigrar. Há mais de 600 que emigram todos anos e há situações ainda mais gravosas", disse João Neto.
Defendeu também ser preciso "alertar os estudantes, ou quem está a pensar tirar o curso de medicina dentária, para que não vai ter a perspectiva de futuro que se pensa, porque há excesso de dentistas". É preciso "ter coragem de reduzir os numerus clausus (...) porque senão vai ser o caos", advertiu. Licenciada há menos de um ano, Mariana Batista, de Lisboa, apontou as barreiras que tem encontrado devido aos planos de saúde que, "muitas vezes, são uma fraude", porque os pacientes pensam que são grátis mas "a publicidade é enganosa".
A jovem médica dentista relatou que, quando os pacientes chegam ao consultório, têm que lhes ser explicado "tudo sobre os planos de saúde, que não há tratamentos grátis". "Não é possível haver tratamentos grátis, porque nós estamos a recibos verdes e se o paciente não paga, nós também não vamos receber", disse. "Temos um assistente, temos um médico, temos electricidade para pagar e torna-se complicado", lamentou a jovem, que participou na primeira manifestação nacional de médicos dentistas.
Resistentes à chuva e ao vento, os dentistas fizeram questão de marcar presença no protesto "pela valorização do médico dentista, pelo médico dentista no SNS e pela saúde oral dos portugueses", sintetizou João Neto. O presidente do sindicato lamentou que a saúde oral tenha sido esquecida por sucessivos governos, o que se reflecte na proposta do Orçamento do Estado para 2024, em que "só há dois parágrafos sobre a saúde oral dos portugueses".
Olá, o SAÚDE ORAL procura leitores interessados na publicação de postagens no Blogue. Escreva sobre assuntos relacionados com a saúde oral em Portugal. Agradecemos.
alves.saudeoral@gmail.com
Quem necessitar de consultas a preços mais acessíveis, na clínica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto, estão disponíveis 32 gabinetes, onde os estudantes, supervisionados por docentes, atendem a comunidade.
Paulo Melo, diretor da Faculdade, garante que é possível agendar uma consulta no espaço de uma ou duas semanas.
Manchas brancas ou avermelhadas, feridas que não cicatrizam depois de 15 dias, nódulos no pescoço. Em casos mais avançados, sangramento, dificuldade para engolir e falar. Esses são alguns dos sintomas do câncer de boca – também conhecido por câncer da cavidade oral ou bucal. De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), é mais comum em homens acima dos 40 anos, sendo o 4º tumor mais frequente no sexo masculino na região Sudeste. O desafio, assim com outros tipos de câncer, é o diagnóstico rápido e assertivo.
"Quanto antes for feito o diagnóstico, maior será a chance de cura do paciente", explica Letícia Lang, dentista oncológica da Oncoclínicas Londrina e do Centro de Oncologia e Radioterapia de Londrina, no Paraná. O tumor pode acometer qualquer região que fica dentro da cavidade oral, ou seja, na boca. Também pode envolver a orofaringe, que é a junção da parte posterior da língua com a faringe – neste caso, há uma relação maior com a infecção por HPV, o papilomavírus humano. Mesmo assim, é mais comum as lesões aparecerem nas seguintes regiões:
-Borda lateral da língua;
-Assoalho bucal (embaixo da língua);
-Lábio inferior (dependendo do tipo de tumor, pode ser considerado câncer de pele);
-Céu da boca;
-Parte interna da bochecha.
Segundo Luciana Ramalho, dentista e consultora em estomatologia do Grupo Oncoclínicas na Bahia, o câncer não acontece de um dia para o outro, mas vai dando sinais que podem passar despercebidos e que são confundidos com outras feridas. A afta, por exemplo, cura e cicatriza. "Na grande maioria das vezes, aparece como uma mancha branca ou vermelha ou como uma ferida que não cicatriza e também não dói. Se não cicatrizar em 15 dias, deve acender um alerta", diz.
Isso porque, quanto mais tempo passa, mais os sintomas podem se agravar. "Essas manchas ou feridas vão se transformando. Em casos mais avançados, aparece o mau hálito, dificuldade de falar e engolir, além de caroços no pescoço", pontua. Veja os sintomas:
-Manchas brancas ou avermelhadas;
-Feridas que não cicatrizam após 15 dias;
-Nódulos ou crescimento da mucosa;
-Nódulos no pescoço (às vezes, há apenas esse sintoma presente).
Os sinais em casos mais graves:
-Dificuldade para mastigar, engolir e falar;
-Sensação de que há algo preso na garganta;
-Mau hálito;
-Dificuldade para movimentar a língua;
-Sangramentos.
Não esqueça da sua boca, faça um autoexame – A boca tem uma "vantagem" em relação a outras partes do corpo: nós conseguimos analisá-la sem muitas dificuldades, todo dia, principalmente quando fazemos a higiene. É exatamente por conta disso que devemos ficar de olho para possíveis mudanças, mas como?
Existe um autoexame que pode ser feito rapidamente, segundo os especialistas. "Abra bem a boca em frente ao espelho com a língua para fora. Olhe a parte direita e esquerda, veja se não há algum dos sintomas. Coloque dois dedos na parte interna da bochecha para avaliar a região. Também verifique o céu da boca e a parte de baixo da língua.
Se tiver qualquer lesão, procure um especialista", explica Leonardo Arcoverde, cirurgião oncológico da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica), coordenador de Cabeça e Pescoço do Hospital Esperança Recife e titular do Hospital do Câncer de Pernambuco. Isso, é claro, não substitui a necessidade de uma consulta com um profissional de saúde. Não é obrigação do paciente fazer o diagnóstico, mas, sim, do médico ou do dentista. "O autoexame é uma triagem inicial. Se identificar algo diferente, ele deve, sim, procurar um dentista", diz cirurgião-dentista de Londrina.
Mas caso ainda esteja na dúvida, confira essa imagem abaixo, elaborada pela dentista Letícia Lang. São essas regiões que você deve olhar com mais cuidado.
Tabaco, bebida alcoólica e HPV: o grupo de risco – Algumas pessoas podem ter mais risco de desenvolver o câncer na boca. Pacientes (mais homens) que fumam tabaco e/ou alcoólatras, principalmente, apresentam mais chance de ter os tumores na região da cavidade oral. Considerando as regiões da boca, o câncer dos lábios é o terceiro tipo mais frequente, correspondendo de 25% a 30% de todos os tipos de câncer oral. Ele ocorre principalmente em homens de pele clara, acima de 50 anos de idade. A proteção labial, neste caso, é fundamental para quem passa o dia exposto ao sol.
Mas isso não quer dizer que indivíduos fora deste grupo também não possam desenvolver o câncer. Inclusive, pessoas mais jovens costumam ser diagnosticadas com associação à infecção por HPV, conforme explica Felipe D'Almeida Costa, médico patologista, diretor de Ensino da SBP (Sociedade Brasileira de Patologia) e titular da anatomia patológica do A.C.Camargo Cancer Center (SP).
"São pacientes mais jovens sem histórico de tabagismo e alcoolismo. Geralmente, a lesão primária na amígdala é pequena e escondida. Enquanto o gânglio do pescoço já chega aumentado", diz o também coordenador médico de Educação da Patologia da Dasa. "Já com os tumores não associados ao HPV, são pacientes dependentes de álcool e tabaco. São mais velhos e as lesões primárias são maiores do que as do pescoço", conclui.
Importante ressaltar que, além da camisinha obrigatória em todas as relações sexuais, há ainda as vacinas contra HPV oferecidas gratuitamente para os meninos com idades entre 11 e 14 anos e para meninas de 9 a 14 anos. Para adultos, também indicada, é possível encontrá-la em clínicas particulares. Outro ponto importante levantado pelos especialistas é que o câncer de boca tem um forte componente social envolvido, acometendo pessoas de renda baixa, sem acesso a dentistas e com pouco conhecimento da importância da higiene oral.
"Quando vamos para as regiões mais pobres do país, notamos que o risco de câncer de boca cresce muito, se comparado a regiões onde vivem pessoas com maior poder aquisitivo", diz cirurgião oncológico da SBCO.
Existem formas de prevenir o câncer de boca, que envolvem os seguintes cuidados: Não fumar; Limitar o consumo de bebida alcoólica, beba socialmente; Manter a boa higiene bucal; Ter uma alimentação saudável; Ir ao dentista regularmente; Usar camisinha nas relações sexuais; Vacinar-se contra HPV; Se trabalhar exposto ao sol, usar chapéu de abas largas e protetor labial; Procurar rapidamente atendimento médico caso apareça algum sintoma. Desafio: o diagnóstico chega em estágios avançados É uma doença de importante magnitude no Brasil, com variações regionais significativas, tanto na incidência quanto na mortalidade. Estima-se 11.180 casos novos da doença em homens e 4.010 em mulheres para cada ano entre 2020 e 2022. As regiões Sudeste e Sul apresentam as maiores taxas de incidência e de mortalidade da doença, segundo o Inca. Infelizmente, os pacientes chegam com um diagnóstico avançado, principalmente se for da rede pública, o que reduz bastante as chances de cura. Esse, inclusive, é um dos principais desafios do câncer de boca: o diagnóstico precoce.
"O tratamento pode ser agressivo, então quanto antes detectado, menos problemas o paciente terá em relação ao tratamento. Serão cirurgias mais conservadoras e a qualidade de vida será maior", explica Lang.
É o exame de biópsia que irá fechar (ou não) o diagnóstico. Entre os tipos mais comuns de câncer está o carcinoma de células escamosas, também denominado de carcinoma epidermoide, com 95% dos casos e, depois, o tumor nas glândulas salivares menores, representando 5% dos casos.
Há como tratar e curar o câncer de boca – O tratamento envolve cirurgia, radioterapia e quimioterapia — às vezes, uma combinação entre eles. Isso depende do estágio em que o câncer está e qual sua localização. Quem cuida desta parte é o cirurgião, mas os dentistas acompanham o paciente durante todo o tratamento.
Segundo Arcoverde, o "padrão ouro" de tratamento é a cirurgia de retirada do tumor quando há margens de segurança. "Por isso, recomendo a prevenção e o diagnóstico precoce. Assim, conseguimos tratar o tumor ainda 'pequeno', realizando cirurgias menos radicais e mais conservadoras", afirma. O rápido diagnóstico não só auxilia no tratamento, mas também na sobrevida. "Infelizmente, a maioria já chega aos profissionais em estágios mais avançados, com índice de sobrevida menor do que 50% em 5 anos. Isso é baixo em relação a outros tumores", explica Ramalho.
Tenha uma boca saudável – Essa reportagem faz parte da campanha de VivaBem Tenha Uma Boca Saudável, que tem como objetivo explicar como e por que é importante manter uma boa higiene oral. Também abordaremos erros comuns na escovação, câncer oral, como a saúde mental afeta os dentes, os limites dos procedimentos estéticos e corretivos, saúde bucal das crianças e de gestantes, entre outros assuntos.
Luiza Vidal
Do VivaBem, em São Paulo
A jornalista Sandra Felgueiras publicou uma reportagem na revista Sábado sobre este escândalo que passa também por Tomar, porque uma das clínicas tinha instalações na Corredoura.
A revista, citando os lesados, refere que as clínicas exigiam que os utentes contraíssem empréstimos. “Os contratos, feitos em tempo recorde, eram redigidos na própria clínica. que decidia com que bancos eram feitos esses mesmos empréstimos”, lê-se na reportagem. “Disseram-nos que só trabalhavam com crédito, preparavam tudo e só tínhamos que assinar. Eles recebiam o dinheiro e eu ficava a pagar ao banco durante 60 meses. 120 euros “, conta Manuel Martins, marido de Amélia.
A lesada foi abordada numa rua da cidade de Tomar para uma consulta de avaliação gratuita. Seguiu-se um orçamento de mais de 6 mil euros para tratar dos dentes e a imposição de um crédito como condição para se iniciarem os tratamentos, relata a repórter.
“Fizemos ali mesmo na clínica ele Tomar um crédito à Cetelem. Eu ainda perguntei se podia pagar as consultas, podia fazê-lo com dificuldade, evitando assim contrair um empréstimo, mas disseram-me logo que não era possível. Afinal, nem dinheiro nem tratamento”, lamenta Manuel Martins na reportagem que também foi emitida ontem na CMTV.
Este é apenas um de muitos casos de famílias desesperadas e endividadas com o encerramento inesperado das clínicas dentárias LusoSmile nas Caldas da Rainha (sede), Felgueiras, Tomar, Vila Real e Almada.
Os lesados estão a juntar-se e já há uma advogada contratada para os representar em tribunal.
Esses problemas são antigos e nenhum governo conseguiu, até à data, resolvê-los adequadamente; não por falta de boas ideias de alguns ministros da saúde. Mas porque pouco foi posto em prática.
O problema é estrutural? Conjuntural? Na minha opinião, o problema é estrutural e o retrato há muito que existe. Não há falta de médicos, os médicos existem, mas fogem do SNS. O ministro das finanças até diz que o problema não é de ordem financeira; logo, terá a raiz na má gestão e estratégia adotadas ao longo de anos pelos diversos governos.
Em 2017, foram criados “Os Centros de Responsabilidade Integrados (CRI)” tendo por missão, assegurar o desenvolvimento das melhores práticas clínicas centradas nas necessidades dos utentes, adaptando a organização interna das entidades do SNS a formas de gestão eficiente; fomentar processos de governação clínica que contribuam para a melhoria continua da qualidade dos cuidados prestados no SNS; aumentar a acessibilidade e os tempos de resposta do SNS aos cidadãos; rentabilizar a capacidade instalada na rede pública do SNS; promover a autonomia, o envolvimento e a responsabilização dos profissionais na gestão dos recursos, incentivando-os a desenvolver, exclusivamente, a sua atividade no SNS; aumentar os níveis de produtividade e de satisfação dos profissionais do SNS, associando a atribuição de incentivos institucionais e financeiros ao desempenho efetivamente alcançado.
A pergunta que se impõe é, porque será que os CRI, funcionam bem, por exemplo no Hospital de São João, no Porto (aliás um hospital que tem tido uma dinâmica e administração forte), e nos outros centros hospitalares passa por uma imagem “fantasma”? Caso para dizer “Tem que ser apurado”, como diz o nosso Presidente.
Darei nas próximas linhas algum foco à saúde oral, não obstante saber que noutras áreas da saúde, o caos impera e os cuidados com a vida estão comprometidos. Mas falarei, porque, a saúde oral, está ela própria em risco e se não for restruturada estará em vias de extinção. E neste ponto tenho que falar em sustentabilidade, baseada em três pilares essenciais: o social, o económico e o ambiental (com ênfase no desperdício).
No capítulo social, os tratamentos orais acessíveis, são fulcrais para melhorar a condição de saúde e diminuir as disparidades que existem entre populações; bem como, para limitar os encargos da saúde da população e reduzir as desigualdades socioeconómicas. As disparidades sociais de saúde e cuidados de saúde são particularmente evidentes na cavidade oral. Existe uma associação evidente entre uma saúde oral deficitária e doenças crónicas, tais como a diabetes, as doenças cardiovasculares e respiratórias. Muitas pessoas são portadoras crónicas de infeções na cavidade oral, limitando-se a sobrecarregar o serviço de urgência em caso de agudização, onde frequentemente lhes é prescrita uma medicação antibiótica paliativa. Para além de não resolver a patologia, acarreta custos significativos.
É de realçar que em 51 centros hospitalares, existem 27 Serviços de Estomatologia onde trabalham 145 médicos estomatologistas.
Por outro lado, a maioria dos médicos dentistas é trabalhadora independente, no setor privado, por não haver nenhuma carreira que permita a estes profissionais estarem integrados nos quadros do SNS. No entanto, a falta de respostas de proximidade em saúde oral tem levado alguns centros de saúde a celebrar “contratos de prestacão de serviços” com médicos dentistas; existindo, hoje, cerca de 135 a 150 médicos dentistas em centros de saúde, assegurando cuidados primários.
Curiosamente, o número de médicos dentistas em Portugal, per capita, é de 1 médico dentista para 884 habitantes, mais do dobro do número recomendado pela Organização Mundial da Saúde que é de 1 profissional para 1500 a 2000 habitantes. Claro que, como o mercado não os absorve, mais de 20% ou emigrou (12,72%) ou desistiu da profissão (7,96%), segundo dados da Ordem dos Médicos Dentistas.
Aqui chegados, continua a haver uma enorme necessidade por parte da população em receber tratamentos de saúde oral no SNS, o qual não responde a essas necessidades. Os estomatologistas trabalham nos hospitais terciários e são escassos; por outro lado, e enquanto quase não há médicos dentistas a trabalhar nos cuidados primário do SNS, o desemprego ou subemprego dos médicos dentistas, atinge números nunca imaginados.
O real encontro entre doentes e médicos dentistas ou estomatologistas está reservado aos que “podem”. Estamos perante a verdadeira expressão do desperdício e da pirâmide invertida.
Há uma grande necessidade da formação de equipas integradas de médicos dentistas e estomatologistas no SNS, assim como a criação de mais gabinetes de medicina oral, nos centros de Saúde e nos hospitais públicos.
Abordando a vertente ambiental, verificamos que os consultórios privados, com a implementação do Decreto Lei 108/2018, que fixa as normas de segurança relativas à proteção contra os perigos resultantes da exposição a radiações ionizantes (relativo aos nossos aparelhos de rx) aliado a um evidente desconhecimento pelos seus redatores nacionais da realidade do setor da Saúde, nomeadamente da Saúde Oral e da Medicina Veterinária, está a revelar-se, impossível de implementar, levando à ruína e à extinção, em poucos meses, de dois setores da saúde humana e animal. Refiro-me aqui também à Medicina veterinária, que valiosos serviços têm prestado ao País e que nas últimas décadas tem tido um desenvolvimento, por todos reconhecido.
Ora, o referido diploma legal entrega á Agencia Portuguesa do Ambiente (APA), a entidade inspetiva, que é nem mais nem menos que a IGAMAOT – inspeção geral da agricultura, do mar do ambiente e do ordenamento do território, que fiscaliza e aplica coimas, que podem ir de 24.000 até 5.000.000 de euros. Pergunto: o que fazem os nossos pequenos rx ao ambiente? A radiação é mínima, aliás descrito em artigos científicos. Não faz sentido. Se por um lado os Rx são meios de diagnóstico imprescindíveis, os profissionais que lidam com esses aparelhos cumprem meticulosamente todo o protocolo de segurança. A preocupação com o ambiente sempre foi importante para os profissionais da saúde.
Em pânico gritante, os médicos dentistas do setor privado não podem deixar de se questionar: estarão os estabelecimentos públicos de saúde e os grupos hospitalares privados sujeitos ao mesmo rigoroso escrutínio da atividade de imagiologia, ou será esta mais uma tentativa de esmagar os pequenos prestadores de saúde?
Será o exercício da Medicina Oral o novo desastre nuclear do século XXI? Face à surpreendente possibilidade da cobrança de coimas na ordem das dezenas de milhares de euros, podendo chegar às centenas de milhares, não será financeiramente mais razoável encerrar os consultórios médicos dentários?
Numa perspetiva económica, é imperioso tentar avaliar o impacto financeiro futuro da cobertura integral de todo o território nacional tomando como meta a existência de 1 médico dentista por cada 1500 habitantes no limiar de pobreza, assumindo, desta forma tornar mais universal e equitativo o acesso aos cuidados de saúde oral.
Considerando como necessária a contratação de 1379 profissionais e um encargo anual de 41580 € por médico dentista + assistente, (estimando 1600 + 800 euros de vencimentos brutos + encargos sociais), o impacto financeiro para a cobertura total da população no limiar de pobreza é de 57.338.820 € por ano.
De acordo com o relatório do Orçamento do Estado para 2021, previa-se que o Orçamento (receita consolidada) do Ministério da Saúde iria ascender a 12.565,4 Milhões de euros. Seria assim um aumento de apenas 0,46%, e teríamos servida a franja da população mais carenciada. Já só falo nos mais carenciados, porque esqueçamos um SNS universal e que possa servir a população como um todo.
As clínicas privadas de saúde oral estão a fechar pelas imposições burocráticas exigidas e difíceis de cumprir, os milhões de portugueses que procuram o SNS encontram um “penso rápido” em todas as áreas da medicina, e o caos parece que está para durar.
E porque devemos pensar em soluções, em conjunto com a dariacordar/zerodesperdicio, presidida pela Paula Policarpo e onde sou coordenadora da saúde oral, temos um projeto a 360 sustentável e a pensar nas três vertentes da sustentabilidade para a saúde oral.
Também na SEDES, juntos médicos dentistas e médicos estomatologistas, escrevemos um documento onde constam possíveis soluções para a saúde oral, que será publicado juntamente com todas as recomendações dos diversos grupos incluídos no observatório da SEDES.
Ana Sofia Lopes
O absoluto desinteresse manifestado pelo Ministério da Saúde pela saúde oral da população portuguesa revela-se, por exemplo, pela forma escandalosa como trata os médicos dentistas que trabalham para o SNS (9 em cada 10 a recibos verdes).
* * *
Mais de metade dos jovens médicos dentistas mostram-se descontentes com a profissão, sendo que 32% se pudesse voltar atrás escolheria outra carreira, e perto de 25% pretende completar os estudos com outra área de forma a poder exercer outra profissão. O inquérito recebeu mais de 2.400 respostas, num universo de 4.745 médicos dentistas inscritos na Ordem com menos de 35 anos.
Os jovens médicos dentistas exercem a profissão, na sua maioria, em uma (38%) ou duas clínicas (26%). Em média, 43% atende entre 6 e 10 pacientes por dia e, aproximadamente, 40% atende diariamente mais de 11 doentes.
Apenas 17% dos médicos dentistas com menos de 35 anos afirma ter contrato de trabalho. Perto de 70% dos inquiridos são trabalhadores por conta própria sem funcionários a cargo, ou seja, trabalham a recibos verdes. Uma situação que se agrava para quem trabalha para o Estado, quase 90% dos jovens médicos dentistas colocados em centros de saúde ou hospitais públicos são contratados a recibos verdes, sendo que quase metade (48,9%) está contratada através de empresas. 92,5% exerce em clínicas e consultórios privados, 4,1% em hospitais privados e 2,4% em centros de saúde.
No privado, a grande maioria (78%) recebe em regime de percentagem, e destes, quase 55% ganha entre 31 e 40% do valor do ato médico. De salientar que 92% dos inquiridos revelam que recebem uma percentagem inferior a 50%. Quase metade (45%) dos que responderam ao questionário demoraram um ano, ou mais, até a conseguirem auferir de um valor semelhante ao salário mínimo nacional. Os dados mostram que mais de 50% dos jovens médicos dentistas têm um rendimento mensal bruto de menos de 1.500 euros (53%) e mais de 70% tem um rendimento mensal líquido, ou seja, depois dos descontos, abaixo desse mesmo valor (74%). Mais de metade (51%) dos jovens médicos dentistas recebe menos de 1.000 euros líquidos por mês.
Os resultados deste inquérito vão ao encontro das preocupações que o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Miguel Pavão, tem manifestado publicamente sobre o excesso de médicos dentistas e as condições de subemprego dos profissionais mais jovens.
A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) apresentou à ministra da Saúde uma proposta para a criação de uma comissão de estratégia e planeamento para a saúde oral, com o objetivo de definir, a curto, médio e longo prazo propostas com respostas efetivas às necessidades médico-dentárias da população portuguesa.
A OMD pretende reformular o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO) e centrá-lo numa lógica de prevenção e promoção da saúde oral, com um modelo de financiamento específico, que recorra aos diferentes modelos de acesso a cuidados de saúde oral, sejam públicos, privados ou do sector social.
Para Miguel Pavão, bastonário da OMD, “as doenças orais continuam a ser a área da saúde mais negligenciada pelos sistemas de saúde, resultando num défice de saúde oral para os portugueses. Reverter esta realidade é complexo e carece de uma abordagem multidimensional, que permita uma articulação transversal e integrada de políticas públicas de saúde, tendo em vista a diminuição da carga de doenças orais. É essencial nesta equação relacionar as desigualdades sociais, pobreza e comportamentos aditivos e dependências nas doenças orais”.
Durante a reunião, a ministra da Saúde reconheceu que é uma tarefa complexa e difícil reverter os atrasos de vários anos de investimento em saúde oral.
Entre as propostas apresentadas pelo bastonário está a criação de unidades de saúde oral em todos os centros de saúde, com a entrada de médicos dentistas nas Administração Regionais da Saúde para liderarem a estratégia de implementação e desenvolvimento, em articulação com a Direção Geral da Saúde. A OMD quer que sejam médicos dentistas a gerir as equipas locais e regionais e até a equipa nacional do PNPSO, que classicamente tem sido entregue a profissionais sem formação específica em saúde oral.
O bastonário da OMD, revela que “solicitámos à ministra para avançar rapidamente com a criação da comissão de forma a resolver esta manta de retalhos da saúde oral no SNS. É importante que todos compreendam que não há saúde geral, sem saúde oral. Uma máxima que tem sido esquecida. O SNS já tem mais de 40 anos, mas o cheque dentista só foi criado em 2008, e como solução limitada a alguns públicos. Ou seja, há um atraso enorme em relação a outras áreas da saúde”.
A OMD defende o alargamento do cheque dentista a novos segmentos, nomeadamente um cheque-urgência para traumatismos e uma revisão nas ajudas técnicas para, por exemplo, as próteses dentárias. A OMD reivindica também uma revisão do valor do cheque dentista, reduzido desde 2014, no âmbito do programa de resgate financeiro da troika.
Sabendo que Marta Temido assume o dossier do financiamento da saúde, Miguel Pavão questionou a ministra sobre a dotação de verbas para a saúde oral no Orçamento de Estado para este ano, que o Governo vai entregar esta quarta-feira no Parlamento.
O bastonário da OMD lembra que “o programa do Governo aprovado na Assembleia da República é muito vago em relação à saúde oral. Tem intenções, mas nada concretiza. O que queremos da ministra da Saúde é que passe à ação, que se comprometa com uma verba fixa para a saúde oral no Orçamento de Estado, que pode também adicionalmente ser financiada com receitas do imposto sobre os refrigerantes. Queremos uma verba fixa para a saúde oral, queremos saber onde e como é investida. É a única forma de garantir que todos os portugueses têm acesso a cuidados médico-dentárias. Tanto o SNS como os privados fazem parte da solução, entenda o Governo a necessidade de abordar a saúde oral de uma forma mais estratégica, integrada e inclusiva”.
Que retrato faz da saúde oral em Portugal?
A saúde oral é algo que está a ser permanentemente adiado por aquilo que foram as vicissitudes históricas de não ter sido integrada na criação do SNS. Foi um erro à nascença, que dificilmente se corrigiu e inverteu. E ficou eternamente adiado, porque só em 2008 é que houve a tentativa de implementação de um projeto, que é o cheque-dentista, em que se deram alguns passos. Mas havia uma ambição de o projeto evoluir e que acabou por não acontecer. Simultaneamente, houve tentativas desorganizadas e sem estratégia de integrar médicos dentistas no SNS. Aconteceu o ridículo de haver ARS [administrações regionais de saúde] que montaram consultórios médico-dentários e nunca tiveram uma consulta de medicina dentária. Depois, houve um pequeno salto em 2017, com a criação do projeto Saúde Oral para Todos, da autoria do ministro Adalberto Campos Fernandes e do secretário de Estado Fernando Araújo, que, diria, foi quem realmente pegou nesta causa e a alicerçou, mas que acabou por não conseguir concluir o processo porque houve uma reforma governamental. Com a entrada da ministra Marta Temido, o processo ficou estagnado, e depois entrou uma pandemia, que serviu sempre como desculpa. Se houve uma evolução na saúde oral dos portugueses, deve-se aos profissionais do setor privado.
A falta de investimento em saúde oral no SNS cria desigualdades no acesso aos cuidados?
À data de hoje, e segundo os dados do nosso barómetro, uma grande parte da população continua a não visitar o médico dentista e a não aceder aos consultórios de medicina dentária. Cerca de 41% dos portugueses não visitaram o médico dentista em 2021. Significa que há uma fasquia da população, que é muito coincidente com indicadores socioeconómicos de pobreza, que continua a não aceder aos consultórios médico-dentários. O que acontece é uma bipolaridade no acesso aos cuidados. Quem tem capacidade económica investe. Por outro lado, temos uma faixa da população que, por falta de capacidade económica, nível cultural e literacia, não tem essa possibilidade.
Quase 2,4 milhões de cheques-dentista foram desperdiçados. O projeto deve ser repensado?
Completamente. Deu-se um salto importante [com a criação do cheque], mas a verdade é que o projeto não evoluiu. Aliás, só retrocedeu. Não nos podemos esquecer de que, depois da introdução da troika, houve uma redução do valor, que nunca mais foi atualizado. Os cheques-dentista têm perdido em toda a linha. Não tem havido auditorias, não tem havido ambição no projeto e a Ordem dos Médicos Dentistas, neste momento, sente-se bastante incapaz por não ter interlocutores, quer no Ministério da Saúde quer na Direção-Geral da Saúde, que digam "vamos trabalhar sobre este dossiê". Essa é uma das fragilidades que temos vindo a apontar. Apresentei uma proposta à senhora ministra da Saúde, antes da queda do governo, para a criação de um grupo de trabalho para uma reflexão estratégica sobre várias dimensões da saúde oral. Mas até à data não obtivemos resposta.
Uma nova agenda para a saúde oral no pós-pandemia
A próxima legislatura
será marcada por estabilidade política e verbas do PRR. Quais devem ser as
prioridades na saúde oral?
Uma das prioridades é a integração dos médicos dentistas no SNS e a reforma dos
cuidados de saúde primários para a saúde oral, onde a criação de unidades de
saúde oral tem de ser também formatada. Temos também a vertente do
cheque-dentista e do programa de saúde oral. E temos uma terceira dimensão, que
não pode ser descurada, que tem a ver com a preparação e planeamento dos
profissionais que estão ligados à saúde oral. Formamos médicos dentistas a
mais, temos higienistas a menos.
Em 10 anos, houve um aumento de 70% no número de médicos dentistas. Defende a redução de vagas nas universidades?
Claro que sim. Não é por estarmos a aumentar o número de médicos dentistas que a população está a ter mais acesso a cuidados de saúde oral. Faltam é políticas verdadeiramente programadas para conseguir dar equidade no acesso aos cuidados médico-dentários. A Organização Mundial da Saúde lançou, em 2021, uma resolução que vai influenciar até 2030 uma tentativa de que os Estados-membros possam realmente adaptar os profissionais de saúde para uma intervenção mais preventiva. Sob o nosso ponto de vista, tem de haver um planeamento e uma visão estratégica de medidas, em que temos que reduzir o número de vagas de médicos dentistas nas escolas médicas e médico-dentárias e dar preparação, para que exista formação e capacitação de outras vertentes, como é o caso de intervenção mais comunitária e preventiva.
Num curto vídeo publicado na sua página da rede social Facebook, o Sindicato dos Médicos Dentistas (SMD) apela à inscrição dos profissionais do setor.
Com o slogan “Juntos somos mais fortes”, o SMD pretende captar a atenção dos médicos dentistas para uma participação ativa no setor. Para os interessados, o SMD disponibiliza uma Ficha de Inscrição no sindicato.
O SMD tem-se apresentado bastante ativo nas suas ações com a realização de webinar sobre as “relações laborais na medicina dentária” e uma reunião com a ADSE relativa ao “Regime Convencionado da rede de prestadores da ADSE e no âmbito do Regime”.
Mais recentemente, as ações do sindicato passaram pela realização da Odonto Summit onde se debateu “O Estado da Classe” e a apresentação de uma queixa ao Provedor de Justiça sobre as “ilegalidades contratuais dos Médicos Dentistas no Serviço Nacional de Saúde”.
Desde que abriu, há dois anos, na Avenida Almirante Reis, o SOL – Saúde Oral em Lisboa, um serviço da Santa Casa da Misericórdia, já atendeu mais de 9 000 pessoas, de 38 nacionalidades e realizou 40 000 consultas gratuitas.
Tem entre 0 e 18 anos e precisa de ir ao dentista? Se vive na capital, tem acesso aos serviços gratuitos do SOL – Saúde Oral em Lisboa, um equipamento da Misericórdia de Lisboa que tem como principal objetivo a prevenção da saúde oral das crianças e jovens.
Para a inscrição nos vários tipos de consultas, basta apresentar o documento de identificação e confirmar o local de residência e a idade.
Segundo André Brandão de Almeida, coordenador e diretor clínico do SOL, o trabalho desenvolvido ao longo destes dois anos, tem sido mais no âmbito do tratamento do que da prevenção. O objetivo é alterar esta realidade, ou seja, fazer com que a resposta seja, cada vez mais, de prevenção, de tratamento precoce e de mudanças de hábitos.
Um dos mais recentes estudos e projetos desenvolvidos pelo SOL, sobre os hábitos alimentares durante o período de confinamento, revela que as crianças ingeriam mais produtos açucarados e mais fruta fresca do que era habitual. Outra conclusão: durante o tempo em que ficaram em casa, as crianças alteraram a frequência com que lavaram os dentes.
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A Santa Casa da Misericórdia tem receitas de jogos a nível nacional. Não será TAMBÉM SUA OBRIGAÇÃO prestar igual serviço de apoio de saúde oral a todas as crianças a nível nacional, sem discriminar o seu local de residência?
Três em cada dez pessoas em Portugal não têm acesso à saúde oral, alertou hoje o bastonário dos dentistas, relatando casos "calamitosos" como jovens de 25 anos sem nenhum dente e idosos que nunca entraram num consultório. Ao longo de quatro dias, Miguel Pavão avaliou no terreno as condições dos médicos dentistas que trabalham em várias unidades de saúde das cinco Administrações Regionais de Saúde (ARS) do país, num roteiro que terminou hoje com uma visita ao Centro de Saúde da Damaia, concelho da Amadora, distrito de Lisboa.
No centro de saúde, onde estava presente o presidente da ARS de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) fez um balanço do roteiro "Medicina Dentária no SNS", começando por alertar que a meta do "Projeto saúde oral para todos" para 2020 não foi cumprida. O objetivo era que todos os centros de saúde tivessem a possibilidade de ter um médico dentista, mas em 2021 a OMD "foi ao terreno, viajou pelo país, e percebeu que esse desígnio está por cumprir", disse Miguel Pavão à agência Lusa. Apenas 40% do território está coberto em termos de assistência médica dentária, assinalou, justificando que, dos 278 centros de saúde previstos, só 132 estão a funcionar com gabinete dentário.
Durante o périplo, Miguel Pavão observou situações de "saúde oral muito calamitosas": "Há jovens de cerca de 25 a 30 anos que já não têm qualquer dente na boca. É preocupante nos dias de hoje assistirmos a esta realidade". Por outro lado, no interior, há "pessoas de muita idade" que nunca tiveram oportunidade de ir ao dentista, disse, defendendo que esta "é uma oportunidade" para finamente terem acesso à medicina dentária. Contudo, defendeu, esta resposta precisa ser complementada com a parte da reabilitação oral, que passa pelas pessoas poderem colocar próteses dentárias, uma possibilidade que a OMD vai apresentar ao Governo, através de parcerias público-privadas.
Miguel Pavão explicou que os dentistas, que têm uma rede de prestadores privadas em todo o país, podem prestar esse serviço de "uma maneira comparticipada, quer pelo utente, quer pelo orçamento do Ministério da Saúde". Disse ainda ter verificado durante o roteiro "uma grande discrepância" entre as ARS, e que "não há verdadeiramente uma estratégia alicerçada e com orientação para a medicina dentária".
O bastonário referiu que o Centro foi a região onde viu "muito défice e muita dificuldade para a questão da saúde oral", mas ressalvou que "não é bom" comparar quem "vai mais avançado". Mas disse há "bons exemplos" que podiam ser replicados: "Em Lisboa e em Castelo Branco vi unidades de saúde oral criadas que têm de ser um exemplo precursor daquilo que se vai escalar, disseminar e difundir para que a medicina dentária seja uma realidade vigorosa e uma resposta capaz que os portugueses confiem". "Os médicos dentistas têm uma rede de prestação privada muito importante, há comparticipações e modelos que estão em vigor e há outros que podem ser criados, mas esta resposta no SNS não duplica resposta, porque 30% da população portuguesa não têm cuidados e ainda não tem acesso ao médico dentista", vincou. Trata-se de "uma população socialmente desfavorecida", que abrange 2,3 milhões de portugueses que necessitam de apoios de saúde oral, que "é fundamental para a inclusão social e para a empregabilidade", disse, considerando que esta "é uma causa nacional.
Presente na
visita, Inês Monteiro Filipe, dentista numa unidade de saúde pública, e que faz
parte do grupo regional de Saúde Oral da ARSLVT, defendeu que é preciso
garantir equidade de acesso à população. "Nós temos concelhos com uma
densidade populacional grande e com um dentista e temos concelhos com densidade
populacional mais pequena com um dentista também e, portanto, não garante a
equidade de acesso", salientou. Segundo a dentista, o projeto a médio e
longo prazo é aumentar a capacidade de Medicina Dentária nesses concelhos para
chegar a uma altura em que não haja um médico dentista de família, mas sim
"um médico dentista para a maior parte da população que tem essa
necessidade". Atualmente, disse, "estamos com 37 gabinetes já
montados em 26 concelhos, são 52 na ARSLVT, e até ao final deste mês, esperamos
a abertura de mais 12 e até ao final do ano a abertura, senão de todos, da
maior parte".
HN // HB
A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) lamentou a inação do Governo, perante os projetos-piloto para incluir médicos dentistas nos centros de saúde. Em comunicado, a Ordem informa que os projetos assinalam cinco anos sem que as metas definidas estejam a ser cumpridas.
“O principal objetivo de ter pelo menos um médico dentista em todos os Agrupamentos dos Centros de Saúde está longe de ser atingido e todo o processo está parado desde o início da pandemia”, pode ler-se na notícia publicada no site da OMD.
O Governo lançou há cinco anos este projeto para começar a colmatar uma grave falha no Serviço Nacional de Saúde que há 40 anos deixou de fora a medicina dentária. O projeto-piloto foi criado para dar reposta à população mais desfavorecida, com um leque de tratamentos restringido.
O bastonário da OMD, Miguel Pavão, considera que “o projeto-piloto do Governo falha em praticamente toda a linha e defrauda as expectativas de doentes e profissionais”. “Em cinco anos, nada mudou. Continua a ser um projeto-piloto, apenas para quem tem grande carência económica e embora seja de saudar o número de tratamentos e intervenções já realizados, que seguramente mudaram a vida dos doentes, a verdade é que as limitações continuam a ser enormes”, refere.
Relativamente à situação dos médicos dentistas que integram o projeto-piloto, o bastonário denuncia “as condições precárias em que trabalham. A maioria são contratados por empresas, através de contratos de prestação de serviços de 12 meses, sem subsídio de férias nem de Natal, sem direito a apoio no desemprego e sem qualquer hipótese de serem integrados nos quadros do Estado”.
Miguel Pavão recorda ainda que “existe uma carreira específica para a medicina dentária no SNS, aprovada pelo Ministério da Saúde, mas está há anos à espera de luz verde do Ministério das Finanças. Uma situação inaceitável que deixa os médicos dentistas sem possibilidade de fazerem carreira no SNS como os outros profissionais de saúde.”
Para o bastonário da OMD é “urgente voltar a olhar para este projeto-piloto e torná-lo definitivo, em cinco anos já houve tempo para saber como o fazer. É preciso garantir médicos dentistas em todos os centros de saúde, implementar a carreira de medicina dentária no SNS, contratar médicos dentistas sem contrato a termo, para acabar com a rotatividade dos profissionais, alargar o conceito de carência económica para abranger mais população e aumentar o número de tratamentos disponíveis, eventualmente com recurso a uma convenção com o sector privado”.
De acordo com um despacho do secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, publicado em Diário da República esta segunda-feira (24 de maio), o Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO) passa agora a abranger “todas as crianças e jovens com idades compreendias entre os 7 e os 18 anos, independentemente da escola ou instituição que frequentam”, bem como será criado um novo escalão, referente às crianças com quatro anos.
“Esta medida é um sinal positivo, que demonstra a vontade do Governo em reverter a iniquidade que existia desde a criação do cheque-dentista”, afirmou Miguel Pavão, bastonário da OMD. Esta decisão tem sido reclamada pela Ordem dos Médicos Dentistas ao longo dos últimos meses, “que defende uma reestruturação profunda do programa, não só em termos de universalização do acesso, mas também de investimento na componente preventiva”, dizem no seu website.
Para Miguel Pavão, este pode ser o ponto de partida para reverter e reformular um programa que, desde 2008, desperdiçou mais de dois milhões de cheques-dentista. O bastonário considera que o cheque-dentista deve ser “mais preventivo” e focado na “literacia em saúde e na mudança comportamental”.
Tal como avança a OMD, Miguel Pavão “alerta que é igualmente urgente repor o valor dos cheques (que sofreram cortes durante o período da troika e, entretanto, não foram repostos) e atualizá-los, no sentido de dar resposta ao aumento dos custos suportados pelos médicos dentistas e de corresponder à valorização do ato médico”.
O Despacho n.º 5201/202 define a atualização do PNPSO para o período 2021-2025, que visa dar “continuidade às estratégias que têm vindo a ser implementadas, no âmbito da promoção da saúde, da prevenção e do tratamento precoce das doenças orais”. No caso das crianças com quatro anos, passa a ser “atribuída referenciação para consulta de higiene oral nas unidades de cuidados de saúde primários ou são atribuídos até dois cheques-dentista”. Quanto às restantes faixas etárias, o acesso mantém-se via contexto escolar.
A atualização do programa prevê ainda, segundo a legislação, o reforço das “ações de promoção da saúde e da literacia em saúde oral, realizadas pelas equipas de saúde familiar nas consultas de vigilância da gravidez, de saúde infantil e juvenil e de medicina geral e familiar realizadas pelas equipas de saúde escolar, nos jardins-de-infância, escolas e instituições da área de abrangência do agrupamento de centros de saúde”.
Miguel Pavão, bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), deslocou-se ao Funchal para assistir ao que considera ser “um dia histórico para a medicina dentária do nosso país, já que á a primeira vez que os médicos dentistas integrados num serviço público passam a ter uma carreira, à semelhança dos outros funcionários do Estado. É um marco na nossa profissão e a Região Autónoma da Madeira é a primeira a dar esse passo”.
Na reunião com o secretário regional da Saúde, o bastonário da OMD agradeceu o empenho do Governo Regional sublinhando que “hoje a RAM fez justiça a uma lacuna do Serviço Nacional de Saúde e a RAM dá um exemplo que a integração dos Médicos dentistas é viável e é necessária. Esperemos que este seja um ponto de partida para que na Região Autónoma dos Açores e no Continente possam seguir este exemplo muito brevemente”.
O secretário de Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, salientou o “momento importante e histórico” desta aprovação, que “revela o pioneirismo do Serviço Regional de Saúde e o respeito da Região pelos nossos profissionais”.
Fabião Castro Silva, representante da OMD na RAM, afirmou “é com grande orgulho que vejo a Madeira dar este passo, tão significativo para a nossa profissão. É um passo que completa a integração plena da medicina dentária no SESARAM”.
A nova carreira de medicina dentária vai abranger todos os médicos dentistas que trabalham nos centros de saúde da Madeira e do Porto Santo, e no Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal.
“Vivemos na era digital, pelo que a nossa vida é feita cada vez mais no ciberespaço. Como tal, as redes sociais ocupam um lugar central no dia a dia da maioria das pessoas, empresas e organizações, uma vez que funcionam como um meio de comunicação com o mundo e como um veículo de transmissão de informação e conhecimento”.
O médico dentista António Faria, da Clínica Médica Jardim, referiu-se assim ao Facebook, quando lhe foi pedido um testemunho sobre a estratégia usada pela sua clínica relativamente à presença no mundo virtual. Há muitas outras opiniões que vale a pena ler nesta edição. De médicos dentistas a proprietários de clínicas ou diretores de marketing, quase todos acreditam numa premissa: impõem-se novos comportamentos e hábitos de consumo associados às gerações que nasceram na era da digitalização.
A geração Millennials (nascidos nas décadas de 80 e 90) e a geração Z (nativos digitais) valorizam os comentários online, comparam preços, apreciam a experiência em detrimento da propriedade, cresceram num ambiente de instabilidade e assistiram à queda de grandes instituições financeiras. Daí a importância de conteúdos credíveis e de valor. Sabemos que, muitas vezes, antes de uma visita à clínica ou loja físicas, as pessoas pesquisam o site e avaliam os conteúdos e comentários nas redes sociais.
Segundo nos confidenciou João Lemos Diogo, diretor de marketing do grupo OralMED Saúde, “em termos estratégicos, acreditamos que os potenciais pacientes desenvolvem percursos de pesquisa digital sobre a saúde oral ou sobre os dentistas e as marcas da dentária em particular antes de tomarem uma decisão. Na nossa perspetiva, existe um patient-journey eminentemente digital, e cada vez mais omnicanal, que pode ter diferentes causas e que se prolonga para além da fase de pós-tratamento. Conhecendo esse mapeamento de pesquisa e comportamento por parte dos pacientes, desenvolvemos ativamente conteúdos específicos para cada uma dessas etapas”.
Posto isto, uma boa estratégia para a gestão das redes sociais é de extrema importância para quem pretende vingar no futuro (e no presente!). E, sendo o Facebook (FB) uma das redes sociais mais usadas no mundo, a DentalPro decidiu elaborar um estudo exaustivo sobre a presença de clínicas dentárias nesta plataforma. Restringimos a nossa análise ao ano de 2020, principalmente por percebermos que a pandemia de Covid-19 deu uma nova importância ao digital, quer para as clínicas e empresas manterem contacto direto com pacientes e clientes, quer como local privilegiado de interações profissionais e comerciais.